Bom dia,
Numa semana dominada pelo regresso do terrorismo à Europa e pelas ondas de choque que tem provocado, com a correspondente avalancha noticiosa, é difícil sugerir um trabalho em particular. Por isso, aconselho a releitura de dois artigos escritos “a quente”, que publicámos logo no dia dos atentados de Bruxelas, a terça-feira negra 22 de março.
O primeiro é a crónica intitulada “O medo é uma ideia sangrenta”, do Pedro Santos Guerreiro. O segundo é o artigo do Miguel Calado Lopes, ex-editor do Expresso que vive há muitos anos em Bruxelas, que escreveu, de chofre, de que modo os atentados o interpelaram e à sua vivência na capital belga. Num artigo intitulado “A incerteza dos olhares”, Calado Lopes escreve: “pela segunda vez em pouco tempo, as ruas da cidade onde vivo encheram-se de blindados do Exército, polícias, ambulâncias, barulho de helicópteros. Cruzam-se nas ruas as pessoas que há dias andavam mais aliviadas com a prisão de Abdeslam. Mas, o que mudou, pelo menos para mim, foi o olhar”.
Além destes dois artigos, temos vindo a publicar, seja no Expresso diário seja no Expresso Online – bem como na edição do semanário que chegou esta sexta-feira às bancas – os trabalhos, em texto, fotos e vídeos, dos nossos enviados a Bruxelaqs, Hugo Franco e João Santos Duarte.
Outro tema que acompanhámos diariamente no Expresso Diário foi o da crise político-judicial no Brasil desencadeada pelas mais recentes iniciativas no quadro da Operação Lava Jato. Dos vários textos do jornalista brasileiro Plínio Fraga que fomos publicando ao longo da semana, destaco o de quarta-feira, intitulado “O empreiteiro e seus bons companheiros”. O empreiteiro é Marcelo Odebrecht, ex-presidente da maior construtora do país, e o que Plínio conta é como o grupo Odebrecht decidiu estimular um acordo de colaboração com a Justiça dos seus principais executivos. E o principal destes é Marcelo, que está preso há nove meses. “O mafioso do filme Goodfellas, de Martin Scorsese, justificava que ser um gangster era melhor do que ser Presidente da República, porque os gângsteres constroem o seu próprio mundo. Um empreiteiro pode dizer a mesma coisa, ainda mais quando tem como bons companheiros os grupos políticos que se revezam no poder”, escreve. Como pode ver pela amostra, uma (re)leitura a não perder.
Nas escolhas do editor desde sábado 26 de março, destaque também para dois temas de desporto que publicámos durante a semana.
O primeiro, de quarta-feira, é sobre o antigo jogador e treinador de futebol Joaquim Lucas Duro de Jesus. Com este nome poucos o conhecerão, mas se o tratar pelo nome pelo qual era conhecido – Quinito – serão muitos os que se lembram desta lenda da bola, que treinou mais de uma dezena de clubes portugueses antes de se ter retirado do futebol, em 2009/2010 após a morte do filho. Agora foi homenageado no Fórum do Treinador, onde fez um discurso emotivo no qual relembrou essa perda. O Expresso convidou Jaime Cravo, jornalista da Sport TV, que escrevesse sobre este homem que um dia chegou a uma final da Taça de Portugal de “smoking”. “Quinito voltou. À maneira dele”, titulou o jornalista.
O segundo é sobre a morte da lenda do futebol chamada Johan Cruyff, um dos maiores jogadores/treinadores/pensadores do futebol moderno, que morreu esta quinta-feira, aos 68 anos, de cancro do pulmão. “Elegia de um devoto da igreja Cruyffiana e Maradoniana” – é este o título do artigo que pedimos ao scout e comentador de futebol Rui Malheiro, que explica quem foi e que importância teve este timoneiro da “laranja mecânica”.
Esta semana relembrámos também outra figura – esta portuguesa – recentemente desaparecida. Estou a falar de Herberto Helder, que morreu fez esta quarta-feira um ano. “Os poetas arrogam-se o direito de recomeçar o mundo”, dizia o poeta, e foi este o título que a Alexandra Carita escolheu, na segunda-feira, Dia Mundial da Poesia, para o primeiro de dois artigos sobre este poeta maior da língua portuguesa. Nele, relembra como Herberto “não fazia cedências, não acariciava o verbo, não prestava vassalagens. Foi assim durante seis décadas de escrita, uma trintena de livros lançados a conta-gotas e contados a exemplares, depois de reescritos três, quatro vezes, naquele seu método torturante de emendar e cortar, cortar e emendar”.
Noutro dia internacional, neste caso o da Meteorologia, que foi comemorado na quarta-feira, Virgílio Azevedo entrevistou João Corte Real. O nome pode dizer-lhe pouco, mas se acrescentar que se trata do decano dos climatologistas portugueses, o caso muda de figura. Tanto mais que este especialista não poupa o sector da meteorologia em Portugal: “está a funcionar mal” e “há técnicos que falam sobre o tempo na televisão e não são meteorologistas” são apenas duas das suas afirmações. Uma releitura interessante, já que quase ninguém fica indiferente ao que dizem “os homens do tempo”.
Outra (re) leitura que sugiro é a do artigo da Raquel Albuquerque que publicámos no Expresso Diário de quarta-feira. Quem nunca participou em conversas sobre as diferenças de rendimentos e poder de compra entre portugueses e espanhóis, de preços entre Portugal e Espanha? Pois bem: os institutos estatísticos dos dois países fizeram uma publicação conjunta, em cujos dados a Raquel mergulhou. Fique a saber, por exemplo, que cada português tem por ano menos 1.500 euros de rendimento do que um espanhol – e que estão ambos muito aquém dos alemães (que têm disponíveis mais 10 mil euros do que um português). Mas há muitos outros dados comparativos, quer entre nós e “nuestros hermanos” quer em relação a outros países da União Europeia.
É tudo por hoje. Boas leituras e um excelente resto de fim de semana. Voltamos na segunda-feira no Diário, mas entretanto pode ir acompanhando a atualidade no Expresso Online.
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