quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

SIC NOTÍCIAS - 4 DE FEVEREIRO DE 2015



Só li o primeiro parágrafo, mas achei piada a este belo "recorte" jornalístico:
<< o ex-primeiro-ministro nega também que nunca pensou em fugir e diz que (...) >>
Ora, se nega (o "também" é pormenor) que nunca pensou... o contrário de "nunca" é "pelo menos uma vez", de "nega" é "afirma", portanto a frase pode ser escrita como:
<< o ex-pm afirma também que já pensou em fugir (pelo menos uma vez) e diz que (...) >>
Claro que se trata de uma gralha, mas "das boas"; a frase pretendida seria "afirma também que nunca pensou" ou "nega também que alguma vez tenha pensado", enfim... são coisas do português tão bem tratado como o sr. na prisão, I guess..

José Sócrates garante nunca teve um milhão de euros escondido num cofre nem imóveis escondidos em fundos imobiliários. Em resposta a um conjunto de perguntas formuladas pela SIC, o ex-primeiro-ministro nega também que...
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Não gosto ·  · 
  • Tu e 5 outras pessoas gostam disto.
  • Daniel Fonseca E pensar que eu ia só partilhar o seguinte ideia que ainda não vi ninguém endereçar, a propósito do "caso das botas" do senhor:

    Fez-me impressão como ou porque é que o Diretor do Estabelecimento Prisional tem que lhe pedir que entregue as botas; então
     se não são permitidas, como é que elas lhe foram parar aos pés? Já estou a imaginar o diálogo:
    - oh amigo, entregue por favor essa faca do mato porque os regulamentos não permitem a sua posse...
    - não dou e vou recorrer para o tribunal!
    - ah, está bem, então fique lá com ela e depois quando o tribunal decidir ajustamos contas, pode ser?
    4 h · Editado · Gosto
  • Jose Pedro Whiteman Esse jornalista não nega ter uma bela cunha.
    4 h · Gosto
  • Daniel Fonseca Acho que ele devia era negar também que nunca teve má nota a português..
    4 h · Gosto
  • António Fonseca




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20:51 03.02.2015

Todas as respostas de José Sócrates

Emílio Remelhe

José Sócrates garante: nunca teve um milhão de euros escondido num cofre nem imóveis escondidos em fundos imobiliários. Em resposta a um conjunto de perguntas formuladas pela SIC, o ex-primeiro-ministro nega também que nunca pensou em fugir e diz que não compreende o perigo de fuga alegado pelo juiz Carlos Alexandre para o manter em prisão preventiva. Acusa o Ministério Público de violar propositadamente o segredo de justiça, para o condenar antes do julgamento. Mais que isso, aponta o dedo a "invenções e mentiras". Leia aqui, na íntegra, as respostas de José Sócrates à SIC.

Tinha viagem marcada, de Paris para Lisboa, para quinta-feira. Mudou para sexta-feira à tarde e voltou a mudar para sexta-feira à noite. Como justifica estas alterações? Admite que possa ter levantado suspeitas à investigação?

Na 5ª feira, das 17 às 19 horas, participei num seminário académico na escola doutoral de Sciences PO. Essa foi a razão pela qual mudei o regresso de Lisboa de 5ª para 6ª feira. Já na 6ª feira, a alteração do meu voo de regresso a Lisboa deveu-se à deslocação do meu advogado a Paris para uma reunião comigo que não estava inicialmente prevista. Francamente, não percebo que suspeitas essas alterações possam justificar. A verdade é que eu voltei, não fugi! Quando vejo invocarem o "perigo de fuga" como um dos fundamentos da minha prisão preventiva o que me parece é que alguém está a esforçar-se muito para não ver o óbvio: eu vinha a entrar, não ia a sair! Se este fosse um processo normal, guiado pelo bom senso, qualquer suspeita, mesmo disparatada, sobre a minha alegada intenção de fugir teria morrido aí. A insistência nesse absurdo "perigo de fuga" mostra bem o espírito que anima esta investigação e as suas presunções. Vejam bem: ao invocarem o "perigo de fuga" como um dos fundamentos da minha prisão preventiva, o que os magistrados que dirigem este processo estão a dizer é que acreditam que havia um sério risco de ficar uma cadeira vazia no meu comentário semanal na RTP! Podemos avaliar a credibilidade da ideia fazendo um esforço para imaginar a cena, com o "pivôt" da RTP a anunciar: "Senhores telespectadores, esta semana não há comentário. O ex-primeiro-ministro, que costuma estar aqui todos os domingos, fugiu!". Mas há alguém de bom senso que possa acreditar numa coisa destas?! Nunca fugi de nenhuma dificuldade; sempre as enfrentei.

