sábado, 10 de novembro de 2018

ÁLVARO CUNHAL - NASCEU EM 1913 - 10 DE NOVEMBRO DE 2018

Álvaro Cunhal

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Álvaro Cunhal
Álvaro Cunhal
Secretário-geral do Partido Comunista Português
Período31 de março de 1961
5 de dezembro de 1992
Antecessor(a)Bento António Gonçalves
Sucessor(a)Carlos Carvalhas
Ministro(a) de Portugal Portugal
PeríodoIIIIII e IV Governos Provisórios
  • Ministro sem pasta
Dados pessoais
Nascimento10 de novembro de 1913
CoimbraPortugal
Morte13 de junho de 2005 (91 anos)
LisboaPortugal
CônjugeIsaura Moreira (1 filha)
PartidoPartido Comunista Português,
ProfissãoEscritor, pintor, político
Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra10 de Novembro de 1913 — Lisboa13 de Junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um opositor ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido: o Partido Comunista Português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Juventude[editar | editar código-fonte]

Álvaro Cunhal, comício do PCP/APU no Porto em Setembro de 1980[1]
Álvaro Cunhal e outros dirigentes comunistas no Porto, a 5 de Maio de 1982, presentes no desfile e funeral de dois manifestantes mortos pela polícia de choque na véspera do 1º de Maio.[1][2]
Álvaro Cunhal na República Democrática Alemã a 22 de Outubro de 1982.
Álvaro Cunhal nasceu em Coimbra, na freguesia da Sé Nova, filho de Avelino Henriques da Costa Cunhaladvogado e professor do ensino secundário, republicano e liberal, e de Mercedes Simões Ferreira Barreirinhas Cunhal, uma católica fervorosa.
Passou a infância em Seia, de onde o pai era natural. O pai retirou-o da escola primáriapor considerar o ensino público da altura algo deficiente. [3]
Aos 11 anos mudou-se com a família para Lisboa, onde frequentou o Liceu Camões. Daí seguiu para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde iniciaria a sua actividade revolucionária.
Em 1931, com 17 anos, filia-se no Partido Comunista Português e integra a Liga dos Amigos da URSS e o Socorro Vermelho Internacional. Em 1934 é eleito pelo núcleo comunista presente, representante dos estudantes no Senado da Universidade de Lisboa. Em 1935 chega a secretário-geral da Federação das Juventudes Comunistas. Em 1936, após uma visita à URSS, é indicado pelo PCUS para o Comité Central do PCP.
Ao longo da década de 1930, colaborou com vários jornais e revistas como a Seara Novae o O Diabo, e nas publicações clandestinas do PCP, o Avante e O Militante, com vários artigos de intervenção.
Em 1940, a cumprir pena de prisão pela segunda vez, Cunhal é escoltado pela polícia à Faculdade de Direito de Lisboa, onde apresenta a sua tese da licenciatura em Direito, sobre a temática do aborto e a sua despenalização, tema pouco vulgar para a época em questão. A sua tese, apesar do contexto político pouco favorável, foi classificada com 16 valores. Do júri fazia parte Marcello Caetano[4] [5]

Oposição à Ditadura[editar | editar código-fonte]

Devido aos seus ideais comunistas, à sua assumida e militante oposição ao Estado Novoe à acção violenta prepetrada por movimentos afectos ao partido, esteve preso em 19371940 e 1949-1960, num total de 15 anos, oito dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou, o que evidencia a sua coragem física. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare[6]Contando-se também os romances Cinco dias, cinco noites e Até amanhã camaradas, que editaria sob o pseudónimo de Manuel Tiago.
3 de Janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças à cumplicidade do próprio regime, a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão[7]
Em 1962 é enviado pelo PCUS para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da confiança que já nessa altura detinha no PCUS. Para tal não terá sido indiferente o ter-se mostrado um dos mais veementes apoiantes da sangrenta invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.
Entretanto, foi condecorado com a Ordem da Revolução de Outubro. pelo PCUS.

Após o 25 de Abril[editar | editar código-fonte]

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou de braço dado com Mário Soares, por Lisboa, por imposição de ambos os instigadores e apoiantes do golpe, o PCUS e os EUA.
Foi ministro sem pasta no IIIIII e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direcção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Em 1989 Álvaro Cunhal foi à URSS para ser operado a um aneurisma da aorta, sendo recebido em Moscovo por Mikhail Gorbatchov o qual o agraciou com a Ordem de Lenine.[8] Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de Junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral (a 15 de Junho), participaram mais de 250.000 pessoas[9]. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de Dezembro de 1960, a qual casou tendo dois filhos. Vive actualmente nos Estados Unidos.
Álvaro Cunhal ficou na memória como um comunista que nunca abdicou do seu ideal, tendo mantido sempre o mesmo discurso desde 1920.

