sábado, 3 de junho de 2017

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Martim Silva
MARTIM SILVA
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Rui Moreira, Sérgio Moro, George Steiner e Mario Monti. Entrevistas marcantes no Expresso desta semana
3 de Junho de 2017
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2327
Bom dia,
A edição desta semana do Expresso é daquelas que tem uma história para contar. Quando pensamos no jornal, procuramos um equilíbrio entre notícias, grandes entrevistas, histórias que marcam. Tentamos planeá-lo o melhor que podemos. Mas por vezes a realidade ultrapassa-nos. Em benefício do leitor. Não tínhamos pensado ter tantas entrevistas numa só edição. Mas a oportunidade colocou-se, temo-las, e elas valem muito a pena. Do grande pensador europeu George Steiner, ao ex-primeiro-ministro italiano Mário Monti, ao autarca do Porto Rui Moreira e ao juiz brasileiro que tem em mãos o caso Lava-Jato Sérgio Moro.
Estes são alguns dos meus destaques.

1. EMIGRANTES NA VENEZUELA
Com o agudizar da delicadíssima situação política na Venezuela, a situação dos portugueses, e dos luso-descendentes de segunda e terceira geração, torna-se um problema muito grande. Já há muitos a regressarem para a Madeira, de onde é originário o maior contingente emigrado há décadas naqueles país sul-americano. Na edição desta semana contamos-lhe todos os desenvolvimentos políticos e diplomáticos e o que está a ser feito e previsto nesta matéria, sobretudo se a situação ainda se agravar mais. Além disso, temos uma reportagem no Funchal, intitulada “A minha herança é a nacionalidade portuguesa”. Começa assim: "A vida era boa em Maracay antes da falta de comida, antes daquela luta cega nas filas e tudo por causa de pacote de esparguete ou um quilo de arroz. Os vizinhos deixaram de se respeitar, ninguém queria saber se roubava o lugar a um velhinho, a uma pessoa numa cadeira de rodas ou uma mulher com filho pequeno. Yamilet Pestana, 35 anos, mistura o português com o castelhano enquanto lembra os últimos tempos na Venezuela, o desespero para alimentar o filho recém-nascido e como tudo ficava pior a cada dia que passava."

2. RUI MOREIRA EM ENTREVISTA
Outro destaque desta semana é a entrevista a Rui Moreira. O presidente da câmara do Porto tem estado muito presente nas notícias, pelo romper do acordo com o PS, mas sobretudo pelo caso Selminho, a empresa da família que tem relações e negócios e litígios com a autarquia portuense. Este é um tema que queima e que pode ter consequências. Na conversa com a Isabel Paulo e o Valdemar Cruz, Moreira garante que não existe qualquer conflito de interesses e que nunca tomou qualquer decisão que beneficiasse a família. Curiosa é a forma como este independente que varreu as últimas eleições se define politicamente: “Sou portuense… No plano social, em tudo o que que são as minhas preocupações, considero-me seguramente uma pessoa de esquerda. Não sou é jacobino”.

3. MULHERES MUTILADAS
Em Portugal há seis mil vítimas de excisão. Uma prática criminosa que se realiza sobretudo fora do país. O Expresso encontrou o primeiro caso feito na Grande Lisboa.
"Idrissa é uma jovem franzina que aparenta ter menos que os 14 anos que a mãe garante ter cumprido. Adora tirar selfies e pintar as unhas com as amigas. Mas vive entre os hábitos de uma adolescente da Grande Lisboa e a tradição da família, oriunda da Guiné-Bissau, de etnia fula. Apesar de ainda não ter noção, o corte que há cinco anos lhe fizeram no clítoris irá marcar-lhe a vida."

4. ENTREVISTA A SÉRGIO MORO, O JUÍZ DO LAVA-JATO
“Não há risco de retrocesso democrático no Brasil”. Quem o diz é o juiz Sérgio Moro, que esta semana esteve em Portugal a participar nas Conferências do Estorial e deu uma entrevista exclusiva ao Expresso.
O principal rosto da Operação Lava-Jato, de 44 anos, fez tremer os alicerces da democracia brasileira ao investigar centenas de políticos e empresários e tocou, até agora, em três Presidentes, Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Tranquilo, estabelece logo os limites da conversa: “Não posso falar de casos pendentes nem tenho condições para abordar questões políticas.” Mas falou de tudo, só nunca referiu o nome do mega-processo que o tornou célebre.

