quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Macroscópio – Da Magna Carta à morte aos 75 anos. Por opção.‏

Macroscópio – Da Magna Carta à morte aos 75 anos. Por opção.

Para: antoniofonseca40@sapo.pt
 


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
Hoje o Macroscópio vai partir de dois textos que ajudam a pensar para dar algumas sugestões que, espero, desafiem os leitores.
 
O primeiro desses textos saiu no espanhol El Pais e tem como pretexto uma conferência que está a decorrer em Londres: oGlobal Law Summit, um encontro que se iniciou no dia 23 e terminou hoje. Mas que não é um evento qualquer, pois tem como pretexto a celebração dos 800 anos da Magna Carta, o documento que o Rei João Sem-Terra foi obrigado a assinar em 1215 e que, sobretudo no mundo anglo-saxónico, é visto como o documento fundador daquilo que hoje conhecemos por Estado de Direito. EmCarta Magna, Fernando P. Méndez González, um professor da Universidade de Barcelona, expõe de forma relativamente detalhada não só o que levou à assinatura desse documento, como procura identificar alguns dos outros marcos da evolução da “Rule of Law”. Fala-nos assim do também inglês Bill of Rights de 1689, estabelecido no quadro da “Gloriosa Revolução”, depois daDeclaração de Direitos da Virginia, de 1776, da Constituição dos Estados Unidos, de 1987 (o que faz dela o texto constitucional mais antigo do mundo), da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, produzida logo em 1789, nos alvores da Revolução Francesa, e por aí adiante até à Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. Mas um dos pontos interessantes do texto é o seu autor lamentar que, em Espanha, não exista uma idêntica veneração pela Rule of Law. Isto apesar de existirem documentos legais importantes quase contemporâneos da Magna Carta mas a que pouca importância se tem dado historicamente:
Entre nosotros, las Cortes de León de 1188 o las Cortes Catalanas de 1192 tienen una importancia comparable. En algunos aspectos, incluso, fueron más allá de la Carta Magna. Sin embargo, no forman parte de la conciencia popular y, por lo tanto, no hay celebración alguna, o al menos, una celebración comparable.
O que o leva a concluir, com alguma melancolia:
Es frecuente oír que los ingleses son “raros”. Unos individuos acostumbrados a moverse en un medio cuyo líquido amniótico es el law, concebido como fundamento de sus derechos individuales, tienen una plena confianza en el desarrollo de su propio personalidad individual, cada una singular, pero todas ellas coincidentes en la defensa de un law que fundamenta sus libertades, las cuales están dispuestos a defender “con sangre, sudor y lágrimas” como tantas veces han acreditado tan admirablemente. Es muy deseable que los demás asumamos actitudes semejantes. Si eso sucede, los ingleses dejarán de parecernos raros.
 
O tema da Magna Carta, e do seu relevo da história do Estado de Direito, já suscitou controvérsia aqui no Observador, logo no início de Janeiro, altura em que três académicos – Miguel Morgado, do IEP da Universidade Católica, Gonçalo Almeida Ribeiro, da Faculdade de Direito da mesma Universidade, e André Azevedo Alves, de novo do IEP – aqui trocaram argumentos.
 
O primeiro texto foi o de Miguel Morgado, “Magna Carta: Os primeiros 800 anos”. A sua leitura é a seguinte: “A Europa demorou muitos séculos a ver na Magna Carta um momento fundamental na longa história da tentativa de limitar o poder dos reis e de proteger juridicamente a esfera pessoal. Mas não a Inglaterra, onde a Magna Carta teve efeitos imediatos, e acabaria, vários séculos depois, às mãos de homens como Edward Coke e John Selden, por se converter num pilar central de uma cultura política que chegou a liderar o mundo.”
 
Gonçalo Almeida Ribeiro veio discordar em “O mito do gradualismo britânico”. A sua tese é que a Magna Carta não tem a importância histórica que lhe é atribuída, muito menos foi um documento tão singular como muitos hoje defendem. Eis o seu ponto: “O legado garantista da Magna Carta — a salvaguarda das liberdades – não pode ser dissociado do legado elitista – a apologia da ordem social estratificada. A Magna Carta não integra a história da liberdade moderna porque esta em nada se aproxima da ideia de conservação dos privilégios tradicionais. Pelo contrário, implicou o repúdio da ordem antiga.”
 
