História do Porto
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Desde os fins da Idade do Bronze que o espaço hoje ocupado pela cidade do Porto tem sido quase ininterruptamente povoado. Ao longo deste tempo, e muito particularmente nos últimos mil anos, este pequeno pedaço de território teve um papel primordial na história de Portugal.
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Desde os fins da Idade do Bronze que o espaço hoje ocupado pela cidade do Porto tem sido quase ininterruptamente povoado. Ao longo deste tempo, e muito particularmente nos últimos mil anos, este pequeno pedaço de território teve um papel primordial na história de Portugal.
Índice
Origens[editar | editar código-fonte]
O morro da Pena Ventosa (literalmente monte dos vendavais) é uma saliência granítica coroada por uma plataforma de cotas máximas na ordem dos 78 m, rodeada de vertentes de acentuado declive que descem para o rio Douro e para o pequeno rio da Vila. Estas características da topografia e da hidrografia constituíam boas condições defensivas e foram decisivas para que o alto da Pena Ventosa tivesse sido o sítio original da urbe portuense, primeiramente chamada Cale e, depois, Portus Cale e Portucale.
Durante as décadas de 1980 e de 1990, as investigações arqueológicas realizadas nas traseiras da Sé, nomeadamente na Casa da Rua de D. Hugo n.° 5, permitiram identificar um perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter havido uma ocupação quase contínua do local desde os finais da Idade do Bronze.
Estes vestígios arqueológicos documentam:
- Do século VIII a.C. até 500 a.C. – a existência de contactos principalmente com os outros povos Atlânticos principalmente da Bretanha e Ilhas Britânicas mas também com o distante Mediterrâneo de populações que viviam no alto do morro da Pena Ventosa;
- Entre 500 e 200 a.C. – a presença de um povoado castrejo de casas de planta redonda e a continuação dos contactos com povos Celtas do Atlântico, contactos bastante acentuados evidentes na cultura castreja presente no Noroeste peninsular e as suas semelhanças com os outros povos celtas do Atlântico principalmente da Irlanda e Bretanha francesa.
- Do século II a.C. a meados do século I d.C. – uma fase de romanização durante a qual o povoado adquire crescente importância, que se revela na função organizativa em relação aos territórios circundantes. Foram provavelmente os romanos que aqui criaram uma primeira estrutura urbana, reorganizando o traçado das ruas, implantando casas de planta rectangular e criando instalações portuárias nas imediações do local onde mais tarde se ergueu a chamada Casa do Infante.
A arqueologia permitiu também encontrar indícios da ocupação da Pena Ventosa nos séculos I e II d.C. e vestígios de uma muralha construída no século III. Pensa-se que o seu traçado fosse idêntico ao da Cerca Velha ou Românica reconstruída no século XII.
Segundo o Itinerário de Antonino, a estrada romana de Olissipo a Bracara Augusta (Via XVI) oferecia nesse passo do Douro uma estação. Não há unanimidade quanto à sua localização, na margem esquerda ou na direita. O mais provável seria a estação estar repartida nas duas margens. Os cavalos das mudas ficariam nos dois altos e os próprios mensageiros teriam de um lado e outro o seu albergue. No século IV assiste-se a uma fase de expansão da cidade em direcção ao vizinho Morro da Cividade e à zona ribeirinha, tendo sido encontrados mosaicos romanos do século IV na Casa do Infante.
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O morro da Pena Ventosa (literalmente monte dos vendavais) é uma saliência granítica coroada por uma plataforma de cotas máximas na ordem dos 78 m, rodeada de vertentes de acentuado declive que descem para o rio Douro e para o pequeno rio da Vila. Estas características da topografia e da hidrografia constituíam boas condições defensivas e foram decisivas para que o alto da Pena Ventosa tivesse sido o sítio original da urbe portuense, primeiramente chamada Cale e, depois, Portus Cale e Portucale.
Durante as décadas de 1980 e de 1990, as investigações arqueológicas realizadas nas traseiras da Sé, nomeadamente na Casa da Rua de D. Hugo n.° 5, permitiram identificar um perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter havido uma ocupação quase contínua do local desde os finais da Idade do Bronze.
Estes vestígios arqueológicos documentam:
- Do século VIII a.C. até 500 a.C. – a existência de contactos principalmente com os outros povos Atlânticos principalmente da Bretanha e Ilhas Britânicas mas também com o distante Mediterrâneo de populações que viviam no alto do morro da Pena Ventosa;
- Entre 500 e 200 a.C. – a presença de um povoado castrejo de casas de planta redonda e a continuação dos contactos com povos Celtas do Atlântico, contactos bastante acentuados evidentes na cultura castreja presente no Noroeste peninsular e as suas semelhanças com os outros povos celtas do Atlântico principalmente da Irlanda e Bretanha francesa.
- Do século II a.C. a meados do século I d.C. – uma fase de romanização durante a qual o povoado adquire crescente importância, que se revela na função organizativa em relação aos territórios circundantes. Foram provavelmente os romanos que aqui criaram uma primeira estrutura urbana, reorganizando o traçado das ruas, implantando casas de planta rectangular e criando instalações portuárias nas imediações do local onde mais tarde se ergueu a chamada Casa do Infante.
A arqueologia permitiu também encontrar indícios da ocupação da Pena Ventosa nos séculos I e II d.C. e vestígios de uma muralha construída no século III. Pensa-se que o seu traçado fosse idêntico ao da Cerca Velha ou Românica reconstruída no século XII.
Segundo o Itinerário de Antonino, a estrada romana de Olissipo a Bracara Augusta (Via XVI) oferecia nesse passo do Douro uma estação. Não há unanimidade quanto à sua localização, na margem esquerda ou na direita. O mais provável seria a estação estar repartida nas duas margens. Os cavalos das mudas ficariam nos dois altos e os próprios mensageiros teriam de um lado e outro o seu albergue. No século IV assiste-se a uma fase de expansão da cidade em direcção ao vizinho Morro da Cividade e à zona ribeirinha, tendo sido encontrados mosaicos romanos do século IV na Casa do Infante.
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transcritas da WIKIPEDIA
História do Porto
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Desde os fins da Idade do Bronze que o espaço hoje ocupado pela cidade do Porto tem sido quase ininterruptamente povoado. Ao longo deste tempo, e muito particularmente nos últimos mil anos, este pequeno pedaço de território teve um papel primordial na história de Portugal.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Desde os fins da Idade do Bronze que o espaço hoje ocupado pela cidade do Porto tem sido quase ininterruptamente povoado. Ao longo deste tempo, e muito particularmente nos últimos mil anos, este pequeno pedaço de território teve um papel primordial na história de Portugal.
Índice
Origens[editar | editar código-fonte]
O morro da Pena Ventosa (literalmente monte dos vendavais) é uma saliência granítica coroada por uma plataforma de cotas máximas na ordem dos 78 m, rodeada de vertentes de acentuado declive que descem para o rio Douro e para o pequeno rio da Vila. Estas características da topografia e da hidrografia constituíam boas condições defensivas e foram decisivas para que o alto da Pena Ventosa tivesse sido o sítio original da urbe portuense, primeiramente chamada Cale e, depois, Portus Cale e Portucale.
Durante as décadas de 1980 e de 1990, as investigações arqueológicas realizadas nas traseiras da Sé, nomeadamente na Casa da Rua de D. Hugo n.° 5, permitiram identificar um perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter havido uma ocupação quase contínua do local desde os finais da Idade do Bronze.
Estes vestígios arqueológicos documentam:
- Do século VIII a.C. até 500 a.C. – a existência de contactos principalmente com os outros povos Atlânticos principalmente da Bretanha e Ilhas Britânicas mas também com o distante Mediterrâneo de populações que viviam no alto do morro da Pena Ventosa;
- Entre 500 e 200 a.C. – a presença de um povoado castrejo de casas de planta redonda e a continuação dos contactos com povos Celtas do Atlântico, contactos bastante acentuados evidentes na cultura castreja presente no Noroeste peninsular e as suas semelhanças com os outros povos celtas do Atlântico principalmente da Irlanda e Bretanha francesa.
- Do século II a.C. a meados do século I d.C. – uma fase de romanização durante a qual o povoado adquire crescente importância, que se revela na função organizativa em relação aos territórios circundantes. Foram provavelmente os romanos que aqui criaram uma primeira estrutura urbana, reorganizando o traçado das ruas, implantando casas de planta rectangular e criando instalações portuárias nas imediações do local onde mais tarde se ergueu a chamada Casa do Infante.
A arqueologia permitiu também encontrar indícios da ocupação da Pena Ventosa nos séculos I e II d.C. e vestígios de uma muralha construída no século III. Pensa-se que o seu traçado fosse idêntico ao da Cerca Velha ou Românica reconstruída no século XII.
Segundo o Itinerário de Antonino, a estrada romana de Olissipo a Bracara Augusta (Via XVI) oferecia nesse passo do Douro uma estação. Não há unanimidade quanto à sua localização, na margem esquerda ou na direita. O mais provável seria a estação estar repartida nas duas margens. Os cavalos das mudas ficariam nos dois altos e os próprios mensageiros teriam de um lado e outro o seu albergue. No século IV assiste-se a uma fase de expansão da cidade em direcção ao vizinho Morro da Cividade e à zona ribeirinha, tendo sido encontrados mosaicos romanos do século IV na Casa do Infante.
No final da época imperial o topónimo Portucale abrangia já ambas as margens e, mais tarde, passou a designar toda a região circundante.
No século V assistimos à invasão dos suevos e, em 585 e seguintes, durante o reino visigótico, verifica-se a emissão de moeda em Portucale e a presença de um bispo portucalense no III Concílio de Toledo, em 589. A relativa importância do lugar nessa época é comprovada por diversas e significativas moedas dos reis visigodos Leovigildo(572-586), Recaredo I (586-601), Liúva II (601-603) e Sisebuto (612-620), cunhadas com a legenda toponímica de Portucale ou Portocale.
Em 716, deu-se a invasão muçulmana e a destruição da cidade por Abdalazize ibne Muça. Julga-se, no entanto, que a dominação muçulmana de Portucale (em árabe: Burtughal — برتغال) terá sido relativamente breve, pois parece ter sido atacada, logo por volta de 750, por Afonso I das Astúrias. Durante um século, a região teria jazido ao abandono e quase desabitada. Até à presúria de Portucale pelo conde Vímara Peres em 868, quando se dá início a uma fase de repovoamento e de renovação urbana. A partir daí, Portucale assume grande protagonismo político e militar, com a criação do respectivo condado. Nesta época, o nome Portucale já tem um sentido acentuadamente lato.
O renascido burgo vive então uma existência difícil entre incursões de normandos e de sarracenos. Estas últimas só deixam de se fazer com a fixação do condado de Coimbra.
Um episódio importante ocorre por volta de 990 com a retomada da cidade por D. Munio Viegas e a armada dos gascões. Por volta de 999 uns nobres e valorosos fidalgos Gascões entre os quais se encontrava D. Nónego bispo de Vendôme em França e mais tarde bispo do Porto, entraram com uma grande Armada pela foz do Rio Douro, para expulsarem os Mouros. Esta armada,que ficou conhecida como a Armada dos Gascões associada a D. Munio Viegas arrancou a cidade do Porto para dedicá-la à Virgem Mãe de Deus. Depois d'esta batalha, D. Munio e os franceses trataram de reedificar o Porto. Ergueram as antigas e fortes muralhas, e na parte mais elevada da cidade fundaram um castelo bem fortalecido que, depois do conde Henrique, serviu de habitação dos bispos, aos quais foi doado. A torre e a porta principal foram obra de D. Nónego, que, em memória da pátria, a nomeou porta de Vandoma, e que na frontaria da torre fez erguer o santuário, onde meteu a imagem de Nossa Senhora do Porto, que já trouxera consigo de França.[1]
As incursões dos viquingues ainda se mantêm nos princípios do século XI. Um dos assaltos dos nórdicos deu-se em 1014, nos arredores do Porto, no próprio coração das Terras da Maia, em Vermoim. Ao sul do Douro estendia-se então uma importante comarca guerreira portucalense, a chamada Terra de Santa Maria. O castelo da Feira, já existente, era o principal núcleo de defesa dessa, então, região estremenha.
Em 1096 dá-se a concessão do governo de Portucale ao conde D. Henrique de Borgonha e a capital desloca-se para o interior. Braga readquire, pela sua posição e pela sua tradicional primazia eclesiástica, um certo ascendente político sobre o burgo portucalense. Nela se sepulta o conde, pai do primeiro rei português, trazido, em cortejo fúnebre, da cidade de Astorga onde falecera.
Conhecer as origens do Porto
- Casa da Rua de D. Hugo n.° 5: perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade, nomeadamente o período castrejo e a romanização.
- Casa do Infante: mosaicos romanos do século IV.
O morro da Pena Ventosa (literalmente monte dos vendavais) é uma saliência granítica coroada por uma plataforma de cotas máximas na ordem dos 78 m, rodeada de vertentes de acentuado declive que descem para o rio Douro e para o pequeno rio da Vila. Estas características da topografia e da hidrografia constituíam boas condições defensivas e foram decisivas para que o alto da Pena Ventosa tivesse sido o sítio original da urbe portuense, primeiramente chamada Cale e, depois, Portus Cale e Portucale.
Durante as décadas de 1980 e de 1990, as investigações arqueológicas realizadas nas traseiras da Sé, nomeadamente na Casa da Rua de D. Hugo n.° 5, permitiram identificar um perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter havido uma ocupação quase contínua do local desde os finais da Idade do Bronze.
Estes vestígios arqueológicos documentam:
- Do século VIII a.C. até 500 a.C. – a existência de contactos principalmente com os outros povos Atlânticos principalmente da Bretanha e Ilhas Britânicas mas também com o distante Mediterrâneo de populações que viviam no alto do morro da Pena Ventosa;
- Entre 500 e 200 a.C. – a presença de um povoado castrejo de casas de planta redonda e a continuação dos contactos com povos Celtas do Atlântico, contactos bastante acentuados evidentes na cultura castreja presente no Noroeste peninsular e as suas semelhanças com os outros povos celtas do Atlântico principalmente da Irlanda e Bretanha francesa.
- Do século II a.C. a meados do século I d.C. – uma fase de romanização durante a qual o povoado adquire crescente importância, que se revela na função organizativa em relação aos territórios circundantes. Foram provavelmente os romanos que aqui criaram uma primeira estrutura urbana, reorganizando o traçado das ruas, implantando casas de planta rectangular e criando instalações portuárias nas imediações do local onde mais tarde se ergueu a chamada Casa do Infante.
A arqueologia permitiu também encontrar indícios da ocupação da Pena Ventosa nos séculos I e II d.C. e vestígios de uma muralha construída no século III. Pensa-se que o seu traçado fosse idêntico ao da Cerca Velha ou Românica reconstruída no século XII.
Segundo o Itinerário de Antonino, a estrada romana de Olissipo a Bracara Augusta (Via XVI) oferecia nesse passo do Douro uma estação. Não há unanimidade quanto à sua localização, na margem esquerda ou na direita. O mais provável seria a estação estar repartida nas duas margens. Os cavalos das mudas ficariam nos dois altos e os próprios mensageiros teriam de um lado e outro o seu albergue. No século IV assiste-se a uma fase de expansão da cidade em direcção ao vizinho Morro da Cividade e à zona ribeirinha, tendo sido encontrados mosaicos romanos do século IV na Casa do Infante.
No final da época imperial o topónimo Portucale abrangia já ambas as margens e, mais tarde, passou a designar toda a região circundante.
No século V assistimos à invasão dos suevos e, em 585 e seguintes, durante o reino visigótico, verifica-se a emissão de moeda em Portucale e a presença de um bispo portucalense no III Concílio de Toledo, em 589. A relativa importância do lugar nessa época é comprovada por diversas e significativas moedas dos reis visigodos Leovigildo(572-586), Recaredo I (586-601), Liúva II (601-603) e Sisebuto (612-620), cunhadas com a legenda toponímica de Portucale ou Portocale.
Em 716, deu-se a invasão muçulmana e a destruição da cidade por Abdalazize ibne Muça. Julga-se, no entanto, que a dominação muçulmana de Portucale (em árabe: Burtughal — برتغال) terá sido relativamente breve, pois parece ter sido atacada, logo por volta de 750, por Afonso I das Astúrias. Durante um século, a região teria jazido ao abandono e quase desabitada. Até à presúria de Portucale pelo conde Vímara Peres em 868, quando se dá início a uma fase de repovoamento e de renovação urbana. A partir daí, Portucale assume grande protagonismo político e militar, com a criação do respectivo condado. Nesta época, o nome Portucale já tem um sentido acentuadamente lato.