Centenário do seu nascimento[editar | editar código-fonte]

No ano de 2013 comemorou-se os cem anos do nascimento de Álvaro Cunhal, através de iniciativas que percorreram a sua vida política, cultural e artística, bem como exposições em sua homenagem, relembrando a sua importância para a liberdade e a democracia conquistadas em Abril[10].

Obras[editar | editar código-fonte]

Colectâneas[editar | editar código-fonte]

  • Obras escolhidas. Lisboa, Editorial «Avante!»:
    • Volume I (1935-1947), 2007. ISBN 978-972-550-321-8.
    • Volume II (1947-1964), 2008.
    • Volume III (1964-1966), 2010.
    • Volume IV (1967-1974), 2013
    • Volume V (1974-1975), 2014
    • Volume VI (1976), 2015
      • Coordenação, prefácio e notas de Francisco Melo.
      • Texto do prefácio do primeiro volume da obra.

Intervenção política e ensaio[editar | editar código-fonte]

  • O Aborto: Causas e Soluções (tese apresentada em 1940 para exame no 5.º ano jurídico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa). Porto: Campo das Letras, 1997.
  • «Cinco Notas sobre Forma e Conteúdo», in Vértice n.º 131-132, agosto-setembro de 1954.
  • Rumo à Vitória: As Tarefas do Partido na Revolução Democrática e Nacional. Edições Avante!, 1964.
    • As duas primeiras edições da obra são clandestinas.
    • 3.ª ed., Porto: Edições "A Opinião", 1974.
    • 4.ª ed., Lisboa: Edições Avante!, 1979.
  • A Questão Agrária em Portugal. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968.
    • Reeditado após 1974 como Contribuição Para o Estudo da Questão Agrária. Lisboa: Edições Avante!, 2 vols., 1976.[1]
  • O Radicalismo Pequeno-Burguês de Fachada Socialista. Lisboa: Edições Avante!
    • As duas primeiras edições, em 1970 e 1971, foram clandestinas.
    • A 3.ª edição foi publicada em 1974.
  • A superioridade moral dos comunistas. Lisboa: Edições Avante!, 1974.
  • A Revolução Portuguesa: O Passado e o Futuro. Lisboa: Edições Avante!, 1976.
    • A 2.ª edição, de 1994, inclui o artigo A revolução portuguesa 20 anos depois.
  • As Lutas de Classes em Portugal nos Fins da Idade Média. Lisboa: Editorial Estampa, 2.ª edição, revista e aumentada, 1980.
  • O Partido com Paredes de Vidro. Lisboa: Edições Avante!, 1985.
  • Discursos Políticos
    • 22 volumes editados entre 1974 e 1987
  • Acção Revolucionária, Capitulações e Aventura. Lisboa: Edições Avante!, 1994.
  • A Arte, o Artista e a Sociedade, Lisboa: Editorial Caminho, 1996. ISBN 972-21-1068-3.
  • A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril: A Contra-Revolução Confessa-se. Lisboa: Edições Avante!, 1999. [2]

Literatura[editar | editar código-fonte]

Autor de vários romances e novelas, publicados sob o pseudónimo de Manuel Tiago.
  • Até Amanhã, Camaradas. Lisboa: Edições Avante!, 1974
    • Adaptado como série televisiva pela SIC.
  • Cinco Dias, Cinco Noites. Lisboa: Edições Avante!, 1975.
  • A Estrela de Seis Pontas. Lisboa: Edições Avante!, 1994.
  • A Casa de Eulália. Lisboa: Edições Avante!, 1997.
  • Fronteiras. Lisboa: Edições Avante!, 1998.
  • Um Risco na Areia. Lisboa: Edições Avante!, 2000.
  • Sala 3 e Outros Contos. Lisboa: Edições Avante!, 2001.
  • Os Corrécios e Outros Contos. Lisboa: Edições Avante!, 2002.
  • Lutas e vidas: Um Conto. Lisboa: Edições Avante!, 2003.

Artes Plásticas[editar | editar código-fonte]

Bancadelivros.jpg

Traduções[editar | editar código-fonte]

A primeira publicação desta tradução fez parte do volume inicial da colecção Obras de Shakespeare[11], que também incluía as peças Romeu e Julieta, traduzida por Luís Sousa Rebelo, e Sonho de uma Noite de Verão, traduzida por Maria da Saudade Cortesão.
A tradução foi realizada entre 1953 e 1955, quando Álvaro Cunhal se encontrava detido na cadeia de Lisboa[12] A publicação foi feita sob o pseudónimo de Maria Manuela Serpa[13]

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