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Por Martim Silva
Diretor-Executivo
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17 de Novembro de 2016 |
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Olá. Bem vindos à era da Pós-Verdade…
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Bom dia,
Pós verdade:
“adjectivo que se aplica a circunstâncias em que os factos
objectivos são menos importantes na formação da opinião pública do que
os apelos do foro emocional”.
Esta foi a palavra escolhida como Palavra do Ano 2016. E aqui pode ler o melhor texto sobre o tema que me passou pelas mãos nos últimos tempos. Chama-se “Post-Truth Politics – Art of the Lie” e é da Economist. Mas também Ferreira Fernandes no DN cronica à volta do assunto.
Nem a brincar, hoje vamos falar muito de (como agora se diz) pós-verdades…
Há um elefante branco gigante no meio da sala. Há um elefante
branco no meio da sala. Há um elefante no meio da sala. Há um elefante.
Há…
(Se deixarmos de falar nele, talvez ele desapareça)
Hoje, no edifício sede da Caixa Geral de Depósitos (também há quem o chame de elefante branco), António Domingues e a sua equipa de administração vão estar reunidos.
Mas, como todos sabemos, se não falarmos no elefante talvez ele
desapareça, e portanto fica de fora da discussão o tema escaldante das
declarações de rendimentos e património que os administradores têm de
entregar no Tribunal Constitucional e não querem entregar por
considerarem que a alteração que o Governo fez na lei os isenta dessa
obrigação.
No texto
que na edição do final do dia de ontem do Expresso Diário a Ângela
Silva e o Pedro Santos Guerreiro assinam, o título diz quase tudo: “Administração da Caixa reúne-se para decidir… quase nada”.
Ou seja, os administradores vão hoje fazer uma reunião ordinária e não
vão ainda tomar qualquer posição em relação à resposta a dar ao TC: ou
entregar os documentos ou argumentar porque não o fazem. Também hoje o
Negócios escreve no mesmo sentido, dizendo que o parecer que vai ser entregue ao TC ainda não está pronto.
Ainda sobre a Caixa, o Negócios escreve hoje que Bruxelas está em contacto com o banco, que está a avançar com um complexo processo de recapitalização.
Finalmente, Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, dá hoje uma entrevista ao Público em que diz que está na hora de acabar com o ruído em volta do banco do Estado.
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OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,
-Depois da boa notícia com os números do crescimento da economia no terceiro trimestre e da luz verde de Bruxelas ao orçamento para o ano que vem, além da suspensão do procedimento por défice excessivo, Costa disse que agora só falta é que também os juros da dívida portuguesa vejam os seus valores descer. E a verdade é que estes estão a subir, com os custos de financiamento da dívida portuguesa nesta altura a atingirem os valores mais altos dos últimos nove meses.
Manuela Ferreira Leite e João Duque, ambos colunistas do Expresso, analisaram os números da nossa economia no texto “Copo meio cheio ou meio vazio?”
A imagem do copo serve também para o Filipe Santos Costa olhar o discurso do PSD, que perante estes novos dados se vê agora forçado a afinar a narrativa do “vem aí o diabo”…
Passos, esse, afirmou que não se devem atirar foguetes antes da hora.
Mais um caso de pós-verdades?
-O Conselho de Ministros deverá hoje aprovar
uma proposta que permite que os cidadãos passem a receber as
notificações do Estado via e mail, em vez das tradicionais cartas na
caixa do correio.
-“Lesão da honra e da reputação” foi o argumento legal utilizado para a Federação Portuguesa de Futebol decidir suspender por dois meses o presidente do Benfica,
Luís Filipe Vieira. Em causa declarações do líder encarnado aquando do
jogo do Benfica com o Setúbal, para a segunda jornada da I Liga, em
agosto.
-Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, parece inclinado a ter na sua equipa o antigo ministro da Saúde e antigo director geral dos impostos, Paulo Macedo. Que nos últimos dias também foi falado como sendo um possível substituto de Domingues na Caixa.
-Mário Centeno esteve ontem reunido em Londres com António Horta Osório. Tema em cima da mesa? A situação do sistema financeiro português e europeu.