O renascido burgo vive então uma existência difícil entre incursões de normandos e de sarracenos. Estas últimas só deixam de se fazer com a fixação do condado de Coimbra.
Um episódio importante ocorre por volta de 990 com a retomada da cidade por D. Munio Viegas e a armada dos gascões. Por volta de 999 uns nobres e valorosos fidalgos Gascões entre os quais se encontrava D. Nónego bispo de Vendôme em França e mais tarde bispo do Porto, entraram com uma grande Armada pela foz do Rio Douro, para expulsarem os Mouros. Esta armada,que ficou conhecida como a Armada dos Gascões associada a D. Munio Viegas arrancou a cidade do Porto para dedicá-la à Virgem Mãe de Deus. Depois d'esta batalha, D. Munio e os franceses trataram de reedificar o Porto. Ergueram as antigas e fortes muralhas, e na parte mais elevada da cidade fundaram um castelo bem fortalecido que, depois do conde Henrique, serviu de habitação dos bispos, aos quais foi doado. A torre e a porta principal foram obra de D. Nónego, que, em memória da pátria, a nomeou porta de Vandoma, e que na frontaria da torre fez erguer o santuário, onde meteu a imagem de Nossa Senhora do Porto, que já trouxera consigo de França.[1]
As incursões dos viquingues ainda se mantêm nos princípios do século XI. Um dos assaltos dos nórdicos deu-se em 1014, nos arredores do Porto, no próprio coração das Terras da Maia, em Vermoim. Ao sul do Douro estendia-se então uma importante comarca guerreira portucalense, a chamada Terra de Santa Maria. O castelo da Feira, já existente, era o principal núcleo de defesa dessa, então, região estremenha.
Em 1096 dá-se a concessão do governo de Portucale ao conde D. Henrique de Borgonha e a capital desloca-se para o interior. Braga readquire, pela sua posição e pela sua tradicional primazia eclesiástica, um certo ascendente político sobre o burgo portucalense. Nela se sepulta o conde, pai do primeiro rei português, trazido, em cortejo fúnebre, da cidade de Astorga onde falecera.
Conhecer as origens do Porto | |
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Refundação da cidade[editar | editar código-fonte]
No século XII dão-se acontecimentos de grande significado para a evolução da cidade do Porto:
- 1114 – D. Hugo toma posse da diocese do Porto;
- 1120 – D. Teresa faz a doação de um vasto território—o Couto de Portucale -- a D. Hugo;
- 1123 – o bispo D. Hugo concede a carta de foral aos moradores da cidade. Este foral, de carácter liberal e inovador, vem trazer um enorme impulso ao povoamento e ao desenvolvimento do burgo.
O Porto do século XII, com uma só paróquia, a Sé, era um burgo episcopal organizado em função da catedral, que começou a ser construída neste século, no local onde anteriormente tinha existido uma pequena ermida. Em redor, um conjunto de ruas, vielas, pequenos largos e becos ocupavam a plataforma superior da Pena Ventosa. As vertentes próximas foram também desde cedo habitadas e ligadas entre si por ruas, ruelas ou serventias que, sabiamente adaptadas à topografia, tanto seguiam o traçado das curvas de nível (por ex. a actual Rua das Aldas) como as cortavam perpendicularmente (por ex. a actual Rua da Pena Ventosa).
Outro importante elemento que condicionou a estrutura da malha urbana do burgo medieval foi a Cerca Velha ou Cerca Românica reconstruída no século XII sobre fundações de muros anteriores. Durante muito tempo conhecida por Muralha Sueva, está hoje identificada como obra de origem romana. Desta Muralha Primitiva apenas subsistem hoje um cubelo e um reduzido trecho, reconstruídos em meados do século XX.
Conhecer o Porto do século XII
- Cubelo reconstruído da Cerca Velha (popularmente conhecida por muralha sueva): inicialmente erguida no período final da romanização, foi reconstruída no século XII, por inicitiva do bispo D. Hugo.
- Sé do Porto: começou a ser construída no século XII, no local onde existia uma ermida.
- Rua das Aldas e Rua da Pena Ventosa: exemplos de arruamentos da Pena Ventosa.
No século XII dão-se acontecimentos de grande significado para a evolução da cidade do Porto:
- 1114 – D. Hugo toma posse da diocese do Porto;
- 1120 – D. Teresa faz a doação de um vasto território—o Couto de Portucale -- a D. Hugo;
- 1123 – o bispo D. Hugo concede a carta de foral aos moradores da cidade. Este foral, de carácter liberal e inovador, vem trazer um enorme impulso ao povoamento e ao desenvolvimento do burgo.
O Porto do século XII, com uma só paróquia, a Sé, era um burgo episcopal organizado em função da catedral, que começou a ser construída neste século, no local onde anteriormente tinha existido uma pequena ermida. Em redor, um conjunto de ruas, vielas, pequenos largos e becos ocupavam a plataforma superior da Pena Ventosa. As vertentes próximas foram também desde cedo habitadas e ligadas entre si por ruas, ruelas ou serventias que, sabiamente adaptadas à topografia, tanto seguiam o traçado das curvas de nível (por ex. a actual Rua das Aldas) como as cortavam perpendicularmente (por ex. a actual Rua da Pena Ventosa).
Outro importante elemento que condicionou a estrutura da malha urbana do burgo medieval foi a Cerca Velha ou Cerca Românica reconstruída no século XII sobre fundações de muros anteriores. Durante muito tempo conhecida por Muralha Sueva, está hoje identificada como obra de origem romana. Desta Muralha Primitiva apenas subsistem hoje um cubelo e um reduzido trecho, reconstruídos em meados do século XX.
Conhecer o Porto do século XII | |
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Crescimento e autonomia[editar | editar código-fonte]
O século XIII representou um período de expansão em que o Porto cresceu para fora da Cerca Velha em várias direcções:
- Em redor da Pena Ventosa, terrenos antes de quintais, hortas, pomares, soutos e matas passaram a ter casas ligadas por ruas e vielas. Ainda hoje nalgumas ruas desta área subsistem designações de referências rurais, como por exemplo a Rua do Souto;
- No sopé da escarpa que dava acesso à Porta das Verdades, próximo da margem ribeirinha, também se desenvolve casario, ruas, escadas e vielas, como por exemplo a Rua da Lada;
- Na margem direita do rio da Vila o povoado crescia pela beira-rio de São Nicolau, por exemplo pela Rua da Reboleira ou pela Rua dos Banhos, acabando por atingir o "arrabalde" de Miragaia, pequeno núcleo de pescadores e construtores de barcos desde há muito ligados à vida do rio e do mar.
Assim, foram surgindo dois pólos de povoamento—um na zona alta, no morro da Pena Ventosa, em redor da sé, e outro na zona baixa, na Ribeira, na margem do Douro próximo da foz do rio da Vila—ligados por uma malha urbana que se foi adensando.
O eixo mais antigo que ligava os dois aglomerados seguia pela Rua "Detrás da Sé" (actual Rua de D. Hugo), pela Porta das Verdades e pelas Escadas do Barredo, segundo o caminho mais curto, mas de declive muito acentuado. Mais tarde, desenvolveu-se outro eixo de melhor acessibilidade constituído pelas Ruas dos Mercadores, Bainharia e Escura, ligando à Porta de São Sebastião.
Entretanto a encosta do Morro do Olival, na margem direita do rio da Vila e ainda pouco ocupada, começou a ser mais povoada sobretudo depois da instalação dos mosteiros das ordens mendicantes, o de São Francisco em 1233 e o de São Domingos em 1238, que, para além das casas conventuais, tinham extensas cercas com jardins, hortas, pomares e vinhas.
A construção destes conventos e a urbanização da encosta do Olival realizaram-se num clima de conflito entre o rei e o bispo, senhor do burgo. São exemplos desta luta de poderes a longa disputa pela faixa de terras entre o rio da Vila e o rio Frio (em Miragaia), exacerbada durante a edificação do Convento de São Francisco e da Alfândega Velha, hoje vulgarmente conhecida como Casa do Infante, iniciada em 1325, próxima do cais do rio. Estes acontecimentos representaram momentos em que o poder régio se quis afirmar perante o poder da Mitra.
Entretanto, em 1387, a cidade engalana-se para receber o casamento do rei João I de Portugal com a princesa inglesa Filipa de Lencastre, celebrado na Sé do Porto, selando a aliança luso-britânica. Foi no Porto que, em 1394, nasceu o Infante D. Henrique.
Após prolongadas negociações entre o rei D. João I e o bispo do Porto D. Gil Alma, chega-se a um acordo, ratificado em 1406 pelo papa Inocêncio VII, pelo qual o senhorio da cidade passava definitivamente do bispo para a coroa, conquistando a cidade a sua autonomia administrativa.[4]
O século XIII representou um período de expansão em que o Porto cresceu para fora da Cerca Velha em várias direcções:
- Em redor da Pena Ventosa, terrenos antes de quintais, hortas, pomares, soutos e matas passaram a ter casas ligadas por ruas e vielas. Ainda hoje nalgumas ruas desta área subsistem designações de referências rurais, como por exemplo a Rua do Souto;
- No sopé da escarpa que dava acesso à Porta das Verdades, próximo da margem ribeirinha, também se desenvolve casario, ruas, escadas e vielas, como por exemplo a Rua da Lada;
- Na margem direita do rio da Vila o povoado crescia pela beira-rio de São Nicolau, por exemplo pela Rua da Reboleira ou pela Rua dos Banhos, acabando por atingir o "arrabalde" de Miragaia, pequeno núcleo de pescadores e construtores de barcos desde há muito ligados à vida do rio e do mar.
Assim, foram surgindo dois pólos de povoamento—um na zona alta, no morro da Pena Ventosa, em redor da sé, e outro na zona baixa, na Ribeira, na margem do Douro próximo da foz do rio da Vila—ligados por uma malha urbana que se foi adensando.
O eixo mais antigo que ligava os dois aglomerados seguia pela Rua "Detrás da Sé" (actual Rua de D. Hugo), pela Porta das Verdades e pelas Escadas do Barredo, segundo o caminho mais curto, mas de declive muito acentuado. Mais tarde, desenvolveu-se outro eixo de melhor acessibilidade constituído pelas Ruas dos Mercadores, Bainharia e Escura, ligando à Porta de São Sebastião.
Entretanto a encosta do Morro do Olival, na margem direita do rio da Vila e ainda pouco ocupada, começou a ser mais povoada sobretudo depois da instalação dos mosteiros das ordens mendicantes, o de São Francisco em 1233 e o de São Domingos em 1238, que, para além das casas conventuais, tinham extensas cercas com jardins, hortas, pomares e vinhas.
A construção destes conventos e a urbanização da encosta do Olival realizaram-se num clima de conflito entre o rei e o bispo, senhor do burgo. São exemplos desta luta de poderes a longa disputa pela faixa de terras entre o rio da Vila e o rio Frio (em Miragaia), exacerbada durante a edificação do Convento de São Francisco e da Alfândega Velha, hoje vulgarmente conhecida como Casa do Infante, iniciada em 1325, próxima do cais do rio. Estes acontecimentos representaram momentos em que o poder régio se quis afirmar perante o poder da Mitra.
Entretanto, em 1387, a cidade engalana-se para receber o casamento do rei João I de Portugal com a princesa inglesa Filipa de Lencastre, celebrado na Sé do Porto, selando a aliança luso-britânica. Foi no Porto que, em 1394, nasceu o Infante D. Henrique.
Após prolongadas negociações entre o rei D. João I e o bispo do Porto D. Gil Alma, chega-se a um acordo, ratificado em 1406 pelo papa Inocêncio VII, pelo qual o senhorio da cidade passava definitivamente do bispo para a coroa, conquistando a cidade a sua autonomia administrativa.[4]
Nova muralha e afirmação da cidade burguesa[editar | editar código-fonte]
Ao longo do século XIV o Porto teve uma grande expansão do povoamento ao longo da margem ribeirinha do Douro, reflectindo a crescente importância das actividades comerciais e marítimas. A cidade sente, assim, necessidade de um espaço amuralhado mais vasto que o da Cerca Velha. Os primeiros a apresentarem essa reivindicação foram burgueses com casas e negócios extramuros e portanto menos protegidos.
Em meados desse século, ainda no tempo de D. Afonso IV, começou a ser construída uma nova cintura de muralhas que ficou praticamente concluída por volta de 1370. Esta Cerca Nova ou Muralha Gótica tem sido correntemente designada por Muralha Fernandina porque, apesar de iniciada com D. Afonso IV, o seu grande impulsionador, só ficou concluída no reinado de D. Fernando.
Este muro, de traçado geométrico e uma altura de 30 pés (9 m), de alto porte e grande robustez, era recortado de ameias salientes, tendo vários cubelos e torres elevadas e ainda numerosas portas e postigos (dezassete, no total). Com um perímetro de cerca de 3.000 passos (2.600 m), limitava uma área de 44,5 hectares.
O traçado da Cerca Nova seguia pela margem ribeirinha do Douro até ao limite com Miragaia, subia pelo Caminho Novo e São João Novo até ao cimo do Morro do Olival; depois tomava a direcção leste passando junto às hortas do bispo e do cabido e continuava para Cimo de Vila; a seguir contornava os morros da Cividade e da Sé por nascente e descia pela escarpa dos Guindais até à Ribeira, próximo da saída do tabuleiro inferior da actual Ponte Luís I.
Entre as portas destacaram-se as de Cimo de Vila, de Carros (em frente à actual Estação de São Bento), de Santo Elói, do Olival (ao lado da actual Cadeia da Relação), das Virtudes, da Esperança (ou São João Novo), de Miragaia (ou Nova ou Nobre), da Ribeira (no local da actual Praça da Ribeira), do Sol. Os nomes das portas e dos postigos foram mudando ao longo dos tempos. Também aconteceu alguns postigos serem alargados e passarem a portas, como o de Carros, que deu origem à Porta de Carros, e o do Carvalho do Monte, mais tarde do Penedo, que veio a ser a Porta do Sol.
Em 1386, D. João I decidiu criar uma judiaria e, invocando motivos de segurança, mandou transferir os judeus, para os concentrar dentro de muros, no topo aplanado do Morro do Olival. Implantada num sítio quase desocupado, a Judiaria do Olival deu origem a uma urbanização própria que condicionou a posterior evolução da malha urbana deste local.
Na última década do século XIV, e ainda por iniciativa de D. João I, começou a ser aberta a Rua Nova, uma rua que contrastava com o labiríntico Porto medieval, "a minha rua formosa" como lhe chamou o rei. Constituiu um grande avanço em termos urbanísticos, pode mesmo dizer-se que foi o primeiro caso de planeamento do país. De traçado rectilíneo, considerada na época comprida e larga, foi local de prestígio que atraiu a construção de edifícios de luxo para habitação da elite burguesa e do clero e centralizou a vida e os negócios dos mercadores.
A Rua Nova (hoje do Rua do Infante D. Henrique) levou cerca de cem anos a ser concluída. Como ligava a Rua dos Mercadores ao Convento de São Francisco, constituiu um importante eixo de circulação paralelo à margem ribeirinha. Por causa desta rua, a partir do século XVI, a Porta de Miragaia ou Porta Nova passou a ser conhecida por Porta Nobre, através da qual entravam na cidade as figuras notáveis, bispos e reis, em actos oficiais.
No início do século XV a malha urbana fechada pela Muralha Fernandina era uma rede apertada de ruas e ruelas irregulares, estreitas e íngremes que se desenvolviam em redor de três núcleos:
- O Alto da Sé, sede do burgo dos bispos até 1406, onde não permaneciam monges nem fidalgos;
- A Ribeira, fervilhante de gentes ligadas às múltiplas actividades do rio e do mar, domínio dos mercadores e geradora de burgueses, com o centro na Praça da Ribeira e, a partir do século XV, em expansão para a Rua Nova;
- O Morro do Olival, núcleo mais periférico e mais tardiamente ocupado, onde se situou a Judiaria Nova, dentro de muros. Nas vertentes deste morro, as ruas de Belomonte, Taipas, Ferraria de Baixo (hoje Rua do Comércio do Porto) vão tomando significado no tecido urbano, tal como a Rua de Trás, rente à muralha e próxima das Hortas do Bispo, aberta em 1491 aquando da construção do Convento dos Lóios ou de Santo Elói.
