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Confessionário dum Padre |
Posted: 01 May 2020 10:36 AM PDT
A pandemia do coronavírus fez com que as celebrações religiosas passassem a ser recebidas através dos meios de comunicação social e virtual. A Igreja passou a viver e a expressar-se nestes meios. Mas esta não é a Igreja. Esta é a Igreja de uma situação difícil. A Igreja, por si mesma é uma comunidade real. É o Povo de Deus que caminha no acto da fé e do seu amadurecimento, no acto da caridade e do testemunho, no acto da Palavra e dos sacramentos.
É verdade que a Igreja vive à volta dos sacramentos, e especialmente do sacramento da eucaristia, fonte e cume da vida cristã. Mas não depende exclusivamente deles. Ela depende do Senhor Deus. Por isso também pode viver sem eles. Não pode é banalizá-los ou dar a ideia - demasiado clerical, por sinal – que, sem eles, não há forma de se alimentar, celebrar e viver a fé. Se já antes muitos dos nossos sacramentos perdiam alguma autenticidade, porque ausentes de fé, agora esse risco aumentou. Tanto que o Papa Francisco, na homilia da Missa na Casa Santa Marta de 17 de abril, sublinhou este risco de viver a comunhão eclesial apenas de modo virtual.
Os sacramentos valem por si, mesmo à distância. Há uma certa presença, embora virtual, através destes meios de comunicação social e virtual. Não são falsos, mas também não são a realidade, mesmo que a reproduzam muito bem.
Talvez a pastoral das nossas comunidades, nestes tempos de contingência, se tenha vindo a centrar em demasia na celebração eucarística, absorvendo muitas das nossas energias, salientando o quantitativo, em detrimento do serviço da Palavra, da formação e, nalguns casos, da caridade. Talvez seja um hábito que vem de trás. E talvez seja este o salto que a Igreja que está para vir deveria fazer. O salto de uma Igreja sacramentalizadora para uma Igreja missionária, de uma Igreja eclesiocêntrica para uma Igreja cristocêntrica.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Gostava de fechar a minha Igreja."
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