No dia da sua detenção o seu advogado enviou, de Paris, um email ao director do DCIAP. De que se tratava? Que consequência teve esse email?

Às 15h54 do dia 21 de novembro (horas antes da minha detenção à chegada ao aeroporto, com todo aquele espectáculo mediático), o meu advogado enviou um e-mail ao Diretor do DCIAP comunicando a minha vontade  de ser ouvido neste processo o mais rapidamente possível (depois das buscas em casa do meu filho e da notícia da detenção de pessoas que me são próximas não era preciso ser adivinho, nem ter informações privilegiadas, para calcular que havia um processo contra mim). O texto do e-mail diz expressamente: "ele (José Sócrates)... dispõe-se a comparecer (...) onde e quando for determinado para ser ouvido".
Isso mesmo foi reiterado pelo meu advogado por contacto telefónico no mesmo dia, tendo o Diretor do DCIAP garantido que iria transmitir imediatamente o pedido, por mensagem telefónica, ao Procurador Rosário Teixeira.

Estas diligências, obviamente, deitam por terra o que ainda pudesse restar da tese do "perigo de fuga". O que provam é o contrário: a minha inteira disponibilidade para colaborar com a Justiça e para vir ao processo prestar todos os esclarecimentos. O que é absolutamente extraordinário é que esse e-mail, enviado às 15h54 do dia 21, só tenha sido oficialmente recebido às 16h04 do dia 25, já depois de decretada a prisão preventiva, sustentada, entre outras, nessa alegação absurda do "perigo de fuga". Esse pequeno truque - ignorar o e-mail e sustentar o perigo de fuga - é muito revelador. Ainda estou à espera que o sr. Diretor do DCIAP se digne explicar o que se passou.

Tentou, de alguma forma, evitar ser detido à chegada a Lisboa?

À chegada a Lisboa foi-me imediatamente comunicada a minha detenção e nada podia ser feito para a evitar. Depois, foi aquele circo mediático que estava montado e que todos puderam ver. A verdade é esta: a minha detenção nada teve a ver com Justiça, mas com espectáculo. Não se tratou de cumprir um qualquer objectivo jurídico legítimo mas teatralizar politicamente uma acção judicial.

Retenho desses episódios um momento particularmente impressivo e significativo: a manifestação organizada por um Partido de inspiração fascista, ou nacionalista, cujos manifestantes ruidosamente aplaudiam as decisões do Juiz e do Procurador. Pela minha parte, eu, que nunca fui aplaudido por fascistas, o que vejo nestas decisões é um abuso. Um abuso das regras e do Direito. E, fiel à boa tradição democrática, considero o abuso contra qualquer cidadão uma ameaça aos demais.

A sua defesa tem insistido que não existem fortes indícios de crimes no processo. Mas há uma pergunta que toda a gente faz: será possível imaginar que a justiça prenda alguém sem provas minimamente sólidas? Ainda para mais se esse alguém foi um primeiro ministro deste país?

