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Do Tempo da Outra Senhora |
- São Roque em Portugal
- Ana da Peles - acesso a textos
- Poesia Portuguesa - 096
- Bonecos de Estremoz: Carlos Alves
Posted: 16 May 2020 01:22 PM PDT São Roque (séc. XVII). Escultura em madeira policromada. Igreja de São Roque, Lisboa. Início do culto a São Roque em Portugal As primeiras notícias sobre os milagres de Santo Roque chegadas a Portugal remontam ao final do reinado de D. João II e ao início do de D. Manuel I. A devoção a São Roque expandiu-se através da fundação duma confraria que contava com a família real e a nobreza entre os seus membros. Desde então que a Irmandade de São Roque de Lisboa tem mantido vivo o culto a São Roque. Em 1506 teve início a construção da Ermida de São Roque no exterior da Cerca Fernandina, perto do adro onde se sepultavam as vítimas da peste. A ermida foi consagrada pelo bispo em 1515 e nela se depositaram as Relíquias de São Roque cedidas ao rei D. Manuel I pelas autoridades venezianas. O adro foi consagrado em 1527. A ermida transformou-se num importante local de peregrinação, aonde acorriam peregrinos para cumprir as suas promessas. Em 1553 a Companhia de Jesus tomou posse da Ermida e em 1556 decidiu avançar com a construção da Igreja de São Roque no local da Ermida. A Irmandade de São Roque conseguiu subsistir à expulsão da Companhia de Jesus em 1759. Em 1990 transformou-se em Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa e em 2011 fundiu-se com a Real Irmandade do Glorioso São Roque dos Carpinteiros de Machado. Padroeiro de localidades - VILAS: São Roque do Pico (Pico – Açores); - ALDEIAS: Gens – Foz do Sousa (Gondomar), Vilarinho de São Roque (Albergaria a Velha); - FREGUESIAS: Abrigada (Alenquer), Altares (Angra do Heroísmo), Cortes do Meio (Covilhã), Romarigães (Paredes de Coura), São Roque (Funchal), São Roque (Oliveira de Azeméis), São Roque (Ponta Delgada – Açores), São Roque do Faial (Santana – Madeira). Padroeiro de profissões São Roque é padroeiro de cirurgiões e deficientes, dermatólogos, padeiros, tratadores e treinadores de cães, curtidores de peles, cardadores, agricultores, viticultores e trabalhadores da pedra (canteiros, calceteiros e carreiros). Protector São Roque é invocado como protector: - Contra epidemias de peste, cólera, tifo, gripe espanhola, sida, etc. - Contra a silicose de canteiros, calceteiros e carreiros. - Contra doenças de animais (febre aftosa) e da videira (filoxera). – De cães. Arquitectura São Roque é um nome muito usado na designação de construções pertencentes aos vários tipos de arquitectura: - ARQUITECTURA CIVIL – Existem três Pontes ditas de São Roque: a que atravessa a Ribeira de Ovar, a que une as margens do rio Coa entre as freguesias de Castelo Bom e Mido e a que liga as duas margens do rio Tâmega em Chaves; - ARQUITECTURA MILITAR – Existe Forte de São Roque em Castelo de Vide e em Lagos (Meia Praia); - ARQUITECTURA RELIGIOSA – Tendo por orago São Roque existem: Ermidas (1), Capelas (59) e Igrejas (4). Destas últimas a mais importante é, sem dúvida, a Igreja de São Roque, em Lisboa. Arte São Roque tem conhecido entre nós e através dos séculos, múltiplas representações iconográficas: escultura em pedra ou madeira policromada, pintura, azulejaria e gravura. Festas em Honra de São Roque Têm lugar em 71 locais diferentes do país, com datas de realização e componentes profanas e religiosas igualmente variáveis de local para local. Pela importância de que se revestem são de referir aqui os festejos realizados em Lisboa. Actualmente, a Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa celebra o seu Orago no primeiro Domingo de Outubro. As Festas em Honra de São Roque compreendem dois períodos: um de natureza cultural que ocorre no sábado e outro, de natureza espiritual, que sucede no Domingo. Os festejos de Domingo iniciam-se com a Eucaristia na Igreja de São Roque, no decurso da qual está exposta a Relíquia do Santo Patrono. Durante a Missa são entoados os cânticos e o Hino de São Roque, e lido o texto do nono e último dia da Novena de São Roque. A Eucaristia termina com a Bênção com a Relíquia, a distribuição do Pão de São Roque “que simboliza o alimento e o amparo da comunidade humana” e a entrega da Pagela, que todos os anos é editada para esta celebração e que, de forma iconográfica, recorda a figura do Santo e os seus atributos. Ainda no primeiro domingo de Outubro, tem lugar a Procissão solene com a Relíquia de São Roque e a imagem do Santo Patrono, a qual sai da Igreja de São Roque, caminha pelas ruas do Chiado e dirige-se à Capela da Irmandade do Glorioso São Roque dos Carpinteiros de