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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

OBSERVADOR - 29 DE DEZEMBRO DE 2015


360º -

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

360º

Por João Cândido da Silva, Editor de Economia
Bom dia!
Enquanto dormia

Paulo Portas vai abandonar a liderança do CDS. A decisão foi comunicada na reunião da comissão política do partido que se realizou durante o serão desta segunda-feira. Colocou um ponto final nas especulações sobre se o ex-vice-primeiro-ministro se iria manter ao leme dos centristas, tarefa que desempenha desde 1998, com uma interrupção de dois anos, entre 2005 e 2007.

Quem vai suceder a Paulo Portas, que conduziu o CDS praticamente sem contestação? Como é que o partido vai comportar-se depois do abandono do líder carismático que conseguiu, em coligação com o PSD, fazer regressar os centristas ao Governo? João Almeida, Pedro Mota Soares, Assunção Cristas e Nuno Melo são os nomes de quem se fala. Estão na linha directa da sucessão. Fora deste círculo, surgeFilipe Anacoreta Correia como hipótese para um ciclo de renovação.

"Se me candidatasse agora teria de estar disponível não para um mandato de dois anos, mas para vários mandatos de vários anosOs da oposição e os da reconquista e os do regresso do centro-direita ao governo”. As palavras são de Paulo Portas e foram as que o ainda líder do CDS escolheu paraexplicar um dos motivos por que decidiu não se recandidatar à liderança do CDS durante o congresso que se realizará em breve: o tempo pesa. Foram 16 anos no cargo. E, contas de Portas, seriam mais 20, pelo menos, caso entrasse na corrida para suceder a si próprio. O que irá Paulo Portas fazer? O líder político vai dar lugar a um novo comentador? A Presidência da República é uma ambição para cultivar a prazo?

Governo das reversões "vai readmitir ao longo dos próximos meses os mais de duzentos funcionários do Instituto de Segurança Social que foram para o regime de requalificação. Os primeiros 25, que terminavam o regime em janeiro e fevereiro, vão voltar para os cargos já no primeiro dia útil do ano", revelou a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim. 

"As primeiras conclusões da análise do Ministério do Ambiente aosprocessos de subconcessão dos transportes revelam indícios de situações de legalidade duvidosa. Que podem facilitar a reversão dos contratos" celebrados com investidores estrangeiros. O Jornal de Negócios escreve que há sete indícios de desconformidade com a legislação (a ligação está disponível apenas para assinantes). 

"De um lado, a pressão do Banco Central Europeu; do outro, a intransigência da accionista Isabel dos Santos. É neste ambiente que o BPI decidiu avançar com a cisão dos seus negócios africanos, como forma de deixar de ultrapassar o limite dos grandes riscos tal como exigido pelo BCE". A notícia vem no Diário Económico e prenuncia um processo conflituoso entre a administração do banco e a empresária angolana. 

Luís Marques Mendes afirmou que falta explicar "muitíssimo" no processo que conduziu à resolução do Banif. E, durante o espaço de comentário que ocupa na SIC, identificou cinco pontos que considerou precisarem de ser esclarecidos. O Observador recuperou as dúvidas do antigo líder do PSD e foi à procura das respostas que é possível dar.

Duas pessoas foram detidas na Bélgica por suspeitas de planeamento de ataques em Bruxelas durante as épocas festivas. São acusadas de participação em atividades de grupos terroristas com o objetivo de cometer infrações terroristas.

Lemmy Kilmister, fundador, viola baixo e vocalista dos Motörheadfaleceu. O músico, que tinha 70 anos, foi diagnosticado a 26 de Dezembro passado com um cancro "agressivo". "Perdemos um amigo e uma lenda", declararam os Foo Fighters no Facebook. 

Os nossos Especiais
 
"Shirin Ebadi foi a primeira mulher juíza no Irão e a primeira mulher muçulmana a receber um Prémio Nobel da Paz, em 2003. Aos 68 anos, os Direitos Humanos são causa de profissão e de vida". Ebadi oferece ténis cor-de-rosa e bonecas ao neto. Quer saber porquê? Leia a entrevista de Catarina Marques Rodrigues.

