|
 |
Por Ricardo Marques
Jornalista
|
|
| |
| 15 de Setembro de 2016 |
| |
|
De volta ao regresso
|
| |
[Uma informção de última hora: Há cidadãos portugueses entre os feridos provocados pela explosão do motor de um barco na ilha de Bali, na Indonésia, esta madrugada. De acordo com a imprensa local, pelo menos duas pessoas terão morrido. Havia 35 turistas e quatro tripulantes a bordo. Um caso em desenvolvimento que pode acompanhar no site do Expresso]
"Os ausentes fazem sempre mal em voltar"
Há dias assim, e setembro está cheio deles. O
mundo inteiro avança a andar para trás e nós percebemos que a vida é
tão redonda como o planeta em que vivemos. É como ter a sensação de já
ter tido este dejá vu.
Ontem foi um desses dias. Começou com o Governo em peso a regressar aos bancos da escola para assinalar nova chegada do novo ano letivo e terminou com adeptos sportinguistas
e portistas de cara pesada nas bancadas de dois estádios no fim da
primeira jornada da Liga dos Campeões – precisamente como tinha sucedido
na véspera aos benfiquistas. Um golo no último minuto em Madrid e um empate no Porto.
Cinco minutos antes dos jogos começarem, a Procuradoria
Geral da República anunciou em comunicado que, na véspera do fim de
prazo de seis meses para a conclusão da investigação da operação
Marquês, foi concedido novo prazo de seis meses ao Ministério Público.
Passou um ano desde o último discurso do Estado da União e o presidente da Comissão Europeia regressou para dizer que nem tudo vai bem, e já ia mal. Quem também está de regresso é Platini, ainda que por pouco tempo.
Isto soube-se de manhã, mas logo a seguir veio a confirmação de que o curso de Comandos, que tinha sido suspenso após a morte de dois militares num treino, vai ser retomado. No Parlamento, o assunto foi o Orçamento do Estado para 2017, o tal de que todos falam desde 2016.
Lembra-se de Colin Powell?
O general que comandou a operação Tempestade no Deserto na década de 90
e que foi Secretário de Estado na presidência de George W. Bush? Sim,
esse. E sim, também ele está de volta – sinal de que as últimas semanas da campanha presidencial americana estão mesmo quentes.
Em Espanha paira o fantasma de novas eleições, o
chamado regresso às urnas num país politicamente à deriva, e isso marca
a rota para outra história – que mete uma inglesa, batatas fritas e um
estranho dejá vu.
|
| |
OUTRAS NOTÍCIAS
É normalmente aqui que este Expresso Curto acelera pelo mar agitado da atualidade, desbravando novos caminhos. Será também aqui que se vai provar que é possível avançar a andar para trás.
Ora repare:
A maneira mais simples é começar pelo fim – dois empates e uma derrota. Podemos complicar se escrevermos que a derrota foi mais parecida com um dos empates do que os próprios empates entre si, ainda que um deles, mais do que o outro, tenha tido sabor forte a derrota.
Pelo meio, dois jogadores que partiram em tempos, um há mais tempo do
que o outro, marcaram de livre direto às antigas equipas, mesmo à beira
do apito final. Um deles festejou (e caiu-lhe o mundo em cima), o outro nem por isso (e tem o mundo a seus pés). Num dos casos, o jogo acabou logo a seguir ao golo. No outro, começou a acabar. Hoje joga o Braga.
Hoje,
15 de setembro de 2016, acabava o prazo para a conclusão do inquérito
da Operação Marquês, o enorme processo de “excecional complexidade” que
envolve José Sócrates. A cinco horas do fim, a Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado repleto de números a anunciar mais seis meses de investigação (tome nota: a próxima data é 13 de março de 2017, uma segunda-feira). Para hoje espera-se a reação da defesa, que nos últimos dias abriu uma frente de guerra com o juiz Carlos Alexandre, na sequência de uma entrevista à SIC, como explica o Rui Gustavo. Um tema quente e que vai mesmo aquecer ainda mais nos próximos dias.
Sim, já leu algo parecido com isto no início.
O Governo em peso regressou aos bancos da escola
para assinalar a chegada do novo ano letivo - e hoje é o último dia
para que as escolas comecem a funcionar. António Costa foi ao Liceu
Passos Manuel, onde estudou nos tempos de juventude, e levou consigo o
ministro da Educação, que tinha estado na véspera na escola da sua
infância. A Isabel Leiria foi com eles e trouxe uma novidade para sobre as verbas destinadas à Educação no próximo Orçamento do Estado.
Por
falar nele, e as conversas no último ano foram muito sobre a ele, o OE
2017 foi a estrela do dia na visita que Mário Centeno fez ao Parlamento.
