quinta-feira, 30 de agosto de 2018

EXPRESSO

Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto
Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a
SUGERIR SUBSCRIÇÃO
Miguel Cadete
MIGUEL CADETE
DIRETOR-ADJUNTO
 
A vitória do Benfica, a decadência do futebol português e o pesadelo do populismo
30 de Agosto de 2018
FacebookTwitter
 
 
Benfica venceu ontem, em Salónica, o PAOKe garantiu o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Uma façanha que, afinal, repetiu nas últimas nove épocas o que só foi alcançado por mais três clubes: Real MadridBarcelona e Bayern de Munique.

Talvez mais importante do que isso, nunca um único jogo disputado por uma equipa portuguesa fez entrar tanto dinheiro nos seus cofres: a chegada à fase de grupos tem um prémio de 42,9 milhões de euros, mercê das novas regras da UEFA, que a partir desta temporada “oferece” 2,7 milhões por cada vitória. O FC Porto, que entrou diretamente para essa mesma fase de grupos por ser campeão e sem necessitar de jogar playoffs, também já angariou mais de 40 milhões.

Ambos conhecem hoje os seus adversários, durante um sorteio que se realizará a partir das 17 horas e que vai ditar o regresso das maiores equipas da Europa aos estádios portugueses. O alinhamento das equipas por potes pode, naquele que seria o cenário mais extremado, fazer com que ou o Benfica ou o FC Porto, ficassem no mesmo grupo de Real MadridLiverpool e Inter de Milão. Um fartote para os adeptos que gostam de bom futebol ou que têm afición pelos clubes com mais e maior história.

Esta conquista do futebol português esconde, no entanto, a lenta mas continuada deterioração da participação das equipas portuguesas nas competições da UEFA. Longe vai o tempo em que Portugal estava em sexto lugar no ranking de clubes e dois clubes eram apurados automaticamente para a Liga dos Campeões. As equipas da Rússia ocupam agora essa posição e desde 2012/2013 têm conseguido sempre uma melhor prestação que as portuguesas. Nos últimos anos, Bélgica e Ucrânia têm-se aproximado perigosamente de Portugal o que dá uma boa ideia da cada vez menor relevância das equipas portuguesas nos torneios por clubes da UEFA. Lembre-se que na época passada, o Benfica não somou qualquer ponto nos seis jogos que disputou na fase de grupos da Liga dos Campeões.

Se a prestação desportiva tem sido de menor qualidade, também não se prevê que este ano o mercado de transferências – que fecha sexta-feira – chegue aos níveis de aquecimento registados em 2017 quando Portugal foi dos países que mais valor arrecadou pela venda de jogadores para o estrangeiro. Sem grandes vendas nem grandes compras, prevê-se também a deterioração da qualidade desportiva e financeira dos clubes portugueses, não se augurando que a formação seja capaz de marcar a diferença.

A par desta deterioração financeira e desportiva dos clubes portugueses revela-se a cada vez maior audiência de programas de TVdedicados ao futebol, de que o Expresso já dava conta em 2015. As plataformas digitais não impediram um fenómenos que faz com que os sites dos jornais desportivos se encontrem entre os que têm mais visitasentre todos os títulos de imprensa. A importância que os portugueses dão ao futebol também pode ser aferida pela pay TV ou por novos serviços de streaming como o da Eleven que recentemente chegaram ao mercado“e que não fará baixar os preços da Sport TV”. Afinal, os jogos de futebol, dos clubes e da Seleção, ocupam a esmagadora maioria dos lugares da tabela dos dez programas de TV mais vistos. Todos os anos.

Não espanta, por isso, que o fenómeno do populismo não tenha chegado a Portugal através de algum político que faça parte de um pequeno (ou grande) partido mais ou menos folclórico. O maior caso de populismo português surgiu num clube de futebol e dá pelo nome de Bruno de Carvalho.

Quando falta pouco mais de uma semana para as eleições em que vai ser conhecido o novo presidente do Sporting, vale a pena perceber que Bruno de Carvalho só não se mantém na liderança por não ter conquistado qualquer título importante ao longo de cinco anos. A sua remoção não sucede por ter usado estatutos clandestinos, por não se ter demarcado das agressões em Alcochete ou pela forma como destruiu valor.

