sábado, 19 de outubro de 2019

CARLOS MALHEIRO DIAS - HISTORIADOR - MORREU EM 1941 - 19 DE OUTUBRO DE 2019

Carlos Malheiro Dias

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Carlos Malheiro Dias
Nascimento13 de agosto de 1875
PortoPortugal
Morte19 de outubro de 1941 (66 anos)
LisboaPortugal
Nacionalidadeportuguês
OcupaçãoJornalistacronistaromancistacontistapolítico e historiador
Magnum opusA verdade nua
Assinatura
Assinatura Carlos Malheiro Dias.svg
Carlos Malheiro Dias, também conhecido como Carlos Dias e como Carlos Malheiros Dias GOC • GCC (Porto13 de agosto de 1875 — Lisboa19 de outubro de 1941), foi um jornalistacronistaromancistacontistapolítico e historiador português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Estudou no Liceu de Lamego, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde apenas iniciou o curso de Direito, e na Universidade de Lisboa, onde concluiu a licenciatura no Curso Superior de Letras.
Filho de pai português e mãe brasileira, repartiu entre os dois países a sua vocação literária. Seguiu para o Rio de Janeiro em 1893, iniciando a sua vida literária colaborando em jornais da capital da jovem república brasileira.
A sua primeira publicação, o romance naturalista A Mulata (1896), sobre o baixo mundo do Rio de Janeiro, cuja personagem principal é uma prostituta, foi recebido violentamente pela crítica, que o considerou um insulto para a época, tendo sido adjetivado de "livro infame, em que nada do Brasil escapara ao insulto" e uma verdadeira "enxurrada de lama".
Diante da reação desfavorável, o autor voltou para Portugal, onde ingressou na políticaMonárquico militante, foi Deputado entre 1897 e 1910.
Com a Proclamação da República Portuguesa (1910), exilou-se voluntariamente no Brasil, onde viveu até 1935. Quando do seu retorno em 1910, a comunidade portuguesa do Rio de Janeiro ofereceu-lhe, na conceituada Confeitaria Colombo, um jantar de homenagem e de desagravo pelas hostilidades ocorridas quando da publicação do seu primeiro e polêmico romance. Compareceram políticos, escritores e e representantes da classe conservadora, todos vaiados por um grupo de jornalistas, poetas e jovens intelectuais na rua do Ouvidor, à porta da Colombo, inclusive Rui Barbosa que, embora recebido em respeitoso silêncio, ao adentrar a confeitaria, ouviu o protesto do poeta Bastos Tigre, que lhe gritou: "Não sou tigre de tapete!"
A comunidade portuguesa no Brasil ofereceu-lhe, também, a moradia onde viveu, em Lisboa, na Avenida do Brasil, perto do Campo Grande, e que hoje já não existe.
A 2 de Junho de 1919 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo, tendo sido elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem a 13 de Junho do mesmo ano.[1]
Abandonou posteriormente a ficção e passou para a historiografia e temas cívicos e políticos. Coordenou a publicação da monumental História da Colonização Portuguesa do Brasil (1921), com reconhecida maestria, em que confluíram o realismo historicista e o neorromantismo nacionalista. Fundou e dirigiu a famosa revista carioca O Cruzeiro (1928).
Além de ter sido diretor da revista Ilustração Portuguesa[2] e codiretor de O Domingo Ilustrado[3] (1925-1927), colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas publicações periódicas Branco e Negro [4] (1896-1898), Brasil- Portugal[5] (1899-1914), Serões[6] (1901-1911), Revista do Conservatório Real de Lisboa [7] (1902), Atlantida[8] (1915-1920), Contemporânea[9] (1915-1926), Homens Livres [10] (1923), Lusitânia [11] (1924-1927), Feira da Ladra [12] (1929-1943) e no Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas [13] (1941-1945).
Foi também um dos fundadores da Academia Portuguesa de História (1936), considerada sucessora da Academia Real de História Portuguesa. Foi membro-correspondente da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo a Eça de Queiroz. Romancista, contista e cronista, é considerado um dos maiores e mais talentosos escritores portugueses da geração seguinte à do autor de O primo Basílio.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • 1895 - Cenários (romance e novela)
  • 1896 - A Mulata (romance e novela)
  • 1897 - Corações de Todos (teatro)
  • 1900 - O Filho das Ervas (romance e novela)
  • 1901 - Os Teles de Albergaria(romance e novela)
  • 1902 - A Paixão de Maria do Céu(romance e novela)
  • 1905 - O Grande Cagliostro(romance e novela)
  • 1907 - A Vencida (conto)
  • 1913 - Inimigos (teatro)
  • 1916 - A verdade nua
  • 1919 - A Esperança e a Morte
  • 1934 - Pensadores brasileiros(pequena antologia)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • LUFT, Celso Pedro. Dicionário de literatura portuguesa e brasileira (2ª ed.). Rio de Janeiro: Ed. Globo, 1969.
  • MENEZES, Raimundo de. Dicionário literário brasileiro (2ª ed.). LTC, 1978.
  • NUNES, Teresa, Carlos Malheiro Dias. Um monárquico entre dois regimes. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2009. ISBN 978-989-658-032-2.

Referências

  1.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Malheiro Dias". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 8 de fevereiro de 2016
  2.  Illustração portugueza (1903-1923) cópia digital, Hemeroteca Digital
  3.  Rita Correia (10 de Novembro de 2007). «Ficha histórica: O Domingo Ilustrado (1925-1927)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Outubro de 2014
  4.  Rita Correia (1 de Fevereiro de 2012). «Ficha histórica: Branco e Negro : semanario illustrado (1896-1898)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Janeiro de 2015
  5.  Rita Correia (29 de Abril de 2009). «Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 26 de Junho de 2014
  6.  Serões: revista semanal ilustrada (1901-1911) cópia digital, Hemeroteca Digital
  7.  Helena Roldão (7 de novembro de 2014). «Ficha histórica:Revista do Conservatório Real de Lisboa: publicação mensal ilustrada (1902)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de julho de 2015
  8.  Rita Correia (19 de Fevereiro de 2008). «Ficha histórica: Atlantida: mensário artístico, literário e social para Portugal e Brasil (1915-1920)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de Junho de 2014
  9.  Contemporânea [1915]-1926 cópia digital, Hemeroteca Digital
  10.  Rita Correia (6 de fevereiro de 2018). «Ficha histórica:Homens livres (1923)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de março de 2018
  11.  Rita Correia (5 de Novembro de 2013). «Ficha histórica: Lusitania : revista de estudos portugueses (1924-1927)»(pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Dezembro de 2014
  12.  «Feira da ladra : revista mensal ilustrada (1929-1942), Tomo IX, páginas 204 a 206» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 24 de fevereiro de 2015
  13.  Rita Correia (30 de julho de 2019). «Ficha histórica:Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1941-1945)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de outubro de 2019

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