O Adriano Nobre passou parte do dia na plateia da Comissão parlamentar
de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa e descreve aqui o trailer possível do filme que está para vir.
"O que posso dizer é que nós vamos ter em 2017 uma redução fiscal e as
alterações fiscais que existirem terão o mesmo padrão de 2016", disse
Centeno. Será que já vimos este? O Jornal de Negócios revela esta manhã
que haverá um personagem novo - um imposto para quem tem património elevado (notícia só para assinantes).
Os
espanhóis, volta não volta, estarão também de volta ao mesmo. Os dias
correm com historias de escândalos sexuais, suspeitas de corrupção,
ruturas partidárias, sondagens de todo o tipo e juras eternas… Acontece
de tudo um pouco, mas o que ninguém consegue é um acordo de governo. Sete em cada dez eleitores estão contra novas eleições legislativas e esta frase talvez explique porquê: “Aunque
resulte paradójico a medida que vamos repitiendo elecciones nuestro
voto cada vez vale menos y con él nuestra democracia representativa.” Quem muito vota… Pode ler o resto aqui.
O presidente da Comissão Europeia falou de Espanha ontem, a meio do discurso do Estado da União que é a Europa. “Nos
últimos três anos, quase oito milhões de pessoas encontraram emprego.
Um milhão só em Espanha, um país que continua a recuperar da crise de
forma impressionante”, afirmou Juncker sobre o reino sem Governo. Nada
disse sobre Portugal, mas no regresso anual de setembro a Estrasburgo, mostrou-se pouco satisfeito: falta Europa na União, falta união à União. Não estava bom há um ano e agora está igual.
O
127.º Curso de Formação de Comandos, que tinha sido suspenso após a
morte de dois militares durante um exercício, vai ser retomado hoje, por decisão do Chefe do Estado-Maior do Exército, como explicam a Raquel Moleiro e o Hugo Franco.
(“Aposto que agora vai falar do Platini”, deve estar a pensar)
Michel Platini,
que está suspenso de todas as atividades relacionadas com o futebol nos
próximos quatro anos, esteve no congresso da UEFA que escolheu o seu
sucessor (o novo presidente da UEFA chama-se Aleksander Ceferin e é esloveno) “Estou de consciência tranquila e absolutamente convicto de que não cometi qualquer falha”, disse Platini.
O regresso de Colin Powell, o militar mais poderoso da década de 90 do século XX, fez-se ao melhor estilo do século XXI. Ou, dito de outra forma, como conta o New York Times, alguém entrou na conta de email do antigo secretário de Estado de Bush, o filho, e mostrou ao mundo o que pensa Powell de Donald Trump. Não é bonito.
É hora de subir a bordo do Hanjin Geneva, um cargueiro de 65 mil toneladas que flutua ao largo do Japão sem destino. O navio é propriedade da
Hanjin Shipping Co, empresa que declarou falência no final do mês
passado – deixando dezenas de cargueiros à deriva, com mais de 2500
marinheiros e milhões de dólares em carga à deriva. No Hanjin Geneva
estão 25 pessoas e, escreve
o Guardian , entre elas (e uma carga que inclui batatas fritas
congeladas e peles de animais) está Rebecca Moss, de 25 anos – uma artista britânica conhecida pelos seus vídeos de situações absurdas.
O mundo é redondo e a maior parte é mar – esse supremo dejá vu.
MANCHETES
Correio da Manhã: "Sócrates tenta decapitar investigação"
Jornal de Notícias: “Doentes esperam mais por cirurgias”
Diário de Notícias: “Só exceção no Orçamento trava mais dinheiro para partidos”
Público: “Investigação a Sócrates dura há três anos e dois meses sem acusação”
I: “Gafes de Centeno irritam cada vez mais o PS”
Visão: “Como viver mais e melhor”
Sábado: “O perigo dos compridos para trabalhar”
O QUE ANDO A LER
Um excelente artigo sobre a Patagonia, a marca que chegou a fazer um anúncio a um casaco a pedir às pessoas para não comprarem o casaco.
Que também é a história de um homem apaixonado pela natureza, que
inspirou (e equipou) milhares de pessoas a aventurarem-se para longe da
civilização, e que agora teme estar a perder a guerra mais importante da
sua vida.
O dia regressa às seis da tarde, com o Expresso Diário. Se não aguentar até lá, dê um salto ao site do Expresso – disponível e atualizado a qualquer hora e em qualquer lugar.
A
frase do início é de Jules Renárd, que também escreveu que a preguiça
não é mais do que o hábito de descansar antes de ficar cansado. O outono
estará de volta dentro de dias, mas antes ainda regressa o fim de
semana.
Tenha um bom dia
|
| |
|
Sem comentários:
Enviar um comentário