Machado, no Arsenal da Marinha. De acordo com a Irmandade promotora, trata-se de “um acto de manifestação pública de fé, de peregrinação e de testemunho, mantendo vivo o culto a São Roque e divulgando as singulares obras de caridade e de misericórdia…” Divisão Administrativa O nome de São Roque figura na designação de concelhos, vilas, aldeias e freguesias: - CONCELHOS (1): São Roque do Pico (Pico); - VILAS (1): São Roque do Pico (Pico). – ALDEIAS (1): Vilarinho de São Roque (Albergaria a Velha); - Freguesias (4): São Roque (Funchal), São Roque do Faial (Santana), São Roque (Oliveira de Azeméis), São Roque (Ponta Delgada). Toponímia O nome de São Roque marca presença na toponímia portuguesa tanto a nível urbano como a nível rural: - A NÍVEL URBANO: altos (1), arraiais (1), avenidas (3), bairros (4), calçadas (2), caminhos (5), casais (1), corredouras (1), estradas (1), ilhéus (1), largos (14), loteamentos (1), miradouros (1) pracetas (1), quelhos (1), quintas (1), rampas (2), rotundas (1), ruas (70), terreiros (1), travessas (35), urbanizações (1) e vielas (1). - A NÍVEL RURAL: lugares (18). Hidrografia O nome de São Roque surge no âmbito da hidrografia para designar ribeiras e canais: - RIBEIRAS (3): Ribeira de São Roque (Angra do Heroísmo, Loures e São Roque do Pico). - CANAIS (1): Canal de São Roque (Aveiro). Heráldica A imagem de São Roque acompanhado pelo cão integra o brasão de armas das freguesias de São Roque do Faial (Santana) e Vila Chã de São Roque (Oliveira de Azeméis). O bordão de peregrino de São Roque com uma cabaça atada faz parte do brasão da freguesia de São Roque (Funchal). São Roque (1517-1551)]. António de Holanda. Iluminura. Pintura a têmpera e ouro sobre pergaminho (14,2x10,8 cm). Fólio 274. Livro de Horas de D. Manuel I. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. Aparição do anjo São Roque (1584). Gaspar Dias. Pintura a óleo sobre madeira (350x300 cm). Igreja de São Roque, Lisboa. Milagre de São Roque (1584). Francisco de Matos. Painel de azulejos (Fragmento). Igreja de São Roque, Lisboa. Gravura de São Roque datada de 1800, executada por Frei Mattheus da Assumpção Brandão (1778-1837), com Impressão Régia de 1832 em Lisboa e que ilustra a Novena do Glorioso S. Roque por occasião da Epidemia Cholera-Morbus no anno de 1832. Offerecida, e celebrada pela Real Irmandade de S. Roque de Lisboa, sendo seu Provedor Perpetuo El Rei Nosso Senhor: O senhor D. Miguel I”. |
Ana da Peles - acesso a textos Posted: 25 Feb 2020 01:49 PM PST Arquivo fotográfico do autor. |
Posted: 12 Feb 2020 11:06 AM PST Fernanda de Castro O SACO DE RETALHOS FERNANDA DE CASTRO (1900-1994) O Saco de Retalhos Velho saco, onde estavas? No baú das coisas mortas, esquecidas como tu? Guardado na gaveta como as sedas, as cassas, os ramos de violeta, a poeira e as traças? Velho saco, onde estavas? Pendurado numa daquelas portas que um dia se fecharam sobre a infância, o passado, e nunca mais se abriram? Ou no sótão, na trouxa dos farrapos, misturado com os trapos? Velho saco dos tempos esquecidos, nos teus retalhos desbotados reconheço os meus bibes, as chitas e os percais dos meus vestidos. Estes velhos riscados foram saias, corpetes, aventais de criadas que então eram meninas. E estas cambraias, estas sedas finas, usou-as minha mãe. Ó velho saco, feito de retalhos, rever-te fez-me bem. Este linho desfeito, remendado, foi lençol de noivado, e quantas vezes te vi pôr na cama, ó minha ama, esta chita vermelha de ramagens. Meu velho saco, meu livro de imagens, rever-te fez-me bem. Não sei, porém, que travo amargo esta alegria tem, que tristeza me fez, que nostalgia, ver surgir na distância a minha infância, descosida, em farrapos, e reencontrar a minha mocidade remendada e puída numa saca de trapos. Ó saco, ó velho saco de farrapos, já não sei, afinal, se ver-te me fez bem ou me fez mal. |
Bonecos de Estremoz: Carlos Alves Posted: 10 Feb 2020 07:51 AM PST Carlos Alves (1958- ). Fotografia de Filomena Meira. Entre 2010 e 2014, Carlos Alberto Alves (1958- ), com o Curso de Artes Gráficas da Escola Artística António Arroio e designer gráfico, manufacturou Bonecos de Estremoz, que vendia por encomenda “on line” e foram também comercializados no Museu Municipal de Estremoz. Actualmente desenvolve actividade comercial na área das Lavandarias e continua a modelar, ainda que sem comercializar. Mulher a lavar a roupa. Carlos Alves (1958- ). Fotografia de Catarina Matos. Mulher a passar a ferro. Carlos Alves (1958- ). Fotografia de Catarina Matos. Senhora a servir o chá. Carlos Alves (1958- ). Fotografia de Catarina Matos. Hernâni Matos |
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