sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CMJORNAL - 30 DE JANEIRO DE 2015

PAULO MORAIS Professor universitário

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Paguem o que devem Uma das principais causas da derrocada do BES foi a fuga de capitais para Angola sem controlo, através do BES Angola (BESA). 02.01.2015 23:18 É cerca de três mil milhões o capital que o Estado português deve agora recuperar, sem hesitações. Este enorme buraco resulta, em grande parte, de empréstimos concedidos a personalidades ligadas a José Eduardo dos Santos (JES). No topo da lista está a sua irmã, Marta dos Santos, que usufruiu dum crédito de 800 milhões de dólares. Estes serviram para financiar negócios imobiliários em Talatona, numa parceria com o construtor José Guilherme. O conjunto de bafejados pelo BESA com muitos milhões é extenso, com destaque para membros da cúpula do MPLA, de Roberto Almeida a João Lourenço ou França Ndalu, entre outros. E muitas aquisições de angolanos em Portugal terão sido mesmo realizadas com o capital do BES. A herdade que os filhos de JES adquiriram em Aveiras de Cima resultava aparentemente duma entrada de dinheiro angolano em Portugal. Mas os milhões gastos pertenciam afinal aos depositantes do BES. Esta longa lista de empréstimos, já divulgada em Luanda, é ignorada pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES. Estranho! Até porque é ao Parlamento que compete decretar a recuperação do capital desviado; e destiná-lo à libertação das garantias de 3,5 mil milhões com que o estado português está comprometido no processo de resolução BES/Novo Banco. Os empréstimos que financiaram investimentos imobiliários em território nacional são de fácil recuperação: liquidação dos créditos ou confisco imediato das propriedades. Relativamente ao capital transferido para Angola, só uma operação diplomática junto de JES poderá obviar o problema. Mas mesmo esta será exequível, desde que todos os atores políticos façam valer a sua proximidade ao regime angolano. Começando pelo governo, cujo vice-primeiro-ministro visita frequentemente Luanda onde promove negócios; passando pelo Partido Comunista, que trata o MPLA como "partido irmão"; mas também pelo PS, parceiro do MPLA na Internacional Socialista. E finalmente por Cavaco Silva, que sempre se vangloriou das suas relações "verdadeiramente especiais" com o seu "caro amigo" Dos Santos.

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ANTÓNIO FONSECA

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