sábado, 8 de fevereiro de 2020

OBSERVADOR - 8 DE FEVEREIRO DE 2020

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DO TEMPO DA OUTRA SENHORA - 8 EDE FEVEREIRO DE 2020

Do Tempo da Outra Senhora


Posted: 07 Feb 2020 02:38 AM PST

Imagem do Museu Municipal de Estremoz. Fotografia de Isabel Água.

Quem procura quer achar
A inventariação e catalogação do figurado em barro de Estremoz está longe de estar completa e ser definitiva. É o que ocorre com exemplares dos sécs. XVIII e XIX, para os quais se desconhece a autoria e data de manufactura, aliada à coexistência de designações distintas para o mesmo espécime.
Caso em estudo
Na Exposição “Barristas do Alentejo” (1) realizada em Évora no ano de 1962, esteve patente ao público um Boneco de Estremoz, ao qual foi atribuído o número 288, identificado como sendo do séc. XVIII, pertença do Eng.º Júlio dos Reis Pereira. A designação atribuída à figura exposta foi a de “Dama orando”. Passo de imediato à sua descrição.
Trata-se de uma figura antropomórfica feminina de mãos postas e levantadas. Traja um vestido comprido com mangas, que lhe encobre os pés e é de cor castanha avermelhada, decorado com motivos florais em cuja composição entra o verde, o vermelho e o zarcão. O vestido apresenta uma gola branca ornamentada por dois folhos igualmente brancos que lhe cobrem os ombros. A cabeça está coberta com uma touca branca com folhos à frente e que lhe cobre o cabelo castanho quase na totalidade. Sobre os punhos do vestido assenta uma toalha branca. A figura enverga um manto com um grande capuz, qualquer deles de cor verde escura e com uma orla denteada, simulando galão dourado. Do lado esquerdo do manto e à altura dos joelhos é visível um enfeite em relevo, constituído por uma flor cor de zarcão e quatro folhas verdes.
A imagem assenta numa peanha paralelepipédica de base quadrada e topo cor de zarcão, a qual configura um andor. As faces laterais são de cor verde e encontram-se ornamentadas com motivos florais centrados e cuja constituição integra o verde, o vermelho e o zarcão. À excepção das arestas da base, todas as outras apresentam uma orla em relevo, de cor amarela dourada e com incisões perpendiculares às arestas. Em cada um dos quatro vértices do topo da peanha são visíveis furos que poderão ter servido de encaixe a arames que suportavam decorações fitomórficas, tal como acontece noutras imagens.
Nomes e mais nomes
A “Dama orando” integra a colecção de Bonecos que a Câmara Municipal de Estremoz adquiriu ao Eng.º Júlio dos Reis Pereira e faz parte do acervo do Museu Municipal. Joaquim Vermelho (7) manteve a designação atribuída por Reis Pereira àquela figura. Também eu (5) possuo na minha colecção um exemplar análogo ao descrito, ainda que sem toalha, pelo que subscrevi igualmente aquela designação.
Actualmente, o exemplar descrito está exposto no Museu Municipal sob a designação “Senhora com Manto / Maria?”, a qual gera dúvidas por ser ambivalente.
Por outro lado, já ouvi alguém sugerir que possa ser uma imagem de “Nossa Senhora das Dores” assente num andor, à semelhança da imagem de Nosso Senhor Jesus dos Passos. Creio que quem produziu o alvitre se baseou no facto de ambos os andores integrarem a Procissão do Senhor dos Passos.
O facto de a figura em estudo ter recebido diferentes designações ao longo do tempo, é revelador da necessidade de aprofundar o estudo da imagem para ver qual das designações é a mais adequada. Foi o que fiz.
Valha-me Frei Agostinho
Não aceitei de bom grado a designação de “Nossa Senhora das Dores”, já que iconograficamente esta é representada com um ou mais dos seguintes atributos: - Uma expressão dolorosa; - Ferida por uma ou sete espadas, simbolizando a dor que a trespassou quando da morte de Jesus; - O Rosário das Lágrimas com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Todavia, não excluí a hipótese de se tratar de uma imagem devocional de Nossa Senhora, a quem a intensa devoção dos católicos levou a atribuir-lhe inúmeros títulos.
Pensei de imediato consultar o “Santuario Mariano” (6) e a consulta do tomo VI conduziu-me à leitura proveitosa do “TITULO XXXXII - Da milagrosa Imagem de N. Senhora dos Martyres , da Villa de Estremoz”.
A imagem de Nossa Senhora dos Mártires
Frei Agostinho de Santa Maria (6) menciona a construção do Templo de Nossa Senhora dos Mártires, mas relativamente à miraculosa imagem da Padroeira afirma não ter conseguido apurar nada acerca da sua origem e como apareceu no local. Refere que a imagem é formosíssima, com vestidos, estando a Senhora de pé e de mãos levantadas. Alude que o povo tem pela imagem uma grande devoção, recorrendo a ela nos seus apertos e necessidades, retribuindo a Santa com as suas petições bem despachadas, o que o leva a oferecer-lhe lembranças pelos benefícios recebidos.
