Viana do Castelo
Vista geral de Viana do Castelo. | |
Gentílico | Vianense, Vianês |
Área | 319,02 km² |
População | 88 725 hab. (2011) |
Densidade populacional | 278,1 hab./km² |
N.º de freguesias | 27 |
Presidente da câmara municipal | José Maria Costa (PS) Mandato 2013-presente |
Fundação do município (ou foral) | 1258 |
Região (NUTS II) | Norte |
Sub-região (NUTS III) | Alto Minho |
Distrito | Viana do Castelo |
Província | Minho |
Orago | Nossa Senhora da Agonia |
Feriado municipal | 20 de Agosto (Nossa Senhora da Agonia) |
Código postal | 4900 Viana do Castelo |
Sítio oficial | www.cm-viana-castelo.pt |
Municípios de Portugal |
Viana do Castelo é uma cidade portuguesa, capital do distrito com o mesmo nome, na região do Norte, e integrada na sub-região NUT III do Alto Minho.
É sede de um município — com 319,02 km² de área[1] e 85 445 habitantes (2011[2]) — subdividido em 27 freguesias.[3] O concelho é limitado a norte pelo município de Caminha, a leste por Ponte de Lima, a sul por Barcelos e Esposende, e a oeste pelo Oceano Atlântico
Pertence à rede das Cidades Cittaslow.
Até à sua elevação a cidade em 20 de janeiro de 1848, a atual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como "Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo). Em 1977, fora elevada a sede de diocese católica.
Pertence à Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis.
Índice
História[editar | editar código-fonte]
A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera Carta de Foral de Afonso III de Portugal em 18 de julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana da Foz do Lima. Devido à prosperidade desde então adquirida, Viana tornou-se num importante entreposto comercial, vindo a ser edificada uma torre defensiva (a Torre da Roqueta) com a função de repelir piratas oriundos da Galiza e do Norte de África, os quais procuravam por este porto.[4]
O próspero comércio marítimo com o norte da Europa envolvia a exportação de vinhos, fruta e sal, e a importação de talheres, tecidos, tapeçarias e vidro. O espírito comercial de Viana alcançou tais proporções que a rainha Maria II de Portugal concedera alvará à extinta Associação Comercial de Viana do Castelo em 1852. A mesma soberana — para recompensar a lealdade da população de Viana, que não se rendera às forças do conde das Antas (1847) — decidira elevar a vila à categoria de cidade com o nome de Viana do Castelo (20 de janeiro de 1848). No século XX, tornou-se num dos principais portos portugueses da pesca do bacalhau [5].
População[editar | editar código-fonte]
Número de habitantes [6] | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
42 526 | 43 033 | 46 259 | 47 311 | 51 466 | 52 858 | 53 380 | 62 856 | 70 331 | 75 320 | 70 455 | 81 009 | 83 095 | 88 631 | 88 725 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário [7] | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 Anos | 14 848 | 16 534 | 16 768 | 18 066 | 20 876 | 22 013 | 24 675 | 22 125 | 22 106 | 17 712 | 14 062 | 12 496 |
15-24 Anos | 8 411 | 8 860 | 9 318 | 10 448 | 11 281 | 13 048 | 12 707 | 11 990 | 14 897 | 13 859 | 13 350 | 9 573 |
25-64 Anos | 19 127 | 20 486 | 21 197 | 22 798 | 25 631 | 28 484 | 31 470 | 29 510 | 34 676 | 40 404 | 46 921 | 49 321 |
= ou > 65 Anos | 3 264 | 3 903 | 3 911 | 4 267 | 4 679 | 5 446 | 6 468 | 6 830 | 9 330 | 11 120 | 14 298 | 17 335 |
> Id. desconh | 118 | 107 | 107 | 129 | 151 |
(Obs: De 1900 a 1950, os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Património[editar | editar código-fonte]
Na cidade — que cresceu ao longo do rio Lima — podem ser observados os estilos renascentista, manuelino, barroco e Art Déco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um círculo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos com artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz (catedral desde 1977), que remonta ao século XV, a Capela da Misericórdia (século XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da República (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito — com uma bacia de casal e tanque — construída por Inês Lopes, a Velha e terminada pelo seu filho João Lopes, Filho em 1559.