O que se passou no mundo da ciência em 2015? Foi um ano relevante? Em que áreas? Vera Novais fornece as respostas e recorda, através de uma fotogaleria, a aproximação da sonda New Horizons a Plutão, a perseguição da Rosetta ao cometa Chury e os alertas da Organização Mundial de Saúde sobre o potencial cancerígeno associado ao consumo de carnes vermelhas e processadas. Não consta que o cozido à portuguesa tenha perdido popularidade. Nem, tão pouco, o naco na pedra.

Para coros e orquestras que passam por um pico de solicitações durante o período de Natal e Ano Novo, os esforços para fazer uma boa época começam em Setembro. Os ensaios intensificam-se a partir daquele mês com o objectivo de responder ao aumento da procura. Rita Ciprianoconta como é o stress de quem tem de tocar e cantar, sem desafinar, clássicos como “Jingle Bells”, “Noite Feliz” ou o famoso “A todos um Bom Natal”.

"O menino Jesus (pelo menos este, Jesuslee) não nasceu em Belém, mas em Goa. Em 1979. E, ao contrário de Jesus de Nazaré, não choramingou pela primeira vez numa manjedoura, nas palhinhas deitado, mas às mãos de um médico, numa maternidade indiana". Tiago Palma foi à procura de pessoas baptizadas com nomes relacionados com as personagens do presépio. Ora leia.

"O PSD está condenado a servir pacientemente de muleta do PS quando esses alicerces [do Governo à esquerda] falharem. É que Costa não sairá tão cedo de São Bento e a única via de acesso do PSD ao poder é mesmo a paciência". A opinião de Alexandre Homem Cristo.

Informação relevante

As eleições presidenciais de 2016 prometem ser um terreno de contenção e poupança. É o que se pode concluir a partir dos orçamentos de campanha dos candidatos que se apresentam na corrida. O competidor apoiado pelo PCP é o mais gastador. Prevê derreter 750 mil euros. Mas nem este facto coloca o acto eleitoral entre os mais caros de sempre. O mais austero é Vitorino Rocha e Silva. Por algum motivo lhe chamam Tino.

O sorteio para decidir a ordem pela qual os nomes dos candidatos vão surgir nos boletins de voto realizou-se nesta segunda-feira. Até aqui, tudo normal. Menos compreensível é a circunstância de poderem surgir nos papelinhos nomes que não são candidatos à Presidência da República. Confuso? Acontece que o Tribunal Constitucional ainda não se pronunciou sobre a admissibilidade das candidaturas. Por isto,entram todos. Vai ser trabalhoso contar os votos nulos.

À "coligação" entre PS, PCP, Bloco de Esquerda e Verdes que deixou passar o Governo socialista na Assembleia da República, Paulo Portas aplicou a etiqueta de "geringonça". Pode discutir-se o epíteto, mas a realidade mostra uma embrulhada política com tendência para abanar. A propósito das divisões que se verificaram quando da votação do Orçamento do Estado rectificativo, o Observador decidiu ir à procura dos próximos alçapões. No total, são 26. 

Eleitoralismo e demagogia. Política no seu pior. A partir de Janeiro de 2016, trabalhadores da CP e respectivos familiares voltam a poder usar, sem pagar, os serviços de transporte da empresa pública, cronicamente deficitária. Porquê? Porque se tratava de uma tradição, algo que para o PS tem valor variável em função das conveniências, e de um suplemento remuneratório. Duas vozes da bancada socialista no Parlamento, Helena Roseta e Paulo Trigo Pereira, recusaram-se a aprovar a medida. Uma pequena ilha de bom senso no meio da "geringonça".

A medicina alternativa é credível e fiável ou não passa de uma patranha mal amanhada? Aqui está um tema que dificilmente gera consensos nas respostas. Edzard Ernst tem ideias firmes sobre o assunto. É um céptico assumido e fundamenta as convicções numa carreira de investigação que leva 20 anos de dedicação. Fala em ineficácia e, pior, em perigos para a saúde. 

Estados Unidos e Cuba restabeleceram relações diplomáticas. Maso êxodo de cidadãos cubanos, que emigram em busca de uma nova vida, não atingia, desde 1980, números tão elevados como aqueles que se verificam em 2015. As estatísticas revelam que 45 mil pessoas abandonaram a ilha durante este ano. Porquê? Para o comum dos mortais, a vida em Cuba não mudou.

Notícias surpreendentes

Chegarão, um dia, a ser transformadas em produtos destinados a ter sucesso no mercado? Deixemos esta questão para quem tenha talento para a adivinhação. Em 2015, grandes empresas que têm liderado a inovação a nível global registaram patentes que, se não antecipam os bens e serviços que vamos consumir no futuro, revelam em que matérias andam interessadasConheça as 21 melhores invenções deste ano. A electricidade em pó ainda não consta da lista.

