sexta-feira, 10 de agosto de 2018

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Cristina Peres
CRISTINA PERES
JORNALISTA DE INTERNACIONAL
 
Se não se falasse do tempo não haveria conversa neste verão
8 de Agosto de 2018
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Os incêndios ocupam as primeiras páginas dos jornais desta quarta-feira analisando o que falha e já falhou antes no combate aos fogos que consomem parcialmente o Algarve. Ontem foi mais um dia de emergência em Monchique.Aqui se conta como é que se sobrevive no terreno quando o humor é o único elemento que permite controlar o cansaço em tempo de salvar pessoas e defender casas. Repetem-se erros do passado, porquê? Ao final do dia de ontem falhavam as redes telefónicas fixas e móveis e o autarca apelava para que fossem repostas a bem das populações isoladas. A PSP garante que não há qualquer situação de caos no atendimento da linha 112 e adianta que a gestão do número de operadores “tem sido adequada”. Vão chegar bombeiros espanhóis visto que o fogo no distrito de Faro entra hoje no sexto dia de atividade. Há mais bombeiros e meios aéreos no terreno desde o início da manhã de terça-feira já que o vento dificulta o combate às chamas, escreve o Público. O incêndio está sob investigação do Ministério Público e da PJ para determinar causas e eventual enquadramento legal. Dezenas de militares do Grupo de Intervenção de Prevenção e Socorro, a força da Guarda especializada no combate aos incêndios, tiveram de descansar no chão de um pavilhão, condições às quais a GNR chamou “as necessárias e possíveis”.
Se não se falasse do tempo, neste verão não haveria conversa. Não se mencionariam incêndios, nem vítimas da canícula (nove mortos em Espanha), não haveria palavra sobre as alterações climáticas nem um comentário sobre a indústria das férias. Os incêndios não são exclusivos de Portugal, uma constatação que não serve para tirar nem acrescentar densidade dramática a uma realidade que parece apanhar de surpresa cada vez mais pessoas. Na Grécia, substituíram-se os chefes da polícia e dos bombeiros pelos seus números dois e quem ficou com mortos a lamentar ou simplesmente sem casa ainda estará a tentar descobrir como metabolizar o que se passou em Mati. Nos Estados Unidos, a extensão de terra afetada pelos incêndios na Califórnia bateu todos os recordes desde que há registos e o PR culpa a política ambiental. Milhares e milhares de hectares ardem descontroladamente em oito frentes e só há uma certeza: vai arder pelo menos até ao final de agosto, apesar de milhares de bombeiros em ação. E o que parece ser comum às análises de todos estes fogos ativos por aí é o descontrolo, a descoordenação, o desconsolo, o desespero.
Um estudo defende que o efeito dominó das alterações climáticas poderá levar a humanidade à extinção ainda este século e “nem tem uma porra de um destaque no Guardian!”. Este é, de longe, o assunto político mais importante em todo o mundo, que afetará o planeta nos séculos que aí vêm. E? Basta observar o que os cientistas conseguem prever para se tornar imaginável o pior, como aqui se esboça: como vai ser quando a Terra se transformar numa estufa?
 
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OUTRAS NOTÍCIAS
Saúde em baixa. o bastonário da Ordem dos Médicos diz que não é possível assistir melhor a população sem aumentar o capital humano. Miguel Guimarães foi assistir à crise em direto no Amadora-Sintra e falou ao Expresso: “Ouvi todas as pessoas e posso afirmar que estão numa situação de crise completa”. Quase 10% das vagas para recrutar médicos ficaram vazias no concurso que tinha entre os seus objetivos recrutar médicos fora do SNS.

PSD. “A saída de Santana Lopes do partido e o desafio de Pedro Duarte a Rui Rio são vistos como fenómenos irrelevantes e inconsequentes pelo ciclo mais próximo do líder do PSD. Dissidências são disparates de verão, dizem”, lê-se no Expresso Diário.

Brexit ou não Brexit, eis a questão. Contrariando a silly season, o Reino Unido está (proporcionalmente) em burnout com as condições e negociações de saída da União Europeia. O ministro da Defesa britânic, Gavin Williamson, garante que o seu país será sempre um poder militar de primeira água, explica a Reuters. Mas o que é certo é que a primeira-ministra, Theresa May, tem menos de oito meses para negociar o acordo de saída, conseguir vendê-lo aos conservadores e obter ainda a aprovação parlamentar. Para avaliar o grau de stress aqui fica a agenda.

Sanções. Desde a tarde de ontem que o Irão voltou oficialmente a estar sujeito às sanções impostas pelos Estados Unidos. Washington voltou ao “armamento psicológico” que vai prejudicar o iraniano comum mais do que ninguém, assim o exprimiu o Presidente Hassan Ruhani. A União Europeia e restantes signatários do acordo nuclear abandonado pela presidência americana querem manter as relações com Teerão. Federica Mogherini, a chefe da diplomacia da UE28, deu ordem para intensificar as relações comerciais com o Irão apesar da entrada em vigor das sanções. A UE entra assim em rota de colisão com os EUA, que aplicaram a versão mais dura de sempre: quem quer que negoceie com o Irão não negociará com os EUARuhani deixou bem claro à televisão estatal iraniana não ter intenção de negociar um novo acordo com Washington. A opinião de Afua Hirsch: as sanções são moralmente condenáveis e não vão funcionar. A opinião de Teresa de Sousa.