Nas Memórias Paroquiais de 1758 (2), Frei João Afonso Magro, prior da freguesia de Santa Maria de Estremoz, referindo-se à Igreja de Nossa Senhora dos Mártires, relata que no Altar-mor se venera a sagrada, milagrosa e formosíssima imagem de Nossa Senhora dos Mártires, de roca, composta com vestidos, de 6 palmos de altura e que tem as mãos postas e levantadas. Narra ainda que ao Templo concorre todo o povo pela devoção que tem com a Senhora, a quem procura nas suas necessidades e apertos, confiante nos milagrosos despachos às suas petições.   
António Henriques da Silveira (4) refere-se à imagem de Nossa Senhora dos Mártires, declarando que: “A imagem da Senhora é perfeitíssima, e de notável veneração”.
Túlio Espanca (3) diz que a imagem de Nossa Senhora dos Mártires não foi alienada na profanação da Igreja em 1912 e é uma imagem de roca, com vestes ricas de tecelagem bordada.
Milagre de Nossa Senhora do Mártires
Frei Agostinho de Santa Maria (6) conta que os milagres de Nossa Senhora dos Mártires são inumeráveis, mas há um em que resplandece a grande piedade da Mãe de Deus para com os miseráveis e pobres pecadores, relatando-o.
Uma mulher nobre da Vila de Estremoz, devota de Nossa Senhora, em sinal de agradecimento por graça recebida, confeccionou uma toalha em pano rico, guarneceu-a com uma renda igualmente rica e ofereceu-a para o Altar de Nossa Senhora, pondo-a com as suas próprias mãos.  
Outra mulher, pobre e cheia de necessidade, implorou a Nossa Senhora que lhe valesse e lhe acudisse. Estando sozinha na Igreja e vendo a toalha no Altar, dirigiu-se a Nossa Senhora mais ou menos nestes termos: Bem vedes da minha pobreza e da necessidade que padeço com os meus filhos. Dai-me licença para que vos tire e leve a toalha e a venda para com o valor dela acudir à minha necessidade. Assim na suposição que vós ma dais, tiro-a do vosso Altar e levo-a.
A mulher tomou então a toalha e levou-a consigo, sem que ninguém visse. Como tinha que arranjar quem a comprasse, calhou a ir a casa da devota mulher que a tinha oferecido a Nossa Senhora. À nobre mulher pareceu que a toalha era a sua, mas temendo errar, não disse nada à pobre mulher, dando-lhe alguma coisa para a entreter e mandando-a voltar no dia seguinte, para lhe dar o resto do valor que tinham combinado. Depois, mandou uma criada à Igreja, para ver se no Altar estava a toalha que tinha oferecido a Nossa Senhora. A criada depois de chegar ao Altar achou que a toalha era aquela que a sua ama lhe pusera e regressou a casa para dar conta desse facto à ama. Esta foi certificar-se que era a sua toalha que estava no Altar e depois de a examinar muito bem, concluiu que era. A pobre mulher recebeu então inteiramente o valor da toalha e remediou a seus filhos. Compreendeu-se a piedade que Nossa Senhora usara com a pobre mulher aflita, mandando pôr outra no Altar pelas mãos dos Anjos, tão parecida que não se pudesse julgar que a pobre mulher a tinha furtado. Creu-se assim que tinha ocorrido um Milagre de Nossa Senhora dos Mártires.
Acerto de agulhas
É natural que o “Milagre da toalha” tenha sido perpetuado na iconografia de Nossa Senhora dos Mártires e em particular na barrística popular de Estremoz. Daí que exista uma figura antropomórfica feminina, envergando um manto com um grande capuz, de mãos postas em atitude de oração, tendo ou não uma toalha branca assente sobre os punhos do vestido. A meu ver, deverá ser designada por “Nossa Senhora dos Mártires”, abandonando-se designações como: “Dama orando”, “Senhora com Manto”, “Maria” e “Nossa Senhora das Dores”.
A imagem já não é a mesma
A Capela de Nossa Senhora do Mártires, começou a construir-se em 1371 por iniciativa de D. Fernando I e terminou com D. Nuno Álvares Pereira, tendo sofrido modificações no reinado de D. Manuel I e de D. João V. Foi classificada como Monumento Nacional em 1922 e sofreu múltiplas intervenções no decurso do tempo, reabrindo ao culto em 1972. Pelo caminho ficou a primitiva imagem de Nossa Senhora dos Mártires de mãos postas e levantadas. Foi substituída por outra imagem também de roca, que segura o Menino Jesus ao colo e nada tem a ver com a imagem que está na génese do presente texto e cujo “Milagre da toalha” foi perpetuado na barrística popular de Estremoz.

