Júlio Dinis
Joaquim Guilherme Gomes Coelho | |
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Monumento a Júlio Dinis, no Porto, sua cidade natal. | |
Nascimento | 14 de novembro de 1839 Porto, Portugal |
Morte | 12 de setembro de 1871 (31 anos) Porto, Portugal |
Ocupação | Médico, escritor e professor |
Género literário | Romancista |
Movimentoliterário | Romantismo |
Magnum opus | Os fidalgos da casa mourisca |
Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Porto, 14 de novembro de 1839 — Porto, 12 de setembro de 1871) foi um médico e escritor português. É mais conhecido pelo seu pseudónimo Júlio Dinis.[1]
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Joaquim Guilherme Gomes Coelho, que no período mais brilhante da sua carreira literária usou o pseudónimo de Júlio Dinis, nasceu no Porto, Portugal, a 14 de Novembro de 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, numa casa que já não existe, em 12 de Setembro de 1871.
Júlio Dinis era filho de José Joaquim Gomes Coelho, cirurgião, natural de Ovar, e de Ana Constança Potter Pereira Gomes Coelho, de ascendência anglo-irlandesa, e vitimada pela tuberculose quando Júlio Dinis contava apenas seis anos de idade. Frequentou a escola primária em Miragaia. Aos catorze anos de idade (1853), concluiu o curso preparatório do liceu. Matriculou-se na Escola Politécnica, tendo, em seguida, transitado para a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, cujo curso completou a 27 de Julho de 1861, com alta classificação. Posteriormente a sua saúde foi-se agravando, pelo que foi obrigado a recolher-se em Ovar e depois para a Madeira e a interromper a possibilidade de exercer a sua profissão. Durante esses tempos dedica-se à literatura. Mais tarde (1867), foi incluído como demonstrador e lente substituto no corpo docente desta mesma Escola.
Já então sofria da doença da tuberculose pelo que, esperançado em encontrar cura no ambiente mais salutar da província, se transferiu temporariamente para Grijó e posteriormente para Ovar, para casa de uma sua tia, Rosa Zagalo Gomes Coelho, que vivia no Largo dos Campos. E foi ainda esperançado numa cura de ares, que esteve duas vezes na ilha da Madeira, além de outras peregrinações que terá feito através do país. Simplesmente, o mal de Júlio Dinis não tinha cura. E com quase trinta e dois anos apenas, morria aquele que foi o mais «suave e terno romancista português, cronista de afectos puros, paixões simples, prosa limpa». De resto, essa terrível doença, que já havia vitimado a mãe, em 1845, foi a causa da morte de todos os seus oito irmãos.
O romance «As Pupilas do Senhor Reitor» foi publicado em 1867 em livro (depois de ter sido publicado em folhetins do Jornal do Porto em 1866)[2], tendo sido desde então várias vezes representado, cinematizado e televisionado sob a forma de adaptações . Um ano antes, tinha sido dado a público «Uma Família Inglesa» e, em 1870, veio a público «Serões da Província».[3]
No ano do seu falecimento, 1871 (com apenas 31 anos de idade), publicou-se o romance «Os Fidalgos da Casa Mourisca». Só depois da sua morte se publicaram «Inéditos» e «Esparsos», em dois volumes, assim como as suas «Poesias», dadas à estampa entre 1873 e 1874. Encontra-se sepultado num jazigo de família com o n.º 58, no cemitério privado da Ordem Terceira de S. Francisco, em Agramonte.
Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, tiradas, na sua maioria, de pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de tanta naturalidade que muitas delas nos são ainda hoje familiares. É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.
Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do optimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.
Além deste pseudónimo, Júlio Dinis usou também o de Diana de Aveleda, com que assinou pequenas narrativas ingénuas como «Os Novelos da Tia Filomena» e o «Espólio do Senhor Cipriano», publicados em 1862 e 1863, respectivamente. Foi com este pseudónimo que se iniciou nas andanças das letras, tendo, com ele, assinado também pequenas crónicas no Diário do Porto. Ao nível das publicações periódicas, também se encontram colaborações suas nas revistas Semana de Lisboa[4] (1893-1895) e Serões[5] (1901-1911).