Gosta de viajar? É provável que sim. E se gosta de conhecer cidades únicas, que prometem encantamento e deslumbramento, deve consultar a lista organizada pelaMinubeInclui as cidades que têm de ser visitadas durante a vida. Pode contar aquelas em que já esteve e entrar em competição com família, amigos e colegas de trabalho. Mas é preferível abordar a lista com outro espírito. Aponte o nome daquelas em que ainda não colocou os pés. Depois, planeie a próxima viagem.

Vincent Callebaut é belga e é arquitecto. Não deve ser o único a reunir estas duas qualidades. O que o distingue é o facto de ter projectado arranha-céus subaquáticos capazes de acolher 20 mil habitantes. A ideia, explicou, poderia ajudar a reduzir a pegada de carbono sobre a Terra. 

"'Flor-cadáver' é o nome de uma planta de forma fálica, quase dois metros de altura e que liberta um odor parecido a carne putrefacta para atrair insectos como moscas. Floresceu de novo na Austrália", revela a Lusa. Bem vistas as coisas, não é flor que se cheire. 

"Começam por ser meros adolescentes que dão a cara por enredos divertidos, mas rapidamente se transformam em estrelas com grande sucesso de audiências". Passe os olhos pela fotogaleria e saiba quem são as estrelas da Disney que estão a dar que falar.

Tenha um excelente dia.

Ah! Não perca a grande polémica deste final de 2015. Tem a ver com a criminalização do piropo. Uma boca mal medida pode dar pena de prisão até três anos, o que tem tanta graça como algumas das tiradas mais clássicas do género. Enfim. Mesmo sob ameaça de prisão, não deixo de ficar espantado de cada vez que me é dado constatar que as flores andam.
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OBSERVADOR - 29 DE DEZEMBRO DE 2015

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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


16 anos é muito tempo. Pelo menos é muito tempo enquanto dirigente de um partido em democracia. No caso de Paulo Portas foram 5.727 dias de liderança do CDS. Uma pequena eternidade nas poucas décadas que dura a nossa democracia e a que quis pôr fim na última noite, anunciando que não se recandidatará à liderança do partido. Teremos muito tempo para amadurecer esta saída e recordar o que foram os seus anos à frente do CDS, pelo que por hoje apenas vos recomendo um breve apanhado, realizado por Helena Pereira e Rita Dinis aqui no Observador, das suas principais vitórias e derrotas. Boa altura para recordar, por exemplo, como chegou à liderança em 1998, como não controlou a dissidência do “queijo limiano” ou como será sempre perseguido por uma palavra – “irrevogável” – e por um caso – o dos submarinos.

151 anos é muito mais tempo, o tempo que leva de vida o Diário de Notícias, o segundo diário nacional mais antigo (o mais antigo é publicado em Ponta Delgada, é o Açoreano Oriental). Curiosamente a data – 29 de Dezembro – também diz alguma coisa ao Observador, porque foi num 29 de Dezembro, mas de 2011, que este projecto começou a germinar. Mas fiquemos no DN que, cumprindo a tradição, publicou uma edição especial com muitos textos de convidados. Desses textos seleccionei três para vos recomendar:
  • Ensino e avaliação, de João Lobo Antunes, uma crónica muito pessoal onde recorda como viveu, na sua infância, os seus primeiros exames, com destaque para o da 4ª classe: “A Mãe, que era a favor das avaliações, entendeu que como preparação para o exame de admissão ao liceu eu teria de fazer o exame de instrução primária. As tias assistiram, fazendo tricot, sentadas nas carteiras. Não esqueço a pergunta cuja resposta falhei: "Porque é que uma galinha quando é atropelada oferece alguma resistência?" Eu duvidei da resistência e achei a pergunta muito estúpida. A resposta certa era: "Porque é vertebrada e tem esqueleto."
  • A agenda do Papa, de D. Manuel Clemente, onde o Patriarca de Lisboa procura olhar para 2016 através das lentes do Papa Francisca e das mensagens que ele tem enviado.  Por exemplo: “Para os crentes, a mútua atenção que se prestam adequa-os à própria atenção com que Deus acompanha as suas vidas. A esta atenção divina chama o Papa "misericórdia", palavra latina que resume várias passagens bíblicas - e mesmo extrabíblicas - em que Deus manifesta um amor entranhado pelo povo, sobretudo pelos mais pobres e frágeis. Misericórdia traduz-se por "coração voltado para os pobres". Assim sendo, a misericórdia é o contrário da indiferença. Para os católicos, o Papa Francisco abriu um Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015 - novembro de 2016), que há de ser vivido na conversão de cada um e no maior compromisso solidário de todos.”
  • Cristãos e muçulmanos, de Claudio Torres, que não é mais uma reflexão sobre a relação entre os seguidores de duas das religiões do Livro, antes um bom resumo daquilo que a arqueologia nos permitiu saber sobre a passagem dos muçulmanos pela Península – e por Portugal. Escreve ele: “O que sabemos hoje é que não foram esses exércitos ou soldados [árabes e berberes] a trazer o Islão e a implantá-lo na Península. A islamização, como uns séculos antes acontecera com a cristianização, foi um processo lento e gradual alimentado pelas grandes rotas do comércio mediterrânico. Os grandes movimentos de ideias, as grandes religiões nunca foram ou são difundidas ou impostas por militares. Estes não sabem dialogar ou convencer. O seu papel e eficácia é o saque e a conquista.”

Feita esta referência obrigatória, passo a uma mão-cheia de outras sugestões que cobrem temas bastante variados, algumas delas de textos que têm vindo a ser recuperados para este final de ano pela sua qualidade e pelo impacto.

Começo porém por um texto de hoje para poder regressar a um tema já tratado no Macroscópio de ontem: o caso da morte de David Duarte no Hospital de S. José. Faço-o para recomendar o texto de Paulo Rangel no Público, A propósito da morte no S. José. Destaco em especial esta passagem:
Quase todo o debate foi feito com alarde e com demagogia, numa lógica de aproveitamento “político”. Primeiro, pelos actores partidários e depois pelos candidatos presidenciais. Quase todos, praticamente sem excepção, afinando pelo mesmo diapasão: o de que a falta de neurocirurgião de serviço é uma consequência imediata da política de cortes cegos na saúde e no Serviço Nacional de Saúde. Sintomaticamente, a única voz que, de um modo responsável e sereno, chamou a atenção para que esta falha não era uma simples decorrência dos ajustamentos financeiros na saúde foi a do Ministro Adalberto Campos Fernandes. Com efeito, e num momento em que teria sido fácil embarcar na “corrida ao populismo”, o novo titular da pasta chamou a atenção para que estava também em jogo um problema de “organização” e deu até os exemplos dos hospitais de Coimbra e do Porto, onde uma situação desta natureza não teria nunca sucedido.
Ainda há muito por esclarecer sobre este caso, e não estou seguro que Rangel tenha toda a razão quando escreve, mais adiante, que “o nosso Serviço Nacional de Saúde atenta profundamente contra a equidade territorial”, mas é de sublinhar que, tal como nos textos de ontem, também aqui se foge da demagogia sobre os “cortes” que tudo explicariam.

Recupero a seguir uma entrevista já com mais dias, a do Expresso ao escultor Rui Chafes, que ganhou este ano o Prémio Pessoa:“Não existe arte sem a ambição de parar o tempo”. É uma conversa longa e rica, de que destaco a passagem que sustenta o título, uma reflexão que me pareceu especialmente interessante:
Sou alérgico a uma grande parte da atitude da arte contemporânea, que é produto de um grande facilitismo, de uma época em que tudo é low cost, as viagens, a gasolina, a arte. E, portanto, uma grande parte dessa atitude não me agrada porque é pouco profunda, é superficial, vai desaparecer, não tem capacidade para nos agarrar. A arte não contemporânea, nem que seja uma escultura do Camboja, tem a paragem do tempo. E para mim não existe arte se não houver essa ambição de parar o tempo. Essa ambição de criar silêncio, de criar um momento onde o tempo é suspenso. E alguma arte contemporânea suspende o tempo.

