quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

LUÍSA TODI - CANTORA DE ÓPERA - NASCEU EM 1753 - 9 DE JANEIRO DE 2020

Luísa Todi

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Luísa Todi
Luísa Rosa de Aguiar Todi
Pintura a óleo, por Vigée-Le Brun em 1785
Nome completoLuísa Rosa de Aguiar
Nascimento9 de janeiro de 1753
SetúbalReino de Portugal Portugal
Morte1 de outubro de 1833 (80 anos)
LisboaReino de Portugal Portugal
OcupaçãoCantora lírica
Luísa Todi, nascida Luísa Rosa de Aguiar (Setúbal9 de Janeiro de 1753 — Lisboa1 de Outubro de 1833), foi uma cantora lírica portuguesa.

Família[editar | editar código-fonte]

Nascida na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, concelho de Setúbal, era filha de Manuel José de Aguiar (Lisboa, Conceição Nova (extinta), bap. 12 de Janeiro de 1710 - ?), professor de música e instrumentista, e de sua mulher (Setúbal, Nossa Senhora da Anunciada, 4 de Setembro de 1745) Ana Joaquina de Almeida (Setúbal, Santa Maria da Graça, 19 de Fevereiro de 1726 - ?) e irmã mais nova de Cecília Rosa de Aguiar (23 de Agosto de 1746 - ?) e de Isabel Efigénia de Aguiar (5 de Novembro de 1750 - ?), em 1765 já se encontrava a viver em Lisboa, casando em 1771 com Joaquim de Oliveira. A sua mãe era filha de João de Almeida, sangrador, e de sua mulher Isabel da Esperança (filha de João da Frota e de sua mulher Luísa de Brito) e neta paterna por bastardia de Miguel Pessanha de Vasconcelos, da Casa da Quinta de Santo Estêvão das Areias, termo da Sé de Viseu (filho segundo do 8.º Senhor de Mossâmedes), e de Serafina de Almeida, "a Relojoeira", de Viseu.

O início da carreira[editar | editar código-fonte]

Luísa começou a sua carreira pelo teatro musical, aos catorze anos, no Teatro do Conde de Soure, no Tartufo, de Molière. Com a sua irmã mais velha, Cecília Rosa de Aguiar (23 de Agosto de 1746 - ?), cantou em óperas cómicas.
Casou em Lisboa, na Igreja Paroquial das Mercês, a 28 de Julho de 1769, com o compositor e primeiro-violinista napolitano e seu grande admirador, Francesco Saverio Todi, filho de Niccolò Todi e de sua mulher Mariana Todi e viúvo de Teresa Todi, de quem não teve filhos (falecida a 31 de Maio de 1769 na freguesia dos Olivais, Lisboa, com óbito registado na paróquia das Mercês, tendo sido sepultada na Igreja Paroquial de Santa Maria dos Olivais). O apelido foi dado pelo marido e fê-la aprender canto com o compositor David Perez, muito conceituado mestre de capela da corte portuguesa. Ao marido deveu o aperfeiçoamento e a dimensão internacional que a levariam a todas as cortes da Europa, como cantora lírica.
Estreou-se em 1771 na corte portuguesa dos futuros D. Maria I e D. Pedro III e cantou no Porto entre 1772 e 1775. Durante esse período aí nasceu o seu primeiro filho João Todi em 1772, e, em 1773, a sua primeira filha Ana José Todi. Em 1775 nasceria em Guimarães a sua filha Maria Clara Todi e, em 1777, em AranjuezEspanha, o seu filho Francisco Xavier Todi.

A carreira internacional[editar | editar código-fonte]