Compreendo bem a pergunta sobre se é plausível que as autoridades tenham prendido um ex-primeiro-ministro sem terem nas mãos provas minimamente sólidas ou sem possuírem pelo menos fortes indícios da prática de crimes. Mas a verdade é que foi isso que aconteceu. Bem sei que as pessoas tenderão a pensar: "se ele está preso, é porque alguma coisa deve ter feito". E é evidente que a investigação joga com isso e com as "fugas" selectivas ao segredo de justiça para obter a condenação antes mesmo da sentença. Mas é cada vez mais claro que neste caso se prendeu para investigar. O que aconteceu aqui foi uma total precipitação de quem estava tão cego pela sua intenção persecutória ou tão convencido da sua teoria e das suas presunções que avançou sem provas ou sequer fortes indícios de quaisquer crimes. Aliás, as próprias "fugas" ao segredo de justiça, apesar do enorme esforço dos jornais do costume, mostram que este processo assenta muito mais em teorias e presunções do que em provas e indícios concretos. É por isso que esta prisão preventiva é abusiva, desproporcionada e ilegal. A minha esperança é que se perceba que, neste caso, salvar a face da Justiça não é o mesmo que salvar a face do Ministério Público. Salvar a face da Justiça é ter a lucidez e a coragem de garantir, neste como em todos os casos, o respeito integral pelos direitos fundamentais e pelo Estado de Direito.

Enquanto Primeiro-ministro alguma vez tentou beneficiar empresas ou empresários com os planos de investimento lançados pelos seus Governos?
Em concreto, ajudou, de alguma forma, os negócios do Grupo Lena, mesmo depois de deixar o Governo? Se o fez recebeu algo em troca?

Nunca, em nenhuma circunstância, durante todo o tempo em que exerci funções governativas, tomei qualquer iniciativa, directamente ou através de terceiros, para favorecer as empresas do Grupo Lena ou do meu amigo Carlos Santos Silva. Não tenho nada que ver com a vida empresarial dele, ele nunca me pediu nada enquanto fui membro do Governo. A nossa relação fraterna é pessoal não é profissional.

Conheci os administradores do Grupo Lena como participantes em comitivas empresariais no contexto de visitas de Estado, em acções de diplomacia económica. Estive com eles, por essa altura, uma meia dúzia de vezes, sempre em encontros sociais. Tenho por eles e pelo seu grupo empresarial a maior consideração mas nunca, em todo o tempo em que fui membro do Governo, nem eles, nem ninguém por eles, me pediram seja o que for.

Aproveito para esclarecer, já que isso tem sido maldosamente referido, que o projecto do Grupo Lena de construção de casas na Venezuela foi integrado no convénio comercial celebrado entre Portugal e a Venezuela em 2010 nos mesmos termos em que o foram outros projectos pendentes de várias empresas. O Governo português, como é prática na política de diplomacia económica, empenhou-se na concretização desse projecto da mesma forma que se empenhou noutros, sem qualquer discriminação ou favorecimento.

É verdade que em Setembro de 2014 telefonou para o vice-presidente de Angola a interceder pelo Grupo Lena? Organizou ou tentou organizar um encontro entre as partes? Qual a razão?

Quanto ao telefonema para o vice-presidente de Angola, é verdade que, já neste último verão, vários anos depois de ter saído do Governo, num almoço com o meu amigo Carlos Santos Silva e um dos administradores do Grupo Lena, foi-me perguntado e pedido se podia diligenciar para que essa empresa fosse recebida pelo sr. vice-presidente de Angola. Acedi ao pedido por mera simpatia e fiz esse contacto com gosto, sem nenhum interesse que não fosse ajudar uma empresa portuguesa, como, aliás, fiz com outras.

Afonso Camões, então administrador da agência Lusa, admitiu que o avisou em Maio de 2014 que estava a ser investigado. Qual foi a sua reacção e o que fez com esta informação?

Tenho bem presente essa conversa com Afonso Camões. Na altura, reagi a ela com o desprezo e a indiferença que sempre me mereceram os boatos e os rumores. Não lhe dei mais importância que isso. No entanto, essa conversa ganha, hoje, outra relevância, tendo em conta o que entretanto se passou. Desejo contar essa pequena história mas quero fazê-lo, em primeiro lugar, no sítio próprio: no processo, já aberto, de violação do segredo de justiça. Tendo já comunicado à Sra. Procuradora Geral esta minha disponibilidade, aguardo que me convoquem para prestar declarações.

