terça-feira, 5 de janeiro de 2016

EL VENTANO - 5 DE JANEIRO DE 2016

Los reyes (magos) son las madres

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La cabalgata de mi barrio era un escaparate comercial más, y al que iba por libre, le hacían la vida imposible. Nos pasamos años peleando con la Junta de Distrito para defender la cabalgata vecinal, que el Ayuntamiento del PP hizo todo lo posible para cargársela (Isaac Rosa)

Déjenme empezar por una pequeña historia personal: hace casi treinta años mi madre fue rey mago. Concretamente, Baltasar. En la cabalgata de Badajoz, a finales de los ochenta. Y no lo hizo con disimulo: la entrevistaron medios de toda España. Pero no hubo ni un solo artículo de la caverna, ni un tertuliano, ni un concejal de la oposición que pusiera el grito en el cielo. Ni un gritito, vaya. Todo lo contrario: se recibió con expectación. De hecho, no fue la única.
Que tres décadas después tengamos que oír tanta tontería porque una mujer se disfrace de rey mago en una cabalgata de barrio, da la medida del subnivel que vamos alcanzando. Cualquier cosa sirve para montar una polémica. Y si es para dar leña a los nuevos ayuntamientos, barra libre. Da lo mismo que llevemos décadas malpintando de negro a hombres con el cuello blanco, o que famosetes y políticos perfectamente reconocibles se lo pasen bien tirando caramelos.
El problema es que sea una mujer la que se ponga la misma barba cutre de siempre, vaya, pobrecitos niños, la ilusión por los suelos. A ver, si no le has contado a tu hijo que el de la carroza es un “ayudante” disfrazado, y le haces creer que es el auténtico rey venido de Oriente para pasear por tu ciudad, el que pones en riesgo su ilusión eres tú.
Entre todos los argumentos cavernícolas, mi favorito es el de “si sois tan laicos, por qué no dejáis las tradiciones cristianas en paz”. Llevo años diciendo que no, que los reyes magos no son cristianos. Hace mucho tiempo que ni la Iglesia ni sus fieles tienen el ‘copyright’ de sus majestades de Oriente. Como no la tienen de los belenes, que se ponen al gusto de cada casa, incluidas las familias ateas (que solemos ser las más entusiastas). Pero nunca faltan a su cita los fundamentalistas, que siempre intentan hacernos el mismo truco de trilero: cuando criticas la presencia de un símbolo religioso en el espacio público, te dicen que es un símbolo cultural, de todos. Pero luego vas tú y dices que los reyes son una manifestación cultural, y te dicen que no, que religiosa, y un respeto, oiga.
En el caso del Ayuntamiento de Madrid, no recuerdo que a los puristas de la “tradición” (que ya de por sí es dudosa en los reyes magos) les molestase mucho que la cabalgata se convirtiese en un desfile de patrocinadores privados y películas infantiles en promoción. La cabalgata era un escaparate comercial más, y al que iba por libre, le hacían la vida imposible: lo sabemos bien en mi barrio, Hortaleza, donde nos pasamos años peleando con la Junta de Distrito para defender la cabalgata vecinal, participativa y autogestionada.
El Ayuntamiento del PP hizo todo lo posible por cargársela: cambios de fecha y recorrido, exigencias a los organizadores, o montar otra cabalgata patrocinada por un centro comercial. Hasta hubo que solicitar permiso a la Delegación del Gobierno para que los reyes saliesen en manifestación. Y pese a todo, el desfile de vecinos y asociaciones resistió. Con sus magos disfrazados, sus carrozas decoradas por niños, su irresistible batucada y un rey negro llegado no de Oriente, sino del CIE.
Aquí seguimos otro año, ahora sí con la colaboración del nuevo Ayuntamiento (que no la paga, malpensados: seguirá financiada por los propios vecinos). Si tenéis hijos, estáis invitados a participar esta tarde en nuestra cabalgata. No será la mejor, ni la más grande, ni la más respetuosa con la “tradición”, pero sí la más participativa, y sobre todo la más divertida. Aquí os esperamos.