5. APOSTAS ILEGAIS NO FUTEBOL
No Desporto, destaque para a história sobre apostas ilegais. As autoridades irlandesas investigam suspeitas de apostas ilegais em jogo do Athlone Town, equipa irlandesa por onde já passaram dois treinadores portugueses esta época. Gestor português próximo do clube garante que nada sabe sobre resultados manipulados. Guarda-redes que esteve em Portugal debaixo do radar. Outra vez
 
Economia 2327
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6. MARIO MONTI E OS RESULTADOS ECONÓMICOS EM PORTUGAL
Mario Monti, ex-primeiro-ministro italiano, economista e professor diz em entrevista ao Expresso: “Não queremos que a Europa se torne uma colónia”.
A vitória de Macron foi crucial e pode assinalar o regresso do motor franco-alemão na Europa. Com Trump, o continente tem de começar a trabalhar na sua defesa, para não ficar dependente de ditadores. O ex-primeiro-ministro “tecnocrata” italiano (2011-2013) e atual senador vitalício veio a Portugal a convite da Associação Comercial do Porto.
Vale a pena ler esta conversa em que se reflete sobre o futuro da Europa e são muito elogiados os resultados da economia nacional... e Passos Coelho.

7. CIMPOR, O QUE SE PASSA COM A CIMENTEIRA?
Destaque ainda na Economia é o trabalho sobre a situação agonizante que vive a Cimpor. Uma das maiores cimenteiras portuguesas durante décadas, perdeu 93 por cento do valor em apenas cinco anos. Quase o dobro da dívida, um volume de negócios cerca de €400 milhões mais baixo, uma maior concentração geográfica do risco e um prejuízo de €785,9 milhões, é este o balanço da Cimpor cinco anos depois de ter sido adquirida pela brasileira Camargo Corrêa. E já começou a contagem decrescente para a Assembleia Geral Extraordinária que, a 21 de junho, irá votar a saída da cimenteira da Bolsa de Lisboa — através de um pedido perda de qualidade de sociedade aberta —, comunicado ao mercado a 26 de maio.

8. GEORGE STEINER, UM DOS GRANDES PENSADORES EUROPEUS
“O verdadeiro crime é viver demasiado” é o título da entrevista que faz capa da Revista. A casa dele é onde estiver a máquina de escrever. E a máquina de escrever está há décadas em Cambridge, numa vivenda de tijolos, numa rua de flores brancas. Ali, aos 89 anos, um dos maiores pensadores europeus recebeu o Expresso 
e falou do “momento crítico” de uma Europa onde o futuro deixou de ser claro. Uma grande entrevista e uma grande conversa com a Luciana Leiderfarb.

9. OS 50 ANOS DOS 100 ANOS DE SOLIDÃO
Há 50 anos, num 5 de junho, aconteceu o big bang literário chamado ”Cem Anos de Solidão”. O livro que deu fama a García Márquez e 
a uma terra real de tão imaginada — Macondo. O livro que inaugurou uma era e que, antes de 
o ser, tinha já uma lenda construída à sua volta. Leiam este parágrafo do texto:
A questão é que, chegado a casa, Gabo sentou-se a escrever. “Desta vez não me levantei nos 18 meses seguintes”, diria, mas o intervalo terá sido de pouco mais de um ano, de julho de 1965 a agosto de 1966. Só ao chegar à décima página, quando o primeiro José Arcádio Buendía encontra um galeão espanhol no meio da selva tropical, soube que a saga de quatro gerações da família Buendía a viver em Macondo cem anos da história colombiana — e latino-americana — estava realmente a ser escrita. Desistiu dos empregos, penhorou e depois vendeu o Opel branco, e o livro passou a ser a sua ocupação diária. Mercedes assegurou a sobrevivência dos quatro naqueles meses de reclusão do marido, administrando o parco dinheiro que tinham e, quando este acabou, desfazendo-se da televisão, das joias e do frigorífico, e negociando crédito com o senhorio e com as lojas do bairro. “Sabes que, ao terminar de escrever ‘Cem Anos de Solidão’, Mercedes devia cinco mil pesos ao talhante?”, contou Gabo a Elena Poniatowska, numa entrevista de 1973 onde também admitia que chegaram a dever oito meses de renda. “No bairro todos nos fiaram”, mesmo os três maços diários que o escritor fumava.