Mas não disfarcemos. O facto mais importante é a denúncia que Afonso Camões fez, que é gravíssima. Ela significa que, ao menos neste caso, as violações do segredo de justiça vieram precisamente daqueles a quem compete fazer justiça e aplicar lei.
Quanto às "fugas" mais recentes ao segredo de justiça - que continuam de forma sistemática, incluindo sobre o teor de escutas políticas que seria suposto estarem guardadas num cofre por serem irrelevantes para o processo... - já que me perguntam por factos, deixo aqui alguns:

1º facto: este processo está à guarda do Procurador e do Juiz.
2º facto: todas as "fugas" ao segredo de justiça, como se vê, têm sido favoráveis à acusação.
3º facto: um director de jornal escreveu expressamente num editorial que os jornalistas obtêm informações deste processo junto dos próprios responsáveis pela investigação.
4º facto: o jornal "Público", na sua edição do dia 20 de janeiro de 2015, na pág. 7, numa notícia sob o título "Director do JN foi à PGR falar sobre contactos com Sócrates", garantiu, preto no branco, que obteve informações sobre o conteúdo de certas escutas não junto da célebre "fonte conhecedora do processo", nem da enigmática "fonte judiciária", mas de "fonte judicial".

Quatro factos. Perante estes factos, o que me espanta mais é o silêncio. Este silêncio é verdadeiramente impressionante. Mas se pensam que o silêncio conduz ao esquecimento estão equivocados. Há questões graves demais para serem silenciadas.

O seu advogado, João Araújo, tem a convicção de que o procurador Rosário Teixeira e o juiz Carlos Alexandre foram fontes de informação de órgãos de comunicação social. Tem a mesma opinião? Baseada em que factos?

A questão das violações sistemáticas do segredo de justiça não pode ser dissociada da questão das minhas intervenções públicas. Sou obrigado a defender-me na praça pública porque é também na praça pública que estou a ser acusado e julgado. Era o que mais faltava que eu tivesse de assistir em silêncio à divulgação criminosa de informações manipuladas e objectivamente difamatórias sem fazer nada em defesa da minha honra e do meu bom nome. E não é só a violação do segredo de justiça, são as mentiras: malas de dinheiro que iam para Paris; o milhão descoberto num cofre que nunca foi meu; e agora um fundo que eu teria para "esconder" os imóveis que nunca tive. Tudo invenções e mentiras. E não aceito a confusão, completamente abusiva, entre a minha resposta às notícias difamatórias que são publicadas e um suposto "perigo de perturbação do inquérito", que também é invocado como fundamento para a minha prisão preventiva. Como se o inquérito fosse muito beneficiado com as "fugas" selectivas favoráveis à acusação e prejudicado pela apresentação de esclarecimentos favoráveis à defesa! Talvez o espanto não nos tenha, ainda, permitido apreciar a beleza da posição do Ministério Público: face a reiterados crimes de violação do segredo de justiça, de teor sempre favorável à acusação, parece que o Ministério Público acha que o que realmente perturba o inquérito é o exercício legítimo do direito de defesa da honra. Logo, a seguirmos esse raciocínio, a defesa do arguido é, em si, "perturbadora". Lindo! O ideal do Ministério Público será, portanto, o de um processo onde o arguido esteja em respeito, viradinho para a frente, sem se defender. Porque defender "é perturbar". E, antes de perdermos o pé nesta vertigem que nos obriga a viajar já tão para lá de tudo o que é aceitável na lealdade processual democrática, talvez convenha lembrar o nosso estimável Ministério Público que o que perturba, de facto, o inquérito são as constantes violações do segredo de justiça. Ora, nada disto é aceitável, sobretudo quando uma pessoa é constantemente bombardeada com estas "fugas" ao segredo de justiça. Sejam claros: só há verdadeira perturbação do inquérito, susceptível de justificar uma medida restritiva da liberdade, quando há um risco real e concreto para a produção ou conservação da prova, não quando o visado por notícias difamatórias vem a público prestar simples esclarecimentos, mesmo que possam incomodar a versão da acusação.

Em declarações anteriores confirmou que "face a algumas dificuldades de liquidez que atravessei em certos momentos (…) recorri várias vezes a empréstimos que o meu amigo Carlos Santos Silva me concedeu para pagar despesas diversas". A PGR disse, em comunicado, que o inquérito está a investigar "operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro sem justificação conhecida e legalmente admissível". Consegue justificar todos esses movimentos suspeitos? Tendo admitido dificuldades de liquidez, por que razão optou por um estilo de vida tão dispendioso?

