quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

JOSÉ CRAVEIRINHA - POETA - MORREU EM 2003 - 5 DE FEVEREIRO DE 2020

José Craveirinha

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José CraveirinhaGold Medal.svg
Nome completoJosé João Craveirinha
Nascimento28 de maio de 1922
Lourenço MarquesÁfrica Oriental Portuguesa
Morte6 de fevereiro de 2003 (80 anos)
JoanesburgoÁfrica do Sul
Nacionalidademoçambicano(a)
CônjugeMaria
OcupaçãoPoeta, escritor e jornalista
PrémiosPrémio Camões 1991
Magnum opusKaringana na Karingana
José João Craveirinha ComIH (Lourenço Marques28 de maio de 1922 — Joanesburgo6 de fevereiro de 2003) é considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

José Craveirinha nasceu no Xipamanine, em Lourenço Marques (atual Maputo), em 28 de maio de 1922,[1] filho de pai algarvio (de Aljezur)[2] e mãe ronga. Viveu com a mãe, pai e madrasta[3].
Estudou na escola «Primeiro de Janeiro», pertencente à Maçonaria.
Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado AfricanoNotíciasTribunaNotícias da TardeVoz de MoçambiqueNotícias da BeiraDiário de Moçambique e Voz Africana. Fez campanha contra o racismo no Notícias, onde trabalhava, tendo sido o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado.[carece de fontes]
Utilizou os seguintes pseudónimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa. Foi presidente da Associação Africana na década de 1950.
Esteve preso entre 1965 e 1969 por fazer parte de uma célula da 4.ª Região Político-Militar da Frelimo.
Foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, entre 1982 e 1987. Em sua homenagem, a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), em parceria com a HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa), instituiu em 2003, o Prémio José Craveirinha de Literatura.

Autobiografia[editar | editar código-fonte]

«Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto.[4] Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.
Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato
A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros.
Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.
E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique.
A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe preta.
Nasci ainda outra vez no jornal O Brado Africano. No mesmo em que também nasceram Rui de Noronha e Noémia de Sousa.
Muito desporto marcou-me o corpo e o espírito. Esforço, competição, vitória e derrota, sacrifício até à exaustão. Temperado por tudo isso.
Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por parte de minha mãe, só resignação.
Uma luta incessante comigo próprio. Autodidacta.
Minha grande aventura: ser pai. Depois, eu casado. Mas casado quando quis. E como quis.
Escrever poemas, o meu refúgio, o meu País também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse País, muitas vezes, altas horas a noite.»

Prémios e Condecorações[editar | editar código-fonte]

  • Prémio Cidade de Lourenço Marques (1959)
  • Prémio Reinaldo Ferreira do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961)
  • Prémio de Ensaio do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961)
  • Prémio Alexandre Dáskalos da Casa dos Estudantes do Império, Lisboa, Portugal (1962)
  • Prémio Nacional de Poesia de Itália (1975)
  • Prémio Lotus da Associação de Escritores Afro-Asiáticos (1983)
  • Medalha Nachingwea do Governo de Moçambique (1985)
  • Medalha de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura de São PauloBrasil (1987)
  • Prémio Camões (1991)[5]
  • Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (21 de Abril de 1997)[6]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

  • Xigubo. Lisboa, Casa dos Estudantes do Império, 1964. 2.ª ed. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980
  • Cantico a un dio di Catrame (bilingue português/italiano). Milão, Lerici, 1966 (trad. e prefácio Joyce Lussu)
  • Karingana ua karinganaLourenço Marques, Académica, 1974. 2.ª ed., Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1982
  • Cela 1. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980
  • Maria. Lisboa, África Literatura Arte e Cultura, 1988
  • Izbranoe. Moscovo, Molodoya Gvardiya, 1984 (em língua russa)
  • Hamina e outros contos, 1997

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1.  Pires Laranjeira (1995). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, Universidade Aberta, pág. 278.
  2.  «José Craveirinha». Infopédia. Consultado em 20 de janeiro de 2016
  3.  Chaves, Rita (1999). “JOSÉ CRAVEIRINHA, DA MAFALALA”, DE MOÇAMBIQUE, DO MUNDO, Universidade de São Paulo
  4.  Domingo em língua ronga
  5.  «Prêmio Camões de Literatura». Brasil: Fundação Biblioteca Nacional. Cópia arquivada em 16 de Março de 2016
  6.  «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José João Craveirinha". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 17 de fevereiro de 2015
Precedido por
João Cabral de Melo Neto
Prêmio Camões
1991
Sucedido por
Vergílio Ferreira

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