Em 1777 parte para LondresGrã-Bretanha, para actuar no King's Theatre, sem particular aplauso por parte dos ingleses.
Em 1778 está em ParisFrança, onde a 22 de Novembro nasceria a sua filha Adelaide Antónia Todi, em Versalhes. Em 1780 é aclamada em Turim, no Teatro Régio, tendo assinado um contrato como prima-dona, e em 1780 era já considerada pela crítica como uma das melhores vozes de sempre. Nessa cidade veio a nascer o seu filho Leopoldo Rodrigo Ângelo Todi a 24 de Novembro de 1782.
Brilhou na Áustria, na Alemanha e na Rússia. Veio a Portugal em 1783 para cantar na corte portuguesa. Regressou a Paris, tendo ficado célebre o «duelo» com outra cantora famosa, Gertrud Elisabeth Mara, que dividiu a crítica e o público entre todistas e maratistas.[1]
Convidada, parte com o marido e filhos para a corte de Catarina II da Rússia, em São Petersburgo (1784 a 1788), que a presenteou com jóias fabulosas. Em agradecimento o casal Todi escreveu para a imperatriz a ópera PolliniaBerlim aplaudiu-a quando ia a caminho da Rússia e, no regresso, Luísa Todi foi convidada por Frederico Guilherme II da Prússia, que lhe deu aposentos no palácio real, carruagem e os seus próprios cozinheiros, sem falar do principesco contrato, tendo ali permanecido de 1787 a 1789.
Diversas cidades alemãs a aplaudiram como MogúnciaHanôver e Bona, onde Beethoven a terá ouvido. Cantou ainda em Veneza, na República de VenezaGénova, na República de GénovaPádua, na República de Veneza, Bérgamo, no Ducado de Milão, e Turim, no Reino da Sardenha.
De 1792 a 1796 encantou os madrilenos novamente.
Em 1793 vem à corte de Lisboa por ocasião do baptizado de mais uma filha do herdeiro do trono, o futuro D. João VI, casado com D. Carlota Joaquina. A cantora precisou de uma autorização especial para cantar em público, o que era então proibido às mulheres.
Em 1799 terminou a sua carreira internacional em Nápoles, no Reino de Nápoles.

O regresso a Portugal[editar | editar código-fonte]

Forum Municipal Luisa Todi em Setúbal
Regressou a Portugal e cantou ainda no Porto, em 1801, onde enviuvou, em Santo Ildefonso, na Rua Nova de Almada, a 28 de Abril de 1803, altura em que se aposenta de vez, tendo usado roupa de luto até ao fim dos seus dias. O seu marido encontra-se sepultado na Igreja de Santo Ildefonso. Viveu naquela cidade, onde viria a perder as suas famosas jóias no trágico acidente da Ponte das Barcas, por ocasião da fuga das invasões francesas de Portugal pelos exércitos de Napoleão, em 1809. A família de Todi foi no entanto presa, mas com a ajuda do General Soult, que a reconheceu como "a cantora da nação", obtiveram protecção.
Viveu em Lisboa, de 1811 até ao final da sua vida, consta que, com dificuldades económicas e, a partir de 1823, completamente cega.

A cantora[editar | editar código-fonte]

Luísa Todi, que tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em francêsinglêsitaliano e alemão, é considerada a meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos.
No seu Tratado da MelodiaAnton Reicha, considera Luísa Todi como «a cantora de todas as centúrias» melhor dizendo «uma cantora para a eternidade».

Morte e homenagens[editar | editar código-fonte]

Luísa Todi faleceu em Lisboa, na freguesia da Encarnação, aos 80 anos de idade, em 1 de Outubro de 1833, após ter sido vítima de um acidente vascular cerebral em Julho daquele ano, tendo sido sepultada no cemitério paroquial da Igreja da Encarnação, perto do Chiado. A área do cemitério ficou por baixo das fundações do edifício construído por trás da Igreja, debaixo do número 78 da rua do Alecrim.
Apesar de vários pedidos de entusiastas e descendentes, uma das maiores cantoras portuguesas de todos os tempos jaz, hoje em dia, sob o pavimento de uma cave obscura (conforme testemunho citado por Mário Moreau do proprietário da Chapelaria que aí havia).
Sua cidade natal, Setúbal, erigiu um monumento com a sua efígie e deu o seu nome a uma das principais artérias da cidade, a Avenida Luísa Todi.

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Do casamento com Francesco Saverio Todi (Nápoles, 1745 - Santo IldefonsoPorto, 28 de Abril de 1803), nasceram seis filhos:

Fontes e Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CLARO, Rogério Peres (ed. lit.). Setúbal no Século XVIII: As Informações Paroquiais de 1758. Setúbal, edição do autor, 1957.
  • MOREAU, Mário. Cantores de Ópera Portugueses. Lisboa, Bertrand, 3 vols., 1981-1995. ISBN 972-25-0975-6
  • MOREAU, Mário. Luísa Todi: 1753-1833. Lisboa, Hugin, 2002. ISBN 972-794-160-5
  • PAXECO, FranSetúbal e as Suas Celebridades. Lisboa, Sociedade Nacional de Tipografia, 1930.
  • RIBEIRO, Mário de Sampaio. Luísa de Aguiar Todi, Lisboa, Edição da Revista «Ocidente», 1943.
  • VASCONCELOS, Joaquim deLuísa Todi: Estudo Crítico. Évora, Sementes de Mudança, 2008. ISBN 978-989-95648-7-9

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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