Tínhamos de acabar aqui: no meu "estilo de vida", que dizem "dispendioso", na crítica de costumes e no julgamento moral que inspira desde o início toda a campanha do "Correio da Manhã" contra mim. Não admito, nem alimento, esses julgamentos. Nem sequer para comentar a mesquinhez dos que acham que é um "luxo" tirar um mestrado em Sciences Po ou ter filhos a estudar numa escola estrangeira.

Quanto aos movimentos financeiros alegadamente "suspeitos", já expliquei o essencial que havia a explicar: o engº Carlos Santos Silva fez-me empréstimos que sempre tencionei e tenciono pagar. Essa é a verdade e não constitui crime, nem aqui nem em lado nenhum do Mundo. Por outro lado, ao contrário do que se pretendeu fazer crer, não há nenhuma contradição entre a existência desses empréstimos e o outro que também contraí, e entretanto paguei, junto da Caixa Geral de Depósitos. Tal como o facto de ter tido dificuldades de liquidez num certo período da minha vida não significa que não tivesse um horizonte financeiro, pessoal e familiar, compatível com o meu nível de despesas. Mas, já agora, sem querer "perturbar" esta tão interessante discussão das várias teorias sobre a minha vida pessoal e financeira, talvez valha a pena recordar que estamos no âmbito de um processo criminal, que é suposto investigar crimes e sustentar-se em factos, não em opiniões sobre a vida dos outros. Por isso, pondo de lado as teorias, as presunções, a coscuvilhice e os julgamentos morais que têm enchido as páginas dos jornais e animado tantos comentários, e tendo eu já respondido a tantas perguntas, há talvez uma pergunta a que a acusação deveria nesta altura responder: afinal, onde é que estão as famosas "provas" ou os "fortes indícios" dos crimes que me imputam? E, ao certo, de que crimes concretos é que estamos a falar? É essa a resposta que falta. E, enquanto faltar, nem esta prisão preventiva se justifica nem este processo pode ter futuro.

Para além de preparar a sua defesa, como ocupa o tempo na cadeia?

A prisão é uma coisa séria e tenho sobre ela muita coisa a dizer. Mas deixemos isso para outra altura. Tenho demasiado respeito por quem aqui está para me entregar ao exercício "voyeurista" da descrição do quotidiano prisional. Deixemos isso para os "tablóides".

Tem recebido muitas visitas na cadeia. Sente, ainda assim, que alguns amigos se afastaram?

Não, não senti que os amigos se afastaram. Eles sabem da monstruosa injustiça que foi cometida e o seu significado político. Tenho comigo os meus amigos de sempre e os que sempre quis ter.




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Meu comentário:

NO COMENTS....

ANTÓNIO FONSECA


OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 3 DE FEVEREIRO DE 2015

Macroscópio – Há mais mundo para além do futuro da Grécia‏

Macroscópio – Há mais mundo para além do futuro da Grécia

 
 
03-02-2015
 
 Grupos
Para: antoniofonseca40@sapo.pt



Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
Hoje vou voltar a deixar a Grécia para segundo plano. Não que outros temas estejam a dominar a actualidade, mas porque o Macroscópio também deve chamar a atenção para outros temas que cruzam o debate público. Vamos a eles.
 
Caso BES
Não é propriamente sobre o caso BES, mas é sobre o BES. De facto o banco surgiu associado ao maior caso de corrupção no Brasil, o caso Lava Jato, numa entrevista do Público a Hermes Freitas Magnus, a testemunha-chave no processo. Leiam só uma das suas respostas:
Queriam que eu levasse para o Brasil dinheiro de contas do BES, no Porto. As contas eram dele [Janene], para lavar dinheiro em Portugal, mas ouvi dizer que estavam associadas a sociedades off-shore. Como não lhes levei a encomenda, eles pediram ao Enivaldo Quadrado [empresário brasileiro, condenado a três anos de prisão no caso "mensalão" e de novo detido, em 2014, no caso Lava Jato]. Ele acabou detido no Aeroporto de Cumbica, a 8 de Dezembro de 2008, com dinheiro não declarado escondido debaixo das roupas. 
 
