quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

OBSERVADOR

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360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia...... não, hoje não é figura de estilo: a coisa aconteceu mesmo enquanto você dormia. As mudanças na lei do financiamento partidário foram feitas pelos partidos (menos pelo CDS e pelo PAN, que votaram contra) enquanto todos dormíamos, aproveitando a época de Natal.

Os bastidores deste jogo das escondidas estão hoje no Observador e mostram qual é o manual dos deputados para aprovar leis que os envergonham a eles próprios. Há 3 passos essenciais:
  1. As reuniões do grupo de trabalho são à porta fechada;
  2. Os partidos só avançam com as suas propostas se lhes garantirem que não são identificados (o Público revela hoje um email onde as propostas dos partidos aparecem identificadas como "A", "B", e "C");
  3. Não são feitas atas das reuniões.
Com as câmaras desligadas e as luzes apagadas, tudo é permitido. Usando a santificada desculpa de que estavam a dar resposta aos problemas e propostas do Tribunal Constitucional sobre as dificuldades na fiscalização das contas partidárias, os deputados fizeram três pequenas (aliás: grandes; aliás: enormes) alterações:
  1. Acabam com o limite para a angariação de fundos;
  2. Passa a ser possível pedir a restituição do IVA pago na “totalidade de aquisições de bens e serviços”;
  3. As pessoas singulares vão poder pagar despesas de campanha, a título de adiantamento.
A Rita Tavares, o Miguel Santos Carrapatoso e o Vítor Matos passaram todo o dia de ontem ao telefone, aqui no Observador, a falar com fontes, a cruzar informação e a descobrir o que os deputados tentaram ocultar. Os representantes dos grupos parlamentares, imaginem só a surpresa, não quiseram falar.

Agora que tudo se descobriu, começam as reações. Pedro Bacelar Vasconcelos, independente pelo PS que preside à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, de que depende aquele grupo de trabalho, revelou ao Observador “alguma apreensão” e admite “averiguar os procedimentos”.

Já o Presidente da República anunciou que vai olhar hoje para o diploma, que precisa da sua promulgação. Mas Marcelo Rebelo de Sousa avisou que só o fará "à noitinha". Depois de tudo isto, será possível não haver veto?

Até chegarmos "à noitinha", vai ser um dia cheio de reações (e, se calhar, de silêncios comprometidos). O CDS, que votou contra as alterações e denunciou o que se estava a preparar, dá uma conferência de imprensa ao meio-dia.


Mais informação importante
O caso das adopções da IURD continua sem grandes respostas. A igreja está envolvida em controvérsias quase desde a fundação. Os 15 momentos mais polémicos na vida de Edir Macedo, o milionário que fundou a IURD, passam por várias acusações das autoridades (sem condenações), por 11 dias na cadeia e por um bispo que deu um "chuto" numa santa.

A Padaria Portuguesa reagiu rapidamente à polémica dos bolos-rei no lixo. A empresa explicou que oferece diariamente "as sobras de todas as suas lojas" a organizações como a Reefood e a Comunidade Vida e Paz” e o seu director-geral disse a frase que faltava: "Como a todos os portugueses, a imagem choca-nos".

O alojamento local vai valer isenção nos descontospara a Segurança Social para quem depende exclusivamente desse negócio. O novo regime contributivo entra em vigor em 2018, escreve o DN.

Se alguns políticos querem que a Catalunha seja independente de Espanha, então porque é que uma região da Catalunha não pode ser independente da própria Catalunha, para se tornar parte de Espanha?Os separatistas da Tabarnia (que juntaria Tarragona e Barcelona) já puseram Inés Arrimadas a tweetar sobre o assunto.

Edward Snowden, que denunciou os segredos da NSA, criou uma app chamada Haven que permite transformar um Android num sistema de vigilância caseiro. A versão experimental e gratuita está disponível na Google Play desde sexta-feira.

A campeã do mundo de xadrez recusa participar no mundial que está a decorrer na Arábia Saudita. A ucraniana Anna Muzychuk explica porquê: "Não quero usar abaya [veste árabe obrigatória para as mulheres], não quero ter de andar acompanhada para sair e, no geral, não me quero sentir uma criatura secundária”. Já os xadrezistas israelitas querem competir mas não podem: segundo o The New York Times, as autoridades sauditas recusaram dar-lhes visto.

Ronaldo parece estar a achar muita piada aos seus problemas com a Justiça espanhola. Depois de se ter sabido que o Fisco acha que o jogador deve ir preso, Ronaldo colocou uma foto no Instagram com os seus três filhos recém-nascidos e a frase: "Estou PRESO a estes bebés lindos ahahahah".

Em tribunal, Ronaldo queixa-se de ser discriminadoem relação a Messi pelo Fisco espanhol. O El Mundodivulga hoje um documento onde a sua defesa argumenta que são usados critérios diferentes para os dois jogadores.

Já a foto que Fábio Coentrão pôs nas redes sociais não tem qualquer desafio - só autenticidade. O jantar de Consoada no chão é uma tradição das Caxinas e transformou-se em mais um mal-entendido a envolver o jogador (o primeiro foi nuns "apanhados").


Os nossos Especiais
 
Passou o Natal com a família alargada e aquele tio chato que não aguenta a bebida - e acha que foi mau?Então imagine que tinha estado a 36 mil pés de altitude, num avião, rodeado por 200 passageiros que nunca tinha visto antes. O Diogo Lopes conta a experiência.
 

A nossa Opinião

Maria João Avillez escreve sobre o "Novo código de conduta": "Escasseiam-me os instrumentos para navegar na irracionalidade do que aí está, nos mandamentos politicamente correctos do 'como' pensar, na perseguição/denúncia de tudo o que não é conforme ao figurino".

Maria João Marques escreve sobre 2017: "Confere: 2017 foi um ano florescente para as palermices identitárias dos trinta mil quinhentos e quatro nichos sexuais (são mais do que as cores do pantone)".

Luís Aguiar-Conraria escreve "Votar em beleza": "Os candidatos mais bonitos têm mais votos: um aumento de um desvio padrão na beleza (o que corresponde a comparar um candidato mediano com um bonito) representou um acréscimo de 20% no número de votos".


Notícias surpreendentes

Rápido, o ano está mesmo quase a acabar. O que é que 2017 teve de melhor? Eis as nossas escolhas para livrosfilmesálbuns e séries.

Chamam-se Dvine e são cremes feitos com cheiro a Vinho do Porto. Detalhe: não têm uma gota de álcool. O Mauro Gonçalves conta os detalhes da primeira marca de cosmética vínica portuguesa.

Há quatro lojas novas com design português. Em Lisboa, surgem a Beirut, a Papua Market e a Seis General Store. No Porto, a Earlymade está irreconhecível.

Fomos fazer uma visita à nova zona de restauração do El Corte Inglés. Há 17 restaurantes e três chefs portugueses que atraem muita gente: José Avillez, Henrique Sá Pessoa e Kiko Martins. Os detalhes do que pode comer estão aqui.
 
Acabo como comecei: hoje vamos estar muito atentos à polémica sobre a alteração à lei do financiamento dos partidos. Siga tudo aqui.
Até já!
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