Dois eixos principais ligavam estes três núcleos:
- Da Praça da Ribeira à Porta de Cimo de Vila (actual Praça da Batalha), passando pelas Ruas dos Mercadores e Bainharia, Cruz do Souto e Ruas Escura, Rua Chã e Cimo de Vila;
- Da Reboleira à Porta do Olival, através das Ruas da Alfândega (Velha), das Congostas e da Bainharia, Cruz do Souto e Rua do Souto (que na época incluía a actual Rua dos Caldeireiros).
Ainda no século XV, o Largo de São Domingos, em frente ao convento do mesmo nome, tornou-se um centro importante da cidade, não só pela feira que aqui se realizava e pelas reuniões da câmara no alpendre do convento, mas também por constituir um nó de circulação e local de encontro dos portuenses, um verdadeiro centro cívico.
A estrutura urbana da cidade do Porto de finais do século XV tomou uma configuração radioconcêntrica com a posição das principais portas da Cerca Nova a evidenciar os acessos aos arrabaldes ou a áreas mais longínquas:
- Porta de Carros – estrada de Guimarães;
- Porta do Olival – estrada de Braga;
- Porta de Cimo de Vila – estrada de Penafiel;
- Porta de Miragaia – Foz e Bouças;
- Porta do Sol – estrada de Entre-os-Rios.
Entretanto, em 1496, um decreto de D. Manuel I ordenava a conversão de todos os judeus, sob pena de expulsão. Alguns converteram-se tornando-se cristãos-novos outros, porém, decidiram abandonar a cidade e o reino. Foi o fim da Judiaria Nova do Morro do Olival.
Só em 1509 é que o Porto se abre aos nobres, até então impedidos de ter casa na cidade ou de nela residir por mais de três dias, o que explica a quase ausência de casas nobres dentro do perímetro amuralhado.
Ao longo do século XIV o Porto teve uma grande expansão do povoamento ao longo da margem ribeirinha do Douro, reflectindo a crescente importância das actividades comerciais e marítimas. A cidade sente, assim, necessidade de um espaço amuralhado mais vasto que o da Cerca Velha. Os primeiros a apresentarem essa reivindicação foram burgueses com casas e negócios extramuros e portanto menos protegidos.
Em meados desse século, ainda no tempo de D. Afonso IV, começou a ser construída uma nova cintura de muralhas que ficou praticamente concluída por volta de 1370. Esta Cerca Nova ou Muralha Gótica tem sido correntemente designada por Muralha Fernandina porque, apesar de iniciada com D. Afonso IV, o seu grande impulsionador, só ficou concluída no reinado de D. Fernando.
Este muro, de traçado geométrico e uma altura de 30 pés (9 m), de alto porte e grande robustez, era recortado de ameias salientes, tendo vários cubelos e torres elevadas e ainda numerosas portas e postigos (dezassete, no total). Com um perímetro de cerca de 3.000 passos (2.600 m), limitava uma área de 44,5 hectares.
O traçado da Cerca Nova seguia pela margem ribeirinha do Douro até ao limite com Miragaia, subia pelo Caminho Novo e São João Novo até ao cimo do Morro do Olival; depois tomava a direcção leste passando junto às hortas do bispo e do cabido e continuava para Cimo de Vila; a seguir contornava os morros da Cividade e da Sé por nascente e descia pela escarpa dos Guindais até à Ribeira, próximo da saída do tabuleiro inferior da actual Ponte Luís I.
Entre as portas destacaram-se as de Cimo de Vila, de Carros (em frente à actual Estação de São Bento), de Santo Elói, do Olival (ao lado da actual Cadeia da Relação), das Virtudes, da Esperança (ou São João Novo), de Miragaia (ou Nova ou Nobre), da Ribeira (no local da actual Praça da Ribeira), do Sol. Os nomes das portas e dos postigos foram mudando ao longo dos tempos. Também aconteceu alguns postigos serem alargados e passarem a portas, como o de Carros, que deu origem à Porta de Carros, e o do Carvalho do Monte, mais tarde do Penedo, que veio a ser a Porta do Sol.
Em 1386, D. João I decidiu criar uma judiaria e, invocando motivos de segurança, mandou transferir os judeus, para os concentrar dentro de muros, no topo aplanado do Morro do Olival. Implantada num sítio quase desocupado, a Judiaria do Olival deu origem a uma urbanização própria que condicionou a posterior evolução da malha urbana deste local.
Na última década do século XIV, e ainda por iniciativa de D. João I, começou a ser aberta a Rua Nova, uma rua que contrastava com o labiríntico Porto medieval, "a minha rua formosa" como lhe chamou o rei. Constituiu um grande avanço em termos urbanísticos, pode mesmo dizer-se que foi o primeiro caso de planeamento do país. De traçado rectilíneo, considerada na época comprida e larga, foi local de prestígio que atraiu a construção de edifícios de luxo para habitação da elite burguesa e do clero e centralizou a vida e os negócios dos mercadores.
A Rua Nova (hoje do Rua do Infante D. Henrique) levou cerca de cem anos a ser concluída. Como ligava a Rua dos Mercadores ao Convento de São Francisco, constituiu um importante eixo de circulação paralelo à margem ribeirinha. Por causa desta rua, a partir do século XVI, a Porta de Miragaia ou Porta Nova passou a ser conhecida por Porta Nobre, através da qual entravam na cidade as figuras notáveis, bispos e reis, em actos oficiais.
No início do século XV a malha urbana fechada pela Muralha Fernandina era uma rede apertada de ruas e ruelas irregulares, estreitas e íngremes que se desenvolviam em redor de três núcleos:
- O Alto da Sé, sede do burgo dos bispos até 1406, onde não permaneciam monges nem fidalgos;
- A Ribeira, fervilhante de gentes ligadas às múltiplas actividades do rio e do mar, domínio dos mercadores e geradora de burgueses, com o centro na Praça da Ribeira e, a partir do século XV, em expansão para a Rua Nova;
- O Morro do Olival, núcleo mais periférico e mais tardiamente ocupado, onde se situou a Judiaria Nova, dentro de muros. Nas vertentes deste morro, as ruas de Belomonte, Taipas, Ferraria de Baixo (hoje Rua do Comércio do Porto) vão tomando significado no tecido urbano, tal como a Rua de Trás, rente à muralha e próxima das Hortas do Bispo, aberta em 1491 aquando da construção do Convento dos Lóios ou de Santo Elói.
Dois eixos principais ligavam estes três núcleos:
- Da Praça da Ribeira à Porta de Cimo de Vila (actual Praça da Batalha), passando pelas Ruas dos Mercadores e Bainharia, Cruz do Souto e Ruas Escura, Rua Chã e Cimo de Vila;
- Da Reboleira à Porta do Olival, através das Ruas da Alfândega (Velha), das Congostas e da Bainharia, Cruz do Souto e Rua do Souto (que na época incluía a actual Rua dos Caldeireiros).
Ainda no século XV, o Largo de São Domingos, em frente ao convento do mesmo nome, tornou-se um centro importante da cidade, não só pela feira que aqui se realizava e pelas reuniões da câmara no alpendre do convento, mas também por constituir um nó de circulação e local de encontro dos portuenses, um verdadeiro centro cívico.
A estrutura urbana da cidade do Porto de finais do século XV tomou uma configuração radioconcêntrica com a posição das principais portas da Cerca Nova a evidenciar os acessos aos arrabaldes ou a áreas mais longínquas:
- Porta de Carros – estrada de Guimarães;
- Porta do Olival – estrada de Braga;
- Porta de Cimo de Vila – estrada de Penafiel;
- Porta de Miragaia – Foz e Bouças;
- Porta do Sol – estrada de Entre-os-Rios.
Entretanto, em 1496, um decreto de D. Manuel I ordenava a conversão de todos os judeus, sob pena de expulsão. Alguns converteram-se tornando-se cristãos-novos outros, porém, decidiram abandonar a cidade e o reino. Foi o fim da Judiaria Nova do Morro do Olival.
Só em 1509 é que o Porto se abre aos nobres, até então impedidos de ter casa na cidade ou de nela residir por mais de três dias, o que explica a quase ausência de casas nobres dentro do perímetro amuralhado.
Do foral manuelino aos inícios do séc. XVII[editar | editar código-fonte]
O Foral Novo de D. Manuel I, concedendo privilégios à cidade do Porto e datado de 1517, inicia um período de crescente desenvolvimento económico e urbano.
A partir de 1521, por iniciativa do rei, começou a ser aberta, através das hortas do bispo e do cabido e em terrenos da Misericórdia, a Rua de Santa Catarina das Flores, actual Rua das Flores. Construída para enobrecer a cidade, tornou-se elegante, aristocrática e ainda de importante actividade comercial. Ligando o Largo de São Domingos ao Convento de São Bento da Avé-Maria, permitia um acesso directo entre dois pólos citadinos de grande movimento, a Ribeira e a Porta de Carros. Este novo eixo de circulação vai ser vital para a progressiva urbanização da margem direita do rio da Vila.
Por meados do século XVI construiu-se uma ponte de pedra para atravessar este rio, substituindo uma anterior de madeira, o que permitiu a ligação da nova Rua de Santa Catarina das Flores à Rua da Bainharia e deu origem ao desenvolvimento da Rua da Ponte Nova. No rio da Vila, um pouco mais para jusante, havia uma outra ponte mais antiga, a de São Domingos.
Devido à concorrência do eixo da Rua das Flores, a velha Rua dos Mercadores perdeu progressivamente características de rua de grande comércio, habitada por burgueses de posses que viviam nas suas casas-torre medievais.
Durante os séculos XV e XVI a cidade vê surgir notáveis edifícios de congregações religiosas ou de assistência:
- Convento de Santa Clara;
- Convento dos Lóios;
- Conventos femininos de São Bento da Avé-Maria e de Monchique (este último extramuros);
- Hospital de D. Lopo;
- Convento de São João Novo;
- Mosteiro de São Bento da Vitória.
Na zona da Sé os padres da Companhia de Jesus dão início à construção do Colégio de São Lourenço e, mais tarde, da Igreja de São Lourenço (popularmente conhecida como "Igreja dos Grilos"), o que implicou a destruição de algumas ruas e trouxe alterações urbanísticas ao local.
Até 1583 o Porto teve apenas uma paróquia, a da Sé, que nesse ano foi dividida em quatro: Sé, São Nicolau, Nossa Senhora da Vitória e São João Baptista de Belmonte, esta última extinta alguns anos mais tarde.
No começo do século XVII iniciam-se as construções do primeiro edifício da Casa da Relação e Cadeia, do Convento dos Carmelitas Descalços, hoje quartel da Guarda Nacional Republicana (GNR) e as obras do Mosteiro e da Igreja de São Bento da Vitória, que irão prolongar-se por todo este século, ocupando o vazio deixado pelo abandono forçado dos judeus do Morro do Olival, um século antes.
O Foral Novo de D. Manuel I, concedendo privilégios à cidade do Porto e datado de 1517, inicia um período de crescente desenvolvimento económico e urbano.
A partir de 1521, por iniciativa do rei, começou a ser aberta, através das hortas do bispo e do cabido e em terrenos da Misericórdia, a Rua de Santa Catarina das Flores, actual Rua das Flores. Construída para enobrecer a cidade, tornou-se elegante, aristocrática e ainda de importante actividade comercial. Ligando o Largo de São Domingos ao Convento de São Bento da Avé-Maria, permitia um acesso directo entre dois pólos citadinos de grande movimento, a Ribeira e a Porta de Carros. Este novo eixo de circulação vai ser vital para a progressiva urbanização da margem direita do rio da Vila.
Por meados do século XVI construiu-se uma ponte de pedra para atravessar este rio, substituindo uma anterior de madeira, o que permitiu a ligação da nova Rua de Santa Catarina das Flores à Rua da Bainharia e deu origem ao desenvolvimento da Rua da Ponte Nova. No rio da Vila, um pouco mais para jusante, havia uma outra ponte mais antiga, a de São Domingos.
Devido à concorrência do eixo da Rua das Flores, a velha Rua dos Mercadores perdeu progressivamente características de rua de grande comércio, habitada por burgueses de posses que viviam nas suas casas-torre medievais.
Durante os séculos XV e XVI a cidade vê surgir notáveis edifícios de congregações religiosas ou de assistência:
- Convento de Santa Clara;
- Convento dos Lóios;
- Conventos femininos de São Bento da Avé-Maria e de Monchique (este último extramuros);
- Hospital de D. Lopo;
- Convento de São João Novo;
- Mosteiro de São Bento da Vitória.
Na zona da Sé os padres da Companhia de Jesus dão início à construção do Colégio de São Lourenço e, mais tarde, da Igreja de São Lourenço (popularmente conhecida como "Igreja dos Grilos"), o que implicou a destruição de algumas ruas e trouxe alterações urbanísticas ao local.
Até 1583 o Porto teve apenas uma paróquia, a da Sé, que nesse ano foi dividida em quatro: Sé, São Nicolau, Nossa Senhora da Vitória e São João Baptista de Belmonte, esta última extinta alguns anos mais tarde.
No começo do século XVII iniciam-se as construções do primeiro edifício da Casa da Relação e Cadeia, do Convento dos Carmelitas Descalços, hoje quartel da Guarda Nacional Republicana (GNR) e as obras do Mosteiro e da Igreja de São Bento da Vitória, que irão prolongar-se por todo este século, ocupando o vazio deixado pelo abandono forçado dos judeus do Morro do Olival, um século antes.
De Nasoni aos Almadas[editar | editar código-fonte]
Os finais do século XVII e o século XVIII vão trazer à cidade do Porto uma intensa actividade arquitectónica, tanto religiosa como civil, que lhe dará uma nova imagem. Realizam-se obras públicas como fontes e chafarizes. Constroem-se os grandes edifícios de arquitectura barroca, de aspecto monumental, que identificam um Porto barroco.
São exemplos:
- O Paço Episcopal totalmente reconstruído;
- A intervenção no edifício da Sé Catedral;
- A frontaria da Igreja da Misericórdia do Porto;
- A Igreja e a Torre dos Clérigos;
- As Igrejas dos Terceiros do Carmo, da Ordem do Terço, de Santo Ildefonso;
- A Casa do Despacho da Ordem Terceira de São Francisco;
- O Palácio de São João Novo;
- O Palácio do Freixo;
- A Casa da Rua de D. Hugo n.º 17, actual Casa-Museu Guerra Junqueiro;
- A Casa de Ramalde.
Muitos destes importantes edifícios têm o traço ou a influência de Nicolau Nasoni, artista italiano que chegou ao Porto em 1725 e aqui desenvolveu uma notável obra nos domínios da pintura e da arquitectura. São considerados expoentes máximos a frontaria da Igreja da Misericórdia e o monumental conjunto dos Clérigos, nomeadamente a sua célebre Torre com cerca de 75 metros de altura.
Até meados do século XVIII a vida urbana portuense ficou quase confinada aos limites da Muralha Gótica estendendo-se ainda ao longo das vias de ligação aos pequenos núcleos das paróquias rurais e dos centros piscatórios da margem do Douro. A segunda metade do século XVIII traz novas transformações urbanísticas e arquitectónicas que irão alterar profundamente o aspecto da cidade.
Foram factores decisivos para o desencadear desta nova fase o crescimento rápido da população citadina, uma conjuntura económica favorável ligada à actividade mercantil, nomeadamente ao comércio e à exportação do vinho do Porto como resultado da crescente importância da produção vinícola e da criação da Companhia da Agricultura do Alto Douro, e ainda a nomeação de João de Almada e Melo como comandante militar.
A data de 1763 representa o início do funcionamento da Junta de Obras Públicas, presidida por João de Almada, que incluía membros da Câmara apoiados por engenheiros militares e, mais tarde, por arquitectos encarregados dos trabalhos. A direcção do desenvolvimento urbanístico da cidade centralizou-se assim num único departamento que funcionou até 1804.
A acção da Junta introduziu uma abordagem racional na concepção da cidade, defendendo aspectos como a luz, a higiene e a salubridade. Segundo estes novos conceitos urbanísticos as construções deviam obedecer a planos rigorosos em que se privilegiava o conjunto arquitectónico e não o edifício isolado. O risco das novas ruas era acompanhado pelo desenho dos alçados a edificar. Estas áreas constituem, ainda hoje, paradigma de coerência e equilíbrio na relação rua-conjunto edificado.
