Rainha de Maio
A Rainha de Maio (em inglês: May Queen ou Queen of May) é uma personificação do feriado do Dia de Maio, além da primavera e também do verão. Em Portugal há uma festividade equivalente, chamada Festa das Maias ou simplesmente As Maias.
Festivais[editar | editar código-fonte]
Hoje, a Rainha de Maio é uma menina que deve cavalgar ou andar na frente de um desfile para as celebrações do Dia de Maio. Ela usa um vestido branco para simbolizar a pureza e, geralmente, uma tiara[desambiguação necessária] ou coroa.[desambiguação necessária] Seu dever é começar as celebrações do Dia de Maio. Ela é geralmente coroada com flores e faz um discurso antes da dança começar. Determinados grupos etários dançam em volta de um mastro enfeitado celebrando a juventude e o tempo de primavera.
Sir James George Frazer encontrou na figura da Rainha de Maio uma relíquia do culto da árvore:[1]
De acordo com o folclore, a tradição já teve um toque sinistro, em que a Rainha de Maio era condenada à morte uma vez que as festividades tivessem acabado.[carece de fontes] A veracidade dessa crença é difícil de estabelecer; pode ser apenas uma memória popular dos antigos costumes pagãos. Ainda assim, as associações frequentes entre os rituais do Dia de Maio, o ocultismo e o sacrifício humano ainda estão sendo encontradas na cultura popular hoje. The Wicker Man, um filme de terror cult estrelado por Christopher Lee, é um exemplo proeminente dessas associações.
História[editar | editar código-fonte]
Na época do antigo calendário juliano, durante a Alta Idade Média, na Inglaterra, a Rainha de Maio também era conhecida como a "Rainha do Verão". George Caspar Homans aponta: "O tempo desde o Hocktide, após a Semana Santa, até o Lammas (1º de agosto) era o verão (estas)."[2]
Em 1557, um diarista de Londres chamado Henry Machyn escreveu (em inglês antigo):
Em português: O trigésimo dia de Maio era um alegre jogo de Maio na Rua Fenchurch (em Londres) com tambores e armas e piques, os Nove da Fama cavalgaram; e todos eles tinham discursos, e a dança de Morris e o sultão e um elefante com um castelo e o sultão e jovens mouros com escudos e flechas, e o senhor e a senhora de Maio".[3]
Muitas áreas mantém viva essa tradição nos dias de hoje. A mais antiga tradição ininterrupta é a de Hayfield, Derbyshire[4] com base em uma feira de maio muito mais velha. Outro evento notável inclui o do subúrbio de Brentham Garden, na Inglaterra que ocorre anualmente.[5] Ele tem a segunda tradição mais antiga ininterrupta, embora a Rainha de Maio do All Festival de Londres na Hayes Common em Bromley é uma concorrente próxima. Um festival do Dia de Maio é realizado na vila verde de Aldborough, North Yorkshire em um lugar que remonta ao tempo dos romanos e à resolução de Isurium Brigantum. A Rainha de Maio é selecionada de um grupo de 13 meninas para cima pelos jovens bailarinos. Ela retorna no ano seguinte para coroar a nova Rainha de Maio e permanece na procissão. O maior evento nesta tradição na Grã-Bretanha moderna é o Festival de Fogo de Beltane em Edimburgo, na Escócia.
A celebração do Dia de Maio realizada anualmente desde 1870 em New Westminster, na Colúmbia Britânica, Canadá tem a distinção de ser a mais antiga celebração do Dia de Maio de seu tipo na Comunidade Britânica.[6]
Em Portugal[editar | editar código-fonte]
Em Portugal, a Festa das Maias celebra-se em algumas regiões no dia 1 de Maio, feriado nacional. As portas e janelas das casas ou as grelhas dos automóveis são enfeitadas com ramos de giesta amarela ou com coroas de flores chamadas maia ou maio.[7][8] É um vestígio do Beltane, uma antiga festividade celta, que celebrava o início do Verão.
Era costume as crianças irem de casa em casa a cantar e a pedir. Em alguns lugares elas vestiam-se de maias floridas, isto é, enfeitavam-se com giestas.