BIBLIOGRAFIA
1 – Catálogo da Exposição “Barristas do Alentejo” realizada de 24 de Junho a 15 de Julho de 1962 no Palácio de D. Manuel em Évora. Grupo Pró-Évora. Évora, 1962. (págs. 26 e 34)   
2 – COSTA, Mário Alberto Nunes. Estremoz e o seu concelho nas “Memórias Paroquiais de 1758”. Separata do Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, Vol. XXV. Coimbra, 1961. (pág. 57)
3 - ESPANCA, Túlio. Inventário Artístico de Portugal - VIII. Distrito de Évora. Concelhos de Arraiolos, Estremoz, Montemor-o-Novo, Mora e Vendas Novas. Vol. I. Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa, 1975. (pág. 91)
4 - FONSECA, Teresa. António Henriques da Silveira e as Memórias analíticas da vila de Estremoz. Câmara Municipal de Estremoz. Estremoz, 2003 (pág. 180).
5 - MATOS, Hernâni. Bonecos de Estremoz. Afrontamento. Estremoz / Póvoa de Varzim, 2018. (pág. 16)
6 - SANTA MARIA, Frei Agostinho de. Santuario Mariano, tomo VI. Na Officina de António Pedrozo Galram. Lisboa, 1718. (págs. 147, 148 e 149)
7 - VERMELHO, Joaquim. Barros de Estremoz. Limiar. Porto, 1990. (págs. 84 e 106)
Estremoz, 31 de Janeiro de 2020

JÚLIO VERNE - ESCRITOR DE FICÇÃO CIENTIFICA - NASCEU EM 1828 - 8 DE FEVEREIRO DE 2020

Júlio Verne

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Disambig grey.svg Nota: Para o veículo espacial não-tripulado, veja Jules Verne ATV.
Júlio Verne
Jules Verne fotografado por Felix Nadar1878.
Nome completoJules Gabriel Verne
Nascimento8 de fevereiro de 1828
NantesPays de la Loire
Morte24 de março de 1905 (77 anos)
AmiensPicardia
Nacionalidadefrancês
CônjugeHonorine Hebe du Fraysse de Viane Morel
Filho(s)Michel Verne, 2 enteadas
OcupaçãoEscritor (1850–1905)
Principais trabalhosVinte Mil Léguas Submarinas
Viagem ao Centro da Terra
Género literárioFicção científica
Aventura
Assinatura
Jules Verne autograph.jpg
Página oficial
www.nantes.fr/julesverne
Jules Gabriel Verne, conhecido nos países de língua portuguesa por Júlio Verne (Nantes8 de fevereiro de 1828 — Amiens24 de março de 1905), foi um escritor francês.[1]
Júlio Verne foi o primogênito dos cinco filhos de Pierre Verne, advogado,[1] e Sophie Allote de la Fuÿe, esta de uma família burguesa de Nantes.[2] É considerado por críticos literários o inventor do gênero de ficção científica, tendo feito predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.
Até hoje Júlio Verne é um dos escritores cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.