O plano almadino pretendia renovar a cidade antiga e ordenar o crescimento para fora da Cerca Fernandina que, sobretudo desde meados do século XVII, estava a realizar-se de uma forma espontânea e caótica. Visava ainda redefinir as principais vias de acesso tornando-as desafogadas. São disso exemplos as Ruas de Cedofeita, de Santa Catarina, Direita (hoje de Santo Ildefonso), do Reimão (actual Avenida Rodrigues de Freitas), dos Quartéis (agora Rua de D. Manuel II), a Calçada da Natividade (Rua dos Clérigos), a Rua Nova das Hortas (troço inicial da Rua do Almada), o Passeio das Virtudes.
Da concretização deste plano resultaram: novas praças como a Praça de São Roque entre a Rua do Souto e a Rua das Flores (desaparecida um século mais tarde, aquando da construção da Rua de Mouzinho da Silveira); a renovação da Praça da Ribeira; a abertura de ruas amplas e com passeios como a Rua de São João; realinhamentos de fachadas e ruas antigas. Surgem também novas preocupações com os espaços públicos, de que são exemplos as alamedas voltadas para o rio Douro, como as das Virtudes, das Fontainhas ou de Massarelos.
O plano urbanístico de João de Almada para a cidade do Porto—um dos primeiros planos de conjunto a aparecer na Europa—criou um novo e importante eixo citadino que partia da Praça da Ribeira, seguia pela Rua de São João, Largo de São Domingos, Rua das Flores, Rua Nova das Hortas e Rua do Almada até ao Campo de Santo Ovídio (actual Praça da República).
A segunda metade do século XVIII foi também a época da construção de grandes edifícios representativos da arquitectura neoclássica de influência inglesa, que se prolongaria ainda pelo século XIX. São exemplos do Porto neoclássico:
- O Palácio da Bolsa;
- A Casa da Feitoria Inglesa;
- O edifício da Cadeia e Tribunal da Relação;
- O Hospital de Santo António;
- O Quartel das Partidas Avulsas / Real Casa Pia;
- Os edifícios do lado poente da Praça da Ribeira e os arcos abertos no "Muro da Ribeira";
- O edifício da antiga Academia da Marinha e Comércio, mais tarde Academia Politécnica, hoje Reitoria da Universidade do Porto;
- As Igrejas dos Terceiros de São Francisco, da Lapa, da Trindade, de N.ª S.ª da Vitória;
- O edifício da Alfândega Nova.
Data ainda de finais de [[século XVIII|setecentos]] o Convento de Santo António da Cidade, dos Capuchos, um enorme edifício claustral situado defronte do actual Jardim de São Lázaro, onde desde 1842 tem funcionado a Real Biblioteca Pública da Cidade do Porto, depois Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Entretanto, desde finais do século XVIII e ao longo do século XIX, a velha Muralha Fernandina foi sendo progressivamente demolida, uma resposta da época à crescente expansão urbana. Dela são hoje visíveis os trechos dos Guindais (o mais extenso), o do Caminho Novo e ainda vestígios como no Muro dos Bacalhoeiros e no interior do edifício da antiga Cadeia da Relação.
Apesar de todas estas transformações, o Porto de finais do século XVIII manteve-se uma cidade virada para o Douro, vivendo em função do rio, com o centro económico e social nas suas proximidades – Praça da Ribeira, Rua Nova dos Ingleses, Rua de São João e Largo de São Domingos.
As imagens da época, representando o rio coberto de navios, sugerem a importância do intenso tráfego comercial. O acentuado crescimento demográfico verificado por essa época na cidade e principalmente nos núcleos rurais fora da área amuralhada (onde surgiram as primeiras fábricas precursoras do dinamismo industrial do século seguinte) significa outra das potencialidades deste Porto de finais do século XVIII.
Os finais do século XVII e o século XVIII vão trazer à cidade do Porto uma intensa actividade arquitectónica, tanto religiosa como civil, que lhe dará uma nova imagem. Realizam-se obras públicas como fontes e chafarizes. Constroem-se os grandes edifícios de arquitectura barroca, de aspecto monumental, que identificam um Porto barroco.
São exemplos:
- O Paço Episcopal totalmente reconstruído;
- A intervenção no edifício da Sé Catedral;
- A frontaria da Igreja da Misericórdia do Porto;
- A Igreja e a Torre dos Clérigos;
- As Igrejas dos Terceiros do Carmo, da Ordem do Terço, de Santo Ildefonso;
- A Casa do Despacho da Ordem Terceira de São Francisco;
- O Palácio de São João Novo;
- O Palácio do Freixo;
- A Casa da Rua de D. Hugo n.º 17, actual Casa-Museu Guerra Junqueiro;
- A Casa de Ramalde.
Muitos destes importantes edifícios têm o traço ou a influência de Nicolau Nasoni, artista italiano que chegou ao Porto em 1725 e aqui desenvolveu uma notável obra nos domínios da pintura e da arquitectura. São considerados expoentes máximos a frontaria da Igreja da Misericórdia e o monumental conjunto dos Clérigos, nomeadamente a sua célebre Torre com cerca de 75 metros de altura.
Até meados do século XVIII a vida urbana portuense ficou quase confinada aos limites da Muralha Gótica estendendo-se ainda ao longo das vias de ligação aos pequenos núcleos das paróquias rurais e dos centros piscatórios da margem do Douro. A segunda metade do século XVIII traz novas transformações urbanísticas e arquitectónicas que irão alterar profundamente o aspecto da cidade.
Foram factores decisivos para o desencadear desta nova fase o crescimento rápido da população citadina, uma conjuntura económica favorável ligada à actividade mercantil, nomeadamente ao comércio e à exportação do vinho do Porto como resultado da crescente importância da produção vinícola e da criação da Companhia da Agricultura do Alto Douro, e ainda a nomeação de João de Almada e Melo como comandante militar.
A data de 1763 representa o início do funcionamento da Junta de Obras Públicas, presidida por João de Almada, que incluía membros da Câmara apoiados por engenheiros militares e, mais tarde, por arquitectos encarregados dos trabalhos. A direcção do desenvolvimento urbanístico da cidade centralizou-se assim num único departamento que funcionou até 1804.
A acção da Junta introduziu uma abordagem racional na concepção da cidade, defendendo aspectos como a luz, a higiene e a salubridade. Segundo estes novos conceitos urbanísticos as construções deviam obedecer a planos rigorosos em que se privilegiava o conjunto arquitectónico e não o edifício isolado. O risco das novas ruas era acompanhado pelo desenho dos alçados a edificar. Estas áreas constituem, ainda hoje, paradigma de coerência e equilíbrio na relação rua-conjunto edificado.
O plano almadino pretendia renovar a cidade antiga e ordenar o crescimento para fora da Cerca Fernandina que, sobretudo desde meados do século XVII, estava a realizar-se de uma forma espontânea e caótica. Visava ainda redefinir as principais vias de acesso tornando-as desafogadas. São disso exemplos as Ruas de Cedofeita, de Santa Catarina, Direita (hoje de Santo Ildefonso), do Reimão (actual Avenida Rodrigues de Freitas), dos Quartéis (agora Rua de D. Manuel II), a Calçada da Natividade (Rua dos Clérigos), a Rua Nova das Hortas (troço inicial da Rua do Almada), o Passeio das Virtudes.
Da concretização deste plano resultaram: novas praças como a Praça de São Roque entre a Rua do Souto e a Rua das Flores (desaparecida um século mais tarde, aquando da construção da Rua de Mouzinho da Silveira); a renovação da Praça da Ribeira; a abertura de ruas amplas e com passeios como a Rua de São João; realinhamentos de fachadas e ruas antigas. Surgem também novas preocupações com os espaços públicos, de que são exemplos as alamedas voltadas para o rio Douro, como as das Virtudes, das Fontainhas ou de Massarelos.
O plano urbanístico de João de Almada para a cidade do Porto—um dos primeiros planos de conjunto a aparecer na Europa—criou um novo e importante eixo citadino que partia da Praça da Ribeira, seguia pela Rua de São João, Largo de São Domingos, Rua das Flores, Rua Nova das Hortas e Rua do Almada até ao Campo de Santo Ovídio (actual Praça da República).
A segunda metade do século XVIII foi também a época da construção de grandes edifícios representativos da arquitectura neoclássica de influência inglesa, que se prolongaria ainda pelo século XIX. São exemplos do Porto neoclássico:
- O Palácio da Bolsa;
- A Casa da Feitoria Inglesa;
- O edifício da Cadeia e Tribunal da Relação;
- O Hospital de Santo António;
- O Quartel das Partidas Avulsas / Real Casa Pia;
- Os edifícios do lado poente da Praça da Ribeira e os arcos abertos no "Muro da Ribeira";
- O edifício da antiga Academia da Marinha e Comércio, mais tarde Academia Politécnica, hoje Reitoria da Universidade do Porto;
- As Igrejas dos Terceiros de São Francisco, da Lapa, da Trindade, de N.ª S.ª da Vitória;
- O edifício da Alfândega Nova.
Data ainda de finais de [[século XVIII|setecentos]] o Convento de Santo António da Cidade, dos Capuchos, um enorme edifício claustral situado defronte do actual Jardim de São Lázaro, onde desde 1842 tem funcionado a Real Biblioteca Pública da Cidade do Porto, depois Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Entretanto, desde finais do século XVIII e ao longo do século XIX, a velha Muralha Fernandina foi sendo progressivamente demolida, uma resposta da época à crescente expansão urbana. Dela são hoje visíveis os trechos dos Guindais (o mais extenso), o do Caminho Novo e ainda vestígios como no Muro dos Bacalhoeiros e no interior do edifício da antiga Cadeia da Relação.
Apesar de todas estas transformações, o Porto de finais do século XVIII manteve-se uma cidade virada para o Douro, vivendo em função do rio, com o centro económico e social nas suas proximidades – Praça da Ribeira, Rua Nova dos Ingleses, Rua de São João e Largo de São Domingos.
As imagens da época, representando o rio coberto de navios, sugerem a importância do intenso tráfego comercial. O acentuado crescimento demográfico verificado por essa época na cidade e principalmente nos núcleos rurais fora da área amuralhada (onde surgiram as primeiras fábricas precursoras do dinamismo industrial do século seguinte) significa outra das potencialidades deste Porto de finais do século XVIII.
O Porto de oitocentos[editar | editar código-fonte]
O século XIX portuense ficou marcado, logo no início, por situações de instabilidade política como as invasões francesas, na primeira década, e as guerras liberais que culminaram com o Cerco do Porto, em 1832-1833, que provocaram destruições na cidade antiga, sobretudo na parte baixa ribeirinha e nas encostas circundantes.
Mas este século, principalmente a segunda metade, apresenta épocas de grande dinamismo que se traduziram no adensamento da malha urbana e numa enorme expansão. A abertura de novas artérias extramuros, como a Rua dos Bragas ou a Rua de Álvares Cabral, proporciona novas áreas residenciais. A função habitacional concretiza-se agora nas mais diversas formas e dimensões, desde a pequena casa popular e operária às variadas casas da burguesia, mono ou polifuncionais, e às casas do brasileiro, de grande ostentação e representativas de outros gostos estéticos.
A criação de mercados (do Anjo, em 1839; do Bolhão, em 1837), de jardins (São Lázaro, em 1834; Cordoaria, em 1866; Praça do Infante em 1885), a abertura do Cemitério de Agramonte em 1855, o aparecimento da arquitectura do ferro de que foi exemplo paradigmático o desaparecido Palácio de Cristal (1865), a instalação de sistemas de iluminação pública a gás (1855), de abastecimento de água ao domicílio (1887) e de saneamento, a criação do Liceu Central do Porto (1840), são alguns aspectos significativos da acelerada evolução portuense da segunda metade de oitocentos.
Esta intensa fase de expansão urbana surge inserida num contexto de forte crescimento demográfico, de atracção de populações do mundo rural e de transformações económicas, nomeadamente da crescente importância das actividades industriais. Observa-se uma grande difusão de fábricas, oficinas e bairros operários pela cidade fabril, sobretudo no Bonfim, em Massarelos, Cedofeita, Lordelo do Ouro e Ramalde. A presença das altas chaminés e das respectivas instalações fabris, assim como os extensos conjuntos de habitações operárias e ilhas, vêm introduzir novos elementos na paisagem urbana de algumas áreas da cidade.
A reorganização da estrutura urbana portuense no século XIX foi também muito condicionada pela revolução das infra-estruturas de circulação. Para a travessia do rio Douro, ao longo deste século, sucederam-se a Ponte das Barcas inaugurada em 1806, a Ponte Pênsil ou Ponte D. Maria II em 1843, a Ponte Maria Pia (ferroviária) em 1877 e a Ponte Luís I (rodoviária) em 1886. Ainda em 1875, na estação de Campanhã, são inauguradas as ligações ferroviárias até Nine (linha do Minho) e até Penafiel (linha do Douro). Também neste ano fica concluída a ligação ferroviária Boavista-Póvoa de Varzim.
Simultaneamente assiste-se ao desenvolvimento dos transportes urbanos: o americano, tracção animal sobre carris, estreia-se em 1872 ligando a Alfândega a Matosinhos; o carro eléctrico sobre carris circula pela primeira vez no Porto em 1895. Ainda neste ano é aberto à navegação o Porto de Leixões, que irá retirar importância ao velho porto fluvial do Douro.
As profundas mudanças da vida portuense durante o século XIX também atingem a parte mais antiga da cidade, dentro da Muralha Fernandina. O centro da vida social, política e de negócios portuense situado na área da Ribeira-São Domingos deslocou-se progressivamente para a Praça Nova e suas imediações, que adquiriram crescente importância. Nesta praça, num palácio que a delimitava do lado norte, esteve instalada a Câmara Municipal do Porto desde 1819 até 1916.
Em meados do século já o verdadeiro polo da vida social, intelectual, cultural, política e administrativa assim como o centro comercial portuense estão localizados na zona da Praça Nova e áreas circundantes – a chamada "Baixa".
No núcleo antigo, na segunda metade de oitocentos, dá-se uma importante reorganização das vias de trânsito com a abertura de novas ruas que cortam e se sobrepõem à malha urbana preexistente. São exemplos a Rua de Ferreira Borges(iniciada em 1838), a Rua de Mouzinho da Silveira (1872) e a Rua Nova da Alfândega(1869-1871).
A Rua de Mouzinho da Silveira criou um novo eixo para a distribuição do tráfego e circulação das mercadorias, mais largo, rectilíneo e menos íngreme que os anteriores, ligando a Rua Nova dos Ingleses (Rua do Infante D. Henrique) ao Convento da Avé-Maria de São Bento.
Esta área antiga ficou também enriquecida com algumas monumentais construções que criaram novas centralidades. São exemplos:
- O Palácio da Bolsa;
- O Mercado Ferreira Borges, representativo da arquitectura do ferro;
- A Alfândega Nova;
- Vários edifícios de bancos e companhias de seguros.
Salientam-se ainda outras transformações no núcleo histórico durante o século XIX:
- Perda progressiva da importância da actividade comercial, deslocada para o novo centro na Praça Nova e proximidades;
- Fixação das sedes de empresas, seguros e bancos, ligados à burguesia mercantil e financeira, que procuram instalar-se junto dos novos arruamentos de melhor acessibilidade (Rua Nova da Alfândega, Rua de Ferreira Borges, Rua de Mouzinho da Silveira);
- Redução da função habitacional devido à gradual transferência das famílias ricas para locais mais amplos e aprazíveis e consequente separação entre locais de trabalho e de residência;
- Sobre-ocupação habitacional, acelerada pelo crescente afluxo de gentes do campo atraídas pelo despontar da industrialização. Esta ocupação tanto se deu nos velhos prédios da zona antiga, abandonados pelas famílias de posses e transformados em "colmeias", como nas numerosas ilhas. Em qualquer destas situações, verificou-se uma acelerada degradação das condições higiénicas e de salubridade.
Em suma, o Porto do século XIX industrializou-se, manteve a tradicional e próspera actividade mercantil, afirmou-se como centro polarizador de toda a região norte do país, como entreposto atlântico e mostrou-se uma cidade moderna, aberta à vida social, política e cultural, plena de vitalidade com os seus teatros, tertúlias, cafés, feiras, livrarias, exposições internacionais, os seus passeios públicos e jardins românticos.
O século XIX portuense ficou marcado, logo no início, por situações de instabilidade política como as invasões francesas, na primeira década, e as guerras liberais que culminaram com o Cerco do Porto, em 1832-1833, que provocaram destruições na cidade antiga, sobretudo na parte baixa ribeirinha e nas encostas circundantes.
