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POR José Cardoso
Editor Adjunto
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Bom dia,
Desgraças de Madeira(s) a arder, as do substantivo comum e a do
substantivo próprio. Jogos Olímpicos, por dentro (com Telma e Patrícia) e
por fora (com o bruaaaa das bancadas). Um alemão que abomina o pai e
outro alemão antialemão. Paquistão, um país desgraçado. Pitanguy,
desapareceu o mago das plásticas. Polémicas de verão, ou histórias
políticas com sal e pimenta q.b. em tempo de estação parva. Em resumo,
são estes os tópicos das Escolhas do Editor deste sábado, 13 de agosto.
Para não abrir aa escolhas deste sábado já com a(s) desgraça(s) dos
incêndios – que hegemonizaram o noticiário durante a semana, continuam a
hegemonizá-lo e receio bem que continuem a fazê-lo nos próximos dias -,
abro-a com o segundo grande acontecimento da semana. E sugiro que se
comece por um olhar um pouco diferente: não para os atletas mas para
quem os foi ver – ou seja, para as bancadas. Se tem acompanhado
estes jogos, certamente já reparou que, desta vez, o público está a
comportar-se de um modo diferente – digamos mais efusivo – do de
Olímpicos do passado. Ele são incentivos, ele são apupos, ele são
apartes, ele é uma barulheira quase constante, mesmo quando a prova
exige a máxima concentração dos atletas. Bocas como “Buuuuuuuuuuuuuuuu!
Vai furar!”, “Buuuuuuuuuu, vai morrer!”, vindas do público durante uma
competição de esgrima, são apenas um exemplo. Na edição de quinta-feira,
a Christiana Martins escreveu um artigo sobre os excessos verbais (e às vezes não só) nestes Jogos Olímpicos.
Depois deste olhar diferente, para os espectadores, vamos ao
desporto-desporto. E, neste enfoque, o primeiro destaque vai para o
artigo que publicámos (também na edição de quinta-feira) sobre Patrícia Mamona, campeão europeia do triplo salto, que entra em cena este sábado. A Alexandra Simões de Abreu falou com ela. Diz que tem expectativas “bastante comedidas” mas que, se chegar à final, tudo pode acontecer.
Conta que bebe café “para sentir que está pronta”. Revela porque é que
usa sempre meias altas. Conta a sua vida desde que foi descoberta para o
desporto numa escola do Cacém. Mas no desporto-desporto o feito luso da semana foi o de Telma Monteiro,
que arrebatou a medalha de bronze no judo, categoria até 57kg. Até
chegar à medalha fez quatro combates – ganhando três e perdendo um. Se o
caro leitor foi um dos que viu os combates e, não percebendo nada de
judo, se interroga como é que se pode ganhar ou perder, recomendo a
leitura de um dos artigos que publicámos no Expresso Diário de
terça-feira, no qual o nosso judoca Nuno Delgado (medalha de bronze em Sydney) explica à Alexandra Simões de Abreu as principais regras da modalidade e o que significam palavras como yuko e shido. (Já agora, leia ou releia também o artigo que tínhamos publicado na véspera sobre o próprio Nuno Delgado,
que contou à Alexandra Simões de Abreu como o seu percurso e as suas
motivações (mas também as deceções, como em Atenas 2004, em que não
passou das eliminatórias). No topo de tudo, garante, está um lema: “O teu adversário és tu”. Ele explica porquê.)
Sobre os incêndios já se disse e relatou tudo e mais alguma coisa, com o
habitual cortejo de números, declarações, acusações, assunções de
fatalidades e manifestações de boas vontades. Por isso, recomendo a
(re)leitura da reportagem que a Marta Caires, jornalista do Expresso que vive na Madeira, fez dos dois dias de inferno no Funchal. Ela, que também lá vive, e que também teve de acudir à família, escreveu um texto que reflete como uma vida inteira pode ficar reduzida a quatro sacos de plástico do supermercado.
Outro dos textos mais impressivos – este sob a forma de entrevista -
que publicámos no Expresso Diário na semana que acaba de terminar é o
que descreve a conversa da Luciana Leiderfarb com o alemão Niklas Frank,
o filho mais novo, e o único ainda vivo, de Hans Frank, governador-geral da Polónia ocupada por Hitler.
Niklas foi uma das pessoas com quem a Luciana falou para o trabalho
mais alargado sobre descendentes de figuras do nazis, que faz a capa da
revista E que chegou hoje às bancas. “Não há um dia em que não
pense nas vítimas do meu pai”, diz Niklas Frank, que costuma levar no
bolso do casaco levar uma fotografia do pai quando foi enforcado,
deitado sobre um lençol, para “ter a certeza de que está morto”.
Nestas Escolhas do Editor recomendo ainda a leitura do artigo de outro
alemão. Numa altura em que a Europa diz que afinal não nos vai multar
por causa do défice, em que se denunciam as fragilidades monetárias do
colosso chamado Deutsche Bank e em que um primeiro banco alemão anuncia
que passa a cobrar – sim, cobrar – juros sobre os depósitos que lá tem,
por causa dos juros negativos na zona euro, leia o artigo do economista alemão Heiner Flassbeck.
Este especialista, que não é um economista qualquer (foi secretário de
Estado das Finanças alemão e conselheiro sobre a reforma do Sistema
Monetário Europeu), desanca o poder político e o próprio Deutsche Bank, dizendo que a Alemanha é o país que mais ganha com a crise do euro.
Se se interessa pela chamada geopolítica, ou geoestratégia, e não
percebe porque é que há tantos atentados no Paquistão (nesta
segunda-feira houve mais um) aconselho o artigo “10 razões para compreender o problema do terrorismo no Paquistão”, que publicámos na edição de terça-feira. Nele, a Margarida Mota explica que fatores estão na origem de um país que vive em permanente carnificina, de nos últimos 10 anos morreram em média 6.000 pessoas por ano em atentados terroristas. O brasileiro Ivo Pitanguy era considerado o “pai” da cirurgia plástica.
Com 93 anos, transportou na sexta-feira da semana passada a tocha
olímpica, empurrado na sua cadeira de rodas. No sábado morreu. No
Expresso Diário de segunda-feira, a Mariana Lima Cunha conta quem foi
este “o filósofo da cirurgia plástica que queria curar almas”, cujo nome era bem conhecido em Portugal, sobretudo das gerações mais velhas (e sobretudo das senhoras…).
Como vem aí o fim de semana grande da “silly season” (e o início da
rentrée política, com a festa laranja do Pontal, amanhã) sugiro que
revisite mais um dos temas que publicámos esta semana no Expresso
Diário: “Uma season pouco silly”, no qual a Cristina Figueiredo, o
Filipe Santos Costa e a Rosa Pedroso Lima recuperam uma dezena das principais polémicas políticas – ou envolvendo políticos – das… “silly season” dos últimos anos. Boas (re)leituras, um excelente longo fim de semana e uma “season” pouco “silly”
(Nas bancas está hoje uma nova edição do semanário, com a revista E -
em cuja capa está o código que lhe permite ler o Expresso Diário durante
toda a semana – e com “Novelas do Minho”, o quarto dos oito volumes das
obras de Camilo Castelo Branco que estamos a oferecer aos nossos
leitores) (No Expresso Online está desde ontem um novo site de
desporto. Chama-se Tribuna, e basta clicar nesta palavra na lista de
dossiês temáticos que aparecem no topo da página do Expresso, logo por
baixo do logótipo)
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