Biografia

Infância e juventude

Júlio Verne nasceu em 8 de fevereiro de 1828, e passou a infância com os pais, o irmão Paul, e as três irmãs, Ana, Matilde e Maria, na cidade francesa de Nantes e na casa de verão da família. Seu pai, Pierre Verne, era um magistrado de Provins. A proximidade do porto e das docas constituíram provavelmente grande estímulo para o desenvolvimento da imaginação do autor sobre a vida marítima e viagens a terras distantes. Com seis anos iniciou os estudos com a viúva de um capitão, e com oito foi mandado para o seminário com seu irmão Paul. Em 1839 partiu para Índia como aprendiz de marinheiro, mas foi interceptado por seu pai em Paimboeuf, confessando ter tentado a viagem para encontrar sua prima, Carolina Tronson, e entregar-lhe um colar de diamantes. Prometeu viajara "apenas nos sonhos". Em 1844 estudou retórica e filosofia no Liceu de Nantes. Formado, seguiu os passos do pai, formando-se em direito em Nantes, em 1864.[3]
Apaixonado por Carolina, escreveu sua primeira obra, uma tragédia em versos que a família desgostou. Carolina casa-se em 1847. Verne fez seu exame de direito em Paris, onde compôs um drama, e retornou a sua cidade natal, onde a obra foi lida por um petit comité no Cercle de La Cagnotte. Seu pai, com a esperança de que o filho seguisse sua carreira de advogado, envia o Verne novamente a Paris, a fim de que continuasse os estudos do direito. Contudo, em Paris, Júlio começou a se interessar mais pelo teatro do que pelas leis, tendo escrito alguns livretos de operetas e pequenas histórias de viagens. Seu pai, ao saber disso, cortou-lhe o apoio financeiro. Durante esse período, o autor conheceu os escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo. Uma das peças de Verne, As palhas rompidas, agrada Dumas, e a peça estreia no Teatro Histórico em 12 de junho de 1850. Apresenta sua tese, e o pai deseja que retorne a Nantes para trabalhar como advogado, mas Verne decide pela carreira literária. Para completar a renda, dá aulas em Paris, sem parar de escrever.[3]
Em 1856 conhece Honorine de Viane Morel, de 26 anos, viúva com duas filhas. Casam-se em 1857 e, em 1861, tem seu único filho, Michel Jean Pierre Verne. Ingressa em uma sociedade na bolsa de Paris, mais especificamente com a casa de câmbio Eggly, mediante a uma contribuição financeira de seu pai e as relações de seu sogro. Viaja à Inglaterra, e à Escócia em 1859, e à Noruega e à Escandinávia, em 1861. De 1872 a 1886 vive o apogeu de sua fama e fortuna, advindas de seu sucesso literário. Em 1877, ocorre em Amiens um grande baile à fantasia, que conta com a presença do ilustre fotógrafo Félix Nadar, a quem Verne homenageia em sua obra Da Terra à Lua, com o personagem Miguel Ardan, anagrama com "Nadar". Verne adquire dois iates em épocas distintas, realizando uma viagem aos Estados Unidos, escrevendo Vinte Mil Léguas Submarinas na volta, ainda a bordo.[3]