Mas este século, principalmente a segunda metade, apresenta épocas de grande dinamismo que se traduziram no adensamento da malha urbana e numa enorme expansão. A abertura de novas artérias extramuros, como a Rua dos Bragas ou a Rua de Álvares Cabral, proporciona novas áreas residenciais. A função habitacional concretiza-se agora nas mais diversas formas e dimensões, desde a pequena casa popular e operária às variadas casas da burguesia, mono ou polifuncionais, e às casas do brasileiro, de grande ostentação e representativas de outros gostos estéticos.
A criação de mercados (do Anjo, em 1839; do Bolhão, em 1837), de jardins (São Lázaro, em 1834; Cordoaria, em 1866; Praça do Infante em 1885), a abertura do Cemitério de Agramonte em 1855, o aparecimento da arquitectura do ferro de que foi exemplo paradigmático o desaparecido Palácio de Cristal (1865), a instalação de sistemas de iluminação pública a gás (1855), de abastecimento de água ao domicílio (1887) e de saneamento, a criação do Liceu Central do Porto (1840), são alguns aspectos significativos da acelerada evolução portuense da segunda metade de oitocentos.
Esta intensa fase de expansão urbana surge inserida num contexto de forte crescimento demográfico, de atracção de populações do mundo rural e de transformações económicas, nomeadamente da crescente importância das actividades industriais. Observa-se uma grande difusão de fábricas, oficinas e bairros operários pela cidade fabril, sobretudo no Bonfim, em Massarelos, Cedofeita, Lordelo do Ouro e Ramalde. A presença das altas chaminés e das respectivas instalações fabris, assim como os extensos conjuntos de habitações operárias e ilhas, vêm introduzir novos elementos na paisagem urbana de algumas áreas da cidade.
A reorganização da estrutura urbana portuense no século XIX foi também muito condicionada pela revolução das infra-estruturas de circulação. Para a travessia do rio Douro, ao longo deste século, sucederam-se a Ponte das Barcas inaugurada em 1806, a Ponte Pênsil ou Ponte D. Maria II em 1843, a Ponte Maria Pia (ferroviária) em 1877 e a Ponte Luís I (rodoviária) em 1886. Ainda em 1875, na estação de Campanhã, são inauguradas as ligações ferroviárias até Nine (linha do Minho) e até Penafiel (linha do Douro). Também neste ano fica concluída a ligação ferroviária Boavista-Póvoa de Varzim.
Simultaneamente assiste-se ao desenvolvimento dos transportes urbanos: o americano, tracção animal sobre carris, estreia-se em 1872 ligando a Alfândega a Matosinhos; o carro eléctrico sobre carris circula pela primeira vez no Porto em 1895. Ainda neste ano é aberto à navegação o Porto de Leixões, que irá retirar importância ao velho porto fluvial do Douro.
As profundas mudanças da vida portuense durante o século XIX também atingem a parte mais antiga da cidade, dentro da Muralha Fernandina. O centro da vida social, política e de negócios portuense situado na área da Ribeira-São Domingos deslocou-se progressivamente para a Praça Nova e suas imediações, que adquiriram crescente importância. Nesta praça, num palácio que a delimitava do lado norte, esteve instalada a Câmara Municipal do Porto desde 1819 até 1916.
Em meados do século já o verdadeiro polo da vida social, intelectual, cultural, política e administrativa assim como o centro comercial portuense estão localizados na zona da Praça Nova e áreas circundantes – a chamada "Baixa".
No núcleo antigo, na segunda metade de oitocentos, dá-se uma importante reorganização das vias de trânsito com a abertura de novas ruas que cortam e se sobrepõem à malha urbana preexistente. São exemplos a Rua de Ferreira Borges(iniciada em 1838), a Rua de Mouzinho da Silveira (1872) e a Rua Nova da Alfândega(1869-1871).
A Rua de Mouzinho da Silveira criou um novo eixo para a distribuição do tráfego e circulação das mercadorias, mais largo, rectilíneo e menos íngreme que os anteriores, ligando a Rua Nova dos Ingleses (Rua do Infante D. Henrique) ao Convento da Avé-Maria de São Bento.
Esta área antiga ficou também enriquecida com algumas monumentais construções que criaram novas centralidades. São exemplos:
- O Palácio da Bolsa;
- O Mercado Ferreira Borges, representativo da arquitectura do ferro;
- A Alfândega Nova;
- Vários edifícios de bancos e companhias de seguros.
Salientam-se ainda outras transformações no núcleo histórico durante o século XIX:
- Perda progressiva da importância da actividade comercial, deslocada para o novo centro na Praça Nova e proximidades;
- Fixação das sedes de empresas, seguros e bancos, ligados à burguesia mercantil e financeira, que procuram instalar-se junto dos novos arruamentos de melhor acessibilidade (Rua Nova da Alfândega, Rua de Ferreira Borges, Rua de Mouzinho da Silveira);
- Redução da função habitacional devido à gradual transferência das famílias ricas para locais mais amplos e aprazíveis e consequente separação entre locais de trabalho e de residência;
- Sobre-ocupação habitacional, acelerada pelo crescente afluxo de gentes do campo atraídas pelo despontar da industrialização. Esta ocupação tanto se deu nos velhos prédios da zona antiga, abandonados pelas famílias de posses e transformados em "colmeias", como nas numerosas ilhas. Em qualquer destas situações, verificou-se uma acelerada degradação das condições higiénicas e de salubridade.
Em suma, o Porto do século XIX industrializou-se, manteve a tradicional e próspera actividade mercantil, afirmou-se como centro polarizador de toda a região norte do país, como entreposto atlântico e mostrou-se uma cidade moderna, aberta à vida social, política e cultural, plena de vitalidade com os seus teatros, tertúlias, cafés, feiras, livrarias, exposições internacionais, os seus passeios públicos e jardins românticos.
O século XX portuense[editar | editar código-fonte]
A primeira metade do século XX portuense caracteriza-se por um acentuado crescimento demográfico acompanhado pelo alastrar de uma urbanização generalizada que progressivamente se foi subordinando às novas exigências do trânsito motorizado e às crescentes preocupações com o planeamento urbanístico concretizadas em numerosas e variadas propostas de planos. Ficaram mais conhecidos o "Plano Regulador" de Antão de Almeida Garrett (1952), o "Plano Director" de Robert Auzelle(1962) e, na última década do século, o "Plano Director Municipal" de 1993.
Nas primeiras décadas do século XX a implantação industrial e o êxodo dos camposcontinuaram a ser factores decisivos do crescimento da cidade.[6] A conclusão da Avenida da Boavista por volta de 1915 (iniciada em meados do século XIX) — uma longa artéria de 5 km de extensão e 40 m de largura cortada pela ampla Rotunda da Boavista — representou uma nova direcção de expansão do crescimento da cidade para ocidente em direcção ao mar e aproximou-a do Porto de Leixões, inaugurado em 1895. Na Baixa, a abertura da Avenida dos Aliados, em 1916, implicou a demolição do edifício dos antigos Paços do Concelho e o desaparecimento do bairro do Laranjal e desencadeou a transferência da banca e das empresas seguradoras do antigo centro São Domingos-Rua do Infante para a zona da Praça Nova, que se tornou também pólo financeiro. Mais tarde, a partir de 1957, com a transferência da Câmara Municipal do Paço Episcopal, onde funcionava desde 1916, para o actual edifício, esta área passou a ser centro do poder local.
Na arquitectura do início do século XX salientam-se grandes edifícios dispersos pela Baixa, representativos da influência do estilo francês que inspirou os projectos do arquitecto Marques da Silva, formado na escola de Paris. São exemplos a Estação de São Bento, o quarteirão das Carmelitas, o Teatro de São João e várias fachadas de edifícios da Avenida dos Aliados. No pós-guerra o urbanismo sofreu a influência dos princípios decorrentes da "Carta de Atenas" publicada em 1941, cujas orientações apontavam para a divisão das cidades em espaços exclusivos para as quatro funções básicas — habitar, trabalhar, lazer, circular — e para uma tipologia de construção em que dominava o bloco de andares isolado com amplos espaços à volta. Esta concepção opunha-se ao conceito tradicional de cidade, onde as diferentes funções se misturavam e a rua, tal como a praça, representava o elemento básico organizador do espaço urbano.
Surgem novos e grandes equipamentos como a zona industrial de Ramalde, a Ponte da Arrábida (inaugurada em 1963), a via rápida de ligação a Leixões, o aeroporto de Pedras Rubras. Infra-estruturas de circulação mais recentes como a Via de Cintura Interna - VCI, as novas pontes de São João (ferroviária - 1991) e do Freixo (rodoviária - 1995) vêm condicionar e determinar outras áreas de expansão da cidade do Porto e dos seus subúrbios.
A partir dos anos 1950 verificou-se a disseminação de bairros sociais pela periferia de feição rural, que ainda ocupava largas extensões do interior da cidade. Aparecem então bairros como os de Fernão de Magalhães, Pasteleira, Ramalde, Francos, e muitos outros surgirão depois. Estes novos tipos de urbanizações vêm instalar-se predominantemente nas freguesias até então de dominante rural como Campanhã, Paranhos, Lordelo do Ouro, Aldoar e Ramalde.
Na segunda metade do século XX a proliferação generalizada dos blocos de cimento armado alterou profundamente o perfil da cidade tradicional, até então dominada pela proeminência das torres sineiras e das construções de granito. Sobretudo após os anos 1960/70 as implantações dominantes são prédios em altura, muitas vezes numa escala desproporcionada em relação à envolvente. Também depois dos anos 1970 a acelerada evolução do sector terciário contribuiu para o aparecimento de novos centros como o da Rotunda da Boavista que atraiu sedes de empresas e bancos.
Nas últimas décadas do século XX acentuou-se na cidade do Porto, e nomeadamente no seu centro antigo, a perda de população, sobretudo da população jovem. As novas urbanizações invadiram os arrabaldes da cidade onde se formaram subúrbios que se estendem muito para além dos limites administrativos desta. A mancha urbana tornou-se polinucleada e a vaga de expansão, cada vez mais tentacular e periférica, deu origem a um crescimento anárquico que os planos não têm tido capacidade de disciplinar.
Condicionada aos limites do rio Douro, do oceano Atlântico e da estrada da Circunvalação, a cidade do Porto — cujo território, de uns meros 42 km², coincide exactamente com o do respectivo concelho —, passou a posicionar-se como cabeça de uma extensa e dinâmica Grande Área Metropolitana do Porto, com cerca de 1.760.000 habitantes, polarizadora de toda a Região Norte do país e com potencialidades de atracção e irradiação por todo o Noroeste Peninsular.
A primeira metade do século XX portuense caracteriza-se por um acentuado crescimento demográfico acompanhado pelo alastrar de uma urbanização generalizada que progressivamente se foi subordinando às novas exigências do trânsito motorizado e às crescentes preocupações com o planeamento urbanístico concretizadas em numerosas e variadas propostas de planos. Ficaram mais conhecidos o "Plano Regulador" de Antão de Almeida Garrett (1952), o "Plano Director" de Robert Auzelle(1962) e, na última década do século, o "Plano Director Municipal" de 1993.
Nas primeiras décadas do século XX a implantação industrial e o êxodo dos camposcontinuaram a ser factores decisivos do crescimento da cidade.[6] A conclusão da Avenida da Boavista por volta de 1915 (iniciada em meados do século XIX) — uma longa artéria de 5 km de extensão e 40 m de largura cortada pela ampla Rotunda da Boavista — representou uma nova direcção de expansão do crescimento da cidade para ocidente em direcção ao mar e aproximou-a do Porto de Leixões, inaugurado em 1895. Na Baixa, a abertura da Avenida dos Aliados, em 1916, implicou a demolição do edifício dos antigos Paços do Concelho e o desaparecimento do bairro do Laranjal e desencadeou a transferência da banca e das empresas seguradoras do antigo centro São Domingos-Rua do Infante para a zona da Praça Nova, que se tornou também pólo financeiro. Mais tarde, a partir de 1957, com a transferência da Câmara Municipal do Paço Episcopal, onde funcionava desde 1916, para o actual edifício, esta área passou a ser centro do poder local.
Na arquitectura do início do século XX salientam-se grandes edifícios dispersos pela Baixa, representativos da influência do estilo francês que inspirou os projectos do arquitecto Marques da Silva, formado na escola de Paris. São exemplos a Estação de São Bento, o quarteirão das Carmelitas, o Teatro de São João e várias fachadas de edifícios da Avenida dos Aliados. No pós-guerra o urbanismo sofreu a influência dos princípios decorrentes da "Carta de Atenas" publicada em 1941, cujas orientações apontavam para a divisão das cidades em espaços exclusivos para as quatro funções básicas — habitar, trabalhar, lazer, circular — e para uma tipologia de construção em que dominava o bloco de andares isolado com amplos espaços à volta. Esta concepção opunha-se ao conceito tradicional de cidade, onde as diferentes funções se misturavam e a rua, tal como a praça, representava o elemento básico organizador do espaço urbano.
Surgem novos e grandes equipamentos como a zona industrial de Ramalde, a Ponte da Arrábida (inaugurada em 1963), a via rápida de ligação a Leixões, o aeroporto de Pedras Rubras. Infra-estruturas de circulação mais recentes como a Via de Cintura Interna - VCI, as novas pontes de São João (ferroviária - 1991) e do Freixo (rodoviária - 1995) vêm condicionar e determinar outras áreas de expansão da cidade do Porto e dos seus subúrbios.
A partir dos anos 1950 verificou-se a disseminação de bairros sociais pela periferia de feição rural, que ainda ocupava largas extensões do interior da cidade. Aparecem então bairros como os de Fernão de Magalhães, Pasteleira, Ramalde, Francos, e muitos outros surgirão depois. Estes novos tipos de urbanizações vêm instalar-se predominantemente nas freguesias até então de dominante rural como Campanhã, Paranhos, Lordelo do Ouro, Aldoar e Ramalde.
Na segunda metade do século XX a proliferação generalizada dos blocos de cimento armado alterou profundamente o perfil da cidade tradicional, até então dominada pela proeminência das torres sineiras e das construções de granito. Sobretudo após os anos 1960/70 as implantações dominantes são prédios em altura, muitas vezes numa escala desproporcionada em relação à envolvente. Também depois dos anos 1970 a acelerada evolução do sector terciário contribuiu para o aparecimento de novos centros como o da Rotunda da Boavista que atraiu sedes de empresas e bancos.
Nas últimas décadas do século XX acentuou-se na cidade do Porto, e nomeadamente no seu centro antigo, a perda de população, sobretudo da população jovem. As novas urbanizações invadiram os arrabaldes da cidade onde se formaram subúrbios que se estendem muito para além dos limites administrativos desta. A mancha urbana tornou-se polinucleada e a vaga de expansão, cada vez mais tentacular e periférica, deu origem a um crescimento anárquico que os planos não têm tido capacidade de disciplinar.
Condicionada aos limites do rio Douro, do oceano Atlântico e da estrada da Circunvalação, a cidade do Porto — cujo território, de uns meros 42 km², coincide exactamente com o do respectivo concelho —, passou a posicionar-se como cabeça de uma extensa e dinâmica Grande Área Metropolitana do Porto, com cerca de 1.760.000 habitantes, polarizadora de toda a Região Norte do país e com potencialidades de atracção e irradiação por todo o Noroeste Peninsular.
Os primeiros anos do novo milénio[editar | editar código-fonte]
Os primeiros anos do novo século foram pródigos em grandes investimentos em obras públicas, nem sempre geridos da melhor forma e, quase sempre, envoltos em controvérsia.
Logo em 2001, o Porto, em conjunto com Roterdão, foi Capital Europeia da Cultura. O programa cultural gizado pela Porto 2001, a sociedade criada para gerir o evento, foi acompanhado por um forte investimento na recuperação do espaço público — Jardim da Cordoaria, Praça da Batalha, Praça de D. João I — e em novas construções — Edifício Transparente e Casa da Música. Algumas das intervenções não foram concluídas a tempo, outras sofreram grandes atrasos na sua execução e derrapagens orçamentais, e quase todas foram controversas.
Investimento estrutural para o Grande Porto foi o Metro do Porto, aberto em 2002 e que foi sendo aumentado nos anos subsequentes. Contou com a adesão imediata dos portuenses que o viram como uma infra-estrutura da máxima importância, que só pecava por tardia. Igualmente válida parece ter sido a modernização e o alargamento do Aeroporto Francisco Sá Carneiro — responsável por um significativo aumento de turistas estrangeiros na cidade —, bem como a construção de uma miríade de vias rápidas e auto-estradas — nomeadamente a Via de Cintura Interna, só integralmente concluída em 2007 — que foram desencravando o trânsito do Grande Porto, propiciando a fixação das pessoas mais longe do seu local de trabalho, incentivando o uso do transporte individual e o fácil acesso aos shoppings que foram proliferando.