10. MEXIA ARGUIDO, AS CRÍTICAS DA CONCERTAÇÃO E SANTANA NO MONTEPIO
Propositadamente, deixo para o fim três assuntos que são dos noticiosamente mais fortes nesta edição do Expresso e que merecem mais destaque na primeira página do jornal. Acabo como comecei, andamos meses, semanas e dias a planear como fazer o melhor jornal possível. Mas depois temos de saber ser rápidos perante o que está a suceder e ainda assim levar ao leitor a melhor informação possível. É o que fazemos, penso eu, nestes três casos:
-Dezembro de 2004. Nos últimos dias do ano o Governo de Pedro Santana Lopes publicava um extenso decreto-lei que havia sido aprovado um mês antes em Conselho de Ministros. Aí se definia uma complexa fórmula de cálculo de quanto a EDP viria a receber a título de compensação pela obrigação de passar a vender toda a energia das suas centrais elétricas em condições de mercado. Mas o diploma, na verdade, só produziria efeitos três anos mais tarde. Entretanto mudaria o Governo e também a administração da EDP . Em 2007, já com Manuel Pinho como ministro da Economia, o Executivo aprova a revisão em alta do preço previsto para a venda da energia da EDP face aos termos de 2004. Cinco anos mais tarde, em 2012, a Procuradoria Geral da República recebeu uma queixa sobre as condições aprovadas para a EDP. A PGR chegou a ouvir várias pessoas nos anos que se seguiram. Agora, quase dez anos depois, o Ministério Público decide avançar com a constituição de arguidos, baseado em indícios de práticas de corrupção e participação económica em negócio.

-“Omissão de um conjunto de problemas de fundo.” É desta forma que o Conselho Económico e Social (CES) acusa o Programa Nacional de Reformas 2017 (PNR) de esconder a realidade e tentar passar uma imagem de normalidade que está longe da realidade. Logo nas primeiras páginas do versão provisória do parecer ao PNR, a que o Expresso teve acesso, é possível perceber o tom crítico. O CES, órgão constitucional que é, por excelência, o espaço de diálogo entre representantes do Governo, dos parceiros sociais e demais representantes da sociedade civil, diz que dadas as características estratégicas daquele documento o Governo deveria “definir a forma de enfrentar as grandes mudanças que hoje se verificam na economia à escala global”.

-O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, juntou-se ao coro dos que tentam convencer Pedro Santana Lopes a dar luz verde à entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio Geral. O provedor da Santa Casa não tem escondido o seu ceticismo em relação a este negócio — tem dito que não vê aí qualquer interesse financeiro para a instituição que lidera — e o incómodo pela urgência que tem sido colocada neste processo. Mas “a pressão é fortíssima e vem cada vez mais de cima”, diz ao Expresso uma fonte que conhece bem o processo. E, apesar de querer resistir à pressa do Governo e do BdP, Santana está convencido de que não poderá adiar uma decisão para além do final de julho.

Tenha um grande fim de semana

 
Revista 2327
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Sábado 03 Junho 2017

O VÍDEO DO PAPA

Papa Francisco pede o fim do comércio de armas

Esta é a intenção de oração do Papa em junho, divulgada por ele em seu vídeo mensal

LIBER NEWS

Picharam um lema pró-aborto na igreja, mas a resposta do padre foi sensacional

“Aborto Livre, para Maria também”, foram as palavras que um abortista anônimo escreveu na parede da igreja, sem esperar que o pároco publicasse uma resposta que viralizou no Facebook

REVISTA PAZES

A dupla jornada de trabalho: mães esgotadas com síndrome de Burnout

A mãe perfeita não chora, não se desespera, não perde a sanidade e, acima de tudo... não existe.

PADRE PAULO RICARDO

A fé católica é um tipo de autoajuda?

Católico, você precisa saber explicar isso

FRANCISCO VÊNETO

Até hoje, 2 de junho, os brasileiros só trabalharam em 2017 para pagar impostos

Cidadãos do país precisam trabalhar 153 dias do ano só para entregar cada centavo ao governo. Pergunta-se: para …

ALETEIA BRASIL

Ariano Suassuna fala sobre Deus e o sentido da vida

Uma reflexão que surge das profundezas da experiência humana

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“Já mandei fechar a igreja!”, gritou o jihadista, jogando o padre no chão

“Mas como vou fechar a casa de Deus?”, respondeu ele antes de ser martirizado. Neste 3 de junho, seu martírio …

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Por que os padres usam vermelho em Pentecostes?

Se esta cor evoca o sangue dos mártires e Pentecostes não tem esta ênfase, qual é o sentido?

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O Papa dos tuítes

O Papa Francisco é a personalidade mundial mais influente da rede social Twitter, com mais de 33 milhões de seguidores

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Papa: Jesus escolhe o mais pecador dos apóstolos

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Conheça a “igreja transparente”

Na Bélgica, a igreja construída em camadas de aço chama a atenção de turistas e fiéis

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Oração para se despedir de um animal de estimação

“Dai-me a força para recompor o meu coração partido por sua ausência...”

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Música: Mandisa continua a inspirar com “Unfinished”

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Da Maré para o Vaticano: jovens brasileiros vão tocar para o Papa

Jovens fazem parte da Orquestra Maré do Amanhã, que surgiu em uma das favelas mais violentas do Brasil
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Posted: 02 Jun 2017 03:00 PM PDT

Posted: 02 Jun 2017 12:30 PM PDT

Posted: 02 Jun 2017 08:00 AM PDT

Posted: 02 Jun 2017 03:30 AM PDT

HYPE SCIENCE

LIGO detecta onda gravitacionais pela terceira vez

Link to HypeScience

Posted: 02 Jun 2017 07:18 AM PDT
A terceira medição do fenômeno solidifica ainda mais a teoria prevista por Einstein, e demonstra o poder científico do observatório LIGO
 
Posted: 02 Jun 2017 06:12 AM PDT
Gilbert Baker é o homenageado pelo Google Dooldle de hoje. O artista americano foi o designer da bandeira do arco-íris que representa o movimento LGBT
 

OBSERVADOR

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


A decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre alterações climáticas suscitou muitas reações de indignação, muitos editoriais de condenação, movimentações diplomáticas aparentemente destinadas a isolar os Estados Unidos e divisões nos Estados Unidos, onde líderes da indústria se demarcaram da decisão enquanto alguns governadores parecem determinados a continuarem a cumprir o que o acordo estabelecia. Por ser sexta-feira não vou multiplicar as referências a essas reacções, antes chamar a atenção para alguns trabalhos, alguns jornalísticos, outros mais opinativos, que suscitam algumas perplexidades.

Começo pelo Financial Times e pela sua análise What a Trump exit from the Paris deal means for the US. Lendo este trabalho verificamos que o Acordo de Paris não possui mecanismos para obrigar os estados a cumprirem as metas com que se comprometeram, pelo que não parece haver forma de castigar quem se retira do acordo – como já não havia forma de castigar quem se mantivesse formalmente no acordo mas incumprisse as metas estabelecidas: “There is no legal requirement for any country with emissions targets such as those in the US plan to meet its goals”, escreve o FT. Sendo que mais adiante nota, a propósito da intenção de Trump de renegociar o acordo: “Mr Trump’s suggestion the accord could be renegotiated provoked some bafflement as it is a voluntary deal that includes no enforcement mechanism. “It’s a sham. There is no process for it. He’s laid out no criteria,” said David Doniger of the Natural Resources Defense Council, an environmental group.”

Esta constatação gera algumas perplexidades, sendo que a primeira delas é sobre quais as vantagens de um gesto político com este impacto mas que era eventualmente desnecessário, uma vez que a administração Trump podia simplesmente incumprir os planos da administração Obama. De resto esta é uma das razões que leva Ramesh Ponnuru, da Bloomberg View, a escrever em The Plain Truth About the Climate Accord que “Both sides say Trump's decision to withdraw from it is a turning point. Both sides are wrong.” Isto porque “both Trump and his critics know that very little in the accord is binding on the parties to it. As a result, withdrawing from it can’t have major consequences by itself.

Porquê então a decisão? Um texto do nosso conhecido FiveThirtyEight onde Maggie Koerth-Baker talvez ajude a encontrar uma explicação. Trata-se de The Paris Agreement Would Have Been Less Partisan 30 Years Ago onde se mostra como os temas ambientais se tornaram em temos geradores de profundas divisões nos Estados Unidos. Nem sempre foi assim: “Environmentalism in the U.S. used to be a fairly bipartisan issue. The Environmental Protection Agency, founded in 1970, was a product of the Nixon administration. But somewhere around 1990, everything changed. And it changed quickly, in ways that had big impacts on our ability to negotiate international environmental accords like the Paris agreement.” Depois explica-se que “One of the teams that spotted this 1990 shift is a group of German and Norwegian researchers, who published a 2012 paper analyzing U.S. participation in multilateral environmental agreements. They concluded that this was the tipping-point year by looking at the content of international treaties that were signed by U.S. presidents only to end up in senatorial limbo”. E aqui descobrimos um aspecto pouco conhecido da política norte-americana: como os tratados internacionais exigem a aprovação de dois terços do Senado, muitos acordos negociados pelo poder executivo nunca chegam a ser ratificados – só entre 1990 e 2012 houve nove tratados internacionais relacionados com o ambiente que ficaram nesse limbo.

