sábado, 1 de maio de 2021

EMPIRE STATE BUILDING - INAUGURADO EM 1931 - 1 DE MAIO DE 2021

 


Empire State Building

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: ""Empire State"" redireciona para este artigo. Para o filme, veja Empire State (filme de 2013).
Empire State Building
Empire State Building from the Top of the Rock.jpg
História
ArquitetoShreve, Lamb and Harmon
EngenheiroHomer Gage Balcom
Período de construção1930 - 1931
Abertura
Custo$40 948 900
StatusCompletado
UsoEscritórios
Arquitetura
EstiloArt déco
Material
Tijolo e cimento, fachada em calcário, coluna em açoVisualizar e editar dados no Wikidata
Estatuto patrimonialNew York City Landmark (d) ()
Inscrito em NRHP
Local histórico nacional ()Visualizar e editar dados no Wikidata
Antena
443,2 m (1,454 ft)[2]
Telhado381,0 m (1,250 ft)
Altura do último andar
373,2 m (1,224 ft)[3]
Altura
444,1 m, 457,2 mVisualizar e editar dados no Wikidata
Superfície257 000 m² rentáveis (2007)
Externo: 2 acres (0.8 ha)
Pisos102
Caves
1Visualizar e editar dados no Wikidata
Elevador
73Visualizar e editar dados no Wikidata
Administração
ContratanteStarrett Brothers and Eken
ProprietárioHelmsley-Spear
Website
Localização
Localização350 Fifth AvenueManhattan
Flag of New York City.svg Nova York[1]
 Nova Iorque
 Estados Unidos
Endereço350 Quinta Avenida e 20 Rua 34 (en) OesteVisualizar e editar dados no Wikidata
ManhattanNova Iorque 10118
Flag of the United States.svg Estados Unidos
Coordenadas
Localização no mapa de Nova Iorque
ver no mapa de Nova Iorque
Red pog.svg
Localização no mapa da Estado de Nova Iorque
ver no mapa da Estado de Nova Iorque
Red pog.svg
Empire State Building
Registro Nacional de Lugares Históricos
Marco Histórico Nacional dos EUA
Marco Histórico de NYC
Adicionado ao NRHP:17 de novembro de 1982 (38 anos)[4][5]
Nomeado NHL:24 de junho de 1986 (34 anos)[6][7][8]
Designado NYCL
19 de maio de 1981 (39 anos)
Registro NRHP:82001192

Empire State Building é um arranha-céu de 102 andares[9][10][11][notas 1] no centro de ManhattanNova York, na Quinta Avenida, entre as ruas 33ª e 34ª Oeste. Ele tem uma altura do telhado de 381 metros, mas com a sua torre de antena incluída, o edifício chega a 443 m de altura. Seu nome é derivado do apelido do estado de Nova York, o Empire State. Ele manteve-se como o edifício mais alto do mundo por quase 40 anos, desde a sua conclusão, no início de 1931, até a construção da Torre Norte do complexo original do World Trade Center, no final de 1970.[12]

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o Empire State Building tornou-se novamente o edifício mais alto da cidade, até One World Trade Center atingir uma altura maior em abril de 2012.[13] O edifício é atualmente o quinto mais alto arranha-céu nos Estados Unidos e o 31º mais alto do mundo. É também a quinta estrutura autônoma mais alta na América.

O Empire State Building é um ícone cultural estadunidense. Ele foi projetado em estilo art déco e foi classificado como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis. O edifício e o seu interior são designados marcos da cidade de Nova York. Ele foi designado como um marco histórico nacional em 1986.[14][15]

O edifício é propriedade do Empire State Realty Trust, da qual Anthony Malkin serve como CEO e Presidente.[16] Em 2010, o Empire State Building passou por uma reforma de 550 milhões de dólares, sendo que 120 milhões de dólares foram gastos para transformar o edifício em uma estrutura de energia eficiente e sustentável.[17] O Empire State Building é o mais alto edifício com o certificado Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) nos Estados Unidos, classificação que recebeu em setembro de 2011.[18]

História

Um trabalhador durante a construção; o Chrysler Building pode ser visto ao fundo.
Empire State visto do Brooklyn, do outro lado do rio East

O local do atual Empire State era antigamente a fazenda de John Thompson nos meados do século XVIII. Na época uma estrada de ferro passava pela região deserta até o lago Sunfish localizado a uma quadra do edifício. A quadra era ocupada pelo Hotel Waldorf-Astoria nos meados do século XX, e era frequentada pelos "Four Hundred" (termo inglês para a elite social de Nova York na época, literalmente = "os quatrocentos").

Construção

As escavações no local começaram em 22 de Janeiro de 1930, e a construção do edifício em si, começou simbolicamente em 17 de Março (dia de São Patrick) por influência de Al Smith, então presidente da Empire State Inc. O projeto envolveu 3 400 trabalhadores, a maioria imigrantes da Europa, juntamente com centenas de Mohawk (tribo de índios) principalmente da reserva Kahnawake próximo a Montreal. De acordo com os dados oficiais, 5 trabalhadores morreram durante a construção. O neto do Governador Smith cortou a fita inaugural em primeiro de Maio de 1931.[19]

A construção foi parte de uma intensa competição em Nova York pelo título de Edifício Mais alto do Mundo. Os outros projetos concorrendo pelo título, 40 Wall Street e o Chrysler Building, ainda estavam no projeto quando as construções começaram. Ambos teriam mantido o título por menos de um ano, quando o Empire State os superou em sua conclusão, apenas 410 dias após as construções começarem. O edifício foi oficialmente aberto em Primeiro de Maio de 1931 numa inauguração dramática quando o então Presidente dos Estados Unidos da América, Herbert Hoover, acendeu as luzes com o apertar dos botões de Washington, D.C.. Ironicamente o primeiro uso das luzes no topo das torres do Empire State no ano seguinte foi para sinalizar a vitória de Franklin D. Roosevelt contra Hoover nas eleições presidenciais de Novembro de 1932.[2]

Empty State Building (Edifício de Espaços Vazios)

A abertura do edifício coincidiu com a Grande Depressão dos Estados Unidos, e como resultado muitos de seus escritórios não foram alugados. Em seu primeiro ano de funcionamento, o deck de observação arrecadou aproximadamente 2 milhões de dólares, todo o dinheiro que seus donos conseguiram em aluguel aquele ano. A falta de interessados em alugar os escritórios do edifício fez com que os nova iorquinos apelidassem o edifício de "Empty State Building" (empty = vazio, conotação ao grande número de escritórios vazios).[20] O edifício não se tornou lucrativo até 1950. A famosa venda do Empire States em 1951 a Roger L. Stevens e seus sócios foi quebrada pela proeminente diretor da Manhattan Real State Firm, Charles F. Noyes & companhia, por um recorde de 51 milhões de dólares. Até a data, esse foi o maior preço já pago por um único edifício na história do mercado imobiliário.[21]

Acidente aéreo

Em 28 de julho de 1945, às 9:40, um bombardeiro tipo B-25, pilotado pelo tenente-coronel William Franklin Smith Jr, em meio a um nevoeiro, colidiu com a face norte do edifício, entre os andares 78 e 80, causando 14 mortes. O incêndio causado pela colisão foi controlado em apenas 40 minutos. Na semana seguinte ao acidente, o edifício foi reaberto.[22]

Suicídios

Através dos anos, mais de trinta pessoas cometeram suicídio do topo do edifício.[23] O primeiro suicídio ocorrido no edifício aconteceu antes mesmo de sua conclusão por um trabalhador após ter sido despedido. A cerca ao redor do observatório foi colocada em 1947 após 5 pessoas terem tentado se atirar num período de apenas três semanas.[24] Em 1979Elvita Adams atirou-se do octogésimo sexto andar, caiu no octogésimo quinto andar com diversos ossos partidos.[25] O edifício também foi o local escolhido para suicídios em 2004 e 2006. O último foi cometido pelo advogado que se lançou do sexagésimo nono andar numa sexta feira, 13 de abril de 2007.[26]

Características

O Empire State visto do 30 Rockefeller Plaza com o One World Trade Center ao fundo.

Design

O Empire State Building foi projetado por William F. Lamb e sua empresa de arquitetura Shreve, Lamb e Harmon, o qual preparou o projeto do edifício em apenas duas semanas usando o projeto do edifício Reynolds de Wiston-Salem, da Carolina do Norte como projeto base.[27] O edifício foi projetado de cima para baixo.[28] Os construtores foram Starrett Brothers e Eken e o projeto foi financiado por John J. Raskob. A construtora foi dirigida por Alfred E. Smith, o 45º Governador de Nova York.

Iluminação

iluminação do Empire State Building muda em feriados ou eventos especiais, como no dia de São Patrício e no Natal.[29] Depois da destruição das Torres do World Trade Center, as cores vermelha, branca e azul permaneceram por muitos meses.

Todos os anos no dia 25 de março o Empire State fica com as cores preta, vermelha e amarela em celebração à parada germano-americana de Steuben.[30]

Em dezembro de 2007, o prédio ficou amarelo para promover o filme Os Simpsons.[31]

Em 2008, as "luzes" foram desligadas para conservar energia na Hora da Terra. Tradicionalmente, todos os anos no dia 15 de Setembro, a iluminação fica verde, branca e vermelha, para marcar o dia da independência do México.

Em 12 de Julho de 2010, as cores eram, amarela e vermelha, em celebração da vitória da Espanha na Copa do Mundo.[32]

No dia 24 de Junho de 2011, o prédio ficou com as cores vermelha, laranja, amarela, verde, azul e violeta, depois que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado.[33]

Ícone cultural

O Empire State Building continuou a ser o arranha-céu mais alto do mundo por 41 anos, e a estrutura mais alta já feita pelo homem por 23 anos. Ele foi superado com a construção da Torre Norte do World Trade Center em 1972. Com a destruição do World Trade Center nos ataques de 11 de setembro de 2001, o Empire State Building novamente tornou-se o edifício mais alto na cidade de Nova York até 2013 e o terceiro edifício mais alto de todo os Estados Unidos, atrás apenas da Willis Tower, que fica em Chicago e o One World Trade Center que fica em Nova York com 541,3 m.

O edifício ficou muito conhecido, pela participação que virou um clássico no filme King Kong, onde o Gorila se pendura no prédio para combater os aviões que o caçavam. O edifício volta a aparecer no remake deste filme e em várias outras produções cinematográficas de Hollywood, o que o tornou conhecido mundialmente como um símbolo da cidade e do próprio país. O Empire State também é conhecido como o Novo Monte Olimpo, pelo fato de ser citado nos livros da saga Percy Jackson e os Olimpianos, na qual os deuses gregos estariam morando atualmente no 600º andar do prédio.

Panorama em 360° da cidade de Nova Iorque, vista do observatório do Empire State Building.

Ver também

Notas

  1.  A contagem de pavimentos é variadamente citado como 102 ou 103, devido a presença de uma antiga plataforma. No 102º andar do edifício, há uma porta com escadas que sobem para o suposto 103º andar. Na construção do Empire State, foi elaborado um pequeno piso para ser usado como desembarque de dirigíveis, mas nunca foi utilizado para este fim. O piso transformou-se em uma sala que contém equipamentos elétricos, além de conter um conjunto de escadas que dão acesso a torre do edifício. Fontes especializadas sempre mencionam 102 por desconsiderarem esta plataforma como um andar

Referências

  1.  Please note that the entire 10118 series of 9-digit ZIP Codes are assigned to the Empire State Building. Source: USPS.
  2. ↑ Ir para:a b «Visit the Empire State Building - Empire State Building». www.esbnyc.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  3.  «Empire State Building, New York City - SkyscraperPage.com». skyscraperpage.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  4.  «Documentação de designação para o NRHP»(PDF) (em inglês). Serviço Nacional de Parques. Consultado em 28 de julho de 2013
  5.  «Fotos para documentação de designação para o NRHP» (PDF) (em inglês). Serviço Nacional de Parques. Consultado em 28 de julho de 2013
  6.  «Empire State Building» (em inglês). National Historic Landmarks Program. Consultado em 28 de julho de 2013
  7.  «Documentação de designação para o NHL»(PDF) (em inglês). Serviço Nacional de Parques. Consultado em 28 de julho de 2013
  8.  «Fotos para documentação de designação para o NHL» (PDF) (em inglês). Serviço Nacional de Parques. Consultado em 28 de julho de 2013
  9.  Floors Above Ground - 102 The Skyscraper Center - acessado em 22 de fevereiro de 2017 (em inglês)
  10.  Floors (above ground) 102 Emporis Buildings - acessado em 22 de fevereiro de 2017 (em inglês)
  11.  A View Inside King Kong’s Perch The New York Times - acessado em 22 de fevereiro de 2017 (em inglês)
  12.  History of the Twin Towers, consultado em 26 de janeiro de 2014cópia arquivada em 1 de setembro de 2013
  13.  «It's official: 1 WTC is New York's new tallest building». NY Daily News. 30 de abril de 2012. Consultado em 30 de abril de 2012
  14.  Pitts, Carolyn (26 de abril de 1985). [[[:Predefinição:NRHP url/core]] «Empire State Building»] Verifique valor |url= (ajuda) (PDF)National Historic Landmark Nomination. National Park Service
  15.  [[[:Predefinição:NRHP url/core]] «Empire State Building—Accompanying 7 photos, exterior and interior, from 1978»] Verifique valor |url= (ajuda)(PDF)National Register of Historic Places Inventory. National Park Service. 26 de abril de 1985
  16.  «Empire State Realty Trust». Consultado em 7 de março de 2014
  17.  «2009 ULI Fall Meeting & Urban Land Expo — Green Retrofit: What Is Making This the Wave of the Future?» (PDF). Consultado em 11 de outubro de 2010
  18.  «Empire State Building Achieves LEED Gold Certification | Inhabitat New York City». Inhabitat.com. Consultado em 12 de outubro de 2011
  19.  «Empire State Building Trivia and Cool Facts». history1900s.about.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  20.  «New York City Travel - Tips for Sightseeing, Shopping, Bars and Clubs in New York City - New York Times Travel». travel.nytimes.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  21.  «New York: A Documentary Film». www.pbs.org. Consultado em 27 de abril de 2012 [ligação inativa]
  22.  Complete 911 Timeline, em inglês, acesso em 02 de novembro de 2014.
  23.  «Suícidios». www.iht.com. Consultado em 27 de abril de 2012 [ligação inativa]
  24.  Compass American Guides: Manhattan, 4th Edition. Reavill, Gil and Zimmerman, Jean P. 160.
  25.  «Shades of Bronze». web.archive.org. Consultado em 27 de abril de 2012. Arquivado do original em 6 de agosto de 2006
  26.  «Lawyer dies in Empire suicide horror - NY Daily News». www.nydailynews.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  27.  «Winston-Salem's Tallest Buildings and Skyscrapers». www.winstonsalemskyscrapers.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  28.  "Thirteen Months to Go", Geraldine B. Wagner, 2003, Quintet Publishing Ltd., pg. 32
  29.  «THE EMPIRE STATE TO GLOW AT NIGHT - Lights Will Flood Upper 30 Floors After April 1 - Article - NYTimes.com». select.nytimes.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  30.  «Steuben». web.archive.org. Consultado em 27 de abril de 2012 [ligação inativa][ligação inativa]
  31.  «Homer, Marge, Lisa, Bart and Maggie SimpsonizeManhattan». www.businesswire.com. Consultado em 27 de abril de 2012
  32.  «El Empire State Building se viste con 'La Roja'». www.elmundo.es. Consultado em 27 de abril de 2012Texto " Estados Unidos " ignorado (ajuda); Texto " elmundo.es" ignorado (ajuda)
  33.  «Newsweek (neighborhoodr-newyork: New York passes Same Sex...)». newsweek.tumblr.com. Consultado em 27 de abril de 2012

Ligações externas

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JORNADA DOS VASSALOS - 1625 - 1 DE MAIO DE 2021

 


Jornada dos Vassalos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
"Planta da restituição da Bahia" do atlas Estado do BrasilJoão Teixeira Albernaz, o Velho, 1631
"Planta da restituição da Bahia" de João Teixeira Albernaz: detalhe
"Jornada dos Vassalos da Coroa de Portugal" (Benedictus Mealius Lusitanus, 1625): em primeiro plano, a Armada Luso-Espanhola.
"La Recuperación de Bahía (Juan Bautista Maíno1635).

Jornada dos Vassalos ou Restauração da Bahia é a denominação dada à expedição de uma poderosa armada luso-espanhola, enviada em 1625 pela Corte de Espanha, para reconquistar Salvador da Bahia, então capital do Estado do Brasil, no contexto da primeira das invasões holandesas do Brasil.

Constituiu-se na maior Armada até então enviada ao hemisfério sul, integrada por cinquenta e dois navios transportando quase catorze mil homens, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, Capitão Geral da Armada do Brasil. Esses navios bloquearam o porto de Salvador, obtendo a rendição holandesa e a sua retirada a 1 de maio desse ano.

História

Ver artigo principal: Captura da Bahia

Em 1624 a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC), criada em 1621, havia atacado a capital do Estado do Brasil, esperando com isso assenhorear-se da Região Nordeste e seu açúcar. Na ocasião. o Governador-Geral, Diogo de Mendonça Furtado, foi capturado e o governo passou para as mãos de Johan van Dorth. A resistência reorganizou-se a partir do Arraial do rio Vermelho, contendo os invasores no perímetro urbano de Salvador.

A revolta contra os invasores foi tomando corpo, a partir das resistências locais. Após quase um ano de ocupação, a situação dos invasores era dramática. A falta de alimentos fomentava doenças e muitas insatisfações. O comando das tropas julgava-se esquecido pela Companhia das Índias que não enviava mantimentos e tropas frescas. O golpe de misericórdia nas aspirações batavas chegou na quinta-feira santa de 1625, dia 27 de março, com a aproximação rumo ao porto de Salvador de uma poderosa força naval de 56 vasos de guerra, mais de um milhar de peças de artilharia e cerca de 12 mil soldados, entre forças portuguesas, castelhanas e napolitanas. Essa força ficou eternizada como Jornada dos Vassalos, por conta da quantidade considerável de nobres que embarcaram, todos sob o comendo do militar espanhol D. Fadrique de Toledo Y Osório. Mas engana-se quem acha que os batavos se renderam à primeira visão de uma esquadra tão numerosa e bem municiada. Os poucos mais de dois mil holandeses empreenderam uma encarniçada resistência aos restauradores, só começando a fraquejar depois de quase um mês de intenso bombardeio da cidade e uma onda de deserções nas suas tropas, sobretudo de mercenários tedescos, franceses e ingleses. E ainda houve tempo para um amotinamento da tropa restante, insatisfeita e certamente já desejosa de uma rendição. A 30 de abril de 1625 a capitulação foi assinada pelos comandantes das forças envolvidas. Aos holandeses foi garantida uma retirada sem serem molestados, embarcando para a Europa. Aos escravos e homens livres que colaboraram com o invasor não houve essa complacência: todos pereceram na forca.[1]


No ano seguinte (1625), alarmada com a ameaça da perda da lucrativa produção de açúcar e para pacificar os portugueses, cujo império se vinha reduzindo sob a Dinastia Filipina,[2] a Coroa espanhola enviou uma poderosa armada combinada, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, e para a parte portuguesa, do general das armadas da costa de Portugal D. Manuel de Meneses, à qual se uniram sete caravelas da Capitania de Pernambuco sob o comando de Francisco de Moura Rolim.

Em Pernambuco e em Portugal haviam sido preparadas expedições de socorro, que precederam a esquadra luso-espanhola. Matias de Albuquerque, Governador da Capitania de Pernambuco, foi nomeado Governador-Geral, enviando de Olinda expressivos reforços para a guerrilha sediada no Arraial do rio Vermelho e no Recôncavo. Já Salvador Correia de Sá e Benevides seguira num comboio de 30 navios comandando a nau Nossa Senhora da Penha de França, com combatentes e mantimentos. No Rio de Janeiro recebera do Governador, seu pai, a incumbência de recrutar homens na capitania de São Vicente antes de rumar à Bahia. Nesta expedição, arriscada diante do domínio neerlandês dos mares, recrutou cerca de 200 homens, embarcados em duas caravelas e três canoas de guerra, e rumou a Salvador. Na Bahia, tendo chegado poucos dias antes ao campo dos invasores, distinguiu-se na conquista da praça a 1 de Maio de 1625. Na vitória teve também um papel destacado a destreza dos índios arqueiros trazidos por Salvador de Sá dos aldeamentos de jesuítas das Capitanias do Rio de Janeiro e São Vicente.

O enorme gasto da WIC com a fracassada invasão a Salvador foi recuperado quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o Almirante Piet Heyn, a serviço da WIC, interceptou e saqueou a frota espanhola que transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas, permitindo uma nova invasão, desta vez à Capitania de Pernambuco, que se estendeu de 1630 a 1654.

Testemunhos

A invasão neerlandesa de 1624-1625 a Salvador teve o testemunho de personalidades como o padre António Vieira. Na Bahia desde os seis anos de idade, ingressara na Companhia de Jesus como noviço em Maio de 1623 e, em 1624, quando da invasão, refugiara-se no interior da capitania onde iniciou a vocação missionária. Estes confrontos terão influenciado a sua posição quanto à questão da Região Nordeste do Brasil.[nota 1]

Frei Vicente do Salvador, aprisionado em Salvador pelos invasores até à sua retomada, terá ouvido a narração dos acontecimentos do próprio Salvador de Sá em 1625, deixando o seu testemunho na sua "Historia do Brazil" (1627).[3]

D. Manuel de Meneses, general da Armada de Portugal capitaneava a parte portuguesa (maioritária) da expedição. Escreveu a sua Relação da Restauração da Bahia em o anno de 1625, que apenas foi editada em 1859, por Francisco Adolfo de Varnhagen "a quem a fortuna deparára o original inedito em Madrid ; e que depois de copiada e por elle conferida, foi enviada ao Instituto histórico do Brasil, e por este mandada publicar" (Inocêncio Francisco da Silva): saiu na Revista Trimensal, vol. XXII, pag.357 a 412, e continuada da pag. 526 a 533.

A não publicação da relação duma vitória que na época deu ocasião a muito grandes regozijo (lembremos o quadro de Juan Bautista Maíno : "La recuperación de Bahía", e a peça de teatro de Lope de Vega : "El Brasil restituido"), vitória contada por um dos seus mais importantes capitães, tem algo de estranho : a solução desse enigma encontra-se sem dúvida no que Carlos Ziller Camenietzki e Gianriccardo Grassia Pastore chamaram a "Guerra de tintas" . A publicação da relação de D. Manuel não foi autorizada ; efectivamente esta vitória deu lugar a uma guerra textual entre os portugueses e os espanhóis. Lembremos que na época Portugal estava sob dominação espanhola, uma dominação não oficial já que Portugal e Espanha eram dois reinos com um só rei numa configuração denominada de União Pessoal. Mas a dominação era efectiva e os fidalgos portugueses afastados dos lugares de comando essenciais manifestaram-se nessa ocasião, cada campo relevando o seu papel na vitória. D. Manuel não escapava a essa contenda, a sua relação mostrando em várias reflexões a sua frustração e a dos portugueses, por exemplo no momento da redição da Cidade, onde foram os castelhanos autorizados a entrar em primeiro.

O governo da Monarquia Católica percebeu o problema. Diante do andamento da guerra de tintas, o Conselho de Estado de D. Felipe IV não se furtou a tomar medidas voltadas à contenção dos ânimos: "a multiplicação de relações, crônicas e histórias do feito de Salvador foi proibida.[nota 2]

Partes desta relação encontram-se no artigo sobre D. Manuel de Meneses, assim como uma explicação mais detalhada da Guerra de Tintas.

Notas

  1.  Quando da segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), o padre António Vieira defenderia que Portugal entregasse a região às Províncias Unidas, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os holandeses eram um inimigo militarmente muito superior. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (Inquisição) e Jesuítas (catequistas), o religioso, defensor infatigavel dos direitos humanos, da abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos e da abolição da escravatura, critico severo da Inquisição, ver-se-ia enfraquecido pela derrota da sua posição quanto à questão da Região Nordeste do Brasil.
  2.  Assim o declara Stuart Shwartz: "The council of State acted to "prevent the publication before Menezes could publish his".[4]

Referências

  1.  «Restauração da Bahia – Bahia | Revoltas | Impressões Rebeldes»www.historia.uff.br. Consultado em 11 de fevereiro de 2021
  2.  John Huxtable Elliott. "The old world and the new 1492-1650". Cambridge University Press, 1992, ISBN 0-521-42709-6
  3.  Roberto González Echevarría; Enrique Pupo-Walker. "The Cambridge History of Latin American Literature: Brazilian literature". Cambridge University Press, 1996. ISBN 0-521-41035-5
  4.  Consulta, Council of State, April 1623 [sic], British Library, London, Egerton 324, fol. 18".

Bibliografia

  • Bartolomeu Guerreiro. Jornada dos vassalos da coroa de Portugal (1625).
  • BOXER, C. R.Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola, 1602-1686. São Paulo: Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, 1973.
  • BOXER, C. R.. Salvador de Sá and the struggle for Brazil and Angola, 1602-1686. Greenwood Press, 1975. ISBN 0-8371-7411-2

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