Comecei a leitura do Expresso Diário de hoje por aquilo que é gravemente importante — a política: o inquérito Expresso/SIC da Eurosondagem coloca o PS a três pontos da maioria absoluta. (?????) O Vítor Matos, no nosso texto de capa, apaga os pontos de interrogação; depois a Mariana Lima Cunha conta como foi o debate do estado da nação: esquerda e direita analisaram de formas diferentes o momento político que se vive e cada um puxou os louros e empurrou culpas como pôde; e, por fim, o Miguel Santos Carrapatoso e a Rosa Pedroso Lima revelam que há mais um foco de tensão na ‘geringonça’ e logo onde menos se esperava. Tudo porque a CIP criticou a proposta do Governo sobre alterações da lei laboral que o Parlamento vota na próxima quarta-feira.
Até que os assuntos ‘geringôncicos’ me levaram à crónica de Daniel Oliveira, onde este critica um vídeo que o PCP fez sobre as contradições do Governo. “Não está certíssimo é ter, a abrir esse vídeo, uma imagem do ‘Padrinho’ (tendo em baixo as imagens de António Costa, António Saraiva, Assunção Cristas e Rui Rio) e a acompanhar a música do filme sobre os Corleone”.
E entra na história o maior realizador americano de todos os tempos — Francis Ford Coppola.
Está tudo ligado — Ricardo Marques escreve a António, Jerónimo, Catarina, a “Equipa de ciclismo Geringonça-CCJ”. “Isto está a correr mal, do tipo mãos fora do guiador, pés no ar e sangue no joelho e dores no corpo todo, ou tudo vai bem, e a estrada é que é difícil? É como se a bicicleta não tivesse travões. Nem nas descidas abrandam. E o da frente assusta-se, claro, mais ainda porque começou a reparar que a bicicleta nova já não está assim tão nova. Os pneus estão remendados, o selim está gasto e até a corrente e os cabos já têm alguma ferrugem.” Faz logo lembrar ‘Broken Bicycles’, uma das canções de Tom Waits para “One From the Heart”, de Coppola: “Broken bicycles, old busted chains/ With busted handle bars out in the rain”.
Logo hoje que a Vera Lúcia Arreigoso nos leva a dar um mergulho nas unidades públicas de medicina subaquática e hiperbárica. Qual é a mais famosa câmara hiperbárica de todos os tempos? A que Michael Jackson comprou nos anos 80, porque lhe disseram que dormindo lá dentro prolongava a vida até aos 150 anos, e que acabou por usar para promover, em ambiente de ficção científica, o filme “Captain EO”, realizado por Francis Ford Coppola, que protagonizava no papel de um ‘space commander’. Uma das canções do filme é ‘We Are Here To Change the World’, que podia sonorizar as voltas de Trump pela Europa.
Logo hoje que a Margarida Mota nos conta as fantásticas histórias políticas que se desenrolam dentro e ao redor do Mundial ou que a Cristina Peres se debruça sobre a reunião dos ministros do Interior da União Europeia em Innsbruck, a capital do Tirol austríaco. Todas as histórias que metem Áustria ou Sérvia e Ucrânia, no caso do Mundial, lembram imediatamente um certo conde com castelo nos Cárpatos que Coppola filmou.
Logo hoje que António Caeiro conta como Liu Xia, viúva do Nobel Liu Xiaobo, foi autorizada a sair da China. Uma vez escreveu uma carta às autoridades: “Tenho estado sob prisão domiciliária e perdi todas as minhas liberdades pessoais desde outubro de 2010. Ninguém me explicou as razões da minha detenção.” Um caso de “lost in translation”, diria Sofia.