EXPRESSO CURTO - 5 DE JANEIRO DE 2016


Da importância das lavandarias e da hipocrisia de alta voltagem

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto 
Valdemar Cruz
POR VALDEMAR CRUZ
Jornalista
 
5 de Janeiro de 2016
 
Da importância das lavandarias e da hipocrisia de alta voltagem
 
Zeca Afonso era antes de mais um poeta. Num tempo de fala curta, construía metáforas de alcance longo e falava de vampiros para evocar quem de pés de veludo chegava para sugar o sangue fresco da manada. O tempo era outro, a linguagem era a possível. Ainda assim, entre o dito e o não dito, tudo ficava explícito. Hoje vivemos uma era de palavra mais fácil e rápida. Nem por isso se encontram metáforas bastantes para explicar o despudor contido nas notícias sobre a facilidade de circulação de dinheiro. No Expresso Diário, Micael Pereira, explica como, de acordo com um relatório da Direção-Geral da Política de Justiça, o número de operações suspeitas de lavagem de dinheiro reportadas pelos bancos em Portugal aumentou 20% em apenas um ano. Entre 2012 e 2013 passou de 2020 para 2400 casos. 958 situações reportadas tinham origem em atividades criminais. Deste universo, 60% dos casos provou-se estarem ligados a fraudes fiscais, 8% provinham de receitas do tráfico de droga e outros 8% reportavam a crimes de burla. O dado ainda mais preocupante já assinalado por diferentes autoridades assenta na constatação de que os métodos utilizados pelas redes terroristas para financiar atentados e o armamento de grupos como o chamado Estado Islâmico na Síria, confundem-se cada vez mais com os esquemas usados por organizações ligadas ao tráfico de droga e por redes associadas a regimes corruptos.

Os setores imobiliário e de hotelaria, mas também os bancos, funcionam como plataformas cada vez mais vulneráveis para ações debranqueamento de capitais. Depois entram em cena os "offshores". Portugal, em plena crise, sangrava dinheiro para o exterior. Admite-se que possa ter saído um quarto da riqueza do país. Em 2011, o Banco de Portugal reconheceu que o investimento direto português no estrangeiro tinha aumentado 134%. Como os responsáveis do Banco de Portugal fazem parte dos fautores da novilíngua, quando referem investimento, querem mesmo dizer fuga de capitais. Uma fuga com a Holanda como destino onde se acomodavam 19 das 20 empresas que à data constituíam o glorioso e patriótico índice PSI-20 das maiores empresas cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa. Admite-se que nos inúmeros "offshores" espalhados pelo Mundo, inclusive na Madeira, circulem verbas entre os 8 e os 32 biliões de dólares da riqueza privada, ou seja, perto de metade do PIB Mundial. Sabem-no os dirigentes dos principais países. Sabem-no os responsáveis pelos principais bancos centrais. Sabem-no as principais instituições judiciais e policiais.Uma coisa, porém, é saber. Outra é querer saber como atuar perante o combate à fraude e evasão fiscal, reconhecida por altos responsáveis da EU como uma questão crucial para a sobrevivência das economias europeias. Será? Ou será este reconhecimento uma outra forma de hipocrisia, semelhante à que leva políticos como Obama, Angela Merkel, François Hollande ou David Cameron, sempre tão diligentes a falar da defesa dos direitos humanos, a calarem o que se esperava fosse a sua indignaçãoperante a execução, na Arábia Saudita, de 47 pessoas. Antes de serem muçulmanos e, por acaso, um deles clérigo xiita, são homens e mulheres com o azar de terem sido executados pela ditadura amiga, ou um "aliado infrequentável\", como titula um artigo da revista francesa Le Point.

Vivemos, desse ponto de vista, tempos cruéis, marcados porlavandarias várias e hipocrisias sem fim. Como o revela a crise dos refugiados e o modo como vários países europeus estão a reagir a esta emergência social. Fecham-se fronteiras, como o fez ontem aDinamarca ao fim de meio século de ligações abertas com a Suécia. Rasgam-se acordos e, como titula o El País, os controlos da Suécia e na Dinamarca aceleram o colapso de Shengen.. O refugiado foi eleito a figura internacional do ano pela redação do Expresso e pelos seus leitores numa votação "online". É uma preocupação central dos povos da Europa, onde, só em 2015, chegaram mais de um milhão de emigrantes sem papéisHá quem lhes chame irregulares. Confirma-o a divulgação, ontem, dos resultados da iniciativa anualmente lançada pela Porto Editora para a escolha da palavra do ano. Quem votou escolheu o termo "refugiado". Ao nível dos sentimentos e solidariedade ativa das pessoas num drama feito gente, a chama vai alta. Ao nível dos Estados, vão por certo prosseguir as pequenas e grandes cimeiras com sonoras e pias declarações. No terreno, persistirá a certeza de que o fluxo migratório,nem se combate com armas, nem com manifestações de intenções. É a guerra. E cada guerra é o fruto de muitas guerras. Enquanto houver guerra, haverá refugiados.

