sexta-feira, 26 de outubro de 2018

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Miguel Cadete
MIGUEL CADETE
DIRETOR-ADJUNTO
 
A greve é geral mas é breve
26 de Outubro de 2018
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economia cresce a dois por cento, o que não é extraordinário mas é bom, o défice tem tendência a desaparecer, o que é extraordinário e bom, e ainda gostamos de nos ocupar com os problemas do recente boom do turismo (em Lisboa, a Câmara aprovou restrições ao alojamento local). Ainda assim, há sinais preocupantes na coisa pública.

Hoje é dia de greve geral, o que quer dizer que muitos dos serviços públicos vão estar fechados ou a funcionar pior. A Fenprof diz que estarão encerradas milhares de escolasantevendo “um dia sem aulas neste país”. Mas não só.

A greve da função pública, destinada a pressionar o Governo para incluir aumentos salariais ainda neste Orçamento do Estado visa, concretamente descongelar os salários que não medram desde 2009. No “Público”, porém, faz-se outra contabilidade: houve mais greves durante o Governo Costa do que com Passos”. Ainda assim, assustam muito menos.

Prepare-se então: hospitais e atos médicos, finanças e tesourarias, tribunais e justiça estarão debilitados durante uma greve que começou à meia noite e que viu juntarem-se CGTP e UGT. Na TSF, conta-se que há mais de duas dezenas de hospitais com uma adesão à greve entre 60% e 100%. No turno da noite apenas estiveram disponíveis os serviços mínimos. A recolha de lixo também já foi afetada. Em Lisboa, dos 120 circuitos habituais só se realizaram 21. Mas em localidades como Évora, Seixal, Setúbal, Moita e Palmela, segundo os sindicatos, não houve qualquer recolha. Os hospitais com maior adesão em Lisboa são os de São Francisco Xavier, São José, Estefânia e IPO.

Os sindicatos queixam-se da falta de propostas do governo liderado por António Costa que enfrenta hoje a primeira greve geral do seu mandato. Arménio Carlos, da CGTP, diz que só há 50 milhões para aumentos salariais mas que o valor de mais uma ajuda ao Novo Banco já é de 400 milhões de euros. Entretanto, foi anunciada uma manifestação nacionalcom trabalhadores do sector público e privado, para 19 de novembro.

As polícias manifestaram-se ontem diante da Assembleia da República, num protesto que voltou a gerar momentos de tensão, como outros noutros tempos. Os ânimos exaltaram-se e as forças de segurança derrubaram as grades. Também reivindicam o descongelamento de carreiras. Mas antes das dez da noite os cerca de cinco mil manifestantes já haviam desmobilizado.

Talvez porque, como explica Cátia Mateus no Expresso Diário, o número de funcionários públicos com mais de 65 anos são em número maior. Na verdade, duplicaram nos últimos oito anos.

E, claro, teremos sempre Tancos, o mais conhecido ataque à segurança nacional. Rui Rio, líder da oposição, já admite que o primeiro-ministro sabia da encenação. E Marco António, também do PSD e da Comissão parlamentar de Defesa, quer ver a “real dimensão do complô”.

Esclarecido o aparecimento, só falta saber do desaparecimento do material militar. No “Diário de Notícias” lê-se que as listas da PGR confirmam existir mais material de guerra ainda desparecido: “além das munições, 30 cargas de explosivos, três granadas ofensivas, duas granadas de gás lacrimogéneo e um disparador de descompressão foram roubados dos paióis e não foram devolvidos”. Uma história congelada desde junho de 2017. O Presidente da República avisou, depois de uma visita ao DCIAP que “quem tem de cortar, corta a direito a todos os níveis”. O ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, quer prestar depoimentos mas DCIAP não o quer ouvir para já.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS
Sporting perde com Arsenal. 
A equipa de Alvalade perdeu ontem os primeiros pontos na presente edição da Liga Europa. Em casa, contra um histórico do futebol inglês, fez pouco para ganhar. Jogou para o empate. E perdeu. Um corte falhado do defesa-central Sebastian Coates entregou os três pontos aos 77 minutos de jogo mas a ausência de futebol envolvente verificou-se durante os 90 minutos. Na Tribuna pode ler tudo e mais alguma coisa sobre o jogo.

