quarta-feira, 31 de outubro de 2018

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Ricardo Costa
RICARDO COSTA
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A visita de Bolsonaro ao pastor Silas
31 de Outubro de 2018
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Silas Malafaia celebrou o casamento de Jair Bolsonaro com Michele em 2013. Eram amigos, mas em 2017 zangaram-se porque o pastor foi indiciado por lavagem de dinheiro. Em toda a pré-campanha eleitoral, Silas apoiou outro candidato, mas acabou a reaproximar-se de Bolsonaro.

Ontem recebeu a visita do Presidente eleito na sua Assembleia de Deus Vitória em Cristo, na zona Norte do Rio. A participação neste culto evangélico foi seguida por todos os jornais brasileiros com enorme atenção. Há agora uma análise quase milimétrica aos discursos de Bolsonaro. A semiótica bolsonarista está em alta.

A melhor frase de ontem é esta: “Não sou o mais capacitado, mas Deus capacita os escolhidos”. Podia ser uma frase mortal em muitos países, mas dita num culto evangélico e no Brasil é coisa pensada e certeira, para os fiéis e não só. Sim, eu Presidente eleito não serei o mais qualificado para o Palácio do Planalto, mas sim, Deus tratará de me ajudar, como vos ajuda a vocês.

Depois, o versículo que cruzou toda a campanha. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Num país esmagado pela corrupção, pelo crime, pelos processos judiciais, a verdade assume um valor quase ontológico: “o povo precisa saber a verdade, e a verdade dói”.

Houve um momento de humor, claro: “Também achei que pirei naquele momento (decisão de concorrer ao Palácio do Planalto)”. Risadas na sala.

A palavra “mito” foi a mais gritada na sala. O grito “mito!” já era o mais ouvido nos comícios de Bolsonaro. O mito foi eleito e toma posse em janeiro.

O discurso do futuro Presidente está a mudar lentamente. Pelo menos o discurso público – nos que faz nas redes sociais para as bases mais aguerridas, a retórica é pouco alterada – as palavras liberdade e verdade aparecem cada vez mais. A revista Piauí – talvez a mais bem escrita de todo o Brasil – faz uma análise detalhada dos discursos e de como as palavras vão ganhando ou perdendo peso.

Folha, O Globo, Estadão, Veja. Os jornais e revistas de que mais gosto relatam a ressaca das eleições, os convites para o governo, os ajustes de conta à esquerda, as críticas violentas ao PT, os restos mortais do centro e do centro-direita.

O novo normal brasileiro não é o melhor dos despertares mas o dia anuncia-se cinzento e de chuva. Pode ser que o meu próximo Expresso Curto calhe num dia de Sol. Vamos ao resto, versão rápida, que me alonguei no país irmão.

OUTRAS NOTÍCIAS
Já disse, hoje vai estar mau tempo (bom para a agricultura e para as barragens, mas isso é outra conversa). Europa fora, a “coisa” está pior. Chove que se farta e Veneza é hoje um dos sítios mais fotografados do dia, mas porque há água a galgar degraus nunca alcançados e a subir joelhos e cintura acima de turistas que foram à procura de água, mas levaram com ela em dobro ou em triplo. Na Sereníssima os turistas estão com água pela barba.

Não é um bom dia para que não haja comboios, mas as greves não obedecem ao boletim meteorológico e a trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) cumprem hoje um dia de paragem, depois de não terem chegado a acordo com o Governo, numa reunião que teve lugar ontem.

A greve é da IP mas a CP fica condicionada. A empresa já alertou para "fortes perturbações na circulação" devido à greve na IP, face à previsão de "supressões de comboios a nível nacional em todos os serviços".

O JN faz manchete com uma notícia que vai fazer correr rios de tinta. Centenas de casas junto ao mar vão ser demolidas, é pelo menos o que pede a Agência Portuguesa de Ambiente. O novo Plano da Orla Costeira prevê derrubes em 14 núcleos habitacionais de Viana, Esposende, Póvoa, Vila do Conde, Matosinhos, Gaia e Espinho. O caso mais mediático deta lista negra é o chamado Edifício Transparente, junto ao Parque da Cidade do Porto.

Na lista figuram 34 edifícios (muitos de restauração) e centenas de casas de 14 núcleos habitacionais que a APA pretende eliminar da costa entre Caminha e Espinho.