OUTRAS NOTÍCIAS
A pré-campanha das eleições presidenciais materializa-se noatropelo de sucessivos debates organizados pelas rádios e televisões. Há um evidente enfado no modo como têm sido comentados por quantos os analisam nos diferentes espaços públicos. Ontem, depois do mega debate na Antena 1, de manhã, com apresença de todos os candidatos, sucederam-se à noite os frente a frente televisivos. Uns mais escaldantes (Henrique Neto versus Maria de Belém), outros mais assente na memória de feitos e posições passadas (Marisa Matias vs Marcelo Rebelo de Sousa), outros apenas cordiais (Edgar Silva vs Sampaio da Nóvoa). Hoje há mais, numa procura do esclarecimento democrático. Está pordemonstrar a eficácia do modelo, com acumulação de debates no mesmo dia, como está por provar a bondade democrática de umaalternativa minimalista, reduzida aos frente a frente entre os nomes mais mediáticos.

No dia a dia dos cidadãos impõe-se outro tipo de notícias, como a que nos indica estar o setor automóvel em recuperação, com 200 mil veículos vendidos em 2015, segundo o balanço publicado pela Associação Automóvel de Portugal. O crescimento é de 24% em relação a 2014.

Na próxima quinta-feira poderá sair da Assembleia da República uma boa notícia para quem depara com dificuldades económicas. Serão votados e aprovados, presume-se, os projetos-lei do PS, BE e PCP que impedem a penhora das casas aos cidadãos com dívidas ao fisco ou à Segurança Social.

No ensino, o Ministro da Educação vai apresentar um novo modelo de avaliação. O objetivo é tratar o ensino básico como um todo e integrar avaliação e aferição de forma faseada. O exame do 9º ano deve manter-se.

Está ao rubro a relação da angolana Isabel dos Santos com os responsáveis portugueses do BPI. Anabela Campos e Isabel Vicente dizem, no Expresso Diário, tratar-se de um imbróglio. Tudo porque Isabel está a encontrar Ulrich à parede e obriga a gestão do BPI a colocar a sua proposta de compra de 10% do Bando de Fomento de Angola (BFA) em cima da mesa. Com isto fica em causa o projeto de cisão das operações do BPI em África. Resultado, o BPI subiu 6% em bolsa após o conhecimento da proposta da empresária angolana.

Pinto da Costa volta a ser notícia por ter sido colocado num rol dos 57 arguidos por alegadamente ter requisitado serviços de acompanhamento e proteção pessoal a uma empresa, apesar de, segundo a Procuradoria Geral da República, saber "que quem os prestava não podia, nos termos da lei, fazê-lo".

Lá fora
Continuam a chegar notícias preocupantes oriundas de França. François Hollande lançou a polémica proposta de retirada de nacionalidade a quem for condenado por crimes de terrorismo e agora há vários legisladores franceses a pretenderem ir mais longe na revisão constitucional. Defendem que a punição deve ser extensível também a todos quantos não possuam outra nacionalidade para lá da francesa.

Ainda em França, sai amanhã, um ano após o atentado de que foi alvo, a edição de aniversário do Charlie Hebdo, com uma tiragem deum milhão de exemplares. A primeira página já foi divulgada por jornais de todo o mundo e mostra um deus barbudo com uma Kalashnikov às costas. Vai a correr, acompanhado do título "Um ano depois, o assassino continua à solta".

Aumentam as tensões no Médio oriente. O Sudão e o Bahrein decidram cortar relações com o Irão, em cuja capital, Teerão, foi invadida no sábado a embaixada da Arábia Saudita, na sequência de um protesto contra a execução do xeque Nimr al-Nimr.

A casa em Havana onde Ernest Hemingway viveu ao longo de 20 anos vai ser recuperada. Uma fundação com sede em Boston está a patrocinar os trabalhos de restauro, agora com a preciosa ajuda de uma figura muito popular nos Estados Unidos da América, Bob Vila, principal alma do programa televisivo "This Old House". Bob considera um americano-cubano, já que os seus pais, nascidos em Havana, emigraram para Miami durante a fase final da II Guerra Mundial.