Últimos anos

Michel, seu filho, era considerado um rapaz rebelde, e não seguiu as orientações do pai. Júlio Verne mandou o seu filho, aos 16 anos, em uma viagem de instrução em um navio, por 18 meses, com esperança que a disciplina a bordo e a vida no mar corrigissem o seu carácter rebelde, mas de nada adiantou. Michel não se corrigiu e acabou por casar com uma atriz, contra a vontade do pai, tendo com ela dois filhos.
Em 9 de Março de 1886, foi atingido por dois tiros quando este chegava em casa na cidade de Amiens,[3] pelo seu sobrinho Gaston.[carece de fontes] Um dos tiros o atingiu no ombro e demorou a cicatrizar, o outro atingiu o tornozelo, deixando-o coxo nos seus últimos 19 anos de vida. Não se sabe bem por que seu sobrinho tenha cometido o atentado, mas ele foi considerado louco e internado em um manicómio até o final da vida. Este episódio serviu para aproximar pai e filho, pois Michel vendo-se em vias de perder o pai passou a encarar a vida com mais seriedade.
Neste mesmo ano, morria o editor Pierre Hetzel, grande amigo de Júlio Verne, facto que o deixou muito abalado.
É eleito para o Conselho Municipal de Amiens e passa os seus últimos anos em tal ocupação. Perde o pai em 1871, a mãe em 1887, e o irmão em 1897. Seus últimos anos são marcados por uma mudança de caráter para o melancólico, escreve que Paris não voltará a vê-lo, e que, enquanto não trabalha, não sente-se vivo. É atingido por uma catarata em 1902, e falece em 24 de março de 1905, na casa de Amiens.[3] Nos últimos anos, Verne escreveu muitos livros sobre o uso erróneo da tecnologia e os seus impactos ambientais, sua principal preocupação naquela época. Continuou sua obra até a sua morte. O seu filho Michel editou seus trabalhos incompletos e escreveu ele mesmo alguns capítulos que estavam faltando, quando da morte do pai. Entre tais obras póstumas, "A Missão Barsac" (em francêsL'Étonnante Aventure de la Mission Barsac) continha, em seus rascunhos originais nomeados "Voyage d'étude", referências ao esperanto[4] (língua sobre a qual seu pai possuía grande interesse[5][6]) que foram removidas entre outras alterações feitas por Michel Verne na obra final.
Encontra-se sepultado no Cemitério de La MadeleineAmiensPicardia na França.[7]

Carreira literária

Capa das edições Hetzel
A carreira literária de Júlio Verne começou a se destacar quando se associou a Pierre-Jules Hetzel, editor experiente que trabalhava com grandes nomes da época, como Alfred de Brehat, Victor Hugo, George Sand e Erckmann-Chatrian. Hetzel publicou a primeira grande novela de sucesso de Júlio Verne em 1862, o relato de viagem à África em balão, intitulado Cinco semanas em um balão.[2][3] Essa história continha detalhes de coordenadas geográficas, culturas, animais, etc., que os leitores se perguntavam se era ficção ou um relato verídico. Na verdade, Júlio Verne nunca havia estado em um balão ou viajado à África. Toda a informação sobre a história veio de sua imaginação e capacidade de pesquisa. A parceria entre Verne e Hetzel duraria por 20 anos.[3]
Hetzel apresentou Verne a Félix Nadar, cientista interessado em navegação aérea e balonismo, de quem se tornou grande amigo e que introduziu Verne ao seu círculo de amigos cientistas, de cujas conversações o autor provavelmente tirou algumas de suas ideias.
O sucesso de Cinco semanas em um balão lhe rendeu fama e dinheiro. Sua produção literária seguia em ritmo acelerado. Quase todos os anos Hetzel publicava novos livros de Verne, quase todos grandes sucessos. Dentre eles se encontram: Viagem ao Centro da Terra (Voyage au centre de la Terre), de 1864, Vinte Mil Léguas Submarinas (Vingt mille lieues sous les mers) de 1870 e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias (Le tour du monde en quatre-vingts jours), de 1873.[3]
Um dos seus livros foi Paris no século XX. Escrito em 1863, somente publicado em 1989, quando o manuscrito foi encontrado pelo bisneto de Verne. Livro de conteúdo depressivo, foi rejeitado por Hetzel, que recomendou Verne a não publicá-lo na época, por fugir à fórmula de sucesso dos livros já escritos, que falavam de aventuras extraordinárias. Verne seguiu seu conselho e guardou o manuscrito em um cofre, só sendo encontrado mais de um século depois.
O seu último livro publicado foi O senhor do mundo, no ano de 1904.[3]
Até hoje Júlio Verne é o escritor cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.