Prossigo agora com um texto da Spectator, um daqueles que a revista recuperou para este final de ano, uma peça de Douglas Murray escrita pouco depois dos ataques ao Charlie Hebdo e a que os atentados de Novembro vieram dar toda a actualidade:‘Religion of peace’ is not a harmless platitude. É um texto que procura contrariar o discurso dominante sobre o Islão:
We have spent 15 years pretending things about Islam, a complex religion with competing interpretations. It is true that most Muslims live their lives peacefully. But a sizeable portion (around 15 per cent and more in most surveys) follow a far more radical version. The remainder are sitting on a religion which is, in many of its current forms, a deeply unstable component. That has always been a problem for reformist Muslims. But the results of ongoing mass immigration to the West at the same time as a worldwide return to Islamic literalism means that this is now a problem for all of us.

Um interessante contraponto a esta visão – ou um complemento, se preferirem – um texto da Quartz sugestivamente intitulado A letter to a young Muslim on the future of Western Islam. Sem iludir os preconceitos que possam existir no Ocidente, o autor é directo: “People will also ask you, “Do you condemn terrorism?” And you must not say “Islam is a religion of peace.” You will do more than condemn, too. You will show that you are actively involved in building narratives that compete with the dangerous ones. I know you won’t do this because powerful people are asking the questions, but because you, like me, want better for your communities.”

Continuando por estas águas, é importante termos consciência de que o terrorismo faz cada vez mais vítimas, algo que é bem visível nos gráficos de um artigo do Asian Times, The tolerable level of terrorism, um dos quais que reproduzo a seguir:

O autor do texto, David P. Goldman, argumenta longamente, e com muitos dados, sobre a evolução da nossa relação com os islamistas radicais, notando que a sua forma de actuar coloca problemas nunca antes conhecidos:
Cultivating “good Islamists” (good because they refrain from violence even though they have the same sentiments and objectives as the terrorists) and “bad Islamists” (who actually kill people) was a dodgy approach to begin with. The trouble is that very large numbers of Muslims are willing to kill themselves in order to harm enemy noncombatants, and the number appears to be increasing. To my knowledge that is something new under the sun. Japanese kamikazes and Nizari assassins in the Middle Ages, like the pre-1917 Bolsheviks, were wiling to die to kill public officials or soldiers. But the murder of noncombants through suicide attacks (or attacks likely to prove suicidal) is something we have never before witnessed.

Para terminar este bloco, um última recomendação: a de uma reportagem fora-de-série do New York Times, A Syrian Family’s Tragedy Goes Beyond Iconic Image of Boy on Beach, um trabalho onde se dá conta de como os vários ramos da família do pequeno Alan Kurdi, cujo corpo deu à praia este Verão na Turquia, provocando a comoção geral, tem procurado fugir do inferno sírio. É um trabalho impossível de sintetizar mas que se baseia em conversas com os membros de uma família alargada e que a guerra espalhou pelo mundo: alguns, poucos, ainda estão na Síria, os outros vivem, ou sobrevivem, na Turquia, no Iraque, na Alemanha e no Canadá. Leiam, vale a pena.



Antes de terminar por hoje regresso a Portugal para vos apresentar uma nova colaboradora do Observador, a escritora Djaimilia Pereira de Almeida que nos brinda com uma deliciosa crónica, Um halo de migalhas, onde nos conta como tentou aprender, com pouco sucesso, a fazer filhoses enroladas com a ajuda da avó de uma amiga, algo que exige saberes que se passam de geração em geração mas não através de livros de receitas. Pequena e significativa passagem:
Mortos os nossos mortos, viramo-nos para as suas receitas e talentos, na esperança de uma ressurreição mimética. Filhos sexagenários, até então desapaixonados da comida insossa da sua mãe, incitam as mulheres a que aprendam a fazê-la. Filhas e netas revezam-se, ano a ano, na tentativa de acertar num pudim molotov que não coube a ninguém por testamento. E cada Natal é este menu de erros, tentativas, aproximações seguidas à risca, fados e atrasos, halos de migalhas, carne seca demais, sonhos engordurados: a pauta adulterada dos anos que precedem o momento em que alguma coisa se torna própria, muito antes de nos esquecermos para sempre do que lhe dera origem.

Não me enganarei muito se pensar que ainda deverá haver migalhas em muitas das mesas dos leitores do Macroscópio, doces que sobraram e esperam durar até ao Ano Novo, alguma coisa de que talvez se acabem por esquecer no fundo do frigorífico. É isso que também faz a nossa vida, neste tempo, em que o Natal resiste, mesmo quando aqui e além lhe querem dar outro nome e significado. Mas deixo essas dores para outra altura, por hoje despeço-me com votos de bom descanso e melhores leituras.

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