-O Governo ainda está a negociar com o PCP um aumento extra das pensões mínimas.
-Dois juízes do Tribunal Constitucional, que agora exige declarações aos administradores da CGD, também entregaram as suas declarações com falhas.
-Joana Pais de Brito é uma jovem actriz que começa a dar cartas no humor nacional.
As suas imitações de Ana Malhoa ou Cristina Ferreira, no programa Donos
Disto Tudo, da RTP, já se tornaram virais. A Mariana Lima Cunha foi
falar com ela e a entrevista “O humor é baralhar e fazer cócegas” pode ser lida aqui.
Lá fora,
-Já hoje aqui falámos de declarações de património e rendimentos. O tema também é assunto nos Estados Unidos, basta lembrar o que Donald Trump
disse durante a campanha eleitoral. Aqui explicamos porque é que nos
EUA não é obrigatória essa declaração e de que forma as autoridade
fiscalizam o comportamento do chefe do Estado.
Ainda sobre Trump, vale a pena espreitar este artigo da Foreign Affairs em que se analisam as causas, mas também as consequências, da sua vitória.
Bem vindos à era Trump, a era da pós-verdade!
Quem reapareceu ontem, para discursar numa gala de uma organização de ajuda a crianças desfavorecidas foi Hillary Clinton.
Que deixou uma das frases mais impressivas que já lhe ouvi, ao
reconhecer que nos últimos dias só lhe apetecia ficar enroladinha dentro
de casa com um bom livro e nunca mais sair: “There have been a
few times this past week when all I wanted to do was to curl up with a
good book and never leave the house again."
De saída está Barack Obama, que por estes dias anda no seu último périplo europeu, com encontro hoje com Angela Merkel.
-Tema político quente na Europa nas próximas semanas vai ser seguramente a situação italiana.
Há um ano o primeiro-ministro Renzi convocou um referendo
constitucional, que se realiza no início de Dezembro. E fez depender o
seu futuro político do resultado. Só que agora as coisas parecem bem
tremidas (o que faz lembrar o pouco a situação no Reino Unido, com o
referendo do brexit)
-No próximo dia 10 de Dezembro realiza-se a gala de atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Mas Bob Dylan já disse que tem outros compromissos e por isso não estará presente.
-Yang Xiuzhu. Sabe quem é?
Trata-se da fugitiva económica mais procurada da China, que decidiu
render-se e entregar-se à justiça depois de 13 anos escondida no
estrangeiro. A chinesa foi acusada do desvio de mais de 37 milhões de
euros da câmara de Wenzhou.
-Faz dez anos que morreu uma das maiores lendas do futebol mundial, Ferenc Puskas. Na Tribuna fomos falar com José Augusto, que jogou contra ele três vezes.
NÚMEROS
50
50 mil euros é quanto gasta ao fim de 30 anos um fumador que consuma um maço de tabaco por dia
32
É o número de mortes diárias em Portugal associadas ao tabaco
FRASE
“A ameaça do terrorismo é um ponto de união entre os membros da ONU”, António Guterres, no discurso após receber o doutoramento honoris causa pela Universidade Europea de Madrid
O QUE ANDO A LER
Nos últimos dias ando às voltas com "O Túnel de Pombos", de John Le Carré. Claro que é mais um livro de espiões e de espionagem. Mas desta vez o registo é autobiográfico. Aqui,
A Cristina Margato escreveu, e bem, sobre o livro. E este mesmo
trabalho recente do Expresso tem ainda um bombom, que é um texto do
próprio Carré: "Vou contar-vos um segredo maravilhoso que se calhar
já conhecem mas que os espiões de hoje estão a aprender à sua custa.
Velho é bom. Uma máquina de escrever, uma nota manuscrita, uma única
cópia ou uma peça de microfilme enfiada numa caixa de correio desativada
são bastante mais seguras do que o mais protegido computador
superencriptado que existe no mundo. Quando eu era criança, o bloco de
notas era inviolável. Espiões em todo o mundo assim pensavam, e
enganavam-se. Hoje, à medida que se vão sucedendo os avanços
revolucionários na ciberesfera, a contrarrevolução analógica também
avança".
Tenha uma grande grande quinta-feira.
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