Erros na prova dos professores
A famosa PACC vai continuar a dar que falar, até porque ontem saiu nova decisão judicial, desta vez desfavorável ao Ministério mas com pouco impacto prático porque incide sobre a prova do ano passado. Mais do que a guerrilha do dia-a-dia, importa pensar em todo o processo de formação e avaliação de professores. Uma interessante entrevista do responsável pelo organismo que realiza estas provas, o GAVE, fornece pistas interessantes, a começar pela que lhe dá título: “O sistema está muito feito de maneira a premiar a mediania&rdqu o;. Outra extrato, ainda a propósito de ter sido possível concluir licenciaturas e, depois, dar tantos erros de ortografia:
Têm que existir critérios que permitam monitorizar estes aspetos ao longo da formação dos professores e não só. Porque esta prova pode ser aplicada a qualquer grupo de profissionais, desde que sejam qualificados. Aliás, um aluno a partir da adolescência já com alguma consciência daquilo que é o pensamento lógico, eventualmente do ensino secundário, conseguirá responder a uma grande parte dos itens.
 
O estado do país
António Barreto deu este fim-de-semana uma entrevista ao jornal I, que este titula de forma forte: António Barreto como nu nca o viu. Há enorme desencanto nessa entrevista, e passagens tão fortes como esta:
Quais são os seus votos para 2015?
[…] em primeiro lugar alterar a Constituição, com um esforço comum a vários partidos, e/ou o sistema eleitoral. Em segundo, a reforma do Estado. Evidentemente que posso sempre acrescentar que gostaria de ver algumas pessoas presas.
Quem?
Não digo nomes, mas são alguns banqueiros, empresários, administradores de empresas, ex-ministros, ex-secretários de Estado, ex-directores-gerais... Gostava de os ver presos.
 
Regresso do anti-semitismo
As comemorações dos 70 anos da libertação de Auschwitz, que tiveram lugar há exactamente uma semana, chamaram a atenção para a persistência de vários fantasmas na Europa. Em especial o famtasma do anti-semitismo (hoje mesmo houve um ataque a uma comunidade judaica em Nive). Alguns artigos relevantes:
  • Jonathan Sacks, filósofo e académico do judaismo, publicou no Wall Street Journal um importante (e longo) ensaio intitulado The Return of Anti-Semitism. Na sua opinião, “violence and hatred against Jews is on the rise, especially in the Middle East and among Muslims in Europe”. Pequeno extrato: “Judeophobia in the Middle Ages led Christians to defeat in the Crusades. Anti-Semitism led Germany to self-destruction and moral shame. Today, anti-Semitism is a key ingredient in the p oisonous mix of ideas that has turned so much of the Middle East into a cruel state of nature, a war of “every man against every man,” as Thomas Hobbes memorably described it. Hate harms the hated, but it destroys the hater.”
  • No Washington Post, Richard Cohen escreve que Anti-Semitism is once again on the march in Europe. Um dos seus pontos é a contestação à ideia de que o anti-semitismo é uma consequência das políticas de Israel: “For at least 1,948 years, anti-Semitism both existed and thrived when Israel did neither. The pogroms of Europe — and the occasional ones of the Muslim Middle East — took place with no Israel in sight. (…) Anti-Semitism infected ancient Egypt, ancient Rome, the subtle mind of T.S. Eliot and the tinkering brain of Henry Ford way before any future Israeli had pushed around any future Palestinian. Anti-Semitism does not need a reason. It needs only an excuse.”
 
Guerra na Ucrânia e situação na Rússia
A situação na Ucrânia continua a agravar-se, como ainda sublinhou no Observador José Milhazes, num texto onde deixava a seguinte pergunta: A caminho de uma guerra grande ou de uma grande guerra? Dois historiadores que conhecem especialmente bem a Europa de Leste deixaram esta semana dois apelos angustiados aos líderes ocidentais:
  • Timothy Garton Ash escreveu no Guardian de forma muito clara: Putin must be stopped. And sometimes only guns can stop guns. O seu ponto é que “The time for diplomacy will come again, but it is not now: Ukraine urgently needs military support, and a counter to Russian propaganda”.
  • Anne Applebaum, escrevendo no Financial Times, deixa um apelo: Britain must hold Russia’s kleptocratic elite to account. Depois de recordar o assassinato de Litvinenko – um crime antigo, de há oito anos, mas que só agora está em fase de inquérito no Reino Unido –, defende a seguinte ideia: “If we are serious about halting the growth of a Russian regime (…), the best thing we can do is change this attitude. We should enforce our own laws, not only pursuing any alleged murder and treating Russian criminal cas es with the seriousness they deserve, but closing the loopholes and ending the accounting tricks that have helped enrich a kleptocratic elite”.
 