Fora do centro da cidade — em posição dominante no alto do Monte de Santa Luzia — destaca-se a Igreja do Sagrado Coração de Jesus ou de Santa Luzia, cuja construção fora iniciada em 1903 e inspirada na Basílica de Sacré Cœur em Paris, de onde se descortina uma ampla vista sobre a cidade, o estuário do rio Lima e o mar.
Eis alguns dos elementos patrimoniais de maior destaque de Viana do Castelo:
- Capela de Nossa Senhora da Agonia
- Chafariz da Praça da República
- Convento de São Francisco do Monte
- Elevador de Santa Luzia
- Forte de Santiago da Barra
- Santuário de Santa Luzia
- Ponte Eiffel
- Biblioteca Municipal de Viana do Castelo
- Estaleiros West Sea
- Navio-Hospital Gil Eannes
- Porto de Viana do Castelo
- Centro Cultural de Viana do Castelo
- Teatro Municipal Sá de Miranda
- Museu do Traje de Viana do Castelo
- Casa dos Nichos
- Castelo de Portuzelo
- Paço de Lanheses
- Pelourinho de Lanheses
- Centro Interpretativo Castro do Vieito
- Casa da Capela das Malheiras
Origem da toponímia[editar | editar código-fonte]
Conta uma das muitas lendas locais que o nome da cidade deve-se a uma "estória" sobre uma linda rapariga chamada Ana que vivia no território que atualmente integra a cidade, mais precisamente num castelo feito de pedra. Este era um castelo grande, famoso e admirado por muita gente, que por este costumava passar para poder observá-lo. Quando por este passavam, algumas pessoas começaram a reparar que uma princesa por vezes aparecia numa das janelas do castelo; uma linda rapariga de longos cabelos louros, com duas tranças, faces rosadas e olhos claros — a princesa Ana. Contudo, esta princesa também era extremamente tímida, razão pela qual ela escondia-se do olhar das pessoas que passavam para contemplar o castelo. Um dia esta princesa apaixonou-se por um rapaz que vivia no outro lado do rio, o qual também gostava muito dela. Ele ficava tão contente por vê-la que — sempre que voltava à outra margem — dizia contente: “VI A ANA! VI A ANA DO CASTELO!”. Ele repetiu-o tantas vezes que passaram a chamar “Viana do Castelo” à cidade onde a princesa morava.
Cultura[editar | editar código-fonte]
O ciclo de festas no município começa no mês de março, com as Festas de Nossa Senhora das Boas Novas, em Mazarefes. Entretanto, o seu ponto alto é a tradicional "Romaria em Honra de Nossa Senhora da Agonia", que decorre em pleno Verão, em torno do dia 20 de agosto, feriado no concelho.
A Romaria d’Agonia junta-se à história da Capela de Nossa Senhora da Agonia. Data de 1674 a história da capela em honra da padroeira dos pescadores. Na altura, foi edificada uma capela em invocação primitiva ao Bom Jesus do Santo Sepulcro do Calvário e, um pouco acima, uma capelinha devota a Nossa Senhora da Conceição.
Hoje, o nome da santa está associado à rainha das romarias e às múltiplas tradições da maior festa popular de Portugal: a romaria em honra de Nossa Senhora da Agonia, nascida em 1772 da devoção dos homens do mar vindos da Galiza e de todo o litoral português para as celebrações religiosas e pagãs, que ainda hoje são repetidas anualmente na semana do dia 20 de agosto, feriado municipal. A Romaria d’Agonia recebeu em 2013 a Declaração de Interesse para o Turismo.