A terceira intervenção neste debate nas colunas do Observador foi a de André Azevedo Alves, que veio de novo em defesa do legado singular da Magna Carta em A Magna Carta, a liberdade antiga e os despotismos modernos. O seu argumento foi que “a especial relevância da Magna Carta não está tanto nas limitações específicas do poder previstas no texto, mas no papel – muitas vezes essencialmente simbólico mas nem por isso menos relevante – que progressivamente assumiu no contexto britânico. Se os textos constitucionais valem frequentemente muito pouco, o mesmo já não se pode dizer do que (…) poderíamos designar preconceitos a favor da liberdade. A Magna Carta tem inspirado sustentadamente esse tipo de preconceito em algumas culturas políticas e daí advém em larga medida a sua relevância para a referida corrente do pensamento liberal.”
 
Esta controvérsia acabou por saltar também para as páginas do Público, pela pena de Paulo Rangel em “A Magna Carta como (pre)texto da superioridade britânica”. O eurodeputado alinha mais pelas teses de Gonçalo Almeida Ribeiro: “uma corrente poderosa da nossa intelectualidade que quer ver na Magna Carta uma prova da excepcionalidade britânica e anglo-saxónica. E com tanta e tão pronta veneração acaba até por transformar a tão celebrada ‘excepcionalidade’ numa indisfarçável ‘superioridade’. Ora, importa dizer que a história constitucional e política inglesa desmente algumas das ideias feitas a propósito do lugar da Magna Carta e do seu pioneirismo na afirmação dos direitos fundamentais ou dos direitos humanos.
 
Uma vez que estamos a falar de um documento inglês, não posso deixar de citar um pequeno trabalho para quem quiser conhecer o essencial sobre a história deste texto - The Magna Carta explained, um trabalho recente do Telegraph, num registo próximo dos nossos Explicadores, com perguntas e respostas, e que foi elaborado a propósito de uma exposição que reúne as únicas quatro cópias sobreviventes do acordo assinado por João Sem-Terra. Para uma análise mais profunda, e muito interessante, vou até The Magna Carta at 800: The uses of history, um daqueles trabalhos indispensáveis que são sempre publicados no número especial de Natal e fim-de-ano da Economist. Um dos aspecto que ele salienta é o facto de, hoje, a Magna Carta ser, em muitos aspectos, mais venerada nos Estados Unidos do que no próprio Reino Unido. Um exemplo: “American jurists still refer to it in legal cases: a federal district court judge ruled against delaying Paula Jones’s sexual-harassment suit against Bill Clinton, then America’s president, on the ground that ’our form of government…asserts as did the English in Magna Carta and the Petition of Right, that even the sovereign is subject to God and the law’”.
 


Como admito que este tema seja demasiado árido para muitos seguidores do Macroscópio, vou aproveitar para vos indicar um texto que me foi sugerido por um leitor, um daqueles textos surpreendentes, até potencialmente desagradáveis, sobretudo para os mais velhos, mas que nos fazem pensar. Trata-se de Why I Hope to Die at 75: An argument that society and families—and you—will be better off if nature takes its course swiftly and promptly. Escrito por Ezekiel J. Emanuel, um renomado bioeticista americano, foi publicado na The Atlantic e suscitou uma verdadeira tempestade. O autor (que por acaso tem exactamente a mesmo idade que eu, mas não foi por isso que li com mais atenção o seu texto) é um opositor da eutanásia mas, mesmo assim, escreve com este desassombro:
But here is a simple truth that many of us seem to resist: living too long is also a loss. It renders many of us, if not disabled, then faltering and declining, a state that may not be worse than death but is nonetheless deprived. It robs us of our creativity and ability to contribute to work, society, the world. It transforms how people experience us, relate to us, and, most important, remember us. We are no longer remembered as vibrant and engaged but as feeble, ineffectual, even pathetic.
 
Bolas, é forte. E por isso não pode ficar sem contraditório. Deixo-vos duas pistas: um texto de David Geller no Huffington Post, Why I Hope Not to Die at 75. Um dos seus argumentos é que assim é possível “Making a Difference in the Lives of Others”; o outro texto é um pouco mais político, é da National Review, e parte de uma pergunta - Should we hope to die at 75? – a que dá resposta negativa, usando argumentos muito práticos:
Yet our present lives would be poorer had we taken away history’s 75­ year­olds. The great Athenian playwright Sophocles (who wrote until his death in his 90s) would never have crafted some of Greece’s greatest tragedies. The Founding Fathers would not have had the sober wisdom of Benjamin Franklin in his later years. The late Jacques Barzun, the greatest contemporary student of Western values and history, published his masterpiece, From Dawn to Decadence, when he was 93. Henry Kissinger, at 91, just published a magnum opus, World Order.
 
