Filomena Martins
Diretora AdjuntaSexta-feira, 10 janeiro 2020
Diretora AdjuntaSexta-feira, 10 janeiro 2020
Enquanto dormia…
… a tensão com o Irão voltou a subir de tom por causa da queda do avião ucraniano que se despenhou em Teerão. O Canadá, o Reino Unido e os EUA afirmaram que o Boeing foi abatido, provavelmente por engano, por um míssil iraniano, mas as autoridades do Irão negaram essa possibilidade. Para agravar a crise, um novo rocket caiu junto a uma base militar dos EUA no Iraque e esta manhã houve vários ataques com aviões não identificados contra milícias iranianas na fronteira com a Síria.
Mas se a política internacional está centrada neste conflito, a actualidade mundial está também marcada por outra crise, esta bem mais fútil: a da casa real britânica. O tsunami #Megxit eclipsou por completo a marcação da data do verdadeiro Brexit na Câmara dos Comuns: 31 de Janeiro.
Por cá, com aprovação garantida, o final do debate e a votação do Orçamento já só parece ter reservada uma surpresa: a votação do Livre, que decidiu manter o tabu até ao fim (mesmo que isso só sirva para apimentar a polémica interna no partido).
Vamos lá então ao resumo das notícias, num dia em que será conhecida também a sentença do homicídio do triatleta Luís Grilo.
Avião ucraniano abatido por engano por míssil iraniano? Canadá, EUA e Reino Unido dizem que sim, Irão nega
Começou por ser apenas uma informação de fontes do Pentágono e uma insinuação de Donald Trump. Mas ao final da noite tornou-se oficial. Justin Trudeau, o primeiro-ministro canadiano, confirmou que tinha informações de que o Boeing ucraniano que caiu em Teerão fazendo 173 vítimas, 63 delas canadianas, terá mesmo sido abatido por engano por um míssil iraniano. Boris Jonhson, o primeiro-ministro britânico, disse o mesmo (três dos mortos tinham nacionalidade do Reino Unido). Por fim o New York Times publicou um vídeo (verificado da forma que o jornal explica assim) que parece mostrar o momento do impacto. Mas as autoridades do Irão rejeitaram peremptoriamente tal hipótese, garantindo que os “rumores” não fazem sentido e convidando a Boeing e a Ucrânia a investigar.
- Está criado assim um novo clima de crispação que se deve manter nos próximos dias, até porque ontem um novo rocket explodiu perto de uma base norte-americana no norte do Iraque e esta manhã vários ataques com aviões não identificados contra milícias iranianas na fronteira com a Síria fizeram oito mortos.
- Donad Trump também continua a vangloriar-se da morte de Soleimani, indiferente às ameaças de alguns generais iranianos de topo que prometem uma “vingança mais dura” contra os EUA e à tentativa da Câmara dos Representantes de lhe tentar limitar a autoridade militar.
- Esta tensão no Médio Oriente assusta contudo outros protaganistas. Sergino Dest, jogador norte-americano do Ajax, deixou o estágio da equipa no Qatar por receio de retaliações e a selecção dos EUA também mudou de planos pelos mesmos motivos.
- Por todos estes motivos (e muitos mais), José Manuel Fernandes, Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto questionam, no Conversas à Quinta desta semana, se será que podemos voltar a dormir descansados depois de tudo o que está a acontecer.
O debate dos sound bites, com o Orçamento já aprovado. E o tabu do Livre
Só o Livre quis manter o suspense até ao fim, pelo que apenas hoje saberemos como Joacine Katar Moreira vai votar o Orçamento. Será provavelmente a única surpresa desta sexta-feira — porque, vá lá saber-se porquê, o partido e a deputada insistem em fazer-se notar –, segundo dia de debate orçamental e de votação final na generalidade. Mário Centeno abrirá a discussão, que seguiremos de novo em direto no site e na rádio, a partir das 10h00.
Seja como for, está tudo decidido. A abstenção é o novo voto a favor, como lhe chamou a deputada do CDS Cecília Meireles, e depois das novas abstenções anunciadas à esquerda (Bloco e Verdes) durante a manhã, que viabilizaram desde logo o Orçamento, o debate de ontem foi morno e resumiu-se quase só a uma troca de acusações (ou de sound bites, melhor dizendo) entre Costa e Rio. O primeiro-ministro repetiu o “slogan” ou “mantra” (os nomes são de Catarina Martins) do “melhor Orçamento de sempre”, o líder da oposição (que vai a eleições este sábado) insistiu na carga fiscal e no mistério de onde está o Wally dos 590 milhões de euros escondidos. De medidas concretas só mesmo os aumentos de 1% na Função Pública e a confirmação de que o IVA da electricidade não vai baixar: António Costa justificou que todos os estudos mostram que isso só beneficiaria as famílias mais ricas, ainda que não tenha revelado que estudos são esses.
O tsunami #Megxit
Então vamos lá à outra crise que está em toda a imprensa mundial. Depois do anúncio surpresa do príncipe Harry e da sua mulher Meghan de que se iam afastar da Casa Real britânica e queriam ser independentes financeiramente (e ponham surpresa nisto, porque foi “pela televisão” que Isabel II soube dos planos dos “miúdos mais mimados da monarquia” e Carlos e William só foram notificados 10 minutos antes), gerou-se um verdadeiro tsunami noticioso.
- Souberam-se os pormenores de como os Sussex ignoraram os pedidos da Rainha e de como esta ficou furiosa com a decisão.
- Entre as rendas para pagar, o pé-de-meia que têm e muita vontade de mudar o mundo, também parece que não há motivos de preocupação sobre as finanças de Harry e Meghan: já se sabe do que vão viver, porque continuarão a receber da coroa e podem facturar milhões.
- Não serão, aliás, os únicos membros da realeza a trabalhar: desde pilotos de avião, a modelos e até a um vendedor de Pepsi, já houve príncipes e condes com várias profissões.
- E também não foram os primeiros a afastar-se das respectivas casas reais: do Japão, à Suécia e à Holanda, h´a pelo menos sete histórias de quem tenha trocado a Coroa por amor ou autonomia.
- Seja como for, a verdade é que os 38 anos de Kate Middleton ficaram marcados pelo furacão Megxit e o Museu Madame Tussauds apressou-se a afastar as estátuas de cera de Meghan e Harry do resto do clã.
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