quinta-feira, 19 de abril de 2018

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João Vieira Pereira
JOÃO VIEIRA PEREIRA
DIRETOR-ADJUNTO
 
Esta é uma ‘história proibida’
18 de Abril de 2018
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Esta é uma história de horror, dor e morte. Mas também é uma história de esperança.

Daphne Caruana Galizia foi assassinada a 16 de outubro de 2017. A jornalista maltesa investigava casos de corrupção, lavagem de dinheiro e negócios duvidosos (revelados no âmbito da investigação dos Panama Papers, do qual o Expresso também faz parte), que envolviam a máfia, empresários, políticos e advogados de Malta.

Eram 1h41 da madrugada quando um simples cartão de telemóvel foi ativado e colocado juntamente com explosivos debaixo do carro de Dapnhe. Nessa mesma tarde, quando se dirigia ao banco para tentar ter acesso à sua conta bancária congelada devido aos múltiplos processos cíveis (47) intentados contra ela no decorrer das investigações, a bomba foi acionada.

Três homens foram presos em dezembro acusados de terem planeado o assassínio, mas o seu marido, que vive sob constante proteção policial, disse na primeira grande entrevista que deu desde a morte de Daphne, que acredita que os verdadeiros culpados estão a ser protegidos por interesses políticos.

Depois do atentado, 45 jornalistas de 18 diferentes meios de comunicação juntaram-se para continuar o seu trabalho. E assim, seis meses depois da sua morte, foi lançado o projeto Dapnhe, o primeiro da organização sem fins lucrativo Forbiden Stories, empenhada em continuar o trabalho de jornalistas que foram presos ou assassinados.

Esta minha escolha pouco ortodoxa para abrir este Expresso Curto não é mais do que a homenagem possível a todos os jornalistas vítimas das mais diversas formas de violência e pressão na execução do seu dever de informar. Esta semana, um jornalista russo que acompanhava a guerra na Síria e escreveu várias notícias sobre mercenários russos que morreram naquele conflito em confrontos com tropas americanas, morreu depois de misteriosamente cair do 5º andar do prédio onde morava. Em fevereiro, um jornalista eslovaco, Jan Kuciak, de 27 anos, foi morto a tiro na sequência da investigação a casos de evasão fiscal.

E agora o que está a marcar o dia. Carlos César, exaltado, optou por não responder ao Expresso quando confrontado pela primeira vez com o caso das viagens dos deputados das regiões autónomas. Alegou então que a questão era do foro “pessoal”. Ontem tornou público o “pessoal” para dizer que não se demite. O líder parlamentar do PS aproveitou a sua participação no debate semanal com Santana Lopes na SIC Notícias para apresentar a sua versão dos factos: "Tenho a certeza de que o procedimento que temos adotado, eu e os meus colegas deputados eleitos pela Madeira e pelos Açores, é o procedimento legal e eticamente irrepreensível".

"Recebo abono por deslocações como todos os deputados recebem. E além disso, pago as minhas passagens e bilhetes de avião como todos os açorianos pagam, usando a tarifa de residente. É o procedimento que sempre foi usado na Assembleia da República", explicação que usa para defender o seu comportamento "eticamente irrepreensível".

Pouco tempo antes, Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República (AR), já tinha vindo em defesa do seu amigo César. Ferro considera que não foram infringidas leis ou princípios éticos no caso revelado pelo Expresso no último sábado. Em comunicado, diz que “nunca alinhou” naquilo que diz serem “dinâmicas que apenas visam diminuir a representação democrática com julgamentos éticos descabidos e apressados”.

Tudo isto cheira mal. Não só é perfeitamente legítimo questionar a ética do aproveitamento monetário dos deputados de viagens que lhe são pagas, como é necessário questionar a ética de Ferro Rodrigues que optou por afirmar, publicamente, que não há qualquer problema legal e ético no caso, pouco tempo depois do secretário-geral da AR, Albino de Azevedo Soares, ter pedido à Comissão da Transparência que analise o caso. Está o presidente da AR a condicionar os trabalhos da Comissão?Apenas mais um dia na vida da política portuguesa…
 
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OUTRAS NOTÍCIAS
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que Portugal vai crescer 2,4% este ano, contra os 2,2% que antes estimava. O novo valor está inclusive acima da previsão do Governo e em linha com a média da Zona Euro. Mas é também um dos piores registos. A crescer menos que Portugal só França, Itália, Bélgica e Grécia. E para o ano só mesmo a Itália e a Bélgica.