Haddad recupera nas sondagens. O candidato da esquerda brasileira recuperou seis pontos nas últimas sondagens. O estudo da Datafolha ontem divulgado dá 56% a Bolsonaro e 44% a Haddad.

Robert de Niro também recebeu pacote com explosivos. O ator, tal como o antigo vice-Presidente Joe Biden, foram as últimas pessoas a receber as misteriosas encomendas com explosivos endereçadas a democratas e críticos de Trump que, porém, têm sido intercetadas. O FBI sabe que muitas delas têm foram enviadas a partir da Florida.

Reino Unido, França e Espanha lideram a exportação de armas para a Arábia Saudita. O embargo proposto pela Alemanha, na sequência do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, terá pouco ou nenhum efeito se os EUA e a Inglaterra não aderirem. Trump evita o assunto para não afetar as relações com o segundo maior importador de armamento do mundo, a seguir à Índia.

Presidente do Turismo do Norte em prisão preventiva. Um jantar de 1350 euros, durante a Fitur, em Madrid, levou Melchior Moreira à cadeia por suspeitas de corrupção.

Faltam pagar 107 milhões dos estádios do Euro. É a manchete do “Jornal de Notícias”, que nota ainda ser Leiria a autarquia mais endividada. Em Braga, o custo foi seis vezes maior do que aquele previsto há 14 anos.



FRASES

“Eu já fui agredido”. Cartaz na manifestação de polícias em frente da Assembleia da República

“Bolsonaro não é como Trump. É como Duterte, nas Filipinas, ou Erdogan, na Turquia”Marcos Nobre, filósofo, ao Expresso

“O que Roma e Bruxelas estão a jogar é perigoso. Para ambos os lados. Para todos nós. Itália não é a Grécia. Qualquer passo em falso pode trazer a crise em força de volta à zona euro”João Silvestre, jornalista, no Expresso

“Fiquei um ano sem comprar roupa”.Catarina Albuquerque, Presidente da iniciativa da ONU “Água e Saneamento para Todos”, ao “Jornal de Negócios”.

“Quando estamos a ter sucesso é que isto acontece”Maria Leal, cantora, ao jornal “i”



O QUE ANDO A LER

Christopher Andrew
, um jornalista que é considerado o historiador por excelência do MI5, deu à estampa grande parte da informação daquele que é conhecido como o Arquivo Mitrokhine – um acervo gigantesco que um membro do KGB transcreveu depois de se ter passado para o Ocidente. Nos dois volumes publicados, e esgotados na tradução portuguesa, faltava porém muita informação respeitante a Portugal, entretanto publicada na Revista do Expresso, em março de 2016, num trabalho de investigação de Paulo Anunciação que deitava luz sobre a rede de espionagem da União Soviética em Portugal e nas ex-colónias.

Professor emérito em Cambridge e considerado o “decano dos cronistas da espionagem”, Andrew regressa com “O Mundo Secreto – uma história da espionagem” (Dom Quixote, 766 páginas)para passar em revista os espiões que vêm dos tempos bíblicos até ao período das grandes potências, isto é, a conturbada época de 1890 a 1909.

A história deste mundo secreto de Christopher Andrew não deixa de fora os mais distintos espiões de todos os tempos – os russos desde há muito que demonstraram grande categoria na arte – mas, por estes dias, serve também para perceber que se tratava de gente que não se contentava em produzir notícias mas com factos.

Passo a citar, de maneira a poder comparar com pacotes eventualmente explosivos: “O número total de vítimas da ‘idade de ouro do assassinato’ foi relativamente modesto pelos padrões do terrorismo do século XXI. Entre 1880 e 1914, foram mortas cerca de 150 pessoas, e menos de 500 sofreram ferimentos. Entre os que foram assassinados, porém, contava-se um número inédito – e ainda não igualado – de chefes de Estado e de governo, nomeadamente, o czar Alexandre II da Rússia (1881), a imperatriz Isabel da Áustria (1898), o rei Umberto I de Itália (1900), o rei Carlos I de Portugal e seu herdeiro (1908), o rei Jorge I da Grécia (1913), o presidente Sadi Carnot de França (1894), o presidente William McKinley dos Estados Unidos (1901), e os primeiros-ministros Antonio Cánovas del Castillo de Espanha (1897) e Pyotr Stolypin da Rússia (1911). Muitos outros, ainda, escaparam por pouco”.

Tenha um bom dia. O mundo não está assim tão perigoso.
 
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