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PEDRO CANDEIAS
EDITOR
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Às vezes, tudo o que um homem precisa é de um pequeno empurrão que o ponha na direção certa. Ou então de um partido sui generis composto por alguma gente igualmente idiossincrática que lhe prometa luta interna e eterna e o desafie para um metafórico duelo de pistolas num hotel no Porto que, em política, já se sabe, começa sempre nos bastidores com a primeira contagem de armas. Que Rui Rio tinha a mais e Luís Montenegro a menos, após uma contabilidade secreta numa madrugada de quinta para sexta-feira em que se percebeu de que massa um e outro são feitos.
De tudo o que li diagonalmente, que este Expresso Curto já vai atrasado, recupero a imagem do Ricardo Costa, na sua coluna no Expresso: Montenegro quis pular para a piscina dos crescidos, mas na piscina dos crescidos só nadam os adultos.
Bom, e consequências? Apenas perceções, que podem ou não ser justas para Rio, mas são o que são: no domingo, no final do XVII Congresso do PSD/Madeira, o presidente do partido criticou abertamente o governo de uma forma inusitada até então. b: “O grande engano é quando nos vendem uma situação económica de quase milagre e depois todos descobrimos que não pdoe fazer isto e aquilo porque não tem meios”. E assim: “O Governo vende ilusões e quem vende ilusões, mais dia ou menos dia, colhe descontentamento sob a forma de greve ou de outra forma qualquer, que são os votos”.E finalmente assim: “[António Costa] Não tem estratégia de crescimento económico, porque foi um governo que ao longo de todos estes anos se preocupou fundamentalmente em pegar em todas as folgas que a conjuntura permitia e distribuir pela lista de reivindicações feitas pelo PC, pelo Bloco de Esquerda”.
Recapitulando, Rio percorreu todos os itens do manual da oposição: o Governo é populista e eleitoralista, o Governo não cumpre o que diz, o Governo está a aproveitar-se do que foi feito antes e o antes era o PSD, e o Governo está refém da Geringonça.
Muito embora a entourage de Rio já tivesse feito passar a mensagem de que o líder iria começar agora a atacar António Costa et alii e et aliae, fica sempre a dúvida: não terá sido mesmo o empurrãozinho do cisma laranja a muscular o discurso de Rio? Marques Mendes, o analista dos domingos à noite, diz nim: “As pessoas inteligentes mudam. Se não fizer isso, acho que esta foi uma vitória de Pirro”.
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OUTRAS NOTÍCIASAinda não há justificações nem validações estatísticas do INE, apenas números crus, frios e inquietantes: a mortalidade infantil aumentou 26% em 2018, o que quer dizer que morreram 289 crianças com menos de um ano entre janeiro e dezembro de 2018, sendo o último mês do ano e junho e maio os períodos em que há mais óbitos. A notícia é do “Correio da Manhã” desta manhã que cita números e uma fonte da Direção Geral da Saúde que diz assim: “Os dados de 2018 ainda não estão devidamente tratados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e também ainda é prematuro avançar com uma justificação e com as causas de morte, o que só será possível depois de feita a sua avaliação, mas mesmo assim são números preocupantes”. O resgate de Julen, o menino de dois anos caído num fundo poço em Málaga, continua sem certezas absolutas e muitas indefinições. Há um túnel paralelo àquele em que Julen está preso a ser construído e é por lá que uma equipa de escavadores tentará, à mão e por entre a terra, salvar a criança. Leia o El Mundo e perceba a delicadeza desta operação. O tempo também foge a Theresa May que corre contra o relógio para apresentar a sua espécie de plano B para o Brexit. As anteriores tentativas têm sido violentamente rejeitadas e o Independent desta segunda-feira diz que a PM poderá estar a tentar chegar a um acordo bilateral com a Irlanda para a questão de todas as questões. A BBC, por sua vez, garante que May tentará conversar com o Tory e os Unionistas. Uma confusão. Às 15h30, May tem de apresentar-se no parlamento britânico para o debate. Outra vez.
E, agora, para algo que já não nos surpreende: os 26 bilionários mais ricos do nosso rico planeta têm tanto dinheiro como as 3,8 mil milhões de pessoas que fazem parte da metade mais pobre. Isto está num relatório da Oxfam a que o Guardian teve acesso e põe em causa, novamente, tudo aquilo que conhecemos sobre o capitalismo e a globalização: um imposto de 1% sobre a riqueza arrecadaria cerca de 418 mil milhões de dólares por ano, o que chegava para que todas as crianças pudessem ir à escola e três milhões de mortes fossem evitadas.
AS MANCHETES Correio da Manhã: “Recibos verdes arriscam multa até 500 euros” Negócios: “A disparidade social não passa na concertação social” Jornal de Notícias: “Fatura da água será mais cara em tempo de seca” Público: “Socialistas pressionam Costa para nacionalizar CTT” i: “Quanto custa criar um filho em Portugal?” FRASES“ Já diz o povo que há meias-verdades que são piores do que mentiras”, Rui Rio a cumprir o que a sua entourage prometera: atacar o Governo “Não votámos no Presidente da República para andar a tirar selfies”, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, a enrijecer o discurso regional contra Marcelo Rebelo de Sousa
“ Esta semana, o ex-ministro de Guterres que se portou melhor foi Sócrates”, Ricardo Araújo Pereira, no seu novo programa na TVi, n um pot-pourri políticoque envolve Armando Vara, Assunção Cristas e o Conselho Nacional do PSD
“E pronto... terminou o meu ciclo na vida parlamentar" José Pedro Aguiar-Branco, um dos históricos do PSD, ex-ministro da Defesa e da Justiça, num post do Facebook
O QUE ANDO A LER Não é bem o que ando a ler, mas o que ando a ver, ou melhor, o que já vi. E esta sucessão de indefinições deve-se provavelmente ao teor da "Escape At Dannemora", uma super-mini-série de sete episódios longuíssimos realizada porBen Stiller sobre uma fuga de uma prisão em que percebemos logo o que irá acontecer, embora não saibamos muito bem como vai acontecer. Os planos e o ritmo são cinematográficos e o casting é extraordinário. Benicio del Toro, Paul Dano e uma irreconhecível Patricia Arquette formam um estranho triângulo amoroso à volta do qual toda esta história se constrói. Uma última informação: a engenhosa fuga (e mais não digo) aconteceu mesmo.
E agora, para o fim e para lhe desejar um bom dia, uma desmistificação: hoje é 21 de janeiro, alegadamente o dia mais deprimente do ano há mais de dez anos. Não é verdade, escreve o Le Monde, que atribui esta invenção ao marketing.
Portanto, bom dia e por hoje é tudo: passe os olhos pelo Expresso e pelo Expresso Diário, releia as entrevistas a Abel Xavierna Tribuna Expresso, e esteja atento às últimas canções e modas na Blitz e no Vida Extra.
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