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PEDRO LIMA
EDITOR-ADJUNTO
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Bom dia,Arrancou ontem a fase de instrução doprocesso Marquês, aquele de que já estamos fartos de ouvir falar e que receamos que se arraste indefinidamente. As acusações feitas contra algumas das figuras mais proeminentes do país no passado recente são graves e as estratégias de desgaste promovidas pelas suas defesas, assim como os esforços para destruir as investigações- com a tão desejada declaração de nulidade do processo - estão aí, em força.Estamos por isso longe do fim: ontem foi o primeiro dia de audição de testemunhas e começou com Bárbara Vara, a filha do ex-ministro da Juventude e do Desporto do governo de José Sócrates e ex-administrador da CGD e do BCP. Bárbara, acusada de dois crimes de branqueamento de capitais, defendeu-se dizendo que não conhecia os negócios do pai e que se limitou a confiar nele quando foi beneficiária de uma conta offshore do pai onde foi depositado dinheiro de alegadas luvas. O juiz Ivo Rosa questionou-a nomeadamente sobre o facto de ela nunca ter falado dessa conta aos irmãos. A fiilha de Armando Vara terá entretanto recebido um “crédito de sonho” atribuído pela CGD, foi hoje noticiado. A defesa diz acreditar que o processo não chegará a julgamento, como seria expectável que dissesse.Hoje era o dia de Armando Vara sair da prisão de Évora, onde se encontra desde 16 de janeiro a cumprir a sentença de 5 anos relativa o processo Face Oculta, para ir testemunhar a favor da filha, mas afinal só irá no dia 5 de fevereiro por causa da greve dos guardas prisionais. A instrução continua, por isso, na quarta-feira e depois durará meses:19 dos 28 arguidos requereram abertura de instrução e houve 50 testemunhas arroladas, mas só no próximo ano se deverá saber quem irá efetivamente a julgamento.Já a defesa de Ricardo Salgado diz que o ex-banqueiro “não praticou nenhum dos crimes”por que está acusado, justificando assim o facto de não ter pedido a abertura de instrução.O Expresso revelou ontem que o relatório da CGD sobre suspeitas em torno da conta de José Sócrates que foi entregue à Polícia Judiciária em abril de 2013, e viria dar origem à Operação Marquês, foi acompanhado de dez páginas de extratos bancários que mostravam já um ritmo de gastos exorbitantes.Embora sejam grandes os receios de que o processo paralise, não parece haver já muitas dúvidas de que grande parte das acusações têm fundamento.E elogios a Portugal porquê?É que, apesar de continuarmos a ouvir frases como “os ricos e poderosos nunca são apanhados”, neste caso temos um ex-primeiro ministro e o antigo grande banqueiro do país, o “dono disto tudo”, a contas com a Justiça:José Sócrates está acusado de 31 crimes, com base na teoria de que acumulou 34 milhões de euros na Suíça de pagamento de luvas, a maior parte do dinheiro vindo do Grupo Espírito Santo, mas também do grupo Lena e de sócios do empreendimento Vale de Lobo. Já Ricardo Salgado está acusado de 21 crimes.“Sim, eles estão a contas com a Justiça mas escapam sempre à prisão”. Bem, mas hoje está um ex-ministro, outrora poderoso, detido em Évora, no âmbito doutro processo:Armando Vara, esse expoente máximo da competência política e grande especialista do sector financeiro, atributos que lhe valeram a entrada na administração da Caixa Geral de Depósitos - uma das primeiras decisões de Fernando Teixeira dos Santos enquanto ministro das Finanças - e depois na administração do BCP.Se isto apaga as falhas na Justiça, nomeadamente a sua lentidão? Não apaga. Mas é um sinal importante de que, afinal, ninguém está a salvo de investigações e julgamentos – e isso é bom para um país, independentemente do desfecho que possa haver neste processo.