A Romaria em Honra de Nossa Senhora da Agonia é o expoente máximo das festas vianenses. A rainha das romarias é grandiosa em programação, no número de visitantes, na força do traje à vianesa, no peso do ouro que as mordomas exibem ao peito. A procissão ao mar e as ruas da Ribeira — enfeitadas com os tapetes floridos — são testemunhos da profunda devoção religiosa que deu origem à Romaria d’Agonia. A etnografia tem o seu espaço no Desfile da Mordomia, com centenas de mulheres a desfilarem os seus trajes com ‘chieira’ (orgulho, vaidade), e também no Cortejo Histórico e Etnográfico e na inigualável Festa do Traje. A festa continua... Tocam as concertinas e os bombos, dançam as lavradeiras... A grandiosa serenata de fogo de artifício ilumina toda a cidade, começando pela ponte de Gustave Eiffel, passando pelo Castelo de Santiago da Barra, até ao Templo — Monumento de Santa Luzia... É um abraço dos vianenses a todos que nos visitam no mês de agosto.
VIANAfestas[editar | editar código-fonte]
A VIANAfestas — associação promotora das festas da cidade — integra a Câmara Municipal, a Comissão Regional de Turismo, a Associação Empresarial e a Associação de Grupos Folclóricos, organizando a Romaria da Senhora d'Agonia, o Festival de Folclore Internacional do Alto Minho, a Feira Medieval e outros eventos integrados no programa de animação cultural e turística da cidade.[8]
Desporto[editar | editar código-fonte]
Os principais clubes desportivos de Viana do Castelo são: o Sport Clube Vianense mais vocacionado para o futebol, a Associação Juventude de Viana dedicada ao Hóquei em patins e a Escola Desportiva de Viana que promove a natação, a canoagem, o hóquei em patins e outros desportos.
Para além do futebol, Viana do Castelo tem equipas e associações de outras modalidades como o hóquei, basquetebol, andebol, atletismo, entre outros.
Política[editar | editar código-fonte]
Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]
Data | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PPD/PSD | PS | CDS-PP | APU/CDU | AD | PRD | PSD-CDS | ||||||||
1976 | 31,67 | 3 | 21,51 | 2 | 17,39 | 1 | 17,24 | 1 | ||||||
1979 | AD | 19,86 | 2 | AD | 21,53 | 2 | 53,85 | 5 | ||||||
1982 | AD | 30,38 | 3 | AD | 18,84 | 2 | 44,44 | 4 | ||||||
1985 | 35,97 | 4 | 12,17 | 1 | 12,45 | 1 | 16,67 | 1 | 17,80 | 2 | ||||
1989 | 41,39 | 5 | 30,90 | 3 | 7,30 | - | 12,11 | 1 | 3,50 | - | ||||
1993 | 34,90 | 3 | 35,46 | 4 | 13,86 | 1 | 11,00 | 1 | ||||||
1997 | 31,02 | 3 | 48,97 | 5 | 8,42 | 1 | 7,46 | - | ||||||
2001 | CDS-PP | 51,18 | 5 | PPD/PSD | 9,80 | 1 | 34,12 | 3 | ||||||
2005 | 31,02 | 3 | 48,99 | 6 | 4,61 | - | 5,46 | - | ||||||
2009 | CDS-PP | 50,20 | 5 | PPD/PSD | 6,61 | - | 35,12 | 4 | ||||||
2013 | 26,56 | 3 | 47,67 | 5 | 4,28 | - | 10,57 | 1 | ||||||
2017 | 21,25 | 2 | 53,68 | 6 | 5,67 | - | 8,11 | 1 |
Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]
Data | % | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | PSD | CDS | PCP | UDP | AD | APU/CDU | FRS | PRD | PSN | B.E. | PAN | PàF | |
1976 | 27,81 | 27,04 | 20,90 | 13,11 | 1,51 | ||||||||
1979 | 22,69 | AD | AD | APU | 1,15 | 48,31 | 19,41 | ||||||
1980 | FRS | 0,83 | 50,85 | 18,89 | 22,36 | ||||||||
