sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

CARMEN DOLORES - ACTRIZ - MORREU EM 2021 - 16 DE FEVEREIRO DE 2024

 

Carmen Dolores

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura a escritora brasileira, veja Emília Bandeira de Melo.
Carmen Dolores
Nome completoCarmen Dolores Cohen Sarmento Veres
Nascimento22 de abril de 1924
Lisboa
Nacionalidadeportuguesa
Morte16 de fevereiro de 2021 (96 anos)
Lisboa
OcupaçãoAtriz e escritora
Atividade1943 - 2005
CônjugeVítor Manuel Carneiro Veres (1917 — 2011)
Prémios Sophia
 2016 - Sophia de Carreira
Globos de Ouro
 2004 - Melhor Atriz de Teatro (Copenhaga)
Outros prémios
Prémio Lucinda Simões (1959, 1961)
Medalha de Mérito Cultural (1991)
Prémio António Quadros (2016)

Carmen Dolores Cohen Sarmento Veres[1] GOIH • DmSE • GOM (Lisboa22 de abril de 1924 — Lisboa16 de fevereiro de 2021) foi uma atriz e escritora portuguesa.

Biografia

Nasceu a 22 de abril de 1924, em Lisboa.[2][3]

Filha de José de Matos Sarmento de Beja (CoimbraSão Bartolomeu, 20 de setembro de 1869 - Lisboa, 9 de novembro de 1939) e de sua mulher (Madrid, 29 de outubro de 1906) María del Pilar Manuela Cohen y Muñoz (Madrid, 31 de dezembro de 1889 - Lisboa, 5 de julho de 1960), de ascendência espanhola e judaica.[4] Foi irmã do já falecido ator António Sarmento.[5]

Frequentou o Liceu D. Filipa de Lencastre e teve como professor e mestre Manuel Lereno.[6] Deu-se a conhecer através da rádio, em teatro radiofónico na RCP[6] onde se iniciou aos 12 anos, ao lado de nomes como Rogério PauloAlves da CostaIsabel WolmarLaura AlvesÁlvaro Benamor e Josefina e António Silva.[6] Aos 19 anos estreia-se no cinema, como protagonista de Amor de Perdição (1943), adaptação de António Lopes Ribeiro do romance de Camilo Castelo Branco. Seguir-se-á Um Homem às Direitas (1945) de Jorge Brum do CantoA Vizinha do Lado (1945) de Lopes Ribeiro e Camões (1946) de José Leitão de Barros.

Aparece no teatro em 1945, integrada na Companhia Os Comediantes de Lisboa, sediada no Teatro da Trindade, depois foi somando sucessos.

Casou em Vila Nova de GaiaSanta Marinha, a 30 de abril de 1947 com Vítor Manuel Carneiro Veres (Lisboa, 13 de junho de 1917 - Lisboa, 18 de abril de 2011), engenheiro, filho de Manuel Henriques Veres e de sua mulher Josefina Aurora Carneiro.[4]

Em 1951 passou para o palco do Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção de Amélia Rey Colaço, com diversos sucessos de que se salienta Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.

Criou, com outros atores, o Teatro Moderno de Lisboa, no palco do Cinema Império, tendo desenvolvido um projeto que levou à cena novas encenações de peças de autores consagrados como Fiódor DostoiévskiWilliam ShakespeareAugust Strindberg ou José Cardoso Pires.

Viveu sete anos em Paris. Na década de 80 trabalhou no cinema com José Fonseca e Costa, em A Mulher do Próximo (1988) e Balada da Praia dos Cães (1987). Em 1998 foi dirigida por Diogo Infante em Jardim Zoológico de Cristal de Tennessee Williams, no Teatro Nacional.

Apareceu esporadicamente em televisão, nas telenovelas PasserelleA Banqueira do Povo e A Lenda da Garça.

Abandonou os palcos em 2005 com a peça Copenhaga, de Michael Frayn, encenada por João Lourenço.[7]

Em julho de 2018, foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, no âmbito de uma homenagem no Teatro da Trindade à atriz, que incluiu a estreia da peça Carmen inspirada nas suas memórias, e o batismo da sala principal com o seu nome.

Carmen Dolores foi ainda distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira, da Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro, entre outros galardões.

Faleceu a 16 de fevereiro de 2021, aos 96 anos de idade, em Lisboa.[8] O funeral realizou-se a 19 de fevereiro, seguindo da Igreja de Nossa Senhora de Fátima para o Cemitério do Lumiar, em Lisboa, onde foi sepultada.[9]

Obras

  • Retrato inacabado (1984, O Jornal, Lisboa )[10]
  • No palco da memória (2013, Porto Editora, Porto)[11]
  • Vozes Dentro de Mim (2017)[12]

Televisão

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AnoProjetoPersonagemCanalNotas
1964O ÓleoRTP
1966A Bela Doroteia
1967Frei Luís de Sousa
1968A Chave
1972A Senhora das Brancas Mãos
1987Cobardias
1988PasserelleMaria do Carmo
1990Chuva de MaioTeresa
1991ClaxonMiranda Buick
1993A Viúva do Enforcado
1993A Banqueira do PovoTininha
1999A Lenda da GarçaBeatriz Bessa
2000Casa da SaudadeElvira Lago

Cinema

Teatro

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AnoPeçaAutorCompanhiaNotas
1945Electra, a Mensageira dos DeusesJean GiraudouxOs Comediantes de Lisboa[13]
1946Cinco judeus alemãesKarl RoeszlerOs Comediantes de Lisboa[13]
1946Pétrus (Pedro Feliz)Marcel AchardOs Comediantes de Lisboa[13]
1946A massarocaPedro Muñoz SecaOs Comediantes de Lisboa[13]
1947O cadáver vivoTolstoiOs Comediantes de Lisboa[13]
1952Vestido de NoivaNelson RodriguesRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[14][15]
1952Sonho de uma Noite de VerãoShakespeareRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[14][15]
1953Casaco de fogoRomeu CorreiaRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[13]
1953Castelos no arJean AnouilhRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[16]
1954Frei Luís de SousaAlmeida GarrettRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[16]
1956Astúcias de ScarpinMolièreRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[16]
1956Alguém terá de morrerLuiz Francisco RebelloRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[14][15]
1957Para cada um sua verdadePirandelloRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[16]
1957Dona Inês de PortugalAlejandro CasonaRey Colaço-Robles Monteiro
(Teatro Nacional D. Maria II)
[15]
1958O Gebo e a SombraRaul BrandãoTeatro de Sempre
(Teatro Avenida)
[14][15]
1959O Fim do CaminhoAllan L. Martin[14][15]
1959Seis Personagens Em Busca de AutorPirandelloTeatro de Sempre
(Teatro Avenida)
[14][15][17]
1959Lucy CrownIrwin ShawTeatro Nacional Popular
(Teatro da Trindade)
[13]
1959Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu JardimGarcía LorcaTeatro Nacional Popular
(Teatro da Trindade)
[13]
1961O tinteiroCarlos MuñizTeatro Moderno de Lisboa
(Cinema Império)
[18]
1962Humilhados e ofendidosDostoievskiTeatro Moderno de Lisboa
(Cinema Império)
[19]
1963Os três chapéus altosMiguel MihuraTeatro Moderno de Lisboa
(Cinema Império)
[20]
1964Dente por denteShakespeareTeatro Moderno de Lisboa
(Cinema Império)
[21]
1964O dia seguinteLuiz Francisco RebelloTeatro Moderno de Lisboa
(Cinema Império)
[13]
1965O render dos heróisJosé Cardoso PiresTeatro Moderno de Lisboa
(Cinema Império)
[22]
1969Dança da morteStrindbergCasa da Comédia[14][15]
1969ForjaAlves RedolTeatro Laura Alves[13]
1972A dança da morte em doze assaltosFriedrich DürrenmattCasa da Comédia[13]
1972Alice nos jardins do LuxemburgoRomain WeingartenCasa da Comédia[13]
1975As espingardas da Mãe CarrarBrechtCasa da Comédia[15]
1976O Círculo de Giz CaucasianoBrechtGrupo 4
(Teatro Aberto)
[15]
1983Comédia à moda antigaAlexei ArbuzovNovo Grupo
(Teatro Aberto)
[15]
1984Confissões numa esplanada de verãoTchekhov
Strindberg
Pirandello
Novo Grupo
(Teatro Aberto)
[15]
1985VirgíniaEdna O'BrienTeatro Experimental de Cascais
(na Sala Experimental do Teatro Nacional D. Maria II)
[13]
1987O Jardim das CerejasTchekhovTeatro Aberto[15]
1991Três Actos de Beckett:
A Última Bandana de Krapp
Balanceada
Fôlego
Samuel BeckettCompanhia Teatral do Chiado
(Teatro-Estúdio Mário Viegas)
[23]
1992EspectrosIbsenTeatro Experimental de Cascais
(Teatro Municipal Mirita Casimiro)
[15]
1998O jardim zoológico de cristalTennessee WilliamsTeatro Nacional D. Maria II[15]
2002Um Mês no CampoAnton TchekovTeatro Aberto[15]
2003CopenhagaIvan TurguênievNovo Grupo
(Teatro Aberto)
[15]

Prémios e distinções

Condecorações

Ordens honoríficas

Medalhas

Referências

  1.  Audiogest (25 de julho de 2007). «Lista de associados da Audiogest» (PDF). Associação para a Gestão e Distribuição de Direitos. p. 5. Consultado em 30 de Dezembro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 22 de outubro de 2008
  2.  Anon (Junho de 2006). «Diogo Infante e Carmen Dolores: afinidades em cena». Revista Centro Colombo, ano 3, nº 10. p. 32-39 (4). Consultado em 17 de setembro de 2017[ligação inativa]
  3.  «Carmen Dolores» (em inglês). Rate Your Music. Consultado em 19 de Janeiro de 2015
  4. ↑ Ir para:a b Jorge Manuel de Albuquerque de Oliveira da Quinta; Lourenço de Figueiredo Perestrelo Correia de Matos (2009). Sarmentos e Bejas. [S.l.]: Jorge Manuel de Albuquerque de Oliveira da Quinta. p. 147, 150, 152, 153 e 154
  5.  https://arquivos.rtp.pt/conteudos/carmen-dolores-3/
  6. ↑ Ir para:a b c DIAS, Patrícia Costa (2011). A Vida com um Sorriso - Histórias, experiências, gargalhadas, reflexões de Isabel Wolmar. Lisboa: Ésquilo. p. 39-46. ISBN 978-989-8092-97-7OCLC 758100535
  7.  Jornal de Letras n.º 1199 (14 a 27 de setembro de 2016), pág. 14.
  8.  «Morreu a atriz Carmen Dolores»www.jn.pt. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
  9.  Lusa, Agência. «Óbito de Carmen Dolores. Funeral da atriz realiza-se na sexta-feira em Lisboa»Observador. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
  10.  OCLC 612491213. Consultado em 17 de setembro de 2017
  11.  OCLC 864425960. Consultado em 17 de setembro de 2017
  12. ↑ Ir para:a b Agência Lusa (20 de julho de 2017). «Fotógrafo Pedro Letria distinguido com o Prémio António Quadros 2017»Diário de Notícias. Consultado em 17 de setembro de 2017
  13. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m Base Temática Teatro em Portugal - Instituto Camões
  14. ↑ Ir para:a b c d e f g h i Moura, Nuno Costa (2007). «Apêndice 7 : Prémios Artísticos (entre 1959 e 1973)». "Indispensável dirigismo equilibrado" : O Fundo de Teatro entre 1950 e 1974 : (Volume II) (PDF) (Tese de Mestrado). Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 48, 52. Consultado em 18 de maio de 2016
  15. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m n o p q «Ficha de Pessoa : "Carmen Dolores"». Centro de Estudos de Teatro & Tiago Certal. 12 de Maio de 2014. Consultado em 17 de setembro de 2017
  16. ↑ Ir para:a b c d Perfil no E-cultura
  17.  http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=179336
  18.  http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=184920
  19.  http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=184931
  20.  http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=184933
  21.  http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=184917
  22.  http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=190053
  23.  Carmen Dolores em "Balanceada"in "Três Actos de Beckett"/Cª Teatral do Chiado/T. Estúdio Mário Viegas - Museu Nacional do Teatro
  24. ↑ Ir para:a b c «Entidades Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carmen Dolores". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 27 de setembro de 2018
  25.  Melhor intérprete feminino de teatro declamado.
  26.  «Medalhas de Mérito Cultural» (PDF). Ministério da Cultura. Outubro de 2008. Consultado em 6 de julho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 3 de agosto de 2010
  27.  «RTP leva a melhor»Correio da Manhã. 26 de maio de 2004. Consultado em 17 de setembro de 2017
  28.  «Carmen Dolores recebeu Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro». Câmara Municipal de Lisboa. 23 de maio de 2014. Consultado em 17 de setembro de 2017. Arquivado do original em 20 de junho de 2016
  29.  Lusa (14 de maio de 2016). «"Capitão Falcão" é o vencedor dos prémios Sophia de cinema com seis estatuetas»Expresso. Consultado em 17 de maio de 2016

Ligações externas

CARLOS PAREDES - GUITARRISTA - NASCEU EM 1925 - 16 DE FEVEREIRO DE 2024

 

Carlos Paredes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Carlos Paredes

Carlos Paredes
Informação geral
Nome completoCarlos Paredes
Nascimento16 de fevereiro de 1925
OrigemCoimbra
PaísPortugal Portugal
Morte23 de julho de 2004
Gênero(s)Música popular portuguesaFadoMúsica clássica
Instrumento(s)Guitarra portuguesa
Período em atividade1939-1993
Afiliação(ões)Artur Paredes
Adriano Correia de Oliveira
José Afonso

Carlos Paredes ComSE (Coimbra16 de fevereiro de 1925 — Lisboa23 de julho de 2004) foi um compositor e guitarrista português.

Foi um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa, tendo sido igualmente um grande compositor. É considerado como um dos símbolos ímpares da cultura portuguesa. Para além das influências dos seus antepassados - pai, avô e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - Paredes manteve um estilo musical coimbrão, a sua guitarra era de Coimbra e a própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos. Foi militante do Partido Comunista Português desde 1958.[1]

Vida

Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música. Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras de violino e piano. Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho".

Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".

Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.

Em 1958, preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual Carlos Paredes se tornara militante no início desse ano, posição que manteria até ao fim da sua vida.[2] Sendo libertado no final de 1959, é expulso da função pública, na sequência de julgamento. Durante este tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»

Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.

Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie HadenAdriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".

Sepultura de Carlos Paredes no Talhão dos Artistas do Cemitério dos PrazeresLisboa

Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». Ele é reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias. Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.

A sua paixão pela guitarra era tanta que, conta que certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».

A militância política activa acompanhou Carlos Paredes toda a vida, sendo referidas a sua disponibilidade regular para tarefas que iam da colagem de cartazes do Partido Comunista Português nas ruas, a turnos como segurança de Centros de Trabalho deste partido, até às conferências intelectuais e naturalmente aos concertos musicais, tendo participado em todas as edições da Festa do Avante! em que a sua saúde lhe permitiu.[3][4]

Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional. Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[carece de fontes]

Reconhecimento

A 10 de Junho de 1992 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[5]

Em 2003, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira homenageou-o com a criação do Prémio Carlos Paredes.[6]

O seu nome pode ser encontrado na toponímia de várias localidades portuguesas, nomeadamente AmadoraQueluz, Vila Franca de Xira, entre outras.[7]

Discografia

Álbuns

1967 «Guitarra portuguesa»

Com acompanhamento de Fernando AlvimGuitarra Portuguesa foi registado no estúdio de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho pelo mítico engenheiro de som Hugo Ribeiro.[8] Distanciando-se da tradição formalista da guitarra de Coimbra, explorando de modo inspirado a arte da miniatura melódica, Paredes revela-se um compositor delicado e um instrumentista fulgurante. Depois deste álbum, a guitarra nunca mais foi a mesma.

  • Variações em Ré maior
  • Porto Santo
  • Fantasia
  • Melodia N.2
  • Dança
  • Canção verdes anos
  • Divertimento
  • Romance N.1
  • Romance N.2
  • Pantomima (sem acompanhamento)
  • Melodia N.1

(Acompanhamento à viola de Fernando Alvim)

1971 «Movimento perpétuo»

Ao segundo álbum, Carlos Paredes provava que o primeiro não havia sido um acaso. Movimento Perpétuo era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder de vista a economia.

  • Movimento perpétuo
  • Variações em ré menor
  • Danças portuguesas N.2
  • Variações em mi menor
  • Fantasia N.2
  • Valsa
  • Variações sob uma dança popular
  • Mudar de vida - tema
  • Mudar de vida - música de fundo
  • António Marinheiro - tema da peça
  • Canção
  • 1980 – “O oiro e o trigo” (editado na RDA)

1983 «Concerto em Frankfurt»

  • Canto do amanhecer
  • Canto de trabalho
  • Canto de embalar
  • Canto de amor
  • Canto de rua
  • Canto de rio
  • A montanha e a planície
  • Dança palaciana
  • Sede
  • Dança dos camponeses
  • In Memoriam
  • Festa da Primavera
  • Variações

1987 «Espelho de Sons»

  • Coimbra e o Mondego: Variações
    • Variações sobre o Mondego, de Gonçalo Paredes
    • Variações em Ré Menor, de Artur Paredes
    • Variações em Lá Menor, de Artur Paredes
  • Os amadores: Desenho duma melodia
    • Amargura
    • O discurso
  • A canção: Melodia para um poeta
    • Canção de Alcipe
  • O teatro: A noite
    • O fantoche
  • Lisboa e o Tejo: Canto do amanhecer
    • Serenata
    • Dança palaciana
    • Canto de trabalho
    • Jardins de Lisboa (Verdes anos)
    • Canto de rua
    • Canto do rio
  • A dança: Prólogo - Abertura para um bailado
    • Raiz (Dança melancólica)
    • Dança de camponeses
  • A mãe e o lar: Canto de embalar
    • Canto de amor
  • Contrastes: Sede
    • Canto da primavera

1989 «Asas Sobre o Mundo»

  • Asas sobre o mundo
  • Nas asas da saudade
  • Canto do amanhecer
  • Canto de rua
  • Canto de trabalho
  • Canto de amor
  • Verdes anos
  • Canto de embalar
  • Dança dos camponeses
  • Marionetas
  • Raiz
  • Sede
  • Canto de primavera
  • Variações sobre o Mondego
  • Variações sobre o Mondego N.1
  • Variações sobre o Mondego N.2
  • Canto do Tejo
  • Serenata no Tejo
  • Fado moliceiro
  • Desenho duma melodia
  • O discurso
  • A noite
  • Amargura
  • 1994 - «O Melhor dos Melhores»
  • 1996 – “Na corrente” (compilação de material inédito)

2000 «Canção para Titi: Os inéditos 1993»

  • Memórias
  • Valsa diabólica
  • Uma canção para minha mãe
  • Escadas do quebra costas
  • Canção para Titi
  • Mar Goês
  • Arcos do jardim
  • Arco de Almedina
  • Discurso

Álbuns em colaboração

1986 «Invenções Livres», com António Vitorino d'Almeida

  • Improviso 1
  • Improviso 2
  • 1990 – “Dialogues”, com Charlie Haden

Antologias

  • 1998 – O Melhor de Carlos Paredes: Guitarra
  • 2002 - Uma Guitarra com Gente Dentro
  • 2003 - O Mundo segundo Carlos Paredes (obra completa)
  • 2010 - A Voz da Guitarra

EPs

  • 1962 – "Variações em Si Menor / Serenata / Variações em Lá Menor / Danças"
  • 1963 – “Guitarradas sob o Tema do Filme «Verdes Anos»”

Filmes

A música de Carlos Paredes, composta com esse fim ou não, foi utilizada em diversos filmes:

Outros

Referências

  1.  PCP Carlos Paredes.
  2.  Partido Comunista Português (23 de julho de 2004). «PCP Expressa Profundo Pesar pela Morte de Carlos Paredes». pcp.pt. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
  3.  Albano Nunes (12 de agosto de 2004). «Carlos Paredes o PCP e os Intelectuais». avante.pt. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
  4.  Gustavo Sampaio (20 de agosto de 2004). «Homenagem a Carlos Paredes na abertura da Festa do "Avante!"». publico.pt. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
  5.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Paredes". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 10 de dezembro de 2014
  6.  «Música - Prémio Carlos Paredes»www.cm-vfxira.pt. Consultado em 12 de dezembro de 2022
  7.  «Código Postal: Rua Carlos Paredes»Código Postal. Consultado em 12 de dezembro de 2022
  8.  Blitz 25 anos, Edição Especial de Colecionador, Novembro 2009 n.º 41.

Bibliografia

Ligações externas

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TABELA CLASSIFICATIVA DO CAMPEONATO DA 1ª LIGA DE FUTEBOL - 19 DE MAIO DE 2024

  Tabela classificativa Pos Equipe Pts J V E D GP GC SG Classificação ou descenso 1 Sporting   (C, Q) 90 34 29 3 2 96 29 +67 Fase de liga da...

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