Integrado na organização do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, em Portugal, a cidade recebeu vários encontros, nomeadamente o jogo inaugural. Para este evento foram efectuados grandes investimentos, nomeadamente a completa remodelação e ampliação do Estádio do Bessa e a construção do novo e sofisticado Estádio do Dragão, projecto da autoria de Manuel Salgado, que veio substituir o já ultrapassado Estádio das Antas. Nova celeuma em torno da pertinência destes investimentos e da alegada promiscuidade entre o poder autárquico e o mundo do futebol que acabou por propiciar a ascensão de Rui Rio à presidência do município.
A tendência de desertificação da Baixa, que já se fazia sentir nas últimas duas décadas do século XX, acentuou-se.[7] À diminuição da população, seguiu-se o encerramento dos estabelecimentos comerciais e a decadência do edificado no centro da cidade. Em fins de 2004 foi criada a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana, com a espinhosa missão de inverter esta situação.
O Porto tem a ganhar protagonismo tendo sido eleito como melhor destino Europeu Europeu em 2004. O Turismo tem aumentado constantemente e a sua zona história tem sido gradualmente reabilitada. Tem-se assumido como oposição ao Centralismo.
Os primeiros anos do novo século foram pródigos em grandes investimentos em obras públicas, nem sempre geridos da melhor forma e, quase sempre, envoltos em controvérsia.
Logo em 2001, o Porto, em conjunto com Roterdão, foi Capital Europeia da Cultura. O programa cultural gizado pela Porto 2001, a sociedade criada para gerir o evento, foi acompanhado por um forte investimento na recuperação do espaço público — Jardim da Cordoaria, Praça da Batalha, Praça de D. João I — e em novas construções — Edifício Transparente e Casa da Música. Algumas das intervenções não foram concluídas a tempo, outras sofreram grandes atrasos na sua execução e derrapagens orçamentais, e quase todas foram controversas.
Investimento estrutural para o Grande Porto foi o Metro do Porto, aberto em 2002 e que foi sendo aumentado nos anos subsequentes. Contou com a adesão imediata dos portuenses que o viram como uma infra-estrutura da máxima importância, que só pecava por tardia. Igualmente válida parece ter sido a modernização e o alargamento do Aeroporto Francisco Sá Carneiro — responsável por um significativo aumento de turistas estrangeiros na cidade —, bem como a construção de uma miríade de vias rápidas e auto-estradas — nomeadamente a Via de Cintura Interna, só integralmente concluída em 2007 — que foram desencravando o trânsito do Grande Porto, propiciando a fixação das pessoas mais longe do seu local de trabalho, incentivando o uso do transporte individual e o fácil acesso aos shoppings que foram proliferando.
Integrado na organização do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, em Portugal, a cidade recebeu vários encontros, nomeadamente o jogo inaugural. Para este evento foram efectuados grandes investimentos, nomeadamente a completa remodelação e ampliação do Estádio do Bessa e a construção do novo e sofisticado Estádio do Dragão, projecto da autoria de Manuel Salgado, que veio substituir o já ultrapassado Estádio das Antas. Nova celeuma em torno da pertinência destes investimentos e da alegada promiscuidade entre o poder autárquico e o mundo do futebol que acabou por propiciar a ascensão de Rui Rio à presidência do município.
A tendência de desertificação da Baixa, que já se fazia sentir nas últimas duas décadas do século XX, acentuou-se.[7] À diminuição da população, seguiu-se o encerramento dos estabelecimentos comerciais e a decadência do edificado no centro da cidade. Em fins de 2004 foi criada a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana, com a espinhosa missão de inverter esta situação.
O Porto tem a ganhar protagonismo tendo sido eleito como melhor destino Europeu Europeu em 2004. O Turismo tem aumentado constantemente e a sua zona história tem sido gradualmente reabilitada. Tem-se assumido como oposição ao Centralismo.
Referências
- ↑ COELHO, José Júlio Gonçalves. Notre-Dame de Vendome et les armoiries de la ville de Porto: mémoire historique et archéologique in Bulletin de la Société archéologique, scientifique et littéraire du Vendômois (1867). (v. 45-46) Vendôme: Librairie Devaure-Henrion
-
↑
- ↑ Painel de azulejos na Estação de São Bento
- ↑ Há uma efeméride este ano que não pode ser esquecida
- ↑ Maqueta do Porto medieval no Núcleo Museológico da Casa do Infante.
- ↑ "Entre a rotina e o típico", Germano Silva
- ↑ Perda de população leva cidade a recuar 100 anos
- ↑ COELHO, José Júlio Gonçalves. Notre-Dame de Vendome et les armoiries de la ville de Porto: mémoire historique et archéologique in Bulletin de la Société archéologique, scientifique et littéraire du Vendômois (1867). (v. 45-46) Vendôme: Librairie Devaure-Henrion
- ↑
- ↑ Painel de azulejos na Estação de São Bento
- ↑ Há uma efeméride este ano que não pode ser esquecida
- ↑ Maqueta do Porto medieval no Núcleo Museológico da Casa do Infante.
- ↑ "Entre a rotina e o típico", Germano Silva
- ↑ Perda de população leva cidade a recuar 100 anos
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- COSTA, Agostinho Rebelo da – Descripção Topografica e Histórica da Cidade do Porto, 3ª edição, Lisboa: Edições Frenesi, 2001.
- DUARTE, Luís Miguel – História do Porto em BD, Porto: Edições ASA, 2001.
- PERES, Damião (direcção) – História da Cidade do Porto, 3 volumes, Porto: Portucalense Editora, 1962-1965.
- RAMOS, Luís A. de Oliveira (direcção) – História do Porto, 3ª edição, Porto: Porto Editora, 2001.
- SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu Termo - Os homens, as instituições e o poder (1580-1640) , Porto: Câmara Municipal do Porto, 2 volumes, 1988.
- SOUSA, Manuel de – Porto d'Honra, Lisboa: A Esfera dos Livros, 2017
- COSTA, Agostinho Rebelo da – Descripção Topografica e Histórica da Cidade do Porto, 3ª edição, Lisboa: Edições Frenesi, 2001.
- DUARTE, Luís Miguel – História do Porto em BD, Porto: Edições ASA, 2001.
- PERES, Damião (direcção) – História da Cidade do Porto, 3 volumes, Porto: Portucalense Editora, 1962-1965.
- RAMOS, Luís A. de Oliveira (direcção) – História do Porto, 3ª edição, Porto: Porto Editora, 2001.
- SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu Termo - Os homens, as instituições e o poder (1580-1640) , Porto: Câmara Municipal do Porto, 2 volumes, 1988.
- SOUSA, Manuel de – Porto d'Honra, Lisboa: A Esfera dos Livros, 2017
Porto
A Cidade actual
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Para instalações de embarque e desembarque, veja Porto (transporte). Para outros significados, veja Porto (desambiguação).
Do topo para a esquerda: Torre dos Clérigos; Palácio da Bolsa;Avenida dos Aliados; Igreja de São Francisco; Sé do Porto;Câmara Municipal do Porto; Ribeira (Porto) | |
Gentílico | portuense, tripeiro (informal) |
Área | 41,42 km² |
População | 237 591 hab. (2011) |
Densidade populacional | 5 736,1 hab./km² |
N.º de freguesias | 7 |
Presidente da câmara municipal | Rui Moreira(Independente, apoiado pelo CDS-PP) Mandato 2017-2021 |
Fundação do município (ou foral) | 1123 |
Região (NUTS II) | Norte (PT11) |
Sub-região (NUTS III) | Área Metropolitana do Porto (PT11A) |
Distrito | Porto |
Província | Douro Litoral |
Orago | Nossa Senhora da Vandoma[1] e São Pantaleão de Nicomédia |
Feriado municipal | 24 de Junho (S. João) |
Código postal | 4xxx-xxx Porto |
Sítio oficial | www.cm-porto.pt |
Municípios de Portugal |
Porto é a segunda cidade e o quarto município mais populoso de Portugal,[2][3][4] situada no noroeste do país e capital da Área Metropolitana do Porto (NUTS III e área metropolitana), da região Norte (NUTS II) e do Distrito do Porto. A cidade é considerada uma cidade global gama.[5] O município, com 41,42 km² de área,[6] tem uma população de 237 591 habitantes (2011)[7] dentro dos seus limites administrativos, sendo subdividido em sete freguesias.[8]
É a cidade que deu o nome a Portugal – desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense, de onde se formou Portugal. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitetura contemporânea e antiga, o seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO,[9] pela qualidade dos seus restaurantes e pela sua gastronomia,[10] pelas suas principais equipas de futebol, o Futebol Clube do Porto, o Boavista Futebol Clube, o Sport Comércio e Salgueiros, pela sua principal universidade pública: a Universidade do Porto, colocada entre as 200 melhores universidades do Mundo e entre as 100 melhores universidades da Europa,[11] bem como pela qualidade dos seus centros hospitalares.[12]
É a sede da Área Metropolitana do Porto, que agrupa 17 municípios com 1 757 413 habitantes em 1.900 Km2 de área, com uma densidade populacional próxima de 1098 hab/km², o que torna a cidade a 13ª área urbana mais populosa da União Europeia e a segunda área (NUTS III) mais populosa de Portugal. O Porto e a Área Metropolitana do Porto constituem o núcleo estrutural da Região Norte, que tem uma população de 3 689 609 habitantes (Censos de 2011),[13] sendo, portanto, a região (NUTS II) mais populosa de Portugal.[14] Compreende 8 sub-regiões ou unidades de nível III (NUTS III).[15]
O Porto, juntamente com os concelhos vizinhos de Vila Nova de Gaia e de Matosinhos, forma a Frente Atlântica do Porto,[16] que constitui o núcleo populacional mais urbanizado da Área Metropolitana, situado no litoral, delimitado, a oeste, pelo Oceano Atlântico, com a influência estrutural do estuário do Rio Douro,[17] que une Gaia ao Porto. A cidade é a mais importante da altamente industrializada zona litoral da Região Norte, onde se localizam grande parte dos mais importantes grupos económicos do país, tais como a Altri, o Grupo Amorim/Corticeira Amorim, o Banco BPI, a BIAL, a EFACEC, a Frulact, a Lactogal, o Millennium BCP, a Porto Editora, a Sonae, a Unicer ou o Grupo RAR. A Associação Empresarial de Portugal está sediada no Porto. A Região Norte é a única região portuguesa que exporta mais do que importa.[18]
Índice
História
Ver artigo principal: História do Porto
Fundação e primeiros povos
Tem origem num povoado celta, pré-romano. Na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, sendo a origem do nome de Portugal.
A 27 de abril de 711 d.C. dá -se o início da invasão muçulmana da Península Ibérica, com o desembarque em Gibraltar dum exército mouro de 9000 homens, liderados por Táriq Ibn Ziyad.[19][20] Em 714 tomam Lisboa, e em 715 as forças islâmicas atingem a região norte do que hoje conhecemos como Portugal, tomando as principais povoações e cidades, tais como Porto e Braga.[21][22] Em 716 já praticamente toda a Península estava sob domínio do Califado Omíada,[23][24][25] com excepção de uma pequena zona montanhosa das Astúrias, onde a resistência cristã se refugiou.[26]
Passado um século e meio, em 868, surgem as primeiras tentativas de reconquista definitiva, Vímara Peres, fundador da terra portugalense, teve uma importante contribuição na conquista do território, restaurando assim a cidade de Portucale.
Finalmente, e passados dois séculos após o início da invasão,[19] em 999 uns nobres e valorosos fidalgos Gascões entre os quais se encontrava D. Nónego bispo de Vendôme em França e mais tarde bispo do Porto entraram com uma grande Armada pela foz do Rio Douro, para expulsarem os mouros. Esta armada,que ficou conhecida como a Armada dos Gascões associada a D. Munio Viegas "arrancou" a cidade do Porto aos mouros para dedicá-la à Virgem Mãe de Deus. Depois desta batalha, D. Munio e os "franceses" trataram de reedificar o Porto. Ergueram as antigas e fortes muralhas, e na parte mais elevada da cidade fundaram um alcácer acastelado e bem fortalecido que, depois do conde Henrique, serviu de habitação dos bispos, aos quais foi doado. A torre e a porta principal foram obra de D. Nónego, que, em memória da pátria, a nomeou porta de Vandoma, e que na frontaria da torre fez erguer o santuário, onde colocou a imagem de Nossa Senhora do Porto, que já trouxera consigo de França.[27]
Em 1111, Teresa de Leão, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugoo couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o fato de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal.
Foi dentro dos seus muros que se efetuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade foi berço do infante D. Henrique, conhecido como o Infante de Sagres ou O Navegador.
Devido aos sacrifícios que a cidade fez para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as "tripas" para a alimentação os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto". Existe uma confraria especialmente dedicada a este prato típico.
Séculos XVIII e XIX
A cidade desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo mais concretamente nas batalhas do século XIX. Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832-34 e os feitos valorosos empreendidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente no listel das suas armas), donde o epíteto com que é frequentemente mencionada por antonomásia - a «Invicta». Alberga numa das suas muitas igrejas - a da Lapa - o coração de D. Pedro IV de Portugal, que o ofereceu à população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal.
Cidade agraciada com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 26 de Abril de 1919.[28]
Geografia
O território do Porto tem uma área de 45 quilómetros quadrados e uma população de cerca de 240 mil pessoas, sendo a segunda maior aglomeração urbana do país. A cidade é conhecida como a capital do Norte e seu Centro Histórico é classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1996.[29]
A localização geográfica da cidade, aliada a uma rede de autoestradas, permite chegar a regiões como Galiza, Algarve, Lisboa, Coimbra ou outros lugares facilmente. Porto é classificada como a 3ª cidade portuguesa com condições de vida mais habitáveis, conforme medido por um estudo publicado anualmente pelo Expresso.[30]
Clima
A cidade do Porto tem um clima mediterrânico do tipo Csb de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger.[31][32]No Inverno as temperaturas variam entre os 5 °C e os 14 °C raramente descendo abaixo dos 0 °C. Durante esta estação, períodos chuvosos alternam com dias mais frios e de céu limpo. No Verão as temperaturas variam entre os 15 °C e os 25 °C podendo ocasionalmente atingir ou mesmo ultrapassar os 35 °C nos meses de Julho ou Agosto. Temperaturas estivais acima dos 30 °C são raras devido à proximidade do oceano, contudo verificam-se quando o vento sopra do quadrante leste. Devido à sua situação geográfica, períodos mais frescos e com precipitação podem ser comuns durante o Verão em anos mais húmidos.[33][34] A baixa amplitude térmica deve-se à proximidade do oceano e à presença da corrente quente do Golfo.
