Ciência confirma a Igreja |
Posted: 27 Aug 2018 01:30 AM PDT
Há mais de 430 anos que o mundo se rege pelo calendário “gregoriano”, uma das maiores conquista da civilização.
O nome de “gregoriano” vem do Papa Gregório XIII, que no século foi o príncipe italiano Ugo Buoncompagni, eleito como o 225º Papa da Igreja. Gregório XIII decidiu adotar o novo calendário para substituir o antigo, conhecido como “Juliano”, que se utilizava desde o ano 46 a.C., tempos do imperador romano Júlio César. Foi um contributo, e não dos menores, da Igreja Católica para a boa ordem da sociedade e das atividades humanas. Também para a ciência, pois todo fenômeno científico se mede no tempo e no espaço. Se a regra de medição do tempo for falha, os resultados ficam incertos e o conhecimento não pode progredir sobre eles. O Calendário Juliano era muito inexato e acumulava uma severa distorção. Nós estamos acostumados à ordem plácida e imperturbável do calendário gregoriano.
E não fazemos ideia da confusão em que vivem os povos que se regem por outros sistemas, em geral inexatos e por vezes esdrúxulos.
A decisão da Igreja não foi arbitrária, mas fruto de consciencioso e demorado estudo. Para atingir o objetivo visado, o Papa Gregório XIII mandou construir uma torre de 73 metros de altura, na qual se realizaram os testes e as medições definitivas. Na Sala do Meridiano dessa torre realizaram-se as experiências astronômicas. Embora fechada ao público, a sala foi aberta para uma reportagem do diário madrilense “El Mundo” e alguns outros jornalistas. No chão da sala encontra-se a linha meridiana horizontal traçada pelo frade dominicano Pe. Ignazio Danti OP, matemático e astrônomo, cosmógrafo pontifício e membro da comissão para a reforma do Calendário Juliano, presidida pelo cardeal Sirleto. O Pe. Danti fez um pequeno furo na parede sul da sala, a cinco metros de altura.
Por aquele orifício, ao meio-dia entra um raio de sol. A Torre está decorada com magníficos afrescos de Nicolò Circignani (1520-1597), apelidado Pomarancio, representando episódios bíblicos relacionados com os ventos.
E o orifício foi feito para coincidir com a boca de um anjo que sopra. Por sua vez, o anjo faz parte de um afresco que pinta Nosso Senhor Jesus Cristo na nau de Pedro agitada pela tempestade, no Mar da Galileia. Gregório XIII subiu à Torre dos Ventos em 21 de março de 1581, dia do Equinócio de primavera, segundo o calendário até então em vigor. Mas o raio de sol que filtrava pela boca do anjo não atingiu o meridiano do chão. Ele apresentou um erro de 60 centímetros. Isso significava que, quando o Calendário Juliano dizia ser 21 de março, equinócio de primavera, na realidade não era. Ficou provado que havia discrepância entre o calendário em vigor, feito pelos homens, e o calendário astronômico ditado pelos astros. O equinócio de primavera acontecera dez dias antes. O Papa não hesitou. Em 24 de fevereiro de 1582 promulgou a bula 'Inter Gravissimas', dispondo que o cômputo oficial daria um pulo, e que o dia 4 de outubro de 1582 passaria a ser 15 de outubro do mesmo ano. Além do mais, estabeleceu que os anos terminados em 00 só serão bissextos se forem múltiplos de 400. Assim, 1700, 1800 e 1900 não foram anos bissextos, mas 2000 foi.
O novo calendário entrou imediatamente em vigor na Itália, França, Espanha, Portugal, Polônia, Luxemburgo e outros países católicos.
Hoje ele é adotado pela quase totalidade dos países do mundo. Mas os cismas – autodenominados igrejas ortodoxas – da Rússia, Servia e Jerusalém continuam se guiando pelo velho Calendário Juliano. Por isso eles celebram 13 dias depois do resto do mundo festividades religiosas fundamentais como o Natal, comemorando-o não em 25 de dezembro, mas em 7 de janeiro. E a disparidade tende a crescer. Essa singularidade, fruto da desobediência a Roma, faz também com que os cismáticos deixem de acompanhar os ritmos da natureza. Mas desligar-se da natureza parece pouca coisa se comparado com o rompimento com o Vigário de Cristo, que é o máximo mal. Os muçulmanos adotaram um calendário lunar que é fonte de inúmeras disputas entre eles, não se pondo de acordo nem para as principais festas do alcorão. |
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ANTÓNIO FONSECA
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