FRASES
"
Não estou a ver bem para o país que o Presidente da República tenha tido cargos de presidente de uma Comissão parlamentar ao mesmo tempo que tinha cargos privados". Henrique Neto no debate da RTP1 com Maria de Belém

"A minha ética é a minha ética. Num estado de Direito cumpro a lei. Nunca tive nenhum processo por dívidas ao fisco". Maria de Belémno debate da RTP1 com Henrique Neto

"Se vive bem com o facto de ter todas as posições possíveis para cada facto da sociedade, é uma questão sua, mas é um bocadinho incompreensível ter uma postura de que se pode ter todas as posições em relação a cada questão". Marisa Matias no debate da SIC Notícias com Marcelo Rebelo de Sousa

"Não é todas as posições. Tenho a posição de princípio que tenho, mas não posso ignorar como Presidente da República que sou P.R. de todos os portugueses e que há uma realidade que é sufragada.(...) O P.R. não passa por cima disso".Marcelo Rebelo de Sousa no debate da SIC Notícias com Marisa Matias

"Interesses financeiros levaram a situações dramáticas da nossa vida ao longo dos últimos anos e tornaram a política refém de lógicas financeiras". Sampaio da Nóvoa no debate da TVI 24 com Edgar Silva

"Não podemos continuar a ser o país da União Europeia que está entre os quatro países onde a injustiça na distribuição do rendimento e da riqueza criada é a mais vergonhosa. A maior parte para o capital. A menor para o fator trabalho". Edgar Silva no debate da TVI 24 com Sampaio da Nóvoa

O QUE ANDO A VER E A LER
Imagine por um instante esta hipótese: embora tenha todo o tempo do mundo à sua disposição, dispõe apenas de três horas para amar. São 180 minutos vigiados, espremidos até o último segundo. Depois, é o adeus total. O vazio absoluto. O regresso a uma vida controlada, da qual estão ausentes os afetos e das paixões fica apenas a memória. "3 Horas para Amar" é o título do documentário realizado com reclusas do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, assinado por Patrícia Nogueira, uma ex-jornalista agora a lecionar a cadeira de documentário na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, onde obteve o título de Mestre em cinema documental. Patrícia propõe uma viagem tão fascinante quanto perturbadora na companhia de quatro mulheres disponíveis para falarem da vida que tinham "lá fora" e da que passaram a ter no interior da cadeia. Ali, a rotina começa às 8h quando se abrem as celas. Umas vão trabalhar, outras ficam no pátio. Pela frente têm uma imensidão de tempo. Falam dos que não estão e, afinal, nunca deixam de povoar aqueles quotidianos. Os maridos, os companheiros, os filhos, as mães, os amigos que às vezes já o não são tanto.

Uma vez por mês, durante três horas, as reclusas abrangidas pelo regime de Visitas Íntimas, têm à sua disposição um compartimento da prisão. Ali constroem, por instantes, fragmentos de liberdade. Ali, por instantes, se sentem de novo mulheres. Ali, por instantes, usufruem do prazer supremo da liberdade maior, traduzida no completo abandono do corpo às carícias, ao amor. Ou não. Se duas das reclusas desfrutam por inteiro daquele momento único, uma outra pediu o cancelamento daquelas visitas. Já nada restava do amor pelo marido. Outra ainda vive no pânico do regresso a uma espécie de "primeira vez", por já não ter relações sexuais há seis anos.

Apresentado em vários festivais do mundo, o documentário está agora disponível para visualização livre. Acutilante, sensível, construído com grande sobriedade, "3 Horas para Amar" revela um mundo estranho para a generalidade de quantos, ao viverem "cá fora", jamais imaginarão o tipo de pequenos e grandes dramas pessoais de quem tem de viver "lá dentro".