[Esconder]Dados climatológicos para o Porto, Portugal | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 24,2 | 29,0 | 28,7 | 31,2 | 35,4 | 39,9 | 40,5 | 40,9 | 37,5 | 36,6 | 28,2 | 25,1 | 40,9 |
Temperatura máxima média (°C) | 13,8 | 15,0 | 17,4 | 18,1 | 20,1 | 23,5 | 25,3 | 25,7 | 24,1 | 20,7 | 17,1 | 14,4 | 19,7 |
Temperatura mínima média (°C) | 5,2 | 5,9 | 7,8 | 9,1 | 11,6 | 14,5 | 16,0 | 16,0 | 14,7 | 12,2 | 8,9 | 7,0 | 10,7 |
Temperatura mínima recorde (°C) | -3,3 | -2,8 | -1,6 | 1,4 | 3,3 | 5,6 | 10,4 | 9,2 | 7,4 | 4,1 | 0,8 | -1,2 | -3,3 |
Precipitação(mm) | 147,1 | 110,5 | 89,9 | 115,6 | 89,6 | 39,9 | 18,3 | 26,7 | 71,0 | 138,0 | 158,4 | 181,0 | 1 186,0 |
Fonte: Instituto Português do Mar e da Atmosfera[35] 27 de março de 2017 |
Demografia
A Área metropolitana do Porto é o lar de 1 757 413 habitantes e tem 1 900 km² de área, com uma densidade populacional próxima de 1 098 hab/km², o que torna a cidade a 13ª área urbana mais populosa da União Europeia, sendo, portanto, a segunda maior área (NUTS III) de Portugal. O Porto e sua área metropolitana constituem o núcleo estrutural da Região Norte, que é a região (NUTS II) mais populosa do país,[36] concentrando quase 35% da população residente em Portugal. Muitas das casas mais antigas da cidade estão em risco de colapso. A população do município de Porto caiu em quase 100 mil desde a década de 1980, mas o número de residentes permanentes na periferia e cidades satélites cresceu fortemente.[37]
A cidade do Porto é conhecida como a Cidade Invicta e como a Capital do Norte. Foi a cidade principal do Entre Douro e Minho e a capital da região do Douro Litoral, que são dois territórios identitários que ainda hoje têm forte coesão, em termos físicos, naturais, humanos e sociais, estando localizada num dos pontos nucleares da bacia hidrográfica do rio Douro. O Porto é, frequentemente, referido como a cidade portuguesa com o temperamento mais centro-europeu, devido ao bucolismo requintado do seu espaço urbano (a fazer lembrar o requinte das cidades comerciais e capitalistas dos países centrais e nórdicos da Europa que se encontram localizadas perto dos rios e do oceano), surgido das influências estruturais que moldaram os seus habitantes e o temperamento da cidade[38]: a Monarquia de Portugal, a influência cultural dos Judeus[39] e a forte ligação a Inglaterra, com uma forte presença britânica. É a cidade onde vive a maior comunidade britânica em Portugal[40] e onde se encontram as raízes judaicas mais antigas[41] e consistentes dos portugueses,[42] através de uma herança «marrana», «cripto-judaica» e «cristã-nova» muito forte.[43]
Na cidade encontra-se a maior Sinagoga da Península Ibérica e uma das maiores da Europa – a Sinagoga Kadoorie, edificada em 1938. Nela pode conhecer-se a história e religião Judaicas, tomar contacto com importantes objetos históricos e documentos assim como saber mais sobre a Comunidade Judaica do Porto ao longo dos séculos até aos dias de hoje.
População
Número de habitantes[44] | ||||||||||||||
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1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
89 349 | 110 707 | 146 454 | 165 729 | 191 890 | 202 310 | 229 794 | 258 548 | 281 406 | 303 424 | 301 655 | 327 368 | 302 472 | 263 131 | 237 591 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário[45] | ||||||||||||
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1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 Anos | 53 109 | 58 369 | 53 982 | 59 190 | 65 387 | 70 004 | 77 040 | 74 940 | 71 984 | 51 269 | 34 584 | 28 379 |
15-24 Anos | 33 997 | 41 936 | 45 669 | 49 903 | 50 184 | 54 919 | 48 947 | 52 840 | 55 994 | 49 891 | 36 850 | 25 017 |
25-64 Anos | 73 110 | 84 880 | 94 255 | 111 501 | 131 119 | 141 911 | 153 383 | 144 315 | 160 245 | 156 532 | 140 694 | 129 112 |
= ou > 65 Anos | 6 355 | 7 970 | 8 125 | 11 199 | 14 817 | 18 008 | 24 054 | 29 560 | 39 145 | 44 780 | 51 003 | 55 083 |
> Id. desconh | 1 384 | 854 | 1 060 | 487 | 802 |
(De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Política
Ver artigo principal: Câmara Municipal do Porto
Porto é a sede e a capital da Área Metropolitana do Porto, presidida, na atualidade, por Emídio Sousa,[46] que é uma grande área metropolitana portuguesa que agrupa 17 municípios.
Eleições autárquicas
Data | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | PPD/PSD | CDS-PP | APU/CDU | AD | PRD | PSD-CDS | IND | |||||||||
1976 | 34,65 | 5 | 24,45 | 3 | 20,01 | 3 | 13,77 | 2 | ||||||||
1979 | 30,73 | 4 | AD | AD | 16,73 | 2 | 48,67 | 7 | ||||||||
1982 | 34,45 | 5 | AD | AD | 19,49 | 2 | 42,61 | 6 | ||||||||
1985 | 26,78 | 4 | 36,07 | 5 | 8,38 | 1 | 18,10 | 2 | 7,41 | 1 | ||||||
1989 | 41,52 | 6 | 31,79 | 5 | 10,28 | 1 | 11,48 | 1 | 0,70 | - | ||||||
1993 | 59,64 | 9 | 25,56 | 3 | 4,83 | - | 7,16 | 1 | ||||||||
1997 | 55,76 | 8 | CDS-PP | PPD/PSD | 11,27 | 1 | 26,30 | 4 | ||||||||
2001 | 38,46 | 6 | CDS-PP | PPD/PSD | 10,47 | 1 | 42,75 | 6 | ||||||||
2005 | 36,14 | 5 | CDS-PP | PPD/PSD | 8,96 | 1 | 46,17 | 7 | ||||||||
2009 | 34,70 | 5 | CDS-PP | PPD/PSD | 9,80 | 1 | 47,48 | 7 | ||||||||
2013 | 22,68 | 3 | 21,06 | 3 | (a) | 7,38 | 1 | 39,25 | 6 | |||||||
2017 | 28,55 | 4 | 10,39 | 1 | (a) | 5,89 | 1 | 44,46 | 7 |
(a) O CDS-PP apoiou a lista independente "O Nosso Partido é o Porto" nas eleições de 2013 e 2017
Eleições legislativas
Data | % | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | PSD | CDS | PCP | UDP | AD | APU/CDU | FRS | PRD | PSN | B.E. | PAN | PàF | |
1976 | 38,77 | 25,99 | 16,38 | 12,04 | 2,48 | ||||||||
1979 | 30,09 | AD | AD | APU | 2,30 | 46,82 | 17,74 | ||||||
1980 | FRS | 1,76 | 47,78 | 14,82 | 31,89 | ||||||||
1983 | 37,47 | 26,98 | 14,29 | 1,27 | 17,13 | ||||||||
1985 | 20,19 | 31,54 | 10,06 | 1,11 | 14,60 | 19,67 | |||||||
1987 | 24,81 | 49,72 | 4,26 | CDU | 0,66 | 12,59 | 4,45 | ||||||
1991 | 32,05 | 48,72 | 4,63 | 9,18 | 0,47 | 1,45 | |||||||
1995 | 44,01 | 34,36 | 9,95 | 0,29 | 8,60 | 0,25 | |||||||
1999 | 43,15 | 30,89 | 9,76 | 8,63 | 0,22 | 4,41 | |||||||
2002 | 41,29 | 37,38 | 8,77 | 5,85 | 4,10 | ||||||||
2005 | 44,31 | 25,98 | 9,90 | 7,11 | 8,42 | ||||||||
2009 | 36,13 | 30,89 | 10,71 | 7,50 | 10,18 | ||||||||
2011 | 27,99 | 38,37 | 12,80 | 7,78 | 5,86 | 1,28 | |||||||
2015 | 32,62 | PàF | PàF | 8,36 | 11,35 | 1,88 | 38,49 |
Cidades geminadas
- Bordéus, França
- Bristol, Reino Unido
- Duruelo de la Sierra, Espanha
- Iena, Alemanha
- Liège, Bélgica
- Haro, Espanha
- Vigo, Espanha
- Recife, Brasil
- Beira, Moçambique
- Luanda, Angola
- Mindelo, Cabo Verde
- Neves, São Tomé e Príncipe
- Ndola, Zâmbia
- Macau (R.A.E.), República Popular da China
- Nagasáqui, Japão
- Xangai, República Popular da China
Freguesias
O concelho do Porto está dividido em 7 freguesias:[8]
- Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde
- Bonfim
- Campanhã
- Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
- Lordelo do Ouro e Massarelos
- Paranhos
- Ramalde
Economia
A região da cidade é onde se situam a maioria das pequenas e médias empresas do país, sendo também a que mais contribui para as exportações nacionais, sendo a única região que exporta mais do que importa. A Região Norte produz 40% do valor acrescentado do país e tem 50% do emprego industrial, tendo uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 129%, contra a média nacional de 74%.[48] Esta região é servida por duas importantes infra-estruturas: o Porto de Leixões, que representa 25% do comércio internacional português e movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de mercadorias por ano, e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que é o melhor aeroporto de Portugal em termos de espaço na aerogare. Em termos de movimentos aéreos de carga e de passageiros, é o segundo maior de Portugal, tendo sido galardoado como o melhor do mundo na categoria de aeroportos até 5 milhões de passageiros e, em 2014, como o terceiro melhor aeroporto europeu.[49]
As relações económicas entre a cidade do Porto e o vale do Douro estão bem documentadas desde a Idade Média. Nozes, frutos secos e azeite sustentaram um próspero comércio entre o Porto e a região. Do Porto, estes produtos eram exportados para mercados externos no Velho e no Novo Mundo. No entanto, o grande impulso ao desenvolvimento das relações comerciais inter-regionais veio da agro-indústria do Vinho do Porto. Esta atividade desenvolveu decididamente a relação de complementaridade entre o grande centro urbano do litoral e esta região de enorme potencial agrícola, particularmente vocacionada para a produção de vinhos fortificados de grande qualidade. O desenvolvimento do Porto esteve sempre intimamente ligado com a margem sul do Douro, Vila Nova de Gaia, até 1834 parte integrante do seu termo, onde se estabeleceram as caves para envelhecimento dos vinhos finos do Alto Douro.[carece de fontes]
O Porto sempre rivalizou com Lisboa ao nível económico. A abastada classe de industriais da região criou, logo em meados do século XIX, a poderosa Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal. A antiga Bolsa do Porto foi transformada na maior Bolsa de Derivados de Portugal, tendo-se fundido com a Bolsa de Lisboa criando a Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. Em 2002, a BVLP acabou por se integrar na Euronext, em conjunto com bolsas da Bélgica, França, Países Baixos e Reino Unido. O edifício que albergou durante muito tempo a bolsa, o Palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto, é hoje uma das principais atrações turísticas da cidade. O Porto e a região Norte constituem a região onde se situam a maioria das pequenas e médias empresas e onde se situam as regiões agrícolas mais produtivas e também a que mais contribui para as exportações nacionais, sendo a única região que exporta mais do que importa.[50]
O Porto é sede do Jornal de Notícias, um dos jornais diários de maior tiragem a nível nacional, e da Porto Editora, a maior empresa editora do país, conhecida pelos seus dicionários e livros escolares.
No Porto, cruzam-se várias estradas e linhas de caminho-de-ferro que também contribuíram para tornar a cidade o principal centro comercial de toda a região nortenha. Apesar da progressiva terciarização do centro, a atividade industrialcontinua com grande relevância, laborando, na sua cintura industrial, fábricas de têxteis, calçado, metalomecânica, cerâmica, móveis, ourivesaria e outras actividades fabris, algumas ainda a nível artesanal.
Sendo a cidade mais importante da altamente industrializada zona do litoral norte de Portugal, muitos dos mais importantes grupos económicos do país de diversos sectores – tais como a Altri, o grupo Amorim, o Banco BPI, a Bial, a EFACEC, a Frulact, a Lactogal, o Millennium BCP, a Porto Editora, a Sonae, a Unicer, o Azeite Serrata e a RAR – têm a sua sede social na cidade do Porto ou na Grande Área Metropolitana do Porto.
Turismo
Como pontos turísticos, destacam-se a Torre dos Clérigos, da autoria de Nicolau Nasoni, e a Fundação de Serralves, um museu de arte contemporânea. O Centro Histórico é Património da Humanidade, classificado pela UNESCO. A Foz é outra zona altamente turística, por muitos considerada a mais bela zona da cidade, onde se pode desfrutar da beleza do Oceano Atlântico conjugada com um belíssimo e romântico passeio marítimo.
Foi capital europeia da cultura em 2001 (Porto 2001) e acolheu vários jogos do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, nomeadamente o jogo de abertura. Ainda, em evidência, está o Mercado do Bolhão, um símbolo arquitectónico de comércio tradicional, onde se encontram as famosas vendedeiras do Mercado, características da cidade. Está prevista a intervenção do Arquitecto Joaquim Massena para o restauro e reabilitação no Mercado do Bolhão, dotando-o de infra-estruturas de salubridade para o comércio de frescos, bem como a inclusão de novas funcionalidades, mantendo toda a estrutura Patrimonial.
O conjunto histórico classificado pela UNESCO, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade do Porto, onde se podem encontrar diversos pontos de comércio, praças e edifícios históricos, que estão na origem da cidade, como a Sé Catedral.
É também amplamente visitado na cidade, sobretudo por peregrinos portugueses e alemães, o Convento do Bom Pastor, situado em Paranhos, por nele ter vivido e morrido com fama de santidade a Irmã Maria do Divino Coração, condessa Droste zu Vischering, a qual se tornou mundialmente conhecida por ter influenciado o Papa Leão XIII a efectuar a consagração do Género Humano ao Sagrado Coração de Jesus. Posteriormente, no ano de 1964, a religiosa foi proclamada Venerável pela Igreja Católica e foi depois beatificada no dia 1 de novembro de 1975 pelo Papa Paulo VI. Este convento possui duas capelas para culto público e um museu com inúmeras relíquias da Bem-aventurada Madre Superiora das Irmãs do Bom Pastor dessa comunidade.
