Theatro Circo
Ahistória de mais de 100 anos do Theatro Circo é uma montanha russa de triunfos e incertezas.
O seu início foi auspicioso, em conformidade com o glamour que se viveu nos anos 20 e 30. Os anos seguintes serviram de consolidação no panorama cultural português e os anos 60 e 70, em consequência das ameaças modernas como a televisão, resultaram nalgum declínio.
As décadas de 80 e 90 foram de futuro trépido, salvos pela aquisição camarária e, por último, o renascimento, alicerçado nas obras de requalificação, asseguraram o perdurar da sala de espetáculos por muitos e bons anos.
O surgimento do Theatro Circo
A inauguração do Theatro Circo ocorreu a 21 de Abril de 1915 mas a sua história começa um pouco antes. Em 1906, Artur José Soares, José António Veloso e Cândido Martins, chefiavam a equipa que queria dotar Braga de uma grande sala.
A procura era apenas satisfeita pelo Teatro São Geraldo, (localizado onde hoje se situa o Banco de Portugal) e estava na altura de dar outra dimensão à cidade. Em 1911, o projeto da autoria de João de Moura Coutinho, teve o seu início e, quatro anos depois, o Theatro Circo via a luz do dia.
O primeiro espetáculo e a consolidação do Theatro Circo
O espetáculo inaugural foi a peça de teatro “A Rainha das Rosas”, com Palmira Bastos como protagonista. Um mês e pouco depois, entre 27 de Maio e 13 de Junho, o teatro deu lugar ao circo, a cargo da Companhia Equestre de W. Frediani.
Nos anos que se seguiram, sob a gerência do Teatro Sá de Bandeira, o Theatro Circo atravessava um grande fulgor com óperas de Puccini e Verdi. A nível local desenvolviam-se também a Orquestra Sinfónica de Braga e o Orfeão de Braga.
A audiência Bracarense que despertava para a cultura, crescia a grande ritmo. Nos anos 20 deu-se a ampliação da sala principal e, outros espaços como o Salão Nobre, foram construídos.
A revolução do “cinema sonoro”
Na década de 30, o “cinema sonoro” chega em força e marca uma pequena revolução nos espectáculos em cartaz no Theatro Circo. A partir desse momento, as artes mais tradicionais começam a perder espaço, como premonição para o declínio que o Theatro Circo veria mais tarde.
Já sob uma nova gerência a cargo de José Luís Costa, passaram pela sala de espetáculos filmes emblemáticos como “As Pupilas do Senhor Reitor” (1935), “Aldeia da Roupa Branca” (1939), “Amor de Perdição” (1943), “O Leão da Estrela” (1948) ou “Frei Luís de Sousa”, (1950).
Nos anos 50, o teatro ia perdendo cada vez mais público, e apesar de alguns espectáculos musicais terem trazido nomes como Amália Rodrigues, a Orquestra Nacional de Viena ou a Ópera de Londres, as dificuldades continuavam a crescer. No final da década de 50, um relatório da Assembleia Geral do Theatro Circo, já apontava para a existência de uma crise, resultante da instalação de TVs nos cafés.
Na década de 70 tudo piora. A instalação de salas de cinema na cidade e, sobretudo, a explosão das televisões, tornou a rentabilização do Theatro Circo extremamente difícil. Como resultado, a administração do Theatro Circo decide alienar o café Bristol a um Banco, situação que ainda hoje se verifica.
Em finais dos anos 80, a câmara adquire o Theatro Circo, numa altura em que já era a Companhia de Teatro de Braga a assegurar a direção artística.
Durante o período da década de 90, a programação ecléctica na música, dança clássica, dança contemporânea e ópera trouxe nomes notáveis ao Theatro Circo: Reggiani, Juliette Greco, Fausto, Sérgio Godinho ou Madredeus, na música; “Ballet do Exército Russo”, “Ópera de Kiev”, e peças como “O Lago dos Cisnes”, na dança clássica; Olga Roriz e Vera Mantero na dança contemporânea e “A Flauta Mágica”, “Carmen” ou “Madame Butterfly” na ópera.
Obras de Requalificação
Em 1999 iniciam-se as obras de requalificação do espaço, com a manutenção da arquitetura original. A profundidade das obras mantiveram o Theatro Circo encerrado durante 7 anos mas esse longo período de abstinência trouxe consigo novas salas, um espaço museológicos, uma livraria, um restaurante e um café-concerto.
Em 27 de Outubro de 2006, a honra da inauguração coube à Orquestra Sinfónica Nacional Checa e em apenas 1 ano, realizaram-se 114 espetáculos , divididos em 178 sessões, vistos por 70.000 pessoas.
Atualmente, a sala principal tem espaço para 897 pessoas, o pequeno auditório para 236 e o salão nobre com 205m2 para cerca de 200. A programação essa, encontra-se recheada de eventos que vão desde a música, teatro, cinema, exposições, entre muitos outros.
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