Por isso é importante ler os textos de Rui Santos e a entrevista a Vasco Pulido Valente na próxima Revista do Expresso onde está desenhado com perfeição o retrato de um líder populista, à semelhança de HitlerMussolini ou Perón a quem não restava outra saída senão destruir o Sporting. Ou como os sete candidatos à presidência do Sporting estão a prazo e o ex-presidente só pode ter de esperar pelo insucesso desportivo para regressar.

Em simultâneo, prossegue o caso da e-toupeira, em que a SAD do Benfica é arguida num processo em que se investiga a presença de informadores nos órgãos de justiça portuguesa. O futebol pode tudo contra a democracia porque uma vitória é mais importante que o mais.

 
publicidade
Publicidade
OUTRAS NOTÍCIAS

Preços das casas continuam a subir. A banca subiu a avaliação do preço do metro quadrado pela 16ª vez consecutiva. A média nacional está nos 1180 euros, muito longe dos preços estrambólicos que se registam em Lisboa, Porto, Cascais e Algarve. A subida, em termos homólogos, é de 6,5%. Mas a festa no imobiliário pode estar a acabar. Saiba tudo neste artigo do Expresso Diário, acerca de uma questão que hoje também é chamada à primeira página do “Correio da Manhã”, do “Diário de Notícias” (casa a subir mais de 40% em Odivelas, Oeiras, Almada e Amadora) e do “Jornal de Negócios” (preços das casas no Porto cresce duas vezes mais do que em Lisboa).

Fim do abate de animais causa controvérsia. A entrevista ao Bastonário da Ordem dos Veterinários torna evidentes as dificuldades em cumprir a nova legislação que impede o abate de animais. Jorge Cid faz contas: a adoção de animais junto dos canis não é mais do que um terço do total de animais recolhidos nas ruas. E a “verba para construção de centros de recolha de animais é insuficiente. São trocos”. Os bichos acumulam-se em condições inaceitáveis.

Argentina pede mais ajuda ao FMI. A cada década que passa há uma crise grave na Argentina, a terceira maior economia da América do Sul. Ontem, o presidente Macri pediu um novo adiantamento para acalmar o mercado devido “à falta de confiança” no cumprimento das metas para 2019. Um artigo no “Financial Times” demonstrava a impossibilidade do país cumprir as metas estabelecidas.

U2 pela Europa. A digressão europeia dos U2 tem início amanhã em Berlim. Passa por Lisboa nos dias 16 e 17 de setembro e está a gerar alguma controvérsia. Em texto publicado no diário alemão “Frankfurter Allgemeine” defendeu valores liberais e anunciou que, durante os próximos concertos, os U2 vão desfraldar uma enorme bandeira da União Europeia. Alguma imprensa do Reino Unido de teor sensacionalista e apoiante do Brexit, deu eco ao assunto. Nigel Evans do Partido Conservador, aconselhou Bono a doar aquilo que poupou em impostos às “vítimas das políticas da União Europeia”.

Brasil continua a enviar tropas para a fronteira da Venezuela. Michel temer decretou o envio de forças armadas para a fronteira, a norte, no Estado de Roraima, com a Venezuela de forma a evitar conflitos xenófobos contra migrantes venezuelanos.

Apple a Amazon registam a maior cotação de sempre. As gigantes tecnológicas registaram ontem em Wall Street a maior cotação de sempre, contribuindo para subidas consistentes nos índices S&P 500 e no NASDAQ. A Apple chegou aos 223,23 dólares, registando uma subida de 1,5%, enquanto a Amazon cresceu 3% para os 1997,34 dólares. A Alphabet, empresa-mãe da Google também registou um crescimento, na sessão de ontem, de 1,5%.

Suécia aleta para o surgimento de contas falas no Twitter. Uma agência governamental sueca anunciou ter detetado um anómalo crescimento de contas no Twitter quando falta pouco mais de uma semana para as eleições. Entre julho e agosto, as contas associadas ao Democratas Suecos, o partido populista contra a imigração terão duplicado. A agência, que está na dependência do Ministério da Defesa, sublinhou que 40% desses bots eram afetos a esse partido. As autoridades dizem estar preparadas para a disrupção do ato eleitoral por parte de hackers russo.



