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Andréa Tolaini
Eu precisava de folhas de laranjeira para um banho. Tava voltando da Augusta e fui pedir a uma vizinha. Mas o dia estava corrido. Desmontagem de expo, visita a um novo lugar de expo, desenhos, preparar uma aula para sábado, uma entrega, burocracias... mas eu realmente queria as folhas. Fui numa vizinha famosa aqui perto pedir. A dona Enriquetinha. Todo mundo por aqui conhece ela. É famosa porque mantém um pequeno sitiozinho ao lado do boteco onde ela cuida de galos, galinhas, patos, perus e logo mais vai nascer um ganso. Eu tinha 10 minutos... mas me peguei perguntando o que era mais importante: ficar ali alimentando os patos, separando briga de galo, e ouvindo a dona Enriqueta ou correr com o cotidiano. Cheguei muito rápido a conclusão que era muito mais importante ficar ali. Poucos entendem isso hoje em dia, mas de fato é. Conversamos muito. Eu subi na árvore de saia, ela riu... dei comida para as galinhas... e quase que pude me transportar para um lugar que com certeza não era este lugar onde eu vivo. Ao final perguntei a dona Enriqueta se poderia tirar uma foto dela e ela ficou feliz da vida. Tirei, mostrei a ela e disse que ela era linda. Ela riu e concordou. heart emoticon Então perguntou se eu queria ouvir um poema que ela decorou quando tinha 10 anos (ela tem 87). Eu disse que amaria mas que se ela me permitisse eu gostaria de filmar. Ela não só permitiu como pediu que eu mostrasse as pessoas. Eu disse que ia mostrar para todo mundo. Que as pessoas conheceriam a vizinha mais fofinha do mundo. Então ela ajeitou o cabelinho, a saia, e aí esta... com direito a lágrimas para variar heart emoticon As pessoas, as vezes, elas encantam. Dona Enriqueta é poesia no Butantã. Merece ser eternizada. Ouvida. Falada. Pena que o humano anda perdendo o prumo do que realmente importa. Isso importa! E todo mundo tem uma dona Enriqueta na rua. Isso é o maior alimento para o artista: a simplicidade. A vida é muito mágica! - Dona Enriquetinha, ta eternizada! To cumprindo a promessa.
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