Já no Algarve fazia-se uma boneca de centeio ou trapos que vestia-se de branco e rodeava-se de flores. Outro costume era vestir uma criança de maia. Toda de branco e coberta de flores, a criança ficava num tapete enquanto várias crianças cantavam e dançavam à volta dela. Na festa do Maio fazem-se bonecos no tamanho normal de pessoas que se vestem e calçam com a roupa de adultos ou crianças.[9][10]
Em Óbidos na noite de 30 para 1 de Maio fazia-se uma pequena festa. Pedia-se um donativo às casas comerciais para comprar o bacalhau e azeite, que os rapazes e os homens da vila comiam pelas três ou quatro horas da madrugada, na longa noite dos Maios. Os rapazes, tinham que ir aos campos acompanhados pelo som de instrumentos musicais, apanhar maios ou outras flores como madresilvas, giestas floridas, folhados, rosas silvestres, etc., para espalharem durante a madrugada por toda a vila. A população para evitar que o “maio os encontrasse na cama” e “ficassem amarelos o resto do ano”, levantava-se cedo para ver a vila 'maiada' com as aldrabas das portas e as janelas das habitações enfeitadas com flores e o adro da igreja também coberto de flores. Iam depois ouvir a música e ver os foguetes.[11][12][13][14] Os Maios também são celebrados no Algarve, na região entre Loulé e Tavira, incluindo Faro (Estoi) e de Olhão, (Olhão, Moncarapacho, Quelfes), nos Açores (ilhas Terceira, Graciosa, …) e em Espanha.[15]
O maio-moço era um rapaz que vestia-se de maio. Ele andava com a roupa enfeitada de giestas, e trazia na cabeça giestas que formavam uma pirâmide. O maio-moço saía pelas ruas com crianças a cantarem e a dançarem à volta dele. Andava também pelos campos a esconjurar os maus espíritos para proteger as famílias e as colheitas.[16]
“ | O meu maio moço ele lá vem vestido de verde que parece bem. | ” |
Designadas como "Cantigas das Maias", "Cantigas do Maio-moço", ou "cantar as Maias" consiste no cantar de músicas pelas ruas por grupos de pessoas no primeiro dia de Maio. O documento referido como a postura da Câmara de Lisboa de 1386 proibia que se cantassem as Maias ou que se cantasse a qualquer outro mês:
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- "Outrossim estabelecem que daqui em diante nesta cidade e em seu termo não se cantem janeiras nem maias, nem a nenhum outro mês do ano,[…]"[17]
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Referências
- ↑ Frazer (1922), The Golden Bough, ch. 10 "Relics of tree worship in modern Europe" (em inglês); Frazer cita Mannhardt: "Os nomes Maio, Pai de Maio, Dama de Maio, e Rainha de Maio, pelo qual o espírito antropomórfico da vegetação é frequentemente denotado, mostram que a ideia do espírito da vegetação é misturada com uma personificação da época em que seus poderes são mais surpreendentemente manifestados."
- ↑ Homans, English Villagers of the Thirteenth Century, segunda edição 1991:354. (em inglês)
- ↑ Nichols, J. G. (ed). (1848). The Diary of Henry Machyn: Citizen and Merchant-Taylor of London (1550-1563). Consultado em 11 de fevereiro de 2007. (em inglês)
- ↑ Hayfield.uk.net Arquivado em 10 de julho de 2010, no Wayback Machine. (em inglês)
- ↑ «May Day» (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2014
- ↑ New Westminster Hyack Festival Association (2004). «Hyack Festival Events» (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2006. Arquivado do original em 25 de agosto de 2005
- ↑ Aurélio Lopes. A Sagração da Primavera. Edições Cosmos
- ↑ António Cabral. Jogos populares portugueses de jovens e adultos
- ↑ «Folha Viva. Jornal dos clubes da floresta do projecto Prosepe. Floresta Convida. Nr35, ano IX, Abril/Junho de 2006»(PDF). Nicif.pt
- ↑ «As «Maias» e os «Maios»». Cm-mirandela.pt. Consultado em 25 de junho de 2016. Arquivado do original em 21 de abril de 2016
- ↑ ««Maiando o Maio»: Vila de Óbidos recria tradição com mais de 2 mil anos». Metronews.com.pt
- ↑ «Comemorações do 1º de Maio em Olhão. RADIX - Ministério da Cultura». Radix.cultalg.pt. Consultado em 25 de junho de 2016. Arquivado do original em 3 de novembro de 2013
- ↑ «Bacalhau, febras e flores - Tradição dos Maios em Óbidos, Francisco Gomes, Edição de 29 de abril de 2003 do jornal Oeste Online». Oesteonline.pt. Consultado em 25 de junho de 2016. Arquivado do original em 4 de novembro de 2013
- ↑ «Vila Verde - "Conhecer o lindo e terno costume de fazer os Maios", Terras do Homem». Terrasdohomem.com. 10 de maio de 2003
- ↑ «Conhecer os Maios». Gilvicente.eu. Consultado em 25 de junho de 2016. Arquivado do original em 1 de julho de 2016
- ↑ «José Leite de Vasconcelos. OPÚSCULOS. Volume V. Etnologia (Parte I) Lisboa, Imprensa Nacional, 1938» (PDF). Instituto Camões[ligação inativa]
- ↑ «O panorama: jornal litterario e instructivo de Sociedade …, Volumes 3-4». Google (em inglês). Books.google.co.uk
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