Quanto a leituras, acabei há dias o belíssimo "Jacarandá", de Francisco Duarte Mangas (1960). Descrever este romance como "belíssimo" não resulta de fácil comodidade expressiva. O belo aqui tem um sentido quase aristotélico, assente numa ideia de construção da harmonia entre as partes e na sua relação com o todo. Comecemos pelo fio da história e já lá iremos à literatura, que é o que se supõe encontrar num bom romance. Mangas, ex-jornalista com vários prémios literários, parte de um facto real. Em maio de 1940 foi assassinado na rua do Bonjardim, no Porto, um velho proprietário e capitalista, como o descreviam os jornais da época. Tratou-se de um crime muito mal esclarecido, que a PVDE-Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE, aproveitou para atribuir a um grupo de comunistas e refugiados da guerra civil de Espanha. Até aqui nada de transcendente. Há várias histórias similares, já contadas ou por contar. Não há muitas histórias nas quais a linguagem, o rigor da escrita, a riqueza do vocabulário, a arquitetura narrativa atinja a dimensão alcançada em "Jacarandá". Muito mais do que narrar o sucedido naquele tempo obscuro de um Portugal deprimente, dominado pela intolerância de uma ditadura, interessa ao autor desconstruir o edifício do medo. O medo, como diz Martí, o controleiro dobrado à força de pancada e cavalo marinho, impõe-se como "um animal dominador. Julguei que o domava, abarbatou-me. O medo é um animal estranho. Protege e rouba a coragem. No seu lugar, no lugar da coragem, fica o vazio". Mais adiante, um outro dos presos nas instalações da PVDE, um que não "rachou", isto é, não falou, pergunta-lhe: "Torturaram-te muito?

Muito. O medo apossou-se de mim.

E devorou-te.

Devorou-me, esse animal silencioso.

Que deste tu em troca?

A minha dignidade.".

Foi uma leitura carregada de frases sublinhadas. Envolve-as um evidente sentido poético, uma poderosa capacidade de conjugar o sentido estético com a função da construção frásica. A ficção emerge a partir de um episódio vulgar para se ancorar numa dimensão maior ao convocar o desejo imenso de literatura, a jorrar no fluir das páginas. São momentos como quando um prisioneiro encerrado numa sala onde falta o dia, se descobre vivo, "deitado neste pedaço de noite". Um pouco mais adiante, e após se ter perguntado se terá forças para se levantar, prossegue com o diálogo imaginário: "Tu disseste: olha o jacarandá florido, fica rente à felicidade. Um dia chegarás ao seu coração vegetal, apertado; achas a luz, a claridade das árvores bebidas pela raiz - limpidez resgatada do âmago da terra. Precioso, o teu jacarandá. Dar-me-à luz, a sombra nos dias de estio. Quem imagina árvores atenua a dor, rouba um pouco de tempo à eternidade. Julgam-me cativo e só... e eu viajo no devaneio da terra".
 
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EL VENTANO - 5 DE JANEIRO DE 2016

El filólogo español que desmontó el mito del Belén en el siglo XVI y casi le cuesta la vida

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Los Reyes Magos preparan ya su aterrizaje en las casas españolas, pero aún no está muy claro qué estrella o alucinógeno utilizaron aquellos tres sabios de Oriente para llegar hasta Belén y regalarle a un recién nacido cosas tan útiles como oro, incienso y mirra. Aunque ya en el siglo XVI había quien se atrevía a poner en duda las palabras escritas en los Evangelios.
Es el caso de Francisco Sánchez de las Brozas. Conocido como el Brocense, este ilustre extremeño, profesor de Retórica y Griego de la Universidad de Salamanca nacido en 1523, se atrevió a desmontar la versión bíblica del nacimiento de Jesús. Por hacerlo, tuvo que vérselas con la mismísima Inquisición.
La historia oficial es de sobra conocida: María y José (embarazada ella como estaba de una sospechosa paloma) se plantaron en Belén porque tenían que empadronarse allí. El lugar estaba hasta arriba de gente, no encontraron dónde quedarse y el asunto terminó con un parto en un establo con algún que otro animal como espectadores de excepción. Al menos, así aparece en el evangelio de Lucas.
Cuando nadie osaba a llevarle la contraria a las sagradas escrituras, El Brocense analizó las traducciones que se hacían del Evangelio al latín para derrumbar la versión oficial del nacimiento del hijo del palomo santo. El profesor defendía que la traducción de un término griego por ‘pesebre’ podía ser errónea, ya que también podría significar ‘habitación de invitados’, algo que cambiaría ligeramente la historia. Y con razón.
En su opinión, si esta peculiar familia acudía a Belén a empadronarse porque José era de allí, lo lógico sería pensar que algún familiar o algún conocido podría haberlos alojado en su casa (eso, si no tenía él mismo una casa en el lugar en el que nacería el protagonista del Nuevo Testamento).
No obstante, en el caso de que José no hubiera contado con la casa de ningún allegado en Belén, la opción del pesebre tampoco habría tenido mucho sentido. El extremeño defendía en sus textos que el censo no debía hacerse en un mismo día, lo que, efectivamente, habría congregado allí a una gran masa de gente. Sin embargo, no habría habido tampoco problema alguno para encontrar un lugar donde quedarse sin tener que recurrir a un establo.
Y en cuanto a los animales, no habría sido extraño que Jesús naciese escoltado por un buey y una mula a pesar de no haber llegado al mundo en un pesebre: en la época, era habitual dejar que los animales pasaran la noche donde dormían los habitantes de la casa para contar con ese preciada fuente de calor natural.
Las dudas planteadas por El Brocense casi le cuestan la vida. Con la Inquisición haciendo de las suyas en España, mostrar de forma pública el más mínimo escepticismo sobre la veracidad de los textos bíblicos era todo un peligro.
De hecho, el profesor universitario fue acusado hasta en tres ocasiones por la Inquisición. La primera vez, en 1584, se le exigió que “en adelante hable con mucho recato y consideración, de manera que no dé ocasión de escándalo a las personas con quien tratare, con apercibimiento, que haciendo lo contrario será castigado con todo rigor”.
El Brocense murió estando arrestado en su casa, a la espera de que la Inquisición dictara sentencia definitiva, tras demostrar que una mala traducción había contribuido a levantar una de las muchas mentiras bíblicas. Mientras tanto, los Reyes Magos siguen buscando una estrella (o una seta).