No DN há uma notícia que só deixará espantados os mais distraídos. A Entidade Reguladora da Saúde divulgou os resultados oficiais da avaliação dos hospitais e três Hospitais PPP (serviços do Estado geridos por provados) estão em primeiro lugar.
O Hospital de Braga é o primeiro classificado, Cascais o segundo e Vila Franca o terceiro. Estas avaliações merecem sempre alguma discussão e precisam de ser vistas com detalhe, mas repetem-se ano após ano. A um ano de legislativas vão ser seguramente tema de debate.

Três quartos dos portugueses temem falta de rendimentos na velhice. O título é de uma notícia do Expresso e parece um murro no estômago. O texto começa assim: “Os portugueses temem ter de enfrentar a velhice sem rendimentos capazes de lhes assegurar uma vida digna e com condições mínimas de conforto. Este é um dos resultados do relatório agora publicado pelo Eurofound 2018, uma estrutura da União Europeia, intitulado “Social Insecurities and resilience”, resultante de um inquérito feito em 2016 nos 28 Estados-membros.

Segundo Expresso, os gregos são os mais preocupados com a velhice, seguidos de Espanha e Portugal, com níveis de receio muito similares. Austríacos, suecos e dinamarqueses são os menos amedrontados, com uma taxa de preocupação a oscilar entre os 36% da Áustria e os 23% da Dinamarca.

No topo da lista os números chegam a um máximo de 88%, para as mulheres gregas, e 75% para as espanholas e portuguesas. São dados que dão que pensar.

FRASES
Não sou o mais capacitado, mas Deus capacita os escolhidos”. Jair Bolsonaro, Presidente eleito do Brasil, durante um culto na Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia

"Se for provada corrupção no Benfica, demito-me na hora". Luís Filipe Vieira, Presidente do Benfica, em entrevista à TVI

O diabo não veio em 16, não veio em 17, não veio em 18 e não tem encontro marcado para 2019”. António Costa, primeiro-ministro, no debate do Orçamento do Estado

O QUE EU ANDO A LER
Recomendo vivamente um artigo de Martin Wolf publicado no Financial Times na véspera da eleição de Jair Bolsonaro. Wolf é um dos principais colunistas do jornal e ocupou o destaque da secção de livros do caderno Life & Arts do jornal britânico deste sábado.

O artigo chama-se The Price of Populism (O preço do populismo) e faz uma leitura crítica de três livros que estudam as ligações entre a economia, o sentimento contra as elites e o apoio a movimentos ou figuras populistas que estão a por em causa as democracias liberais e a globalização um pouco por todo o lado.

O artigo não é otimista, bem pelo contrário, mas é muito bom. Martin Wolf não tem dúvidas em afirmar que se o despotismo arbitrário passar a ser uma espécie de norma nacional, a chamada ordem liberal internacional pura e simplesmente acabará por colapsar. Ou seja, o mundo que conhecemos ficará rapidamente muito diferente.

Não será já tarde de mais para evitar um desastre coletivo? Como sabemos, no séc. XX surgiram políticos e novas políticas públicas, mas apenas depois de enormes desastres. É essa recordação que o (nos) faz ficar pessimistas enquanto vemos estes movimentos globais crescerem e a capacidade de resposta a ser cada vez menos eficaz.

Por fim, uma sugestão (quase uma obrigação) para sexta-feira, dia 2: a Netflix vai estrear um dos mais falados filmes inacabados de sempreO outro lado do vento, de Orson Welles é finalmente exibido depois de décadas de espera e de um imenso rol de dificuldades em terminar esta empreitada cinematográfica.

Ninguém estará à espera de um filme brilhante, mas não há nada de Orson Welles que não mereça ser visto e revisto. O Outro Lado do Vento é protagonizado por John Huston, Peter Bogdanovich, Dennis Hopper e Oja Kodar e é uma reflexão sobre o fim da produção clássica de cinema.

Nem nos seus sonhos mais delirantes, Orson Welles iria imaginar que um filme rodado na década de 70 e sobre aquele tema acabaria a ser acabado e distribuído por uma coisa chamada Netfilx. É uma ironia que Welles assinalaria com uma boa refeição e uma enorme gargalhada. Resta-nos homenageá-lo.

O Expresso Curto fica por aqui. Tenha um ótimo dia.
 
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