Em 2012 e 2014, a cidade do Porto foi eleita "Melhor Destino Europeu", distinção atribuída anualmente pela "European Consumers Choice".[51] Em 2013, foi eleita o "Melhor Destino de férias na Europa" pela Lonely Planet. Também, no ano de 2014, a revista Business Destinations, que organiza anualmente os Business Destinations Travel Awards, considerou que a Alfândega do Porto é o melhor espaço para "reuniões e conferências" da Europa, elegendo este centro de congressos pela sua qualidade e inserção urbana[52] e, nesse mesmo ano, a edição europeia do Wall Street Journal dedicou duas páginas à cidade do Porto, que sugeriu como a cidade "fascinante e charmosa ... perfeita para um fim de semana prolongado".[53] No ano de 2015, a cidade do Porto volta a ser escolhida como um dos principais destinos turísticos da Europa, fazendo parte de uma lista de 10 polos turísticos feita pelo jornal britânico The Guardian.[54] Em Fevereiro de 2017, o Porto foi novamente eleito, pela "European Consumers Choice", "Melhor Destino Europeu" do ano.[55] É a terceira vez que a cidade é distinguida com esse galardão e a única a conseguir esse feito por três vezes.[56]
Infraestrutura
Transportes
Ver artigo principal: Transportes do Porto
O Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro (OPO), que é o melhor aeroporto de Portugal em termos de espaço na aerogare. Em termos de movimentos aéreos de carga e de passageiros, é o segundo maior de Portugal, tendo sido galardoado como o melhor do mundo na categoria de aeroportos até 5 milhões de passageiros e, em 2014, como o terceiro melhor aeroporto europeu.[49] Depois de radicalmente reconstruído sua zona de influência se alastrou pelo o noroeste da Península Ibérica, sendo hoje um aeroporto funcional e de arquitetura contemporânea com capacidade para receber até 16 milhões de passageiros por ano, considerado por diversas entidades internacionais como o melhor da Europa na sua categoria.[57]
o Porto de Leixões, que representa 25% do comércio internacional português e movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de mercadorias por ano, situado no concelho vizinho de Matosinhos, passará por uma ampliação que duplicará a possibilidade de carga, e trará vários cruzeiros de luxo ao porto, ou mesmo os estudos científicos realizados na cidade que já deram cartas na história da Ciência Mundial. Leixões foi classificado em 2013 como um dos 125 portos mais movimentados do mundo.[58]
O transporte público na cidade do Porto remota ao ano de 1872, altura em que a Companhia Carril Americano do Porto foi pioneira ao iniciar a sua exploração em Portugal. Um ano depois é criada a Companhia Carris de Ferro do Porto. A fusão das duas empresas dará origem à Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que toma a atual designação em 1946. A STCP tem a seu cargo a exploração dos autocarros e as linhas de eléctrico que resistiram da época de ouro destes transportes, estando hoje troços em reabilitação na baixa portuense.[59]
A exploração da rede de metropolitano é efectuada pela empresa do Metro do Porto que ao todo possuiu 68 estações distribuídas por 60,0 km de linhas comerciais em via dupla, com 8 km da rede enterrada, dispostas pela metrópole do Porto, tornando-se assim na maior rede metropolitana de transporte público de massas em Portugal. O Funicular dos Guindais, operado pela Metro do Porto, é um caminho de ferro numa escarpa que liga, de forma rápida, a zona da Batalha à Avenida Gustavo Eiffel, na Ribeira. A cidade dispõe ainda de uma rede ferroviária suburbana explorada pela CP: linhas de Aveiro, Braga, Guimarães e Penafiel ou Caíde.[60]
Metro do Porto | |||||
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Linha | Extensão (km) | Estações | Inauguração | Veículo | |
15,6 | 23 | 7 de Dezembro de 2002 | Flexity Outlook (Eurotram) | ||
33,6 | 35 | 13 de Março de 2005 | Flexity Swift (Tram-train) | ||
19,6 | 24 | 30 de Julho de 2005 | Flexity Swift (Tram-train) | ||
9,2 | 16 | 18 de Setembro 2005 | Flexity Outlook (Eurotram) | ||
16,7 | 21 | 27 de Maio de 2006 | Flexity Outlook (Eurotram) | ||
17,4 | 24 | 2 de Janeiro de 2011 | Flexity Outlook (Eurotram) | ||
0,3 | 2 | 19 de Fevereiro 2004 | Funicular dos Guindais |
Rodoviário
A capacidade do sistema rodoviário da cidade é aumentado pela autoestrada A20, uma estrada interna ligada a várias autoestradas e saídas da cidade, complementando a uma estrada periférica, que faz fronteira com o norte da cidade e liga o lado oriental da cidade para a costa atlântica. A cidade está ligada a Valença por autoestrada A28, a Estarreja pela A29, a Lisboa pela A1, a Bragança pela A4 e a Braga pela A3. Há também a Via de Cintura Interna, um anel viário que liga todas as principais cidades ao redor Porto e que ligam a cidade a outras principais rodovias metropolitanas, como A7, A11, A42, A43 e A44. Desde 2011, uma nova autoestrada, a A32, liga a região metropolitana a São João da Madeira e Oliveira de Azeméis.[61]
A necessidade de haver uma travessia permanente entre as duas margens do Douro para circulação de pessoas e mercadorias, levou à construção da Ponte das Barcas em 1806, anteriormente a travessia do rio fazia-se com recursos a barcos, jangadas, barcaças ou batelões. A ponte era constituída por 20 barcas ligadas por cabos de aço e que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial. O aumento do tráfego exigiu a construção de uma ponte permanente o que levou à construção da Ponte pênsil D. Maria II em 1843, desmantelada anos mais tarde após a abertura da Ponte de D. Luís I em 1886, a ponte mais antiga da cidade que permanece em atividade. Com os seus dois tabuleiros - o inferior e o superior - servia primitivamente como ligação rodoviária entre as zonas baixa e alta de Vila Nova de Gaia e do Porto e, de uma forma mais geral, entre o norte e o sul do país, durante largas décadas. A partir da segunda metade do século XX, no entanto, começou a revelar-se insuficiente para assegurar o trânsito automóvel entre as duas margens, tendo sido substituída por outras pontes e após adaptação o tabuleiro superior passou a ser utilizado pelo Metro do Porto.[62]
A Ponte de D. Maria Pia, construída entre Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877 pela empresa de Gustave Eiffel, foi a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do Douro. Dotada de uma só linha, o que obrigava à passagem de uma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/h e com cargas limitadas, no último quartel do século XX tornou-se evidente que a ponte já não respondia de forma satisfatória às necessidades. O que levou a que fosse desactivada e substituída pela Ponte de São João em 1991.[62]
A Ponte da Arrábida tinha à data da construção o maior arco do mundo em betão armado, e constitui o tramo final da auto-estrada A1 que liga Lisboa ao Porto. Inicialmente a ponte tinha duas vias de trânsito com 8 m cada, separadas por uma via sobrelevada de 2 m de largura; duas pistas para ciclistas de 1,70 m cada e dois passeios marginais de 1,50 m de largura, também sobrelevados. Mais tarde, foram acrescentadas uma via de trânsito em cada sentido, construídas à custa da eliminação das pistas para ciclistas e da redução do separador central. Apesar da construção da Ponte do Freixo, mais a montante, a Ponte de Arrábida continua a ser a principal ligação entre a cidade do Porto e a margem sul do Douro.[62]
Das pontes que ligam o Porto a Vila Nova de Gaia, a Ponte do Freixo é a que está mais a montante do rio. Foi construída na tentativa de minimizar os congestionamentos ao trânsito automóvel vividos nas Pontes da Arrábida e de Dom Luís, particularmente notórios desde finais da década de 1980. Trata-se, na verdade, de duas pontes construídas lado a lado e afastadas 10 cm uma da outra. É uma ponte rodoviária com oito vias de trânsito (quatro em cada sentido). A Ponte do Infante, baptizada em honra do portuense Infante D. Henrique, é a mais recente que liga Porto e Gaia. Foi construída para substituir o tabuleiro superior da Ponte Dom Luís, entretanto convertida para uso da "Linha Amarela" (Hospital de São João/Santo Ovídio) do Metro do Porto. Foi construída pouco a montante da Ponte de Dom Luís, em plena zona histórica, ligando o bairro das Fontainhas (Porto) à Serra do Pilar (Vila Nova de Gaia).[62]
Saúde
Na cidade do Porto existem vários hospitais (quer públicos quer privados), clínicas e centros de saúde. Alguns dos hospitais públicos do Porto estão organizados num Centro Hospitalar, o Centro Hospitalar do Porto. Os hospitais incluídos neste Centro Hospitalar são o Hospital de Santo António, o Hospital Maria Pia e a Maternidade Júlio Dinis. Para além destes, ainda há o Hospital de São João e o IPO. Entre o serviço de saúde privado destacam-se o Hospital da Luz Porto, o Hospital da Boavista ou o Hospital da Luz Arrábida.
Educação
A cidade do Porto possui diversas escolas e jardins de infância, públicas e privadas, de ensino primário, básico e secundário, como a Escola Secundária Alexandre Herculano. Na área do Grande Porto existem escolas internacionais como a British Council Porto.
No Porto situa-se a Universidade do Porto. Também existem outras universidades como a Universidade Católica Portuguesa, a Universidade Lusíada do Porto, a Universidade Fernando Pessoa, a Universidade Portucalense, a Universidade Lusófona do Porto e o Instituto Politécnico do Porto. O Porto é o local onde se formalizou a criação de um consórcio pioneiro em Portugal: o Consórcio das Universidades do Norte (UniNORTE), que corresponde a uma associação/parceria entre a Universidade do Porto, a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,[63] a fim de serem partilhados meios, recursos humanos e fundos europeus.
O Porto tem duas bibliotecas municipais. A Biblioteca Pública Municipal do Porto, onde se pode encontrar, entre outros, os livros, as revistas e os jornais editados em Portugal e onde estão os conteúdos com acesso restrito. A Biblioteca Municipal Almeida Garrett é uma biblioteca moderna, projecto do arquitecto José Manuel Soares, de leitura pública onde os documentos têm livre acesso.
Cultura
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Património Mundial da UNESCO | ||||
Centro Histórico do Porto visto de Vila Nova de Gaia. | ||||
País | Portugal | |||
Critérios | iv | |||
Referência | 755 | |||
Região** | Europa | |||
Histórico de inscrição | ||||
Inscrição | 1996 (20.ª sessão) | |||
* Nome como inscrito na lista do Património Mundial. ** Região, segundo a classificação pela UNESCO. |
Entretenimento
A cidade conta com mais de 10 mil eventos anuais, desde concertos, passando por teatros, exposições ou mesmo festas com disc jockeys famosos numa das várias discotecas e bares da cidade.
Contudo, o maior evento de diversão continua a ser o São João do Porto, de 23 para 24 de Junho, quando milhares de pessoas invadem as ruas da cidade. Neste evento são de destacar as sardinhadas, os manjericos com as respectivas quadras sanjoaninas, o alho-porro, as marteladas e os bailaricos de freguesia.
Gastronomia
Vários pratos da tradicional culinária portuguesa tiveram origem na cidade do Porto, cuja identidade (a nível dos pratos principais de carne e de peixe, das sopas, das entradas e dos aperitivos, dos vinhos e das aguardentes, dos queijos e dos enchidos, bem como das sobremesas e da doçaria) se insere na identidade gastronómica mais vasta do território identitário do Entre Douro e Minho.[64]
O prato típico por excelência da cidade são as Tripas à moda do Porto, prato histórico e que remonta à altura dos descobrimentos portugueses, e que pode ser encontrado em muitos dos restaurantes da cidade. O Bacalhau à Gomes de Sá é outro prato emblemático da cidade do Porto, muito apreciado pelo seu sabor e requinte, que tem também impacto em todo o território português, bem como no Brasil, visto que o Brasil foi povoado, estruturalmente, por portugueses da região Norte de Portugal. O Caldo Verde também é um sopa típica, originária e emblemática do Porto e da região Norte de Portugal. A francesinha é, da culinária recente, o prato mais famoso, e consiste numa sanduíche recheada com várias carnes (normalmente carne de vaca, linguiça, salsicha fresca e fiambre) e coberta com queijo e um molho especial (molho de francesinha).
A bebida que tem o nome da cidade é o vinho do Porto, é produzido na região vitivinícola do Alto Douro (a mais antiga região demarcada do mundo). O vinho do Porto é exportado internacionalmente a partir das caves que se situam na margem esquerda do rio Douro, em Vila Nova de Gaia. No Porto, também se situa a sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes,[65] sendo o vinho verde também o tipo de vinho, para além do vinho do Douro, que costuma acompanhar vários tipos de pratos da gastronomia portuense. É, no Porto, que se realiza, anualmente, o 'Vinho Verde Wine Fest'.[66]
Instituições culturais
A cidade do Porto possui diversos espaços culturais de referência na região e a nível nacional. Entre os diversos museus da cidade, destaca-se o Museu de Arte Contemporânea, um dos museus mais visitados do país, onde obras de arte de vários artistas contemporâneos são, também, expostas, ao lado da flora típica da região norte de Portugal no envolvente Parque de Serralves. A Casa do Infante, datada do século XIII e onde terá nascido o Infante D. Henrique, é atualmente museu medieval da cidade e arquivo distrital. Outras casas museu incluem a Casa-Museu Fernando de Castro, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio e a Casa-Oficina António Carneiro.
Inserido no edifício da Alfândega Nova, o Museu de Transportes e Comunicações tem como objectivo mostrar a história dos transportes e meios de comunicação. O Museu do Carro Eléctrico, instalado na antiga central termo eléctrica de Massarelos, dispõe de uma colecção carros eléctricos e atrelados que circulavam pela cidade. Anualmente, organiza um desfile de carros eléctricos do museu pelas ruas da cidade, entre Massarelos e o Passeio Alegre.
O Museu Nacional de Soares dos Reis, criado em 1833 por D. Pedro IV, inclui grande parte da obra do escultor. No Porto existem diversos museus temáticos, de referir: o Museu do Vinho do Porto, Museu da Indústria, Museu de História Natural, Museu do Papel Moeda, Gabinete de Numismática, Museu de Arte Sacra, Museu da Misericórdia do Porto, Museu Nacional da Imprensa, Jornais e Artes Gráficas, Centro Português de Fotografia, Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, Museu Militar do Porto, Museu Nacional de Literatura e o Castelo do Queijo, célebre pelo seu miradouro, é onde se realizam várias exposições temporárias. O Porto acolhe ainda as fundações de António de Almeida, António Cupertino de Miranda, Ilídio Pinho e Guerra Junqueiro e Mesquita Carvalho.
Os auditórios culturais da cidade são na sua grande maioria construções do séculos XIX e XX. A construção mais arrojada e relevante dos últimos anos é a Casa da Música, uma obra de arquitetura que foi concebida para o evento Capital Europeia da Cultura 2001, da autoria do arquiteto Rem Koolhaas e aclamada internacionalmente. O Teatro Rivoli, o Teatro Nacional São João e o Teatro Sá da Bandeira são importantes salas de espectáculos, de relevo histórico e arquitectónico, localizados na Baixa do Porto. Na baixa da cidade localizam-se ainda outros auditórios, como o Coliseu do Porto e o Cine-Teatro Batalha, histórica sala de cinema da cidade a que está ligada a expressão local "vai no Batalha!". Outros teatros incluem o Teatro do Campo Alegre e o Teatro Helena Sá e Costa, este último é palco dos talentos em formação na Escola de Música e Artes do Espectáculo do Porto.
Desporto
Por influência das famílias inglesas que exploravam o negócio do vinho do Porto, as primeiras partidas de futebol em Portugal realizaram-se na cidade do Porto. O Porto conta com grandes clubes desportivos, sendo os principais o Futebol Clube do Porto, o Boavista Futebol Clube e o Sport Comércio e Salgueiros. Existem ainda numerosos clubes de menor dimensão, mas com função social de grande relevo. O Estádio do Dragão, da autoria do Arq. Manuel Salgado, é a casa do Futebol Clube do Porto. O estádio já esteve diversas vezes em revistas internacionais de arquitetura, onde fora fortemente elogiado.[carece de fontes]
A nível individual, a personalidade desportiva mais famosa natural da cidade Porto é a atleta Rosa Mota, vencedora da medalha de ouro da maratona nos Jogos Olímpicos de Seul e de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Na cidade organizam-se muitos eventos desportivos das mais variadas modalidades. De referir a Maratona do Porto em atletismo, as corridas históricas do Circuito da Boavista e as Red Bull Air Races. Ainda em desportos alternativos a cidade do Porto destaca-se por acolher várias provas internacionais dos mais variados desportos, como por exemplo hipismo. Neste desporto, em particular, há mesmo uma candidatura para uma qualificativa da taça do mundo de hipismo no Porto.[67]
Na Boavista situa-se o Circuito Urbano da Boavista que é realizado de dois em dois anos. O Circuito costuma contar com uma média de 115 mil espectadores, integrando várias categorias, mas a mais esperada é o WTCC, devido ao homem da casa Tiago Monteiro que já foi piloto de Fórmula 1. O Circuito Urbano também já recebeu a Fórmula 1 em 1958 e 1960, tendo como vencedores Jack Brabham (em 1960) pela Cooper-Climax e Stirling Moss (em 1958) pela Vanwall.
Ver também
- Centro Histórico do Porto
- Metro do Porto
- Eléctricos do Porto
- Maratona do Porto
- Lista de portuenses
- Lista de arruamentos do Porto
Referências
- ↑ «Solenidade de Nossa Senhora da Vandoma, Padroeira Principal da Cidade do Porto». Diocese do Porto. 11 de outubro de 2007
- ↑ «População residente: total e por grandes grupos etários». Pordata. Consultado em 26 de janeiro de 2017
- ↑ «População residente segundo os Censos 2011»Consultado em 12/06/2016.
- ↑ «Mapas segundo INE - Censos» Consultado em 12/06/2016.
- ↑ GaWC Research Network (13 de Abril de 2010). «The World According to GaWC 2008 (O Mundo Segundo a GaWC 2008)». www.lboro.ac.uk. Consultado em 5 de Maio de 2010
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- ↑ INE (2012) – "Censos 2011 (Dados Definitivos)", "Quadros de apuramento por freguesia" (tabelas anexas ao documento: separador "Q101_NORTE"). Acedido a 27/07/2013.
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- ↑ Centro Histórico do Porto, classificado como Património Mundial pela UNESCO
- ↑ Restauração da cidade do Porto
- ↑ «Apresentação da Universidade do Porto»
- ↑ «Hospital de Santo António, no Porto, eleito, em 2014, como o melhor do país»
- ↑ Instituto Nacional de Estatística. «População residente (N.º) por Local de residência, Sexo; Decenal (2011)». Consultado em 1 de setembro de 2011
- ↑ Dados oficiais da CCDRN sobre a Região Norte
- ↑ Assembleia da República (2013). «Diário da República/Leinº75/2013 de 12 de Setembro» (PDF). Consultado em 26 de novembro de 2014
- ↑ Frente Atlântica do Porto
- ↑ Estuário do Rio Douro - Porto e Vila Nova de Gaia
- ↑ Região do Norte de Portugal, que tem, como capital, o Porto, é a região que mais exporta
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- ↑ Os Judeus na cidade do Porto
- ↑ Os Ingleses e o Porto
- ↑ Herança Judaica no Porto e no Douro
- ↑ O Hotel da Música, no Porto, está preparado para receber turismo judaico, sob a coordenação do rabino Daniel Litvak, cuja supervisão é reconhecida pelo Grão Rabinato de Israel e por grandes entidades de cashrut a nível mundial.
- ↑ Herança Judaica no Porto
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- ↑ Gastronomia da Região de Entre Douro e Minho, onde a identidade da gastronomia portuense se insere
- ↑ Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes
- ↑ «Vinho Verde Wine Fest». Consultado em 20 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2017
- ↑ «CSI Porto 'tenta' Taça do Mundo». Consultado em 20 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2009
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