1983 | 32,92 | 27,78 | 13,98 | 0,58 | 18,58 | ||||||||
1985 | 13,79 | 26,91 | 12,92 | 0,96 | 15,21 | 24,59 | |||||||
1987 | 18,70 | 47,80 | 5,33 | CDU | 0,55 | 12,70 | 8,86 | ||||||
1991 | 28,16 | 48,99 | 6,40 | 9,40 | 1,26 | 1,77 | |||||||
1995 | 42,05 | 35,33 | 10,76 | 0,42 | 8,15 | ||||||||
1999 | 42,61 | 31,19 | 11,33 | 8,95 | 0,25 | 1,96 | |||||||
2002 | 39,34 | 39,28 | 9,09 | 6,16 | 2,53 | ||||||||
2005 | 44,79 | 27,59 | 10,18 | 6,48 | 6,44 | ||||||||
2009 | 35,95 | 27,16 | 12,28 | 6,61 | 11,71 | ||||||||
2011 | 26,76 | 37,55 | 12,94 | 7,71 | 6,16 | 0,82 | |||||||
2015 | 30,50 | PàF | PàF | 8,18 | 11,05 | 1,16 | 37,62 |
Freguesias[editar | editar código-fonte]
O concelho de Viana do Castelo está dividido em 27 freguesias:
- Afife
- Alvarães
- Amonde
- Anha
- Areosa
- Barroselas e Carvoeiro
- Cardielos e Serreleis
- Carreço
- Castelo do Neiva
- Chafé
- Darque
- Freixieiro de Soutelo
- Geraz do Lima (Santa Maria, Santa Leocádia e Moreira) e Deão
- Lanheses
- Mazarefes e Vila Fria
- Montaria
- Mujães
- Nogueira, Meixedo e Vilar de Murteda
- Outeiro
- Perre
- Santa Marta de Portuzelo
- São Romão de Neiva
- Subportela, Deocriste e Portela Susã
- Torre e Vila Mou
- Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
- Vila de Punhe
- Vila Franca
Acordos de geminação[editar | editar código-fonte]
Viana do Castelo tem acordos de geminação com: [9]
- Aveiro, Portugal
- Riom, França
- Cacheu, Guiné-Bissau
- Ziguinchor, Senegal
- Lancaster, Inglaterra
- Lugo, Espanha
- Itajaí, Brasil
- Porto Seguro, Brasil
- Ilha de Santo Antão, Cabo Verde
- Hendaye, França
- Igarassu, Brasil
- Cabedelo, Brasil
- Matola, Moçambique
- Alagoas, Brasil
- Viana (Maranhão), Brasil
- Pessac, França
- Rio de Janeiro, Brasil
Referências
- ↑ Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013 Arquivado em 13 de novembro de 2017, no Wayback Machine. (ficheiro Excel zipado). Acedido a 28 de novembro de 2013.
- ↑ INE (2017) – "Retrato do Município 2017", Acedido a 31 de janeiro de 2018.
- ↑ Diário da República, Reorganização administrativa do território das freguesias, Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, Anexo I. Acedido a 19 de julho de 2013.
- ↑ In Paulo Caldeira
- ↑ SILVA, A. J. M. (2015), The fable of the cod and the promised sea. About portuguese traditions of bacalhau, in BARATA, F. T- and ROCHA, J. M. (eds.), Heritages and Memories from the Sea, Proceedings of the 1st International Conference of the UNESCO Chair in Intangible Heritage and Traditional Know-How: Linking Heritage, 14-16 January 2015. University of Evora, Évora, pp. 130-143. PDF version
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
- ↑ http://vianafestas.com/pt/eventos-e-romarias/romaria-sra-da-agonia
- ↑ In Associação Nacional de Municípios Portugueses
SILVA, A. J. M. (2015), The fable of the cod and the promised sea. About portuguese traditions of bacalhau, in BARATA, F. T- and ROCHA, J. M. (eds.), Heritages and Memories from the Sea, Proceedings of the 1st International Conference of the UNESCO Chair in Intangible Heritage and Traditional Know-How: Linking Heritage, 14-16 January 2015. University of Evora, Évora, pp. 130-143. PDF version
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