A casa onde Júlio Dinis nasceu, foi demolida com a abertura da Rua Nova da Alfândega, e aquela onde morreu, deu lugar à construção de uma casa de espectáculos cinematográficos.
Obras de Júlio Dinis[editar | editar código-fonte]
- As Pupilas do Senhor Reitor (1866 em folhetim no Jornal do Porto e 1867 em livro)
- Uma Família Inglesa (1867 em folhetim no Jornal do Porto como Uma Família de Ingleses e 1868 em livro com o título final[6]) (eBook)
- A Morgadinha dos Canaviais (1868) (eBook)
- Serões da Província (1870)
- Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871) (eBook)
- Poesias (1873)
- Inéditos e Dispersos (1910)
- Teatro Inédito (1946-1947)
BIBLIOGRAFIA CRITICA SELECTA:
Liberto Cruz - Julio Dinis, uma biografia .Lisboa, Quetzal, 2002.
Carmen Matos Abreu - Julio Dinis, o romance portugues de raiz inglesa .Salvador, EDUFBA, 2015.
M.A.G. Arala Chaves - O Porto de Julio Dinis. Porto, Afrontamento, 2016.
Adaptações da obra[editar | editar código-fonte]
Adaptações cinematográficas[editar | editar código-fonte]
- 1921 - Os Fidalgos da Casa Mourisca - Realizado por Georges Pallu
- 1924 – As Pupilas do Senhor Reitor – Realizado por Maurice Mauriad – com Eduardo Brasão, Augusto Melo, Duarte Silva, Maria de Oliveira, Maria Helena e Arthur Duarte.
- 1935 – As Pupilas do Senhor Reitor – Realizado por Leitão de Barros – com Maria Paula, Paiva Raposo, Lino Ferreira, Maria Matose Leonor D'Eça.
- 1938 - Os Fidalgos da Casa Mourisca - Realizado por Arthur Duarte
- 1949 - A Morgadinha dos Canaviais - Realizado por Caeltano Bonucci e Amadeu Ferrari - com Eunice Muñoz
- 1961 – As Pupilas do Senhor Reitor – Realizado por Perdigão Queiroga – com Anselmo Duarte, Mansa Prado, Isabel de Castro, Raúl Solnado e António Silva.
Adaptações televisivas[editar | editar código-fonte]
- Os Fidalgos da Casa Mourisca foi adaptado para peça de teatro televisionada em 1964 pela RTP, com Nicolau Breyner e Ruy de Carvalho entre outros.
- Existem duas adaptações brasileiras para telenovela d' As Pupilas do Senhor Reitor, a primeira em 1970 e a segunda em 1994.
- Os Fidalgos da Casa Mourisca foi adaptado para a televisão brasileira em 1972.
- A Morgadinha dos Canaviais foi adaptado para uma minissérie da RTP em 1990.
- João Semana, minissérie da RTP que adapta As Pupilas do Senhor Reitor mas centra a história na personagem do médico João Semana, desloca a acção do Minho para o Douro Litoral e acrescenta pequenas participações do Zé do Telhado e de uma Maria da Fonte pós-revolucionária.
Homenagens[editar | editar código-fonte]
- 71 localidades de Portugal possuem uma ou mais artérias com o nome de Júlio Dinis.[7]
- Maternidade Júlio Dinis - Instituição hospitalar no Porto, dedicada à prestação de cuidados de saúde à mulher e à criança.
- Monumento, no Porto, sua cidade natal
- Escola Básica Júlio Dinis, Gondomar. - Escola inaugurada a 13 de novembro de 2015 com o intuito de preservar e homenagear o autor.
Referências
- ↑ «Projecto Vercial». Universidade do Minho
- ↑ As Pupilas do Senhor Reitor, Infopédia.pt
- ↑ «Portal São Francisco». Portalsaofrancisco.com.br
- ↑ A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio (1893-1895) cópia digital, Hemeroteca Digital
- ↑ Serões: revista semanal ilustrada (1901-1911) cópia digital, Hemeroteca Digital
- ↑ artigo Família Inglesa (Uma), in Biblos - Enciclopédia VERBO das Literaturas de Língua Portuguesa, volume 2,1997
- ↑ Código Postal. Dinis&pg=1 «Rua Júlio Dinis» Verifique valor
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(ajuda). Consultado em 12 de Junho de 2012.
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