FRASES

“A subida generalizada dos preços da habitação (…) provoca um empobrecimento de quem não é proprietário”João Vieira Pereira, diretor-adjunto do Expresso, no Expresso Diário

“Quem andou a subtrair os 43 milhões agora que os some”Rui Vitória, treinador do Benfica, apõs o jogo de ontem

“Por que razão as inacreditáveis medidas de ‘offshore´para reformados não tiveram praticamente palavras de condenação? Por que motivo achamos que podemos ganhar dinheiro de qualquer maneira?”. Henrique Monteiro, jornalista, no Expresso Diário

“Não estou para aí virado”. António Capucho, em entrevista ao jornal “i”, sobre o seu regresso ao PSD



O QUE ANDO A LER

Não há texto sobre a região de Puglia que não comece por esclarecer que se trata do pedaço de terra que compõe o tacão da bota que nos mapas conhecemos como sendo a Itália. A questão é que, até há bem pouco tempo, Puglia era uma região desconhecida em termos turísticos. Longe do glamour de Capri ou mesmo da Sardenha, sem o apelo da costa amalfitana e de outras paragens consideradas paradisíacas, Puglia era só mais uma região pobre de Itália sem a canalhice que se atribui à Sicília.

Esse alheamento não é de hoje. Em “Old Puglia – a cultural companion to south-eastern Italy” ( 2016, BookHaus), Desmond Seward e Susan Mountgarret relembram que aquele pedaço de terra esteve sempre longe de fazer parte do Grand Tour e que nem as costas do Adriático ou do Mar Jónico foram capazes de atrair visitantes de nomeada. São escassos os relatos de viajantes estrangeiros – ao contrário do que sucede, por exemplo, com Portugal – que se dedicaram a descrever o que por ali existia. Mas existe uma meia dúzia de aventureiros, comerciantes ou diplomatas que desde o século XVII pisaram aquele chão e passaram a papel as suas visões, memórias ou aflições.

O que este casal de britânicos se entreve a coligir para deleite de algum turista acidental foram esses escritos, deitando mão a um estilo narrativo que obedece ao rigor histórico mas também a uma capacidade narrativa exemplar. Ressalta, claro, a constatação de que a paisagem e o património da região, cujas cidades maiores são Bari e Lecce, se mantém praticamente intocado. Isso é notório nos extensos, e quase que aposto milenares, olivais mas também na arquitetura capaz de fazer de Lecce uma das mais patuscas, pitorescas e ternas cidades do sul da Europa.

O fantasma do turismo já ronda as pequenas e alvas localidades como Alberobello, conhecida internacionalmente pelos trulli que foram nomeados património da humanidade ou lá o que é, e Gallipoli. Outras como Monopoli ou Polignano a Mare começam a sentir o mesmo, ainda que na última se possa comer algum do melhor peixe e marisco que já degluti.

Junto com Otranto, onde no chão da basílica se encontra um enorme e enigmático mosaico com uma Árvore da Vida e em Tre Case, onde a atriz Helen Mirren abriu um bar, ou mesmo Ostundi, criam uma região que não deve ser apenas conhecida pela mozarela e pela burrata. A língua e os dialectos, como se verifica de Nápoles para baixo, vão mudando como aqui em Portugal não conseguimos perceber. O que nos põe de par é talvez outra coisa. E essa coisa pode ser apenas a forma amigável como se recebe qualquer estrangeiro. Por também sermos pobres?

Por hoje é tudo. Acompanhe toda a informação atualizada no Expresso Online. O resultado do sorteio da Liga dos Campeões e da Liga Europa é conhecido em direto no site da Tribuna. Saiba quais os 12 melhores concertos que aí vêm no site da Blitz. Logo mais há Expresso Diário. Tenha um bom dia.
 
Gostou do Expresso Curto de hoje?
SUGERIR SUBSCRIÇÃO

Sem comentários:

Enviar um comentário

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue