terça-feira, 26 de maio de 2015

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 26 DE MAIO DE 2015

Macroscópio – Tempos difíceis para os Governos. Na Polónia, em Espanha, também cá por casa‏

Macroscópio – Tempos difícieis para os Governos. Na Polónia, em Espanha, também cá por casa

 
 
26-05-2015
 
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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
 
Os espanhóis são os nossos vizinhos do lado – são mesmo os únicos vizinhos que temos – e por isso é natural que toda a atenção tenha ido para as eleições autonómicas e municipais deste fim-de-semana. Só que, do outro lado da Europa, um país quase com a mesma dimensão de Espanha, a Polónia também foi a votos e, aí, a surpresa foi total. Primeiro esperou-se que o Presidente Bronislaw Komorowski, de centro-direita, fosse facilmente reeleito na primeira volta. Depois, que ganhasse na segunda volta, derrotando o seu rival conservador, Andrzej Duda, mas foi este que levou a melhor . Sendo um eurocético, a sua eleição, mesmo para um cargo com pouco poder executivo, pode criar um novo foco de instabilidade na União Europeia. E a Espanha ninguém hoje consegue antecipar como será governada no futuro. Que se passa?
 
Com a distância própria de quem olha para a Europa a partir do outro lado do Canal da Mancha, o editorial do Telegraph de hoje associava os dois resultados e titulava: All across Europe, the dissatisfaction is clear. É um texto que começa de uma forma muito britânica, mas mesmo assim interessante de considerar: “It is easy, from this island, to think that dissatisfaction with the European Union is a peculiarly British, Right-wing complaint. Only here, it sometimes seems, with all our many centur ies of history charged by efforts to repel invaders from the Continent, do we prize our sovereignty as it deserves to be prized.” Só que, escreve-se um pouco adiante, “In fact the reality is that citizens of other countries on the Continent do have a vote on their relationship with the EU, and are exercising it. In Spain and in Poland this weekend, elections have taken place which signal a dramatic popular disapproval with the status quo. In Poland, (…) Mr Duda’s political platform is one of national pride and traditional, Catholic values. During his campaign he voiced criticisms of the EU.
 
Não vou hoje desenvolver este problema do crescente divórcio entre as opiniões públicas e a burocracia de Bruxelas, ou o directório Berlim-Paris, que parece querer recomeçar a funcionar, porque sinto que é necessário regressar ao que domin go se passou em Espanha e, também, chamar a atenção para algumas reflexões sobre como é difícil governar nos tempos que correm. É bem provável que Espanha se transforme mesmo num exemplo de ingovernabilidade. Tomando as distâncias devidas e reconhecendo que eleições autárquicas e autonómicas não são exactamente a mesma coisa que eleições nacional, o El Pais projetou os resultados e imaginou que estes se repetiriam na eleição do próximo parlamento espanhol. Conclusão? Los resultados dejarían un Congreso casi ingobernable en unas generales. É fácil percebê-lo pelos gráficos elaborados por aquele diário espanhol, sendo interessante seguir o método das simulações e a conclusão fatal: seria um Congresso onde seria muito difícil formar uma maioria, mesmo incluindo vários partidos, nacionais e regionais.
 
Na imprensa portuguesa de hoje só um texto merece referência especial, de novo a análise de Jorge Almeida Fernandes, no Público: Consagração do multipartidarismo força os espanhóis a repensar a maneira de governar nos próximos anos. Um dos pontos para que chama a atenção é para a dificuldade de consensos e para a possibilidade de, após este voto que rompeu com a tradição, os espanhóis regressarem a cenários mais… tradicionais: “O que está na ordem do dia são as coligações e pactos que assegurem a governabilidade e a gestão das autonomias, em profunda crise. Questões como o “modelo territorial”, num sentido federal ou outro, exigem largos consensos e só serão abordadas depois das legislativas. Se, inversamente, se entrar num semestre de instabilidade e turbulência, os dois grandes partidos poderão recuperar terreno e votos.”
 
Ora instabilidade e turbulência é algo a que, muito provavelmente, teremos de nos habituar. Pelo menos é isso que acha Francis Fukuyama, o controverso cientista político do “fim da História”, mas que num debate que teve no Observador com Jaime Gama e Jaime Nogeira Pinto: “Hoje é mais complicado tomar decisões, chegar a consensos&rdq uo;. Como desta vez, além do habitual podcast, publicámos também a transcrição integral da entrevista, julgo que vale a pena citar uma das passagens em que procura fundamentar esta opinião: “há uma crise geral de autoridade. O mundo estava repleto destas estruturas hierárquicas: igrejas, organizações sindicais, corporações, governos; nos quais as pessoas estavam, em grande medida, disponíveis para aceitarem a autoridade de algumas instituições. Agora com a educação, a Internet, as pessoas estarem mais bem informadas, já não estão disponívei s para tal. Num determinado sentido, é excelente. As pessoas pensam por elas mesmas”.
 
Mas pensam em que enquadramento? Com que referências? Como João Miguel Tavares recorda hoje num artigo que escreveu para o Público, Prosperidade sem crescimento boa parte dos nosso mal-estar vem do que Tim Jackson escreve num livro chamado, precisamente, Prosperidade sem crescimento: “Num mundo de recursos finitos, constrangido por limites ambientais rígidos, ainda caracterizado por ilhas de prosperidade no meio de oceanos de pobreza, será legítimo que o crescimento perpétuo dos rendimentos daqueles que já são ricos sirva de apoio às nossas esperanças e expectativas?” O autor parte dessa constataç&atil de;o para contestar o optimismo das previsões económicas que sustentam as promessas do Partido Socialista, mas o que queria aqui destacar é a ideia de que o crescimento exponencial não pode continuar infinitamente, e por isso nunca mais teremos os crescimentos hercúleos que criaram as expectativas de uma riqueza cada vez maior, de se encontrar sempre dinheiro para tudo.
 
Isso leva-me a um outro texto, “The economy, stupid”, publicado este domingo no Observador, escrito por Mário Pinto e que tem uma passagem cuja franqueza surpreende, até desconcerta: “Sempre me lembro de mim, ao longo de uma vida inteira, a pedir à economia do nosso País para dar mais ao social. E não é que, desde há algum tempo, m e encontro a reconhecer o inverso: isto é, que o social deve conceder mais ânimo ao económico? Foi preciso uma revolução para reequilibrar a favor do social. Será preciso agora outra revolução para reequilibrar a favor da economia? Não aprendemos nada com a história?” Mário Pinto, deputado constituinte, antigo ministro da República para os Açores, professor universitário, esteve não só ligado ao movimento sindical e à fundação da UGT, como sempre norteou a sua vida pela defesa da doutrina social da Igreja. É um texto que merece ser lido, pois nele também se volta a este tema da escassez de recursos – “O Estado providencialista está arruinando as economias, nos países onde, como no nosso, se conjuga um grande progresso social com um grande atraso da economia.&rdqu o; – e se propõem caminhos que valia a pena discutir.
 
Foi também uma tentativa de contributo para esta discussão aquela que escrevi este fim-de-semana, infelizmente um texto com uma previsão não muito entusiasta: Gostava de ter um programa assim onde votar. Mas não vou ter. Sim, porque o que gostava mesmo era que, neste tempo em que lidamos com recursos limitados, não podemos sonhar com os crescimentos milagrosos de outrora, que tudo resolviam, o país mudasse muito mais do que, julgo, está preparado para mudar: “Gostava de políticos que em vez de prometerem fazer, prometessem deixar fazer. E gostava de um país onde os cidadãos, em vez de pedirem tudo ao Estado, assumissem mais responsabilidades no seu destino .” Como se faz isso? Deixo nesse texto algumas sugestões.
 
Quero contudo terminar este Macroscópio com novo regresso a Espanha e uma sugestão de leitura mais longa e que, por isso, guardei para o fim. Trata-se de uma reportagem muito bem feita e que nos permite enquadrar melhor as dificuldade que Espanha terá de enfrentar, um belo trabalho de fundo do Financial Times: Facing up to Franco: Spain 40 years on. Já foi publicado há algumas semanas, mas estava guardado para vos sugerir numa altura mais oportuna – como esta. É um texto que, tendo como âncora a discussão em relação ao futuro do Valle de los Caídos – o monumental monumento aos mortos da Guerra Civis construído por Francisco Franco e onde o própr io está enterrado –, se retratam bem as profundas clivagens ideológicas, sentimentais, que continuam a atravessar Espanha. Eis como termina:
Wandering amid the acres of grey granite, it is not easy to share Ferrandiz’s hope that change is in the air. All that heavy stone and polished bronze convey an aura of timeless permanence. Who will have the strength to push aside the massive slab of stone that covers Franco’s grave? What ghosts will awake the day that Spain starts looking unflinchingly into the past, and attempts to finally separate perpetrators from victims? No one knows. Perhaps the only certainty is contained in the famous line from William Faulkner cited in Cercas’s latest novel, one that could serve as the summary of Spain’s ever-simmering history wars: “The past is never dead. It’s not even past.”
 
E, por hoje, fico-me por aqui. Amanhã voltamos a en contrar-nos. Bom descanso e boas leituras. 

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ANTÓNIO FONSECA

EXPRESSO DIÁRIO - 26 DE MAIO DE 2015

Lista VIP: relatório arrasador sobre uso de dados do Fisco‏

Lista VIP: relatório arrasador sobre uso de dados do Fisco

 
 
26-05-2015
 
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265
25 MAI 2015
Pedro Santos Guerreiro
POR PEDRO SANTOS GUERREIRO
Diretor Executivo
 
Lista VIP: relatório arrasador sobre uso de dados do Fisco
Três títulos:  IGF confirma que Núncio não sabia; Um relatório arrasador sobre o funcionamento do fisco;  Base de dados do fisco vulnerável a cópia e ataques. São conclusões que tiramos do relatório da Inspeção-Geral de Finanças sobre o caso da Lista VIP, que o Expresso Diário revela em primeira mão. Como escreve o jornalista Filipe Santos Costa, tirando Paulo Núncio, que sai ilibado do processo, tudo o resto é mau:  incúria, informalidade, ilegalidade, voluntarismo, falta de controlo, ignorância, reação tardia. 

“É obsceno”, diz Marinho e Pinto, sobre quem também se pode usar o termo "arrasador" - mas sobre a proposta do PSD/CDS para a cobertura jornalística das próximas eleições. Rui Tavares também está frontalmente contra uma proposta "injusta", que afasta os pequenos partidos dos debates. 

O estranho caso do taxista em fuga depois da queda mortal de passageiro" é outro tema em destaque. Assim como um trabalho sobre a nova aplicação para telemóveis que vai ser lançada sobre a depressão. Finalmente, entrevistamos Mariana Duarte Silva, sobre os planos para o Village Underground, em Lisboa. 

Ricardo Costa Daniel Oliveira escrevem sobre aseleições espanholasHenrique Raposo opina sobre a inauguração do Museu dos Coches. E Henrique Monteiro termina com " Singularidades de uma ministra loura"... 

São estes os destaques do Expresso Diário de hoje. Para lê-los, ou as demais rubricas do dia, entre e folheie.  Boa leitura!
LER O EXPRESSO DIÁRIO
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POLÉMICA
Marinho esteve para “chamar a polícia” contra “a tentativa de assalto” ao PDR
PARTIDO DEMOCRÁTICO REPUBLICANO Marinho Pinto explica o insólito na votação para as listas do PDR: o partido “foi alvo de uma tentativa de assalto”, de contornos mal esclarecidos, mas que se insere numa tentativa de “descredibilização”
O interior chegou à I Liga
TONDELA Retrato de uma cidade beirã de 4.500 habitantes que está entre os grandes do futebol
Eleições locais em Espanha. Vence a direita, governa a esquerda
Eleições locais em Espanha. Vence a direita, governa a esquerda
Nicolau Santos
Vamos pagar para privatizar a TAP
 
Daniel Oliveira
Como afugentar futuros pensionistas
 
Henrique Monteiro
O exemplo de Espanha. Bom vento?
 
