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Por Nicolau Santos
Diretor-Adjunto
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1 de Julho de 2016 |
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Renato e Pepe: o menino de ouro e o imperador que veio do Brasil
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Bom dia. Este é o seu Expresso Curto, depois de uma noite de enorme alegria para milhões de portugueses. O mundo está perigosíssimo, o ministro alemão das Finanças faz declarações incendiárias contra nós mas hoje é impossível não começar esta crónica com três nomes: Renato Sanches, Pepe e Rui Patrício.
Ontem, em Marselha, Portugal apurou-se para as meias-finais do Euro
2016, depois de bater a Polónia nas grandes penalidades por 5-3. Mas até
chegar aí houve muita história. A Polónia entrou fortíssima, Cédric falhou a interceção de uma bola,
e antes dos 2 minutos já Portugal perdia, com um golo de Lewandowski,
que até agora não tinha feito o gosto ao pé e que, segundo foi dito, até
fraturou o metatarso no último jogo. Pensou-se o pior, pois a
partir daí os polacos estavam nas suas sete quintas: a defender e a
jogar em contra-ataque. E a vida estava a correr-lhes exatamente como
tinham pensado, até que um miúdo de 18 anos, nado e criado na Musgueira,
teve um repente, passou a bola ao Nani, este devolveu-lha de calcanhar e
ele, entre três polacos, atirou uma bomba para o fundo da baliza: 1-1 a
partir da meia-hora de jogo (e António Costa, que viu o jogo no estádio, vibrou exuberantemente).
Depois, Ronaldo falhou dois golos que, se estivesse em forma não
falharia, Pepe fez uma exibição própria de um imperador brasileiro que
sente como ninguém o peso da camisola de Portugal, Rui Patrício fez uma
enorme defesa, Adrien e João Mário saíram esgotados, Quaresma, como de
costume, entrou tarde e a más horas por decisão do selecionador, que
ainda substituiu William por Danilo, quando se tivesse metido o Rafa
talvez não precisássemos de ir a penalties. Mas como Fernando
Santos, que já disse que se lhe apresentarem um papel a dizer que vai de
empate em empate até à final assina logo por baixo e que não é cauteloso nem louco, manteve o conservadorismo que trouxe da Grécia: lá voltámos a empatar
(é o nosso quinto empate nos 90 minutos) mas seguimos em frente. Nos
penalties Ronaldo marcou primeiro, Renato pediu para ser o segundo e não
tremeu, Moutinho converteu o terceiro, Nani fez o quarto, Patrício defendeu espetacularmente o quarto penalty dos polacos
(e a foto está nas primeiras páginas de vários jornais portugueses e
pelo menos no sítio do The Guardian) e Quaresma pegou na bola (disse na
flash interview que sabia que tinha o país às costas) e não tremeu. E o
país, que tão carenciado anda de alegrias, pulou, gritou, abraçou-se,
cantou, deitou foguetes e foi para a cama mais tarde que o costume,
porque nem todos os dias são de festa. Está feito. Depois da
Croácia, mandámos a Polónia para casa e ficamos à espera de saber quem
nos calha na meia-final: ou a Bélgica, de Courtois, ou o País de Gales,
de Bale. Mas isso é só para quarta-feira. Entretanto, a UEFA voltou a eleger o miúdo Renato Sanches como o homem do jogo, mas desta vez a escolha não seria mal feita se fosse Pepe o eleito.
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OUTRAS NOTÍCIAS Hoje entra em vigor a descida do IVA na restauração (de 23% para 13%), uma medida muito reclamada pelo setor
e que o Governo espera que venha a criar mais emprego, além de
proporcionar uma descida dos preços dos alimentos no setor mas não nas
bebidas, que não são atingidas pela medida. Também hoje descem os preços do gás natural para famílias e empresas. E entra igualmente em vigor a tarifa social de eletricidade. Também hoje entra em vigor a reposição do horário de trabalho das 35 horas na Função Pública, que tinha subido para 40 horas há quase três anos, durante o programa de ajustamento negociado por Portugal com a troika. O
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anuncia hoje as "formas de
luta" escolhidas para contestar a não aplicação da redução de horário aos cerca de 9 mil enfermeiros que têm contrato com CIT, assim como a não contratação de mais profissionais. Com a mudança para as 35 horas semanais, o sindicato estima que sejam precisos mais 900 a mil enfermeiros. E não é que o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa anulou a licenciatura do ex-ministro Miguel Relvas,
pondo fim a uma polémica que se arrastava há mais de três anos e que
levou à demissão de um dos políticos mais influentes do governo chefiado
por Passos Coelho? O Rui Gustavo conta-lhe tudo. Entretanto, o Banco de Portugal recebeu quatro propostas para a compra do Novo Banco, cujo prazo terminava ontem. Santander, BCP e Caixabank ficaram fora da corrida. José
Matos Correia, vice-presidente da Assembleia da República, foi o
escolhido pelo PSD para presidir à comissão parlamentar de inquérito
(CPI) à Caixa Geral de Depósitos (CGD), cuja tomada de posse
está marcada para a próxima terça-feira. Por ser um inquérito proposto
de forma potestativa (ou seja, ao qual a maioria não se pode opôr), o partido proponente tem também a prerrogativa de escolher o presidente. João
Moreira Rato, ex-presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público
(IGCP) foi escolhido para criar uma agência de dívida no Koweit. O recuo nas receitas do petróleo obrigou o país a considerar a emissão e a colocação global de títulos de dívida soberana Cavaleiro, comendador e agora também arguido. Quem é Diogo Gaspar, o diretor do Museu da Presidência, que ontem foi detido pela Polícia Judiciária,
por suspeitas de ter praticado crimes de tráfico de influência, abuso
de poder, peculato, participação económica em negócio e de, além disso
tudo, ter falsificado um documento, na sequência de uma investigação? O Presidente da República atribuiu ontem, a título póstumo, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique a Salgueiro Maia, num gesto de "reconhecimento da pátria portuguesa", dizendo que nunca é tarde para a "reparação histórica". Os valores não ajustados de desemprego são os mais baixos em seis anos e meio, desde 2009, atingindo os 11,3% em Maio. No entanto, no emprego as notícias continuam a ser mais pessimistas, com a recuperação a demorar a chegar. Gianni Pittella, líder do grupo dos Socialistas & Democratas no Parlamento Europeu aterra esta quinta-feira em Lisboa e traz uma mensagem: “basta de austeridade”.