Lista de obras

  1. Cinco semanas em um balão (br) / Cinco semanas em balão (pt), 1863
  2. Paris no século XX, 1863 (publicado apenas em 1989)
  3. O capitão Hateras (br) / Aventuras do capitão Hatteras (pt), 1864-1867
  4. Viagem ao centro da terra, 1864
  5. Da Terra à Lua, 1865 (eBook)
  6. Os Filhos do Capitão Grant, 1866-1868
  7. À roda da Lua (pt) / À volta da Lua (br), 1869
  8. Vinte mil léguas submarinas, 1870
  9. Os conquistadores, 1870
  10. Uma cidade flutuante, 1871
  11. Três russos e três ingleses, 1872
  12. A volta ao mundo em oitenta dias, 1872
  13. A ilha misteriosa, 1873-1875
  14. Martin Paz, 1874
  15. O Chancellor, 1875
  16. Miguel Strogoff, o correio do czar, 1876
  17. Um drama no México, 1876
  18. Heitor Servadac, 1874-1876
  19. As Índias Negras, 1876-1877
  20. Martin Paz, 1877
  21. Um capitão de quinze anos, 1878
  22. História das grandes viagens e dos grandes viajantes, 1878
  23. As atribulações de um chinês na China, 1879
  24. Os quinhentos milhões da begum, 1879
  25. A revolta da Bounty, 1879
  26. A jangada, 1880
  27. A casa a vapor, 1880
  28. A escola dos Robinsons, 1882
  29. O raio verde, 1882
  30. Dez horas de casa, 1882
  31. O arquipélago em chamas (br) / Os piratas do arquipélago (pt), 1883
  32. Kerabán, o teimoso, 1883
  33. A estrela do Sul, 1884
  34. Um bilhete de loteria (br) / Um bilhete de lotaria (pt), 1885
  35. Matias Sandorf, 1885
  36. O náufrago do Cynthia, 1885
  37. Robur, o conquistador, 1886
  38. Norte contra Sul, 1887
  39. O caminho da França, 1887
  40. Dois anos de férias, 1888
  41. Família sem nome, 1888-1889
  42. A esfinge dos gelos, 1895
  43. O segredo de Wilhelm Storitz, 1898 (revisado em 1901 e publicado somente em 1985)
  44. O soberbo Orenoco, 1898
  45. Os irmãos Kip, 1902
  46. O senhor do mundo, 1904
  47. L'Éternel Adam[8] (ptO Eterno Adão),[9] publicado em 1910.
  48. O tio Robinson, 1861
  49. A Aldeia Aérea, 1901
  50. A invasão do Mar, 1905
  51. A esposa do Capitão Branican, 1891

Adaptações

Do conjunto das obras de Júlio Verne, trinta e três foram levadas ao cinema, dando lugar a um total de noventa e cinco filmes, sem contar com as adaptações para séries de televisão. A obra mais vezes adaptada foi Miguel Strogoff (dezesseis vezes), seguida de Vinte Mil Léguas Submarinas (nove vezes) e Viagem ao Centro da Terra (cinco vezes), e de A volta ao mundo em 80 dias (duas vezes).

Principais filmes baseados nas suas obras

Referências

  1. ↑ Ir para:a b «Júlio Verne». Infopédia. Consultado em 2 de Fevereiro de 2011
  2. ↑ Ir para:a b Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. «Cem anos da morte de Júlio Verne». Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Consultado em 13 de abril de 2010. Arquivado do original em 3 de abril de 2010
  3. ↑ Ir para:a b c d e f g h i Júlio Verne (2002) [1864]. «Introdução». Voyage au centre de la terre [Viagem ao Centro da Terra(pocket)264. [S.l.]: L&PM Pocket. ISBN 978-85-254-1116-7
  4.  sobre isso: Abel MontagutJules Verne kaj esperanto (la lasta romano)Beletra Almanakonº 5, junho 2009Nova Iorque, páginas 78-95.
  5.  Delcourt, M. - Amouroux, J. (1987): Jules Verne kaj la Internacia Lingvo. - La Brita Esperantisto, vol. 83, nº 878, páginas 300-301. Londres. Republicado de Revue Française d'Esperanto, novembro-dezembro, 1977
  6.  Haszpra O. (1999): Jules Verne pri la lingvo Esperanto - em húngaro: - Scienca Revuo, 3, 35-38. Niederglat
  7.  Júlio Verne (em inglês) no Find a Grave
  8.  Universcience (em francês) - L'Éternel Adam. Página visitada em 9 de Fevereiro de 2012.
  9.  O Eterno Adão (em português). Julio Verne. Editora HemusISBN 8528906191. Página visitada em 9 de Fevereiro de 2012.

Bibliografia

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