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Por João Vieira Pereira
Diretor-Adjunto
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1 de Setembro de 2016 |
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Foram 61
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Setembro
começa diferente. Ou talvez não. Com um presidente a substituir uma
‘presidenta’, com uma das maiores economias da Europa sem governo há
mais de noves meses, com a economia portuguesa a marcar passo, com o
Sporting a surpreender e Trump cada vez mais Trump. No início do século o banco americano que todos adoram odiar, a Goldman Sachs, criou o acrónimo BRIC para juntar os países em vias de desenvolvimento com maior potencial. Brasil, Rússia, Índia e China
eram as grandes apostas para os próximos anos. Assim foi. Ou quase. A
verdade é que o Brasil, com os seus mais de 200 milhões de habitantes e
uma riqueza incalculável, marca passo em relação aos outros. Talvez a
cruel anedota que diz que o Brasil é o país do futuro, e sempre será, tem alguma razão de ser. A economia brasileira está em queda há seis trimestres, numa recessão
que se está a tornar demasiado grande para gerir. Nem os Jogos
Olímpicos do Rio ajudaram. E, finda a festa do desporto, veio, de novo, a
festa da política. O Senado confirmou o que já todos anteviam. Dilma Rousseff foi destituída de presidente do Brasil por 61 votos a favor e 20 contra. Dilma caiu. E caiu ao som do hino. E caíram também os 13 anos que o PT esteve à frente da política brasileira. Esta decisão não a impede contudo de voltar a concorrer, já que não houve votos suficientes para a manter fora da vida política por oito anos. A 'perda' desta votação abriu já uma crise política entre os apoiantes do novo presidente. Agora vem o senhor que se segue. Que já lá estava. Michel Temer, de 75 anos, torna-se no 37º presidente do Brasil. Temer não vai ter vida fácil. Até porque Dilma diz não desistir. Para já, e perante as acusações de golpe, diz que: “Golpista é quem derruba a Constituição" e promete reformas económicas e financeiras. A noite no Brasil não foi calma. Em várias cidades realizaram-se manifestações contra a destituição de Dilma e outras de regozijo pelo seu afastamento. Em São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre houve confrontos entre manifestantes de ambos os lados e a polícia.
De todos os trabalhos que fui lendo esta madrugada, destaco o especial
do Estado de S. Paulo. Oito páginas do Estadão que pode ler no seu
telemóvel ou no computador. Não perca.
O processo de impeachment tinha começado em Dezembro de 2015.
Curiosamente o mesmo mês que marca o início do atribulado período de tentativa de criação de um governo em Espanha. Uma das maiores economias da Europa anda sem governo há oito meses e Rajoy falhou nova tentativa para ser eleito, desta vez por uma diferença de apenas 10 votos. Amanhã haverá nova votação e a única esperança do PP é uma cisão interna no PSOE de Pedro Sánchez. Se não houver um desfecho positivo são esperadas novas eleições em dezembro, um ano depois do início desta “crise”. Por cá, ficamos a saber que só pode haver petróleo no Beato. Só pode. É a única explicação para o milagre da multiplicação do dinheiro que António Costa promete. Vejamos: a economia cresceu 0,9% nos primeiros seis meses do ano em relação ao ano passado. Longe dos 1,8% que deveria ter registado de acordo com o plano do Governo. E arrisca mesmo crescer menos do que no ano passado. O ministro da Economia veio confirmar isso mesmo. O consumo está abaixo da meta de Mário Centeno e o investimento em queda acelerada. Ora, menos crescimento significa menos receitas. O que coloca uma pressão maior sobre aquela meta do défice (2,5%) que só Costa e Centeno acreditam que será cumprida. Os dados mostram que o défice em contabilidade nacional deverá ter ficado nos 3,1% até junho.
Ou seja, é necessário um ajustamento de 0,6 pontos percentuais do PIB
na segunda parte do ano para chegar à meta de Bruxelas. E logo na parte
do ano onde algumas das medidas de aumento de despesa mais se vão fazer
sentir. Mesmo assim, o primeiro-ministro reage a estes números daquela maneira que só ele consegue dizendo que “teremos um défice confortavelmente abaixo de 2,5%”. Confesso que tenho inveja da convicção com que ele diz estas coisas. E para finalizar as surpresas de setembro
o mercado de transferências da bola fechou com o Sporting a ganhar o
prémio ‘desta ninguém estava à espera’ da noite ao apresentar Markovic,
que tinha trocado o Benfica pelo Liverpool. O jogador chega a Alvalade
por empréstimo. Rafa, lá assinou pelo Benfica minutos antes de fechar o
mercado, terminando assim uma novela protagonizada pela comissão do seu
empresário. Há mais novidades, mas as maiores são todas lá fora. As últimas horas do mercado em Portugal foram fraquinhas.