Zimbabwe conseguiu ter as eleições de 30 de julho consideradas as primeiras“harmoniosas” refletindo uma organização “livre”, “pacífica” e “profissional”, com “maturidade política” e “tolerância” sublinhadas. A proeza é que o relatório, que é hoje apresentado na capital, Harare, assim classificou o primeiro voto nacional no Zimbabwe pós-independência, sem Robert Mugabe como candidato, pôs de acordo a União Africana, a COMESA, a SEOM e a SADEC, escreve o “The Southern Times”. O novo Presidente, Emmerson Mnangagwa, toma posse no próximo domingo 12 já tem o apoio oficial das chefias de Estado da África do Sul, Burundi, Tanzânia e Quénia. Entretanto, há 27 membros do partido derrotado, o MDC, que foram presos na semana passada acusados de incitamento à violência. Tafi Mhaka defende na Al-Jazeera que os fatores que levaram à vitória de Mnangagwa implicam um futuro cinzento para a democracia.

Sexismo. Uma escola médica de Tóquio admitiu adulterar as classificações dos candidatos favorecendo os homens. O ato radica na crença de que as mulheres abandonam a profissão. Crença e prática merecem ambas um bom tratamento. Agora é tempo de vénias e perdões. E contabilizar o estrago? E compensá-lo?

Vários atos oficiais marcaram ontem o 20º aniversário dos ataques combinados da Al-Qaeda às embaixadas dos Estados Unidos em Nairobi, no Quénia e em Dar Es Salam, na Tanzânia que mataram 224 pessoas e feriram mais de 5000, na sua maioria africanas. As explosões de 7 de agosto de 1998 marcaram a emergência da Al-Qaeda como força mortal no mundo, escreve a Al-Jazeera num artigo que fala das feridas por sarar.

Benfica. Ao vencer o Fenerbahçe por um golo, em casa, o clube lisboeta conquista uma importante vantagem na eliminatória.

Festas. A partir de amanhã há Bons Sons em Tomar.

Casas. Venda de imóveis continua a subirapesar das novas regras de crédito, escreve o Negócios.

Imigração. Larga maioria dos portugueses defende a entrada de mais imigrantes em Portugal, apura sondagem. 

FRASES
“O que eu fiz é muito duro, mas o que a minha mãe faz todos os dias é muito mais”, Inês Henriques, a pioneira portuguesa dos 50 km marcha que ganhou o título mundial ao Público

“Já havia ataques [racistas], mas agora eles usam armas”Bouyagui Konatechef do Mali a viver em Itália desde os 17 anos à Al-Jazeera a propósito de os ataques racistas da extrema-direita às minorias migrantes no país se terem tornaram rotina após as últimas eleições

“Vimos pessoas com todo o tipo de marcas pelo corpo, são torturados, fogem da escravatura”Miguel Duarte, português que ajudou milhares de refugiados a chegarem à Europa e é agora acusado de ajuda à imigração ilegal ao Público

“Apoiámos uma rede democrática na Indonésia, sabíamos que seriam estas forças que queriam libertar o país do grande problema que era Timor-Leste”Ana Gomes, diplomata que foi rosto para a opinião pública daquele processo de independência ao Público

O QUE ANDO A VER E A LER
Cai-se para dentro da Netflix 
e só ao emergir para tomar fôlego é que se avalia o rombo que está a provocar no mercado de produção de séries e filmes tradicional. Foi a indústria cinematográfica americana que teve a parte de leão no secar da distribuição de cinema oriundo de outras geografias, mas agora é este “tech giant” que “possibilita” a produção em grande escala para públicos de milhões e a um ritmo inaudito, na Índia… na China, Espanha, Colômbia, Austrália… Receio que o “planeta Netflix” vá acabar por secar o firmamento, é isso que fazem os “tech giants”. Enquanto isto não acontece (não é só no clima, isto anda tudo a prazo!) recomendo “A Guerra do Vietname” e a intrigante série policial indiana “Jogos Sagrados”.
Em escrita, dois artigos de opinião do “The Guardian” a ler: Simon Tisdall analisa a crise da democracia norte-americana olhando para períodos muito anteriores ao da atual presidência. Diz ele que negócios escuros, falta de controlo dos poderes presidenciais e um Supremo Tribunal politizado estão a dar cabo do grande exemplo da democracia mundial. Outro texto do “The Guardian” a ler é aquele em que Suzanne Moore descreve porque é que a Europa detesta turistas. Chama-se “I don’t mean to ruin your holidays but Europe gates tourists - and with good reason” e começa assim: “Não és bem-vindo. Estás a matar aquilo que amas. Estás a estragar tudo. És exigente e barulhento e bebes demais. Pensas que os locais ficam contentes de te ver, mas não ficam. Tu és um turista”.

E por aqui fica este Curto para fazer justiça ao nome. Amanhã há mais. Mantenha-se à fresca, passe um excelente dia e venha até nós 24/7 em www.expresso.pt.
 
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