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Piódão — Para turista que preza a cultura e a natureza
Posted: 09 May 2016 02:47 PM PDT
Visita com data de 15 de julho de 2005
Ontem, a vida trouxe-me um amigo que
acabara de regressar de Piódão, a aldeia histórica que há uns 11 anos me
encantou. Fui à cata dela nos meus blogues para recordar o que na
altura registei. E revivi então a visita feita com a Lita num verão
agradável.
De Arganil, rumei a Piódão, uma Aldeia Histórica que é uma referência
nacional. Foram 41 quilómetros, por estrada que serpenteia a Serra do
Açor, do cimo da qual se pode apreciar um panorama único, pela verdura
que o enche e pelos desfiladeiros que atemorizam o viajante mais
destemido. Por aqui e por ali, casebres abandonados, de xisto, e, lá no
alto, as torres que aproveitam a energia eólica. Nem vivalma pelo
caminho. Apenas a serenidade e a beleza do ambiente, o ar puro que
desentope os brônquios e a alma a sentir-se livre e a querer voar para
chegar ao infinito. Depois, ao longe, ao virar de uma esquina serrana,
meta à vista, com o casario da aldeia, como um bloco único de xisto.
Piódão é uma aldeia que não pode deixar de fazer parte de qualquer
roteiro turístico para quem busca raízes ancestrais. A fundação do
povoado data de 1676 e mantém, ainda hoje, as caraterísticas da região,
com uma fidelidade que impressiona. Povoamento concentrado de montanha,
numa encosta e em ladeira, casas de xisto, ruas pedestres estreitas e
tortuosas, regatos que escorrem por leito de pedra, flores e hortas em
recantos aproveitados, tudo nos mostra o labor harmonioso de gente que
através de séculos e séculos ali se fixou.
Hoje, Piódão tem apenas 60 moradores, seis dos quais são crianças com
idades compreendidas entre os 2 e os 4 anos. A Escola do 1.º Ciclo do
Ensino Básico, que no presente ano letivo teve um só aluno, filho do
próprio professor, dali natural, vai encerrar. Mas a vida continua na
aldeia, com gente que emigra e que volta, com gente que a visita, que o
turismo, agora, é uma das principais fontes de receita.
Nesta aldeia histórica, servida por ligações rodoviárias, há
alojamentos, cafés e restaurantes, onde ainda é possível apreciar o
cabrito assado e a chanfana, tendo a tigelada, o pão de ló, as filhós e
os coscoréis como boas sobremesas. O licor de mel e a aguardente de
medronho, que dizem ser bons digestivos, e o mel, de produção regional e
local, são excelentes.
Durante os percursos turísticos, feitos por ruas e ruelas, de empedrados
irregulares, podemos apreciar, para além do casario que domina tudo, a
Capela das Almas (1852), a Capela de São Pedro (1838), padroeiro da
povoação, a Capela de São João (da primeira década do século XVII), e a
Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, edifício
setecentista, que foi reconstruída no século XIX, tendo como autor do
projeto o Cónego Manuel Fernandes Nogueira. Junto à matriz há casas
datadas de 1869.
Como curiosidade história, aponta-se o facto de Diogo Lopes Pacheco
(estes apelidos ainda hoje existem na aldeia), conselheiro de D. Afonso
IV e que contribuiu para o assassínio de D. Inês de Castro, se ter
refugiado em Piódão. Também se diz que o célebre salteador e assassino
João Brandão, que atacava de noite os povos da região, se escondia de
dia em casa do pároco.
O Núcleo Museológico do Piódão, que merece um texto à parte, é lugar de passagem obrigatória para o turista que preza a cultura.
Fernando Martins
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