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OUTRAS NOTÍCIAS Donald Trump reuniu-se com Peña Nieto, presidente mexicano, a convite deste último. Na conferência de imprensa conjunta, já classificada como surreal,
ficaram bem patentes as diferenças apesar do tom ameno. A questão da
muro que Trump prometeu erguer na fronteira e obrigar o México a pagar foi abordada. Sobre quem paga a fatura, silêncio. Que durou pouco. Horas depois em Phoenix, Arizona, Trump voltou a falar de imigração. E quando todos esperavam uma suavização do seu discurso eis que o candidato volta à ribalta com um discurso duro, muito duro. Ameaçou, de novo, de deportação milhares de imigrantes ilegais — “We are going to take our country back” — e jurou, de novo, construir o muro de mais de dois mil e quinhentos quilómetros e obrigar o México a pagá-lo — “We
will build a great wall along the southern border. And Mexico will pay
for the wall, 100%. They don’t know it yet, but they’re going to pay for
it”. Ainda sobre as eleições nos EUA, a popularidade de Clinton está em queda. De acordo com uma sondagem da Abc News/Washington Post,
a candidata democrata registou 56% de votos não favoráveis, o valor
mais alto alguma vez registado por Clinton, contra 41% de votos
favoráveis. Serve de consolação à candidata que a popularidade de Trump é
negativa em 63%. O líder da propaganda e porta-voz do Isis terá sido morto em combates na Síria. Abu Muhammad al-Adnani era uma das figuras centrais do autoproclamado estado islâmico.
Já não deve faltar muito para que seja possível ver grandes cargueiros a
atravessar os oceanos com tripulação reduzida ou mesmo sem qualquer
pessoa. Pelo menos é isso que os grandes operadores acreditam. Veja aqui como serão esses navios.
As 20 modelos mais bem pagas do mundo receberam qualquer coisa como
$154 milhões entre 1 de junho de 2015 e 1 junho de 2016. Gisele Bündchen
continua a liderar o raking que pode consultar aqui. Em fotos. Fizeram-me uma sugestão e repasso aqui a ideia para esta quinta-feira. Estreia hoje o filme “Cartas de Guerra” baseado no livro de António Lobo Antunes, “D'este Viver Aqui Neste Papel Descripto”. É uma adaptação de Ivo Ferreira. Vamos aos jornais de hoje. Comecemos pelo Público
que coloca na capa uma grande foto de Dilma e faz manchete com a crise
política brasileira. Destaque também para a Justiça. A cerimónia de
abertura do ano judicial está marcada para amanhã e a expectativa é grande perante “o efeito Marcelo”, mas as críticas à falta de meios continuam e os juízes temem ser impossível abrir os 20 tribunais
que o Governo prometeu. O jornal publica também uma entrevista com Nuno
Melo, vice presidente do CDS, que aposta em eleições antecipadas
motivadas pela queda da economia. O Jornal de Notícias destaca na capa a homenagem de Marcelo aos jogadores da seleção que decorreu ontem no Porto. Mas a machete vai para o facto de serem presos por dia 56 condutores com excesso de álcool. Ex-espiões andam a vender os seus serviços a políticos e empresários. A notícia é avançada pelo Diário de Notícias. O Correio da Manhã
escreve que os aumentos previstos nas pensões sociais para 2017 não
chegam para pagar um café. Isto porque só as pensões até 628 euros vão
subir. O diário destaca ainda o Sporting como campeão dos negócios
milionários. O clube de Alvalade encaixou €74.5 milhões. O Negócios
está a terminar o ranking dos mais poderosos. Hoje é Draghi no número
dois. Só falta um e, por exclusão de partes, só pode ser alemão. Mas o
destaque de primeira página vai para a Caixa já que o chumbo nos testes
de stress do BCE terá custado dois mil milhões de euros ao banco
público. O QUE DIZEM OS NÚMEROS 40⁰ é o valor esperado da temperatura para os próximos dias em alguns pontos de Portugal. Afinal o Verão veio para ficar. $1 000 000 000 é o valor a partir do qual uma startup é considerada um unicórnio. Há mais uma. Dedicada ao imobiliário.
3700 milhões de anos. É a idade do fóssil mais antigo do mundo
descoberto graças ao degelo na Gronelândia. A pedra mostra que afinal a vida na terra pode ter começado 200 milhões de anos antes do inicialmente estimado. O QUE EU ANDO A LER Paddy Cosgrave,
se não conhece este nome guarde-o na memória rapidamente. O jovem
irlandês, que criou o evento Web Summit e assim se tornou numa estrela
mundial, é daquelas pessoas que tem de seguir. Não só por aquilo que ele
representa mas especialmente por aquilo que lhe pode ensinar.
No final do ano passado Paddy deixou meio mundo de boca aberta e a olhar
para Lisboa quando anunciou que o seu evento rumava a terras lusas. De
um dia para o outro a capital portuguesa, que já era considerada uma das
melhores cidades para abrir uma startup, passou a constar dos roteiros
mundiais do empreendedorismo. Assim no próximo mês de Novembro são esperadas 50 mil pessoas em Lisboa vindos de mais de 150 países para assistir à Web Summit, ou, segundo a Bloomberg, para participarem numa espécie de “Davos para geeks”.
De 7 a 10 de novembro inúmeras personalidades do mundo tecnológico, e
não só, passarão por Lisboa para participar nas 21 cimeiras que juntas
fazem a Web Summit. Paddy Cosgrave dá uma entrevista, que não pode perder, à edição deste mês da Exame.
Mas as palavras de Paddy são apenas um dos textos que tem de ler na
revista já que lá tem tudo o que precisa saber sobre o que vai acontecer
no evento. Boa leitura. Este Expresso Curto termina por aqui. Vá acompanhado toda a atualidade na página do Expresso e não se esqueça de que às 18 horas tem mais um Diário. Tenha uma ótima quinta-feira e um excelente regresso de férias, se for esse o seu caso.
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