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OUTRAS NOTÍCIASO’ regabofe’ que durante anos marcou a atuação da CGD na concessão de créditos continua a dar que falar. Os partidos políticos não largam o tema: O PSD admitiu esta segunda-feira pedir uma comissão parlamentar de inquérito à CGD, em face das conclusões da versão preliminar da auditoria feita pela EY relativa ao período entre 2000 e 2015 e que revelou buracos em créditos de risco e negócios ruinosos. E o CDS admite usar “qualquer instrumento regimental que seja útil” para esclarecer o que se passou. Se no final de todo este ‘ruído’ tivermos aprendido – e mudado – alguma coisa, teremos motivos para elogiar quem se bater agora por responsabilizar todos os que deixaram e contribuíram para que o banco público fosse instrumentalizado como foi.Elogios também para a forma como Portugal tem conseguido captar grandes eventos. AsJornadas Mundiais da Juventude, que trarão a Lisboa entre 1 e 2 milhões de jovens católicos em junho de 2022, já estão a mexer com os concelhos de Lisboa e de Loures, com perspetivas de novos investimentos para acolher o evento.Menos elogiosa é a apreciação feita pela associação Transparência e Integridade, que esta terça-feira divulgou o ranking de 2018 do Índice de Perceções de Corrupção. E a conclusão é que o combate à corrupção em Portugal está estagnado.Hoje é mais um dia no calvário do Brexit – o Parlamento britânico vota o plano Bapresentado pela primeira-ministra Theresa May. Há 15 propostas de alteração feitas por deputados. Promete por isso ser mais um dia recheado de emoções neste já penoso processo de saída da Grã-Bretanha da União Europeia. A votação do acordo final deverá ter lugar a 13 de fevereiro.O Papa teme um banho de sangue na Venezuela e pede um acordo pacífico entre Nicolás Maduro e Juan Guaidó. Este último continua a acenar aos militares com uma amnistia, anunciou que vai assumir o controlo dos ativos do país no exterior e convocou protestos para sábado. Maduro não cede e desdobra-se em manifestações de força.A tragédia de Brumadinho vai somando vítimas: ontem à noite o balanço de mortos do rebentamento da barragem no estado de Minas Gerais já ultrapassava os 60, com 279 desaparecidos. E as ações da Vale, a empresa brasileira proprietária da barragem, fecharam ontem com uma queda de 24,52% na Bolsa de São Paulo.Houve dois comandantes exonerados da Marinha, que nega que tenham tido a ver com alegadas praxes violentas praticadas contra alunos do primeiro ano da Escola Naval. Fala antes em “procedimentos administrativos”. Mais um caso não muito elogioso para as instituições militares portuguesas.A guerra entre a Brisa e fundos e bancos credores está numa escalada: a gestora das autoestradas portuguesas garantiu no fim de semana que “utilizará todos os meios ao seu alcance para repor a legalidade na concessionária Autoestradas do Douro Litoral”. E esta segunda-feira concretizou: vai avançar com uma providência cautelar para travar a tomada de controlo da Douro Litoral por parte daqueles credores.Há também uma polémica entre o governo e o sector automóvel. O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, disse que “quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca” em entrevista ao ‘Negócios’. A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) responde que estas são declarações que “não têm qualquer correspondência com a realidade”. E o Cluster Automóvel Portugal (Mobinov) fala em declarações “extemporâneas e alarmistas”.
Está aí uma iniciativa para reduzir o consumo de sal em Portugal: é uma parceria entre o Pingo Doce e o grupo de saúde CUF que vai passar por um estudo com 500 pessoas que durante 12 semanas vão ser acompanhadas para analisar a quantidade de sal que consomem.A Arábia Saudita reduziu a sua exposição à Tesla através de um acordo com o JP Morgan que lhe permite manter as ações do fabricante americano de automóveis elétricos mas proteger-se das oscilações da sua cotação. É mais um sinal do afastamento dos sauditas face à empresa da qual têm 4,9%.E a Grécia parece estar de regresso aos mercados, com uma emissão sindicadaentre 2000 milhões e 3000 milhões de euros em dívida a 5 anos.PRIMEIRAS PÁGINASPortugueses consomem por ano 12,3 litros de álcool per capita – PúblicoCâmaras recusam gerir estradas e estacionamentos – Jornal de NotíciasGoverno quer saber quanto valem residentes não habituais – Jornal de NegóciosAtaque ao gasóleo vai favorecer carros a gasolina – ICrédito de sonho para filha de Vara – Correio da ManhãAno e meio de VAR analisado em ecrã gigante - A BolaKrovinovic no mercado - RecordLoum debaixo de olho - O JogoO QUE EU ANDO A LERTom Wainwright, editor da revista The Economist, teve uma experiência intensa no mundo do narcotráfico no México de que dá conta no livro “Narconomics – como gerir um cartel de droga”. O livro é, como o próprio refere na introdução, “a história do que aconteceu quando um jornalista de economia não muito corajoso foi enviado para fazer a cobertura da indústria mais exótica e brutal do planeta”. O jornalista refere que já “escrevera algumas vezes sobre as drogas do ponto de vista do consumidor, na Europa e nos Estados Unidos. Agora, na América Latina, era confrontado com o impressionante lado da oferta da indústria dos narcóticos. E, quanto mais escrevia sobre o narcotráfico mais me dava conta com o que era mais parecido: um negócio global altamente organizado”.
“Quando os cartéis de droga começam a pensar como as grandes empresas, temos de recorrer à economia para os entendermos”, pode ler-se na apresentação do livro, que resulta de encontros de Wainwright com produtores de coca, chefes de Estado, jornalistas, líderes de gangues e assassinos.
O QUE EU ANDO A OUVIR
“Plástico” dos Glockenwise, lançado em dezembro, é o quarto disco desta banda que tem uma bem sucedida incursão em nove músicas cantadas em língua portuguesa. Em destaque temas com nomes sugestivos como “Muito para dar”, “Dia feliz” ou “Bom rapaz”.
Tenha um excelente dia, continue a acompanhar o que mais interessa no mundo em www.expresso.impresa.pt e, às 18h, no Expresso Diário.
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