OBSERVADOR - 5 DE JANEIRO DE 2016


360º - O que o Presidente podia ter sido (e nunca foi)

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

360º

Por David Dinis, Diretor
Bom dia!
Enquanto dormia

O banco central da China ainda não conseguiu travar a queda. Uma injeção de dinheiro no sistema financeiro tentou recuperar a normalidade na bolsa, depois da suspensão das três bolsas do país no 1º dia do ano - mas ainda sem grande sucesso. O mau arranque da China foi apenas um dos fatores que levaram a um dos piores inícios do ano de sempre nas bolsas mundiais.

O Conselho de Segurança condenou o ataque à embaixada saudita no Irão, ao mesmo tempo em que osprincipais aliados sauditas suspenderam também as relações diplomáticas com Teerão. O Guardian cita o secretário-geral da ONU dizendo que o corte de relações entre os dois países é "muito preocupante" - e a BBC fala da crise "mais perigosa em décadas"

As autoridades dos EUA decidiram processar a Volkswagen e as suas marcas de gama alta Audi e Porsche, numa ação que reclama 20 mil milhões de dólares de indemnizações. A acusação alega que o grupo alemão “enganou os consumidores e afetou a sua saúde”.

Por cá, os Super Dragões vieram pedir “contenção” na hora de assobiar o treinador do Porto, Julen Lopetegui, e a equipa azul e branca. Mas percebem que "a frustração e a contestação suba de tom" quando as vitórias "são menos frequentes". Ainda está quente a derrota em Alvalade.

Informação importante
Vamos às presidenciais, que a campanha começa a aquecer. Para lançar a campanha, desafiei a Rita Tavares (ex-i) a contar-nos O que o Presidente podia ter sido (e nunca foi), explicando as muitas propostas para aumentar e diminuir os poderes presidenciais que foram feitas, mas que ficaram pelo caminho."Como seria o país, e Belém, se algumas destas propostas tivessem ido em frente?", pergunta ela. O texto é (muito) bom de ler.

Ontem à noite houve três bons debates televisivos - e o que lhe posso dizer é que os três favoritos não tiveram a vida fácil.Nem Marcelo, é verdade.
Já da manhã, do debate a 10 na Antena 1, ficou a certeza de que António Costa não terá de se preocupar: não há um candidato com vontade de abrir guerras ao Governo.

Também à noite, um apoio surpresa e um apoio expectável.A surpresa veio de Ana Gomes - que sugeriu um nome e agora trocou-lhe as voltas. O expectável veio de Freitas do Amaral(notícia com que abrimos o liveblog do dia sobre as eleições).

Na política, anote menos um nome na corrida ao CDSMota Soares não quer ser líder do partido (diz o Expresso). E também esta certeza: se Nuno Melo o for, assumirá o lugar de deputado(obrigando a uma série de trocas na bancada centrista). Do lado do PSD, é importante ler Paulo Rangel no Público, defendendo que também os sociais-democratas têm de se reinventar.