Decisões do Banco Central Europeu
Continuam a ser publicados textos muito interessantes sobre a decisão da semana passada do BCE. Um deles o de Nouriel Roubini, o guru que antecipou a crise 2008, no Project Syndicate,An Unconventional Truth. Eis uma parte dessa sua verdade: “In most advanced economies, for example, there is still a very large output gap, with output and demand well below potential; thus, firms have limited pricing power. There is considerable slack in labor markets as well: Too many unemployed workers are chasing too few available jobs, while trade and globalization, together with labor-sa ving technological innovations, are increasingly squeezing workers’ jobs and incomes, placing a further drag on demand.”
 
E, claro, o futuro da Grécia
Hoje apenas duas sugestões:
  • Há um trabalho para o qual gostaria de vos chamar especialmente a atenção: o especial de Nuno André Martins no Observador onde se procura responder a um dos paradoxos da actual situação: porquê que é que o preço da dívida grega é proporcionalmente baixo? É um texto que também ajuda a perceber tudo o que, apesar de todas as críticas, já foi feito para tornar mais leve o peso que Atenas tem de suportar. Trata-se de uma exposição com alguma tecnicidade, mas que ajuda a perceber porquê, apesar de de a Grécia “estar destacada na frente como o país com maior dívida pública, o custo para servir essa dívida (também em peso do PIB) não é proporcional. Segundo o Think Tank Bruegel, com uma dívida de 175% do PIB este ano, os encargos com essa dívida (juros principalmente) atingiriam os 4,3% do PIB grego, bastante abaixo dos 5% a pagar por Portugal para gerir uns eventuais 128% de dívida pública, e dos 4,7% da Itália também para uma dívida equivalente a 128% do seu PIB.”
  • Um outro texto a merecer referência é a análise de Gideon Rachman no Financial Times, Dangerous cracks at Europe’s centre. Eis o seu ponto de partida: “T here are three crises afflicting Europe. Two are on the borders of the EU: a warlike Russia and an imploding Middle East. The third emergency is taking place inside the EU itself — where political, economic and diplomatic tensions are mounting.”E o seu ponto de chegada: “Modern Europe has an economic and political resilience, as well as a bedrock of wealth, that was simply not there in the 1930s. All the same, the current atmosphere in the continent is as unstable and unpredictable as anything that I can remember in my adult lifetime.”
 
E agora algo totalmente diferente…
Quem segue a atualidade dos Estados Unidos e conhece um pouco da sua história sabe que o país, apesar de unido no patriotismo ou na forma como colectivamente vive uma Super Bowl, é imensamente diverso. É uma diversidade que vem da origem diferenciada dos emigrantes &n dash; mesmo misturados naquele imenso “melting pot” – mas também de tradições culturais, políticas e religiosas diferentes. As linhas divisórias não separam apenas o Norte e o Sul que se combateram na Guerra Civil, ou o Leste e o Oeste. São mais complexas e a Tufts Magazine resolveu propor uma leitura um pouco ao estilo das nações europeias, Up in Arms. O resultado está sintetizado neste mapa:



As novas nações teriam os seguintes nomes: YANKEEDOM; NEW NETHERLAND; THE MIDLANDS; TIDEWATER; GREATER APPALACHIA; DEEP SOUTH; EL NORTE; THE LEFT COAST; THE FAR WEST ; NEW FRANCE e FIRST NATION. Divirta-se a tentar perceber a lógica destas divisões, as quais ainda hoje explicam divisões como as da relações das opiniões públicas com as políticas de controlo do uso de armas.
 
Por hoje é tudo. Bom descanso e até amanhã.
 
 
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