Neste ambiente de guerra partidária a decisão de Trump acaba por surgir mais como uma decisão para consumo interno, destinada a agradar à sua base de apoio, mesmo que à custa de degradação das relações com os aliados e amigos dos Estados Unidos. E a verdade é que mesmo em publicações conservadoras e republicanos que criticaram o seu populismo encontramos agora textos de apoio a esta decisão. Cito dois, de duas instituições sérias, para que se conheçam os seus argumentos:
  • Forget The Paris Accords, uma análise de Richard A. Epstein na Defining Ideas, uma publicação da Hoover Institution da Universidade de Standford. Neste texto regressa-se à habitual crítica às bases científicas do acordo – fala-se mesmo de “bad science” – defende-se que nos próximos tempos continuará a não haver alternativa aos combustíveis fósseis: “It is a given that coal, oil, and natural gas will remain central pillars of the world’s energy supply for the indefinite future, given their energy richness and operational reliability. Research that reduces harmful emissions from these widely used sources has a far higher rate of social return than any improvements in wind and solar, which are large enterprises that require a huge number of workers to generate a tiny amount of energy: 374,000 people work in solar and 100,000 in wind, compared to 160,000 for coal and 398,000 for natural gas. These “green” energy sources are clearly inefficient, which is why so much labor is wasted on so little output.”
  • Goodbye to Paris, de Oren Cass, saiu na Commentary, uma das mais influentes revistas conservadores. Pequeno extracto, em que se criticam os termos do Acordo de Paris: “The Accord was doomed before negotiators ever assembled for photographs in December 2015. They were not there to commit each country to meaningful greenhouse-gas reductions; rather, everyone submitted their voluntary pledges in advance, and all were accepted without scrutiny. Pledges did not have to mention emissions levels, nor were there penalties for falling short. The conference itself was, in essence, a stapling exercise.” A seguir defende-se que este mecanismo voluntário teve como consequência que a maioria dos países em desenvolvimento – “whose emissions will drive climate change this century” – pouco ou nada farão para reduzir as suas emissões, dando exemplos concretos. O impacto real do acordo seria nesta perspectiva pequeno, sendo citado um estudo – nomeadamente aqui – onde se defende que com compromissos tão débeis pouco acontecerá. O gráfico abaixo ilustra esse impacto, de acordo com a projecção de Bjorn Lomborg, um dos mais conhecidos críticos destes acordos, considerando que este se limitaria a... 0,05ª C em 2100:


Como contraponto a estes pontos de vista, e para não tornar este Macroscópio muito longo, deixo-vos uma tomada de posição forte de um conjunto de figuras influentes na definição das políticas públicas nos Estados Unidos no tempo da administração Obama: Why Abandoning Paris Is a Disaster for America, um quase manifesto publicado na Foreign Policy. É um texto longo e bem argumentado, de que vos deixo este extracto: “Action on climate and economic growth go hand in hand, and are mutually reinforcing. That is why twice as much money was invested worldwide in renewables last year as in fossil fuels, and why China is pouring in billions to try to win this market of the future. A bipartisan group of retired admirals and generals on the CNA Military Advisory Board is about to release a report that will also spell out the importance of competitiveness in advanced energy technologies — not just to the economy, but also to the country’s standing in the world. Pulling out of climate will result in a loss of U.S. jobs and knock the United States off its perch as a global leader in innovation in a quickly changing global economic climate.”

Por hoje, e por esta semana, é tudo. Algo sobra contudo para os próximos tempos e que transcende Trump e o Acordo de Paris: o destino da liderança americana à escala global e como principal garante e referência da tradição ocidental, uma tradição em nome da qual, há exactamente 100 anos, os seus soldados começaram a embarcar para combater numa Europa então mergulhada na primeira das suas duas terríveis guerras totais. Depois da visita de Trump à NATO, da reunião do G7 e desta sua decisão esse será um dos temas que mais deverá mobilizar a nossa reflexão.

Tenham um bom fim-de-semana.

 
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