Enquanto desfrutamos deste ‘milagre económico’, o FMI confirmou que está mais otimista com a economia mundial, que deverá crescer 3,9% em 2018 e 2019. Para digerir isto tudo pode consultar aqui cinco gráficos que ajudam a traçar o retrato à economia mundial.

É sempre bom relembrar o que diz o FMI sobre Portugal:

“As autoridades devem ser cautelosas em relação a aumentos permanentes na despesa, (…) principalmente em relação a decisões que podem afetar os gastos salariais do Estado nos próximos anos.”

“Para aumentar o PIB potencial são necessárias reformas estruturais e mais investimento e produtividade. (…) Um mercado de trabalho flexível é chave. E a flexibilidade deve ser preservada mesmo quando se procura um ambiente de maior estabilidade no emprego. O investimento tem de aumentar substancialmente. E para preservar o equilíbrio externo com o aumento do investimento é necessário aumentar as taxas de poupança.”


Entretanto, ficámos a saber que, em 2017, o investimento público, aquele que o Governo diz ter crescido muito, foi 8% menos do que realizado em 2013, ano em que a crise atingiu o seu pico.

BE e PCE acordaram de um longo sono e agora exigem que a folga orçamental vá para investimento público.

Mas Mário Centeno diz que o Orçamento do Estado depende menos dele do que as pessoas imaginam, em mais uma entrevista, desta vez ao Negócios. O ministro afirma que a política orçamental não mudou, mas o discurso é totalmente diferente. O sucesso é agora fruto da descida das taxas de juro, “num desempenho que não tem paralelo em nenhum país do mundo” e que “não se repete”. A poupança foi também conseguida pelo melhor desempenho da Segurança Social mas “quando há mais contribuições, há mais responsabilidades futuras (…) mais pensões que têm de ser pagas”, por isso é preciso poupar.

E avisa que a sua austeridade irá continuar pois “sempre que em Portugal temos um período, infelizmente não muito longo, em que o sol brilha, há sempre um enorme apetite pela despesa pública”. Mas não deixa de confirmar que a folga orçamental está a ser guardada para ano de eleições: “Exatamente”. A entrevista é em episódios e continua amanhã.

Esta quarta feira, pelas 18 horas, PSD e PS devem formalizar os acordos sobre descentralização e fundos comunitários. Até lá, Rio e Costa‘namoram’ em público.

“Primeiro Portugal, depois o partido, depois nós próprios", diz Rio. E continua: “Tudo aquilo de que o país precise e que não possa ser feito só por um Governo, que precise da ajuda dos outros partidos, estamos disponíveis para isso".

Costa responde“O futuro de Portugal deve merecer um acordo o mais alargado possível sobre aquilo que devem ser as traves mestras do desenvolvimento do país entre 2020 e 2030".

A SIC continua a apresentar a reportagem “Oui, Monsieur - O Saco Azul do Marquês”, que não pode mesmo perder. Entretanto, o Ministério Público abriu um inquérito para investigar a divulgação dos vídeos dos interrogatórios, por considerar que “está proibida".

Na Justiça não há descanso, mas há contestação. A ministra vai mexer no mapa judiciário, outra vez, e a polémica está instalada.

Em três anos, mais de 67 mil toneladas de resíduos com amianto foram enterrados sem qualquer tratamento.

Feliciano Barreiras Duarte vai ter de voltar às aulas se quiser continuar a frequentar o doutoramento em Direito.

A Fibroglobal, empresa ligada à Altice, poderá ter de devolver ajudas públicas se ficar provado que houve sobrefinanciamento.

A Autoridade da Concorrência contestou a providência cautelar da Vodafone colocada para travar a investigação daquele regulador à compra da Media Capital, pelo menos até haver uma decisão de outra ação judicial, que tenta que seja considerada válida a oposição da ERC ao negócio.