“Não me parece que este seja o tempo certo para falar de sanções a
ninguém ou para impor qualquer tipo de sanção. Eu aconselho a Comissão
Europeia a não prosseguir com este tipo de sanções. Este é o tempo de
criar concórdia, de alargar consensos, de recuperar a confiança dos
cidadãos”, diz, em entrevista à Susana Frexes. As ondas de choque provocadas pela decisão do Reino Unido sair da União Europeia continuam a fazer-se sentir. Agora é a agência de
notação financeira Standard and Poor's (S&P) que decidiu baixar em
um nível a classificação de crédito atribuída à União Europeia, devido às incertezas com que se confronta o bloco depois do Brexit. E o FMI a considerar que o Brexit é a principal ameaça à economia mundial. Já há cinco candidatos para suceder a David Cameron à frente dos Tories, em Inglaterra, e nenhum deles é Boris Johnson, que anunciou ontem que não se candidatava ao lugar. Espanha está entre a morte política e a tragicomédia. Depois das promessas de mudança, as eleições de domingo trouxeram o bipartidarismo de regresso.
O "sorriso de um país", slogan do Podemos, ficou amarelo. Seja qual for
o governo que vai sair das negociações, o PSOE parece ser a chave de
qualquer consenso. Em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos informou o FMI que o país prescindia do apoio financeiro que tinha pedido no início de Abril (mantendo-se os contactos ao nível técnico, enquanto membro do Fundo). O barril está neste momento entre os 49 e os 50 dólares, e isso poderá ter feito a diferença, já que quando pediu ajuda o preço estava nos 39 dólares. Acha que com carros que não necessitam de condutor deixa de haver acidentes? Desengane-se. Um
condutor norte-americano morreu numa viagem a bordo de um Model S, da
Tesla, enquanto o automóvel circulava em piloto automático. É o primeiro caso do género de que há registo e foi formalmente assumido esta quinta-feira pelo fabricante e pelo fundador, o empresário Elon Musk. FRASES “Dos
dois treinadores da Alemanha, prefiro o Joachim Low, que se ocupa só
dos seus tintins. Já Wolfgang Schäuble tem a mania de apertar os dos
outros”. José Ferreira Fernandes, colunista, Diário de Notícias “Eu, se não fosse uma pessoa de boas maneiras, se isso viesse a acontecer, apetecia-me atirar esta mesa para o ar”. Jorge Sampaio,
ex-presidente da República, sobre a possibilidade da Comissão Europeia
vir a sancionar Portugal por causa do défice de 3,2% em 2015, “Grande
Entrevista”, RTP “Ponho as mãos no fogo pela sua seriedade pessoal”. João Soares,
ex-ministro da Cultura, sobre o social-democrata Macário Correia,
condenado a quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa por igual
período, por quatro crimes de prevaricação, jornal i O QUE ANDO A LER E A OUVIR
Perdi o livro no avião, mas no Grupo Leya leram no meu anterior
Expresso Curto o que me tinha acontecido e tiveram a enorme gentileza de
me fazer chegar um novo volume, Não sabiam, claro, que eu já tinha
encomendado o livro numa conhecida cadeia de livros e música que opera
no país. O que importa é agradecer e continuar a ler “A rapariga apanhada na teia de aranha”,
quarto volume da saga Millennium, cujos três primeiros são assinados
pelo escritor sueco Stieg Larsson, entretanto falecido, e este último
por David Lagercrantz. Pois bem: apesar das minhas desconfianças
iniciais, a obra não só não desmerece o seu criador, como está à altura
das expectativas dos entusiastas da séria. Um livro altamente recomendável. Para quem gosta de bossa nova e as histórias à volta de uma música que revolucionou o mundo, então recomendo-lhe “Chega de saudade”, de Ruy Castro, (edições Tinta da China), que passou há pouco tempo por livro para promover o livro. Ainda vou no princípio mas só acompanhar a descrição do começo da carreira de João Gilberto é delicioso. Ou como ele disse quando partiu de Juazeiro para Salvador; “ Champanhe, mulheres e música, aqui vou eu!”. E foi. Quanto a música, fui buscar ao fundo da gaveta o CD de Damien Rice, O & B-Sides,
onde consta uma música incontornável: The blower’s daughter, da banda
sonora do filme Closer. Mas há várias outras faixas que convocam o
melhor de nós e nos colocam num entorpecente estado de felcidade:
delicate, volcano, cannonball e a outra minha preferida eskimo. E pronto, chegamos ao fim-da-semana e deste Expresso Curto.
Na segunda-feira regressamos em pleno, mas entretanto pode sempre
consultar o sítio do Expresso, o Expresso Diário (a partir das seis da
tarde) e amanhã o Expresso em papel. Descansemos, portanto, das emoções
do Brexit, do Wolfgang Schauble e da seleção, sempre com a marca
Expresso por perto: grande jornalismo em grande companhia.
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