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MIGUEL CADETE
DIRETOR-ADJUNTO
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Benfica pode ter dito adeus ao título
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Apesar de ainda não termos chegado a meio do campeonato, o Benfica perdeu ontem uma oportunidade excelente para reduzir a sua desvantagem face ao seus mais diretos rivais. O empate a um golo com o Sporting no Estádio da Luz pode ter sido uma batalha épica, mas o resultado é mau para as ambições de um clube que já está afastado de todas as outras competições.
Ao cabo de 16 jornadas, num total de 34, os problemas do clube da Luz agravaram-se: não só está a cinco pontos do líder, agora isolado, o FC Porto; como não diminuiu a distância para o Sporting. Para chegar ao pentacampeonato, o Benfica tem de conquistar cinco pontos ao FC Porto e três pontos ao Sporting.
Ao todo, o Benfica tem de, até final da Liga NOS, somar mais oito pontos do que os seus mais diretos adversários, o que torna as contas complicadas. Até porque lá atrás, no quarto lugar, a meros três pontos do clube da Luz, já vê o Braga no retrovisor. Por isso, o grande vencedor desta jornada terá sido o FC Porto que ao vencer, fora de casa, o Feirense por 2 – 1 aumentou a vantagem relativamente ao Benfica e ao Sporting. Tudo corria bem ao clube de Alvalade, até porque o FC Porto esteve empatado até aos 76 minutos; mas o penálti convertido por Jonas ao minuto 90 que impediu a derrota do Benfica no dérbi retirou o clube de Alvalade do topo da classificação, estando agora a dois pontos do líder.
A história do jogo que hoje, e nos próximos dias, vai ser contada será, porém, outra. Os três lances que podiam ter sido sancionados com grande penalidade, os fora de jogo e o uso dado ao videoárbitro vão andar nas bocas do mundo, assim como a inegável superioridade estatística do Benfica sobre o Sporting no jogo de ontem: ao todo foram 24 remates contra nove, como sublinha Diogo Pombo no relato de um jogo em que o Benfica esteve a perder em casa desde os 19 minutos, depois de um golo de cabeça de Gelson Martins. Ainda assim, o resultado final foi considerado uma proeza para o treinador do Benfica - “Rui Vitória: No more Mr Nice Guy”, diz o título.
Porém, em tempo de e-mails que poderiam ser comprometedores, o treinador do Benfica reagiu mal: “Vou ficar atento às carreiras estes dois árbitros, para ver como decidem no futuro em situações semelhantes”. Jorge Jesus foi mais sensato ao ter dito que “este resultado não é bom para o Sporting, mas é pior para o Benfica”. Mas quem quiser ter outra perspectiva do jogo de ontem tem que ler “Adivinhem em que lateral se inspirou Rogério Casanova para perguntar isto: Tens porventura na tua posse três milhões de euros?” e “Um Azar do Kralj reconhece que o corpo de Rui Vitória, afinal, possui duas pequenas massas benignas”.
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OUTRAS NOTÍCIAS
Se nesta altura está no ponto de considerar que a atualidade não se esgota nas minudências de um jogo de futebol, veja aqui “Os 15 minutos de vídeo que mostram como os partidos esconderam o que estavam a aprovar no financiamento partidário”, um trabalho de Helena Pereira capaz de provar que os deputados que aprovaram a nova lei de financiamento estavam, afinal, em fora de jogo.
Já depois do veto do Presidente, o “Público” volta a trazer o assunto à primeira página: “O mistério da acta que ninguém conhecia e que diz o que não aconteceu”. “Polémica tem novo acto”, lê-se e o CDS quer ir mais longe que Marcelo e “tirar retroactividade à nova lei dos partidos”.
Na manchete daquele diário, está a questão das novas tabelas de IRS: “Contribuintes vão ter prémio no IRS em ano de legislativas” pois os reembolsos serão maiores em 2019, ano que os portugueses tornam a votar. No “Dinheiro Vivo”, anota-se que o IRS, contudo, vai baixar já este mês para quem tem um salário inferior a 2925 euros.
O “Jornal de Negócios” também dá grande destaque ao “novo IRS”: “ordenado líquido sobe no máximo 2%”, anotando que as declarações em papel vão terminar já em abril.
Na primeira página do jornal “i”, Rui Rio e Santana Lopes pedem cartão vermelho para o líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, primeiro signatário da nova lei de financiamentos dos partidos. Hugo terá feito uma falta mais dura ao dizer que o veto presidencial não representava “uma derrota para os partidos”.
No “Diário de Notícias”, lê-se na manchete que a “Falta de mão-de-obra trava investimentos em restauração e alojamento”. São precisos mais 40 mil trabalhadores, segundo a AHRESP (Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), para dar andamento ao crescimento do turismo. Os “empregados de mesa, empregados de bar, copeiros, ajudantes de cozinha, empregados de quarto” perdem por falta de comparência.
FRASES
“É uma parvoíce proibir os recém-encartados de beberem uma imperial”. José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, no jornal “i”
“A maioria vai estancar esse processo abjecto”. André Pinotes Batista, deputado do PS, insurgindo-se contra o fecho de estações dos CTT, no jornal “i”
“Vamos limpar dez barragens até junho para subir as reservas”. Carlos Martins, secretário de Estado do Ambiente, no “Diário de Notícias”
“É evidente que merecíamos ganhar, fizemos grande jogo”. Rui Vitória, treinador do Benfica, em declarações após o jogo
O QUE ANDO A LER
Ainda relativamente ao pecúlio livreiro que, como habitualmente, cresceu neste Natal queria registar aqui um livro de Tim Hayward, colaborador do Financial Times e da BBC. Hayward escreve, bem, sobre gastronomia e pensa, melhor, sobre o assunto. Já publicou um livro inteiramente dedicado a facas (“Knife: The Cult, Craft and Culture of the Cook's Knife”) mas desta vez – o livro saíu semanas antes deste Natal – dedicou-se a estudar outros utensílios de cozinha.
“The Modern Kitchen - objects that changed the way we cook, eat and live” é uma sedutora história de saca-rolhas, woks, robots de cozinha, bules, frigideiras ou colheres de pau que é capaz de nos surpreender a cada instante. Hayward, que faz crítica de restaurantes no “Financial Times”e apresenta programas na BBC, tem um conhecimento extraordinário da história, arqueologia e sociologia que permite interpretar a cozinha dos nossos dias como ninguém. O fim das casas com criados ou o advento da água canalizada conduziram a alterações nas nossas cozinhas, o coração de qualquer casa “moderna”, que nos pareceriam inimagináveis.
Um mero exemplo, a faca de chefe, aquele utensílio que qualquer um adquire no momento em que se acha cozinheiro de alguma coisa que transcende a culinária para a família, é um fenómeno muito recente. Tão recente que só se tornou possível desde que as bancadas de cozinha se massificaram, dispensado os móveis que antes preenchiam aquela divisão da casa.
Uma faca de chefe só pode ser utilizada de pé, pelo que exige as tais bancadas, com cerca de 90 centímetros de altura. Antes, no tempo das outras cozinhas, as mesas em que se trabalhava tinham cerca de 75 centímetros de altura e os criados trabalhavam sentados. Uma faca de chefe, pela sua configuração, nunca pode ser manuseada nessa posição. A otimização de todos os passos a dar numa cozinha assim obrigou.
Parece pouco mas por hoje é tudo. Acompanhe toda a informação atualizada no Expresso Online. Às 18 horas chega o Expresso Diário com informação aprofundada e opinião. Amanhã, o Martim Silva estará aqui para servir outro Expresso Curto
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