De ontem vieram muitas pequenas novidades sobre o Governo. À cabeça, este aviso do FMI. Também este pedido dos bispos sobre a reposição dos feriados religiosos. Ainda uma meia surpresa, com a manutenção das regras de atribuição dos vistos Gold, ou a confirmação de que as penhoras do Fisco só virão para casas acima dos... 574 mil euros

Registe também a pressão do Bloco (e mesmo no PS) para que António Costa não venda o Novo Banco. Ainda a entrevista da secretária de Estado dos Assuntos Europeus ao Económico (dizendo que as divergências à esquerda terão de ser negociadas caso a caso).
E ainda estas perguntas pertinentes de um deputado do PSsobre os negócios milionários entre clubes de futebol e operadoras de telecomunicações.

A propósito de negócios, a administração do BPI e Isabel dos Santos podem sentar-se à mesa e acertar uma solução para o BFA, diz o Jornal de Negócios. Para isso, Ulrich deve subir o preço.

No Público, vem uma indicação de que exames no ensino básico só devem ficar no 9º ano (mas ainda sem confirmação oficial). 

Da Saúde para a Educação, anote estas declarações do Presidente da associação dos neurocirurgiões sobre a morte em São José: a discussão sobre a transferência de David Duarte para outro hospital é "perfeitamente descabida" - e tudo funcionou dentro das regras. Está no site da TSF.

Ainda no SNS, um alerta infelizmente habitual nesta altura do ano: algumas urgências estão cheias, obrigando os hospitais a reencaminhar doentes - diz o DN.

Fica ainda um lembrete importante: quem não quer receber em duodécimos deve fazê-lo até hoje.

Os nossos Especiais

Começo com um ExplicadorNovas regras para a banca. O que significam para si? Deve ter percebido, pelas notícias sobre o Banif e o Novo Banco, que no início deste ano mudaram coisas importantes nas regras da banca europeia. O Edgar Caetano esteve a rever a legislação e dedicou-se a explicar como isto vai afetar a sua vida (ou seja, as suas contas).

E ahora Madrid? Como entra Zidane? Sai um homem da casa, melhor treinador do que futebolista. Entra um homem que, não sendo nado e criado no Real, nele assentou arraiais -- e é um ídolo do Bernabéu. O Tiago Palma recuperou os vídeos do "príncipe de Marselha" (o jogador), lembra o que ele tem feito como treinador, e explica como Zizou tem só meia época para provar que é tão bom no banco como foi no campo.

Ciência: o que vem aí que pode mudar a nossa vida? Com a ciência cada vez mais aplicada a melhorar o nosso dia-a-dia, a Vera Novais desafiou vários cientistas a fazer a antevisão das descobertas de 2016 que mais nos vão ajudar. Back to the future?

Os erros que eles não vão repetir em 2016. Ainda no espírito de um bom arranque de ano, a Ana Pimentel foi recolher as lições que os líderes da Uniplaces, Codacy, Seedrs, Chic by Choice, Unbabel, Aptoide, Tradiio, Talkdesk e Science4you levam de 2015. Para melhorar ou fazer diferente em 2016.
Notícias surpreendentes

2016 já nos está a dar problemas. De matemática. Há uma contagem decrescente e o ano "2016" está metido ao barulho. E não é a chegada ao Ano Novo: é um problema matemático que nem sequer tem sinais de operação. Consegue resolvê-lo?

Dizem que é a melhor fotografia do Ano Novo, há quem fale dela como uma obra de arte - e muitos a fazer dela uma pintura para partilhar nas redes. O cenário de fundo? Uma festa à inglesa, cerveja a mais e muitas quezílias com a polícia. Chocante ou belo?

(Nestas 62 fotos é que já não há dúvidas. São selvagens, mas realmente lindas.)

A propósito de fotografia, eis a hashtag do momento.#Vamosfazerasmalas. É a arte de “instagramar” as viagens e a Ana Cristina Marques explica-lhe tudo sobre o assunto.

Quem está de malas feitas, mas para a reforma, é Alberto Gasbarri, o “agente de viagens do Papa”. O João de Almeida Dias andou a ler a entrevista dele ao La Stampa e conta-nos as histórias que mais guarda na memória. "Foi incrível", diz ele. Fazendo fé, tem toda a razão.

É com uma história inspiradora que me despeço por hoje, fazendo fé num dia cheio de notícias boas. Nós ficamos aqui à sua espera, a qualquer hora, para uma merecida atualização.

Dia produtivo, dia feliz,
Até já! 
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