UNIÃO DA MADEIRA
Três estádios, mas nenhum serve para jogar no “clube dos grandes”
SAMPAIO DA NÓVOA
O que o candidato presidencial diz hoje na carta de princípios
BANCO DE PORTUGAL
PSD prepara-se para “engolir” Carlos Costa
TERRORISMO
Especialista canadiano alerta para novos atentados como os do “Charlie Hebdo”
NOVAS TECNOLOGIAS
A Google ao ataque na Internet das Coisas
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ANTÓNIO FONSECA

OBSERVADOR - HORA DE FECHO - 26 DE MAIO DE 2015

Hora de Fecho: Uma aventura no admirável mundo novo da energia‏

Hora de Fecho: Uma aventura no admirável mundo novo da energia

 
 
26-05-2015
 
 Grupos
Para: antoniofonseca40@sapo.pt

Hora de fecho

As princ ipais notícias do dia
Boa tarde!
LIBERALIZAÇÃO DO MERCADO ELETRICO 
É um entre seis milhões de clientes. A sua história envolve mudança de fornecedor sem autorização, informação errada sobre contratos e recusa da tarifa social. O que correu mal e as justificações.
LEGISLATIVAS 2015 
Livre/Tempo de Avançar, BE, Agir, PDR. São todos de esquerda? O que os diferencia? E a que distância estão do Bloco de Esquerda, do PCP ou do PS de António Costa?
PS 
O vice-presidente da bancada socialista, José Vieira da Silva, voltou a defender a necessidade de reduzir a TSU dos trabalhadores. E deixou o aviso: futuro das pensões depende da criação de emprego.
GOVERNO 
Maria Luís Albuquerque reformula declarações e diz que não há solução para corte de 600 milhões na segurança social. E pede consenso com o PS.
JUSTIÇA 
Joana Marques Vidal revela detalhes de investigação a alegada falsificação de fichas de militantes do PS para defender ex-procurador de Coimbra.
MONTEPIO 
O antigo ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, revelou esta terça-feira que recusou o convite feito por António Tomás Correia para assumir a liderança do banco.
RELATÓRIO DE ESTABILIDADE FINANCEIRA 
Em quatro anos, a banca reduziu o número de trabalhadores em 13%, o que equivale a menos 7400 quadros, e vai ter de reforçar a diminuição de custos. Angola e imóveis entre os maiores riscos.
IMPRENSA 
Mudanças entre os jornais da Newshold. Rainho passa de subdiretor do Sol a diretor do i. Luís Osório troca lugar de número 2 do i por direção executiva do semanário.
FUTURO DA GRÉCIA 
A crise grega continua a dominar as atenções e é o principal risco para a economia europeia. A poucos dias do "momento da verdade", saiba o que pode acontecer, na visão dos bancos de investimento.
FUTURO DA GRÉCIA 
Yanis Varoufakis confirma rumores de que levantamentos podem passar a pagar uma taxa. Ministro grego garante, também, que não falhará com o pagamento ao FMI, porque haverá acordo. 
Opinião

Afonso Reis Cabral
Perto da entrada, comprava o primeiro livro da Feira, mesmo que não me interessasse. É que outros também chegav am cedo, e cedo comprariam um livro. Escrevia "Primeiro livro da Feira" na folha de rosto

Rui Ramos
Em Espanha, os cidadãos votam, mas deixaram de saber no que votam, porque não é fácil adivinhar qual a composição e a orientação dos governos que vão sair das negociações e acordos pós-eleitorais. 

João Marques de Almeida
O PSOE enfrenta um duplo drama: não consegue votos ao centro para evitar a vitória do PP e não consegue conter as forças à sua esquerda. Se não conseguir alterar esta situação perderá as legislativas.

José Manuel Fernandes
Gostava de políticos que em vez de prometerem fazer, prometessem deixar fazer. E gostava de um país onde os cidadãos, em vez de pedirem tudo ao Estado, assumissem mais responsabilidades no seu destino

Inês Domingos
Um dos principais contributos de Nash para a Economia vem da sua tese de doutoramento em Princeton em 1950, em que Nash complementa a obra de von Neumann e Morgenstern.

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ANTÓNIO FONSECA

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