Um estudo do thinktank Global Future conclui que qualquer cenário para o Brexit (mesmo o mais pacífico), vai custar dezenas de milhares de milhões de libras ao Reino Unido.

Trump enviou o diretor da CIA para encontrar-se com Kim Jong-un e preparar o encontro entre os dois.

Em Cuba começou o fim da era Castro. O novo rosto do poder é Miguel Díaz-Canel.

Os médicos que trataram as vítimas do alegado ataque químico em Douma estão a ser alvo de elevada intimidação para que abandonem os pacientes e não contem nada do que se passou.

Aécio Neves, o senador do partido do Movimento Democrático Brasileiro, foi constituído arguido no âmbito da Operação Lava Jato. Está acusado de corrupção e obstrução à justiça.

Barbara Bush, antiga primeira-dama norte-americana, mulher de George Bush e mãe de George W. Bush, morreu aos 92 anos. Vale a pena ler este obituário do 'New York Times'.

A Starbucks vai fechar todas as suas lojas nos Estados Unidos, cerca de 8 mil, por um dia para que os 175 mil empregados sejam formados em políticas anti-discriminação racial, depois de dois negros terem sido presos numa das suas lojas em Filadélfia.

China vai eliminar as limitações à propriedade de empresas da indústria automóvel que tinham de ser detidas em partes iguais com um parceiro chinês. Esta decisão é vista como uma cedência aos EUA na sequência das imposição de tarifas sobre produtos chineses.

Jérône Hamon tornou-se a primeira pessoa do mundo a receber dois transplantes de face.

O QUE EU ANDO A LER?
A economia sul-africana
 deverá registar o quarto ano consecutivo de quebra do seu produto interno bruto. A queda será pequena de acordo com os dados do FMI (-0,1%), mas não deixa de ser mais um ano em que o futuro fica adiado num dos mais ricos países da África subsariana.

Um cenário muito diferente daquele idealizado por Mandela. Desde o fim do Apartheid (1994) a pobreza tem vindo a diminuir, mas entre 2011 e 2015 os dados mostram que a tendência se inverteu, ameaçando mesmo comer os ganhos conseguidos desde 1994, segundo um relatório do Banco Mundial.

E quando olhamos para a desigualdade, vemos que esta não parou de crescer. Os ricos são cada vez ricos deixando para trás a esperança de eliminar a pobreza até ao ano 2030, meta estabelecida pelas autoridades sul-africanas.

Talvez as mesmas que em pouco mais de 20 anos fizeram desaparecer “tens of billions of dollars” em fundos públicos. Há toda uma elite do ANC que enriqueceu em troca dos sonhos do milhões de sul-africanos.

reportagem ‘They Eat Money’: How Mandela’s Political Heirs Grow Rich Off Corruption’, publicada pelo 'The New York Times', é um retrato cruel de uma nação que continua a segregar oportunidades e a fomentar a separação entre riscos e pobres. A não perder.


ERRATA No Expresso Curto de ontem, foram indicadas datas de publicação da Biblioteca Expresso com erros. Pelo lapso pedimos desculpa aos nossos leitores e aqui escrevemos as datas corretas:

Biblioteca Expresso 
- Já nas bancas: “A Ordem Mundial”, de Henry Kissinger (prefácio de Miguel Monjardino)
- 5 de maio: “Blink”, de Malcolm Gladwell (prefácio de Ricardo Costa)
- 2 de junho: “A Nova Era Digital”, de Eric Schmidt e Jared Cohen (prefácio de Miguel Cadete)
- 7 de julho: “O Cisne Negro”, de Nassim Nicholas Taleb (prefácio de Henrique Raposo)
- 4 de agosto: “Keynes: O Regresso do Mestre”, de Robert Skidelski (prefácio de Francisco Louçã)
- 1 de setembro: “Uma Sociedade Funcional”, de Peter F. Drucker (prefácio de Pedro Santos Guerreiro)

Este Expresso Curto fica por aqui, tenha uma ótima quarta-feira e aproveite os primeiros ares da primavera. Dizem que são de curta duração.
 
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