Vou terminar mudando de tema e sugerindo um belo texto de alguém que escreve muito bem, Jorge Silva Melo. É o seu obituário do encenador Luca Ronconi e saiu hoje no Público: Ele inventou um teatro sonâmbulo. Pois, “E o que fica do seu trabalho sempre inesperado serão os actores, aqueles com quem (e à imagem da sua colaboradora, a suprema Marisa Fabbri) sonhou um teatro que voava a partir da poesia.” 
 
Bom descanso, boas leituras.
 
 
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ANTÓNIO FONSECA

OBSERVADOR .- HORA DE FECHO - 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Hora de Fecho: Portugal: Igual a Espanha com menos risco político‏

Hora de Fecho: Portugal: Igual a Espanha com menos risco político

 
 
17:08
 
 Grupos
Para: antoniofonseca40@sapo.pt
 


Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
COMMERZBANK 
Economistas do Commerzbank dizem que as reformas estão a dar frutos, tanto em Portugal como em Espanha. A diferença é que no país vizinho há o partido Podemos a subir nas sondagens, diz o banco.
FUTURO DA GRÉCIA 
Combater a evasão fiscal e a corrupção. Estas são duas prioridades do governo de Tsipras e Varoufakis, que há anos diz que a Grécia não é uma democracia, é uma "cleptocracia". Missão possível?
FUTURO DA GRÉCIA 
Wolfgang Schäuble faz questão de sublinhar que a Grécia só vai ter mais tempo e que tem de cumprir os compromissos para que receba o dinheiro que já estava acordado.
FUTURO DA GRÉCIA 
Aprovado o plano Varoufakis, fica um guia para perceber o que convenceu os parceiros e as "instituições", mas também o que lhes deixou dúvidas. E o que está em stand-by do programa do Syriza.
FUTURO DA GRÉCIA 
Acusado de ter apagado o nome de três dos seus familiares de uma lista de 2000 gregos com contas no HSBC da Suíça, Pap aconstantinou diz que está ser incriminado.
ANO NOVO CHINÊS 
Parecem palavras do Governo mas foram mesmo do líder da oposição. O pretexto foi um agradecimento à comunidade chinesa que investiu em Portugal e que acreditou que o país sai ria da crise.
COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS 
Secretário de Estado dos Assuntos Europeus diz que lista de Varoufakis é "primeiro passo positivo" no processo negocial com a Grécia, mas que política heterodoxas "não fazem parte do sistema europeu".
JUSTIÇA 
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) rejeitou os recursos de Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal e António Rodrigues no processo-crime do caso BCP, mantendo as conde nações da primeira instância.
CASO SÓCRATES 
Advogado de Sócrates diz que não há qualquer despacho a confirmar medida de coação. Mais informações só depois de falar com o seu cliente, nesta tarde de quarta-feira, na prisão de Évora.
CRÍTICA DE LIVROS 
É impossível deixar de assinalar que o radicalismo expresso nas páginas de "O Futuro da Escola Pública" é da autoria do maior representante do s professores em Portugal 
Opinião

José Manuel Fernandes
Não me recordo de uma eleição presidencial onde tanto pode estar em jogo e, ao mesmo tempo, é tão pobre o debate e condicionada a escolha. At�=9 parece que já só existem os que são comentadores numa TV.

Maria João Avillez
Não é por temer que a TAP venha a ser mal vendida que me oponho. É apenas pela simples razão de que preferia vê-la extinta, seguindo-se a criação de uma outra companhia, se possível no dia seguinte.

Maria João Marques
A única consolação que temos no caso da barbearia é a esperança de o legislador não atribuir muita importância à expulsão do belo sexo das barbearias e não correr a proibi-lo por lei.

Mónica Ferro
Foi por essa estrada de terra batida que demos boleia a uma mãe e sua filha Catarina, um bebé com menos de um ano, febril e com uma diarreia. Não fora a boleia oferecida, teria que caminhar quase 4 Km

Rui Ramos
Quem derrotou o Syriza não foi a pressão da Alemanha, foi o medo que o Syriza tem dos gregos, a quem mentiu e enganou para ganhar as eleições.
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ANTÓNIO FONSECA

JN - GALP MULTADA EM ESPANHA - 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Galp multada em Espanha por combinar preços da gasolina

 | Hoje às 13:09
A petrolífera portuguesa Galp foi uma das empresas do setor multadas, esta quarta-feira, em 32,4 milhões de euros, por combinarem preços dos combustíveis em Espanha.
 






 A notícia está a ser avançada pelo "El Pais", que refere que a sanção "milionária" é aplicada também à Repsol e Cepsa, que atuam também no mercado português, e às companhias Disa e Meroil.
A multa foi imposta pelo organismo que regula a concorrência em Espanha, a "Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia", que considerou que as petrolíferas incorreram em "práticas proibidas de coordenação de preços, intercâmbio de informação e pactos de não agressão", escreve o jornal espanhol.
A filial espanhola da Galp terá que pagar 800 mil euros.
A Repsol e a Cepsa pagam a maior parte dos 32,7 milhões de euros, com 20 e 10 milhões de euros, respetivamente. A Disa terá que desembolsar 1,3 milhões de euros e a Meroil 300 mil euros.

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ANTÓNIO FONSECA

NOTICIAS AO MINUTO - 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Notícias ao Minuto


Dados 


Luz e água em Portugal tão caras quanto nos países mais frios

A má qualidade de construção das casas é um dos fatores para maior gasto de energia.


Luz e água em Portugal tão caras quanto nos países mais frios



As contas da luz e do gás são muito elevadas em Portugal. Sabia que aquecer a sua casa em terras nacionais fica quase tão caro como na Noruega ou na Polónia, onde faz muito mais frio?
"Mas a culpa não está apenas nos preços altos do gás e luz, a qualidade de construção das casas é uma das causas para estes gastos exacerbados.
“A maioria das casas portuguesas são dos anos 70, 80 e 90, quando não havia uma cultura de exigência de materiais. Não  havia isolamentos ou vidros duplos e uma casa que não está bem isolada deixa fugir o calor e obriga a ter os equipamentos ligados durante mais tempo e a gastar mais dinheiro”, revela um especialista ao Dinheiro Vivo.
No entanto, se a energia fosse mais barata poder-se-ia minimizar a fraca qualidade das casas.
Segundo um estudo de 2010 do Instituto Nacional de Estatística e da Direção-Geral de Energia, os portugueses gastavam em média, 900 euros por ano em energia.
Já os dados da Eurostat indicam que a eletricidade em Portugal é a quarta mais alta da Europa.
O preço de Portugal está acima da média europeia dos 28 países e também acima dos preços praticados em países bem mais frios

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ANTÓNIO FONSECA

VENDA DO PAVILHÃO ATLÂNTICO..., 25 DE FEVEREIRO DE 2015

ATENÇÃO:

Esta notícia foi publicada em 21 de Setembro de 2012 no jornal IONLINE.

Está pois desactualizada.


Por Jornal i
publicado em 21 Set 2012 - 19:03

VENDA DO PAVILHÃO ATLÂNTICO ESTÁ A SER INVESTIGADA



A venda do Pavilhão Atlântico está a ser investigada pela Autoridade da Concorrência (AdC), avança o Sol. A investigação está em fase de instrução, estando a ser consideradas as “observações de um terceiro interessado, que expressou as suas preocupações quanto à operação”, segundo a publicação.
O Pavilhão Atlântico, em Lisboa, foi comprado pelo consórcio Arena Atlântico, composto por Luís Montez, responsável da promotora Musica no Coração, pela Ritmos & Blues e pela equipa de gestão da sala de espectáculos.
A ministra Assunção Cristas anunciou que este grupo foi o que apresentou a melhor proposta, no valor de 21, 2 milhões de euros.
O consórcio vencedor é apoiado pelo departamento de investimentos do BES (BESI) e já tem garantidos os apoios da PT e a Super Bock.
Na corrida à compra do Pavilhão Atlântico estava também a AEG e um outro consórcio formado por Álvaro Covões (Everything is New), a CIP e a Cunha Vaz.



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ANTÓNIO FONSECA

